Livro sustenta que autodomesticação tornou os humanos mais cooperativos e amigáveis

A ilustração de Annette Schwartsman, publicada na Folha de São Paulo no dia 5 de novembro de 2023, mostra dois homens de Neandertal, usando peles e segurando lanças de pedra lascada e ossos de animais, que estão amistosamente abraçados

Ilustração de Annette Schwartsman (Folha)

Hélio Schwartsman
Folha

Numa tentativa de generalizar as ideias de Darwin para a economia e a sociologia, Herbert Spencer cunhou a expressão “survival of the fittest” (sobrevivência dos mais aptos), que se tornou o lema do darwinismo social. Nunca houve muita base científica para esse movimento, mais bem descrito como uma ideologia que buscava legitimar diferenças sociais e raciais.

Nos últimos anos, porém, vêm ganhando corpo hipóteses que afirmam o exato oposto do darwinismo social —e elas parecem estar calcadas em ciência de boa cepa. Para essa corrente, foi a cooperação e não a competição que deu o tom da evolução humana e da canina e dos bonobos (chimpanzés pigmeus).

DIFERENCIAL HUMANO – “Survival of the Friendliest” (sobrevivência dos mais amigáveis), de Brian Hare e Vanessa Woods, é um ótimo livro que tenta demonstrar essa tese.

O casal sustenta que o principal diferencial entre o Homo sapiens e outros hominínios que acabaram extintos foram a intencionalidade comunicativa e a atenção conjunta.

Elas nos tornaram mais inventivos (melhores armas) e mais cooperativos, permitindo que vivêssemos em comunidades maiores do que as de algumas dezenas de membros de uma mesma família, que era provavelmente o tamanho dos grupos de neandertais.

AUTODOMESTICAÇÃO – A chave para a melhor comunicação foi, segundo Hare e Woods, a autodomesticação. É aí que o casal nos guia num fascinante passeio pela interface entre biologia e dinâmicas sociais em espécies tão distintas quanto humanos, cães e bonobos, à luz principalmente do célebre experimento de Dmitri Belyaev, que transformou raposas selvagens em animais dóceis e cooperativos.

O segredo? Selecionar pela docilidade, o que produz uma cascata de características biológicas, incluindo a intencionalidade comunicativa e a atenção conjunta.

Ao contrário de outros primatas como o chimpanzé, humanos conseguimos ler não só as más intenções de nossos semelhantes mas também as boas. E isso faz toda a diferença.

6 thoughts on “Livro sustenta que autodomesticação tornou os humanos mais cooperativos e amigáveis

  1. Então, aí vai uma ideia:

    Cooperação entre judeus e palestinos.

    Aquele território deveria ser internacional, voltado ao turismo religioso altamente rentável, ocupado pelas forças de paz e sem nenhum “Estado Soberano” ou organização terrorista para cometer atrocidades e crimes de guerra.

    Se a humanidade não consegue gerir de forma cooperativa nem mesmo a Terra Santa, esse modelo comparativo me parece bastante limitado.

  2. Se os palestinos baixarem as armas haveria paz. Se Israel baixar as armas deixarão de existir..
    O território de Israel comparando seria como Sergipe e o resto do Brasil.
    Só que este resto é todo muçulmano
    Israel nunca ameaçou de varrer do mapa outro país.
    A solidariedade dos países muçulmanos com os palestinos de uma Gaza dominada por terroristas é próxima de zero, o Egito que o diga.
    A grana que vai para os palestinos vira arma na mão do Hamas, assim como a grana que vai para a Ucrânia não vai vencer a Rússia.

  3. A evolução não se dá por saltos, o processo evolutivo vai por erros e acertos melhorando a racionalidade humana.
    Não existe solução mágica como a de Hitler em demonizar os judeus e exterminá-los ou a da anedota de Stalin, não pretendo dar tom jocoso mas tem sua graça. Levaram ao conhecimento dele que o povo russo andava muito triste e o que ele poderia fazer; ele respondeu, simples vamos matar os tristes e deixar só os alegres.

  4. Que texto tolo, a cooperação faz parte do processo de competição.

    Formigas por exemplo, seres basicamente desprovidos de sentimentos ou raciocínio são altamente cooperativos exatamente por que isto lhes garante vantagens competitivas contra outras espécies.

  5. “Fora da Caridade não há salvação”. Jesus o Cristo.
    PS: Beneficiencia é um ramo da árvore Caridade; mas, não é o mais importante para o desenvolvimento social.
    Quem gera trabalho/emprego mesmo que o objetivo seja enriquecer, está sendo altamente caridoso.
    A esmola pecuniária, humilha quem dá e quem recebe.
    O trabalho liberta e dignifica o ser humano.
    PS: Não esqueçamos da letra: ” …. e sem o seu trabalho, o homem não tem honra e sem a sua honra …..”.

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