Alexandro Martello
g1 — Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tiveram uma conversa a portas fechadas de mais ou menos 1h30 de duração nesta quarta-feira (27). De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que também participou, o encontro serviu para os dois construírem a relação. “Na verdade, penso que foi um encontro institucional de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente”, disse Haddad após a reunião.
Esse foi o primeiro encontro entre Lula e Campos Neto os dois desde a posse do presidente da República, em janeiro. Desde o começo de seu mandato, Lula tem feito duras críticas a Campos Neto e à condução pelo BC da política monetária e da taxa básica de juros, a Selic.
DÉFICIT ZERO – Antes do encontro, Campos Neto afirmou nesta quarta-feira (27) que é importante o governo federal persistir no esforço para zerar o déficit das contas públicas em 2024 – meta que consta da proposta de orçamento federal. O presidente do BC deu declarações durante audiência pública na Comissão de Finanças da Câmara dos Deputados, horas antes de uma reunião que terá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Eu acho que o que os agentes econômicos vão ver é qual foi o esforço que o governo teve na direção de cumprir a meta”, afirmou o presidente do BC na audiência da Câmara.
Campos Neto lembrou que o Ministério da Fazenda indicou que precisa de “receitas adicionais bastante grandes” para cumprir a meta de déficit zero em suas contas em 2024. Pelas contas da área econômica, seriam necessários R$ 168 bilhões em aumento de arrecadação.
É COMPREENSÍVEL… – Especialistas veem a necessidade de corte de gastos para ajudar no equilíbrio das contas, mas, segundo o presidente do BC, é compreensível a dificuldade que os governos têm de enxugar gastos.
“Apesar de todo mundo entender a dificuldade de atingir a meta e de ser muito difícil cortar gastos – não só agora neste governo, mas estruturalmente tem sido difícil cortar gastos – é importante persistir [na meta]. A nossa mensagem é de persistência, está bem alinhada com o que o ministro Haddad tem dito. A gente acha que esse é um caminho bem promissor”, acrescentou Campos Neto.
De acordo com pesquisa realizada pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, divulgada em meados deste mês, o mercado financeiro acredita que as contas do governo terão um déficit de R$ 83 bilhões no ano que vem.
ATA DO COPOM – Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), encontro realizado na semana passada, o BC avaliou que as contas públicas ainda estão entre os fatores que pressionam a inflação. E que é “pouco provável”, no momento atual, promover um ritmo de corte maior na taxa básica de juros da economia.
“O comitê seguiu avaliando que, entre as possibilidades que justificariam observarmos expectativas de inflação acima da meta estariam as preocupações no âmbito fiscal [contas públicas], receios com a desinflação global [demora na queda da inflação em outros países] e a possível percepção, por parte de analistas, de que o Copom, ao longo do tempo, poderia se tornar mais leniente no combate à inflação”, informou o Banco Central.
O Copom avaliou, também, que há incerteza no mercado, com reflexo na expectativa de inflação, sobre a “execução das medidas de receita e despesas compatíveis com o arcabouço e o atingimento das metas fiscais [de zerar o rombo das contas do governo em 2024]”.
FUNDOS E ‘OFFSHORES’ – Questionado se possuI empresas no exterior e fundos exclusivos, o presidente do Banco Central confirmou ter “offshore”, mas não falou sobre fundos exclusivos.
O governo Lula já encaminhou propostas ao Congresso com o objetivo de taxar tanto as empresas no exterior quanto os fundos exclusivos, e Campos Neto apoia.
“Minhas offshores estavam declaradas no site do Senado no primeiro dia que eu vim para o governo. Eu tenho offshore há 15, 20 anos, tenho três irmãos que são americanos que moram lá. Eu não sabia se ia morar aqui ou lá. O que a regra diz é que você nunca mexe na offshore, ou você faz um trust. Quando você faz um trust, você terceiriza a gestão. Eu já mostrei todos certificados mostrando que eu nunca movimentei, que tudo estava certinho, e isso tudo já foi resolvido no STF”, declarou.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Interessantes e importantes declarações. Sobre os fundos exclusivos, Campos Neto afirmou apenas ser a favor de uma taxação maior do que a proposta dos parlamentares. E também afirmou ser favorável à taxação de recursos mantidos por brasileiros em “offshores” no exterior. É muito difícil ver economistas defenderem essa taxação. Campos Neto mostrou ser uma exceção. (C.N.)
1) Está na hora desses dois se entenderem para o bem do Brasil.
2) Adorei as “netas” fiscais, mais bonitinhas que antigas metas fiscais que prejudicam a Nação.
RPL-PNBC-DD-ME JÁ, antes que seja tarde demais, inclusive para desarmar a Bomba-Relógio armada há 133 anos, pelo militarismo e o partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$. Diz a matéria sob comentários que “CAMPOS NETO lembrou que o Ministério da Fazenda indicou que precisa de receitas adicionais bastante grandes para cumprir a meta de déficit zero em suas contas em 2024. Pelas contas da área econômica, seriam necessários R$ 168 bilhões em aumento de arrecadação”. É por aí que a gente vê, clara e definitivamente, que a república federativa do militarismo e do partidarismo, politiqueiro$, e seus tentáculos velhaco$, no tempo e no espaço, revelou-se absurdamente inviável sob todos os aspectos, exceto no aspecto da gastança e da comilança insaciáveis, praticadas à moda PPP, um molho mais caro do que o frango, que, à evidência, exige e continuará exigindo cada vez mais esforços tributários a serem retirados do lombo dos contribuintes, tendo apenas o céu como limite, a julgar pela irresponsabilidade da classe política que perfaz o sistema, arvoradas em representantes do povo, que, ao que parece, ama potencializar a tal Bomba-Relógio, como se vê, p. ex., na gastança eleitoral inútil, do nada versus coisa nenhuma em termos de mudanças de verdade, sérias, estruturais e profundas, do ruim versus pior, do sujo versus não lavado, com a declaração de uma certa presidenta dizendo que “por eleições faz-se os diabos”, e com o diabo no controle, haja fiofó de contribuinte para pagar a conta das diabruras. https://veja.abril.com.br/coluna/jose-casado/bolsonaro-um-fracasso-eleitoral-de-300-bilhoes-de-reais
O presidente-ladrão do ódio desistiu de ofender ? Aceitou que é ignorante ?
Como conseguir o déficit zero, com juros absurdamente altos, se o governo precisa tirar do Orçamento em torno de R$ 700 bilhões, só para rolar a dívida interna? O maior beneficiado com juros altos, é apenas o mercado financeiro.
Combater a inflação onde não há demanda de compra e venda. é desculpa esfarrapada, para travar o país.
Quando falam em cortar gastos, é tirar dinheiro da educação saúde, segurança e desenvolvimento para manter o país na mesma prostração que vem há muitas décadas.
Vamos ver, se com essa reunião com Lula, Campos Neto invés de fazer o jogo pró do mercado financeiro, faça o jogo pró Brasil.
Boa, caro Nélio, enxugar custos pra essa turma significa isso mesmo, sucatear o SUS e a educação, cortar investimentos em C&T e doar as estatais pros parças do Paulo Guedes.
Mexer nos lucros da faria lima reduzindo a Selic nem pensar.
Correto comentário do prezado Rafael Santos