Lula decepciona e contas públicas têm pior resultado num primeiro ano de mandato

Lula alega que é preciso mudar os livros de Economia…

Idiana Tomazelli
Folha

As contas do governo central tiveram um rombo de R$ 104,6 bilhões nos primeiros oito meses deste ano. Trata-se do pior resultado nessa comparação para um primeiro ano de mandato presidencial, segundo informações do Tesouro Nacional. O déficit indica que o governo gastou mais do que arrecadou no período. O dado agrega estatísticas do Tesouro, Banco Central e INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).

Em seus dois primeiros mandatos, o presidente Lula da Silva (PT) entregou um saldo positivo nas contas nos oito primeiros meses. Em 2003, o resultado foi um superávit de R$ 107,8 bilhões. Em 2007, o desempenho foi ainda melhor, de R$ 129,2 bilhões. Os dados já estão atualizados pela inflação.

NOVA REALIDADE – A conjuntura econômica atual, porém, é bastante distinta da observada naquela época. O país já vem de um histórico de déficit nas contas desde 2014, quando a presidente era Dilma Rousseff (PT). A única exceção foi 2022, quando o impulso da arrecadação com royalties contribuiu para que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) entregasse um superávit em seu último ano de mandato.

Além disso, antes mesmo de assumir, Lula precisou negociar com o Congresso a aprovação, em dezembro de 2022, de uma PEC (proposta de emenda à Constituição) para elevar os gastos em até R$ 168 bilhões neste ano.

O objetivo era garantir a manutenção de políticas sociais, como o Bolsa Família, e outras ações básicas para o funcionamento das políticas públicas, que haviam sido turbinadas por Bolsonaro mediante uma série de manobras às vésperas da eleição.

CORTES PREVISTOS – A proposta original de Orçamento para 2023, enviada por Bolsonaro sem considerar esses espaços extras, previa cortes de até 95% em ações como assistência social.

Após garantir o espaço para as despesas, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) vem tentando promover o que ele chama de recomposição da base fiscal do Estado, com medidas para elevar a arrecadação. Os resultados, porém, têm sido até aqui mais tímidos do que o inicialmente projetado pelo governo.

Em agosto, por exemplo, a arrecadação teve a terceira queda seguida na comparação com igual mês de 2022, o que acendeu um alerta na equipe econômico.

TRAJETÓRIA FISCAL – O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou em entrevista coletiva nesta quinta-feira (28) que os dados são importantes para ir acompanhando a trajetória fiscal “ao longo do ciclo de governo”.

Ele lembrou que, nas gestões anteriores, o resultado fiscal foi se deteriorando, com um déficit acumulado de R$ 288,1 bilhões no segundo mandato de Dilma, R$ 448,1 bilhões na gestão Temer e um rombo de R$ 1 trilhão nos quatro anos da gestão Bolsonaro —impulsionados pelos gastos de combate à pandemia da Covid-19.

“Claro, todos eles [governos] com suas respectivas necessidades e justificativas, mas o país vinha nessa trajetória de deterioração dos resultados fiscais acumulados”, disse Ceron. “O que estamos nos propondo, com planejamento fiscal de médio prazo, é virar um pouco esse transatlântico e mudar essa trajetória de deterioração dos quadros fiscais”, afirmou.

PREVISÕES ERRADAS – Neste ano, a meta fiscal permite um déficit de até R$ 216,4 bilhões, equivalente a 2% do PIB (Produto Interno Bruto). Ao assumir o cargo, Haddad chegou a prometer um rombo de até 1% do PIB no primeiro ano da gestão, mas as projeções do governo até aqui indicam um resultado negativo em R$ 141,4 bilhões (1,3% do PIB).

Para o ano que vem, a promessa do ministro da Fazenda é zerar o déficit. O governo encaminhou uma série de medidas de ajuste pelo lado da receita para buscar esse reequilíbrio, com o objetivo de incrementar a arrecadação em R$ 168,5 bilhões.

Pelos dados divulgados até agosto, o Tesouro Nacional e o Banco Central até conseguiram fazer um esforço fiscal de R$ 125,8 bilhões no acumulado do ano, mas o resultado foi mais do que anulado pelo rombo de R$ 229,3 bilhões nas contas do INSS.

RECEITA EM QUEDA – A tendência de receitas e despesas no ano também ajuda a explicar a composição do resultado. Enquanto os gastos tiveram uma expansão real (acima da inflação) de 4,5% nos oito primeiros meses em relação a igual período de 2022, a receita líquida do governo central caiu 5,5% na mesma base de comparação.

Na prática, a arrecadação já livre de transferências foi R$ 71,9 bilhões menor do que entre janeiro e agosto do ano passado. As quedas estão concentradas em royalties, dividendos, concessões e contribuições previdenciárias, embora haja perdas também em tributos como CSLL e IPI.

Pelo lado das despesas, o gasto do governo cresceu R$ 58 bilhões em relação a igual período do ano passado, puxado por INSS, Bolsa Família e medidas de apoio a estados e municípios.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O mais importante é que, considerando todos os anos, o resultado de janeiro a agosto é o pior desde 2020, ano da pandemia, quando o rombo acumulado foi de R$ 753,6 bilhões. Isso significa que, na prática, desta vez a epidemia é o próprio governo, com seus excessos de ministério e de gastos, e agora tenciona criar mais dois… (C.N.)

12 thoughts on “Lula decepciona e contas públicas têm pior resultado num primeiro ano de mandato

  1. Pra onde esses caras fugiriam….., se tivessem vergonha?
    Pra China?
    Não!
    Porque?
    Lá não tem “instâncias” e matam os imprestáveis CORRUPTOS!

  2. Enquanto Bolsonaro estiver vivo a culpa das desgraças do governo atual vai ser dele.
    O Grande Demiurgo dos Mundos Inferiores como o Homer Simpson que por ser o dono da culpa ele a coloca em quem quiser, ora a culpa é do Banco Central, ora do Guedes, ora do Bolsonaro, ele vai escolhendo dentro de suas conveniências. O Flautista de Hamelin perto dele era um mero tocador de boiada.
    Alguns faquires indianos encantavam serpentes com a flauta, o nosso Gordinho Oportunista encanta seus pares com sua sapiência asinina.

  3. Isso significa que, na prática, desta vez a epidemia é o próprio governo, com seus excessos de ministério e de gastos, e agora tenciona criar mais dois

    Excessos de ministérios e de gastos.””

    Que o diga as deslumbradas pelo poder, a Primeira-Cuidadora Cachacita e a Ministra da Supremacia Preta…

    Vão gastar meu dinheiro assim lá nos Quintos das Fufucas…..

  4. A nossa “esquerda”, não só a brasileira, tem um defeito de fábrica incorrigível: pensa que a riqueza cai do céu, o que permitiria um consumo infinito. Consequência dessa opção:

    https://www.cnnbrasil.com.br/economia/divida-publica-federal-sobe-201-em-agosto-a-r-62-trilhoes-informa-tesouro/

    Alegoricamente, como as ratazanas vão roer os queijos se houve uma brusca queda de sua produção.

    ……….

    Até agora o Consórcio vem adotando a política baseada no binarismo reducionista do lulobolsonarismo, colocando a culpa no outro e esquecendo de governar.

    Parece que o circo da brincadeira de mocinho e bandido já perdeu seu poder diversionista. Talvez se fosse num embate eleitoral como o do ano passado podesse, como pode, ter resultado.

    Tentativas de apagar a História e falsear as ações do prausente, são inglórias.

    https://youtu.be/N9Q0r-jF1YU?si=A0w6DCNaPrIHnfRX

  5. Está indo muito bem considerando a bomba fiscal deixado pela dupla Bolso-Guedes com a PEC da bondade, compra de votos na cara dura para se reeleger. Isso sem falar nos juros altos mantidos pelo sabotador bolsonarista Campos Neto para inviabilizar o governo.
    E mesmo com toda essa herança, o Lula e o Haddad ainda conseguiram aumentar os gastos com políticas sociais relegadas a segundo plano durante o BolsoGuedismo e manter o auxilio aos mais pobres que já tinha data de termino com o saco de bosta reeleito.

    • Caro Rafael Santos,
      Bolsonaro gastou o que podia e não podia, deixou o país destruído, cheio de armadilhas para o governo eleito desarmar. Tem duas armadilhas impossíveis de desarmar, Campos Neto e Lira.

      Reitero, um governo depende muito em que situação econômica política e social o governo anterior deixou o país

  6. Tá na hora de criar um super ministério, o da propaganda com um super orçamento e dar para algum irmão Marinho.
    Lá do inferno Goebells ia destroncar a queixada de tanto rir.

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