Dora Kramer
Folha
Se foi por ingenuidade, arrogância ou desfaçatez que o governo tentou dar uma força aos sindicatos, não está claro. Pode ter sido o conjunto das três hipóteses o que inspirou a portaria vinculando o trabalho no comércio aos feriados a acordos coletivos.
Ingenuidade por acreditar que não haveria reação no Congresso; arrogância de imaginar que seria possível impor uma regra para dificultar o que era facilitado por negociações entre empregados e empregadores; desfaçatez por tentar aplicar a velha norma do “se colar, colou”.
MARCO DO SANEAMENTO – Coisa semelhante à tentativa, em abril, de revogar por decreto a lei do marco do saneamento aprovada pelo Parlamento. Lá como cá se impôs o recuo diante da iminente aprovação de um decreto legislativo para derrubar a portaria.
Ao Ministério do Trabalho restou revogar a decisão e providenciar uma demão de ouro na pílula sob a alegação de que será dada nova redação para vigorar a partir de março. Nesse meio-tempo, disse o ministro Luiz Marinho, vai negociar com parlamentares e atores privados interessados no tema.
Sim, e por que não fez isso antes de baixar a regra ao arrepio de tratativas às quais agora se dispõe? O motivo ele mesmo expôs ao manifestar estranheza pela reação imediata dos congressistas “quando demandas importantes da sociedade demoram a serem atendidas”.
PASSAR A BOIADA – Ou seja, aproveitar que as atenções estão concentradas na tramitação de medidas da área econômica para fazer valer algo que enfrentaria resistências.
No governo anterior chamava-se “passar a boiada”. Não fica bem. E não ficará se houver insistência na recuperação de relevância dos sindicatos que não se coadunam com o novo mundo do trabalho, mas condizem com a visão de mundo do PT.
O ato de baixar a portaria sem consultar ninguém nem medir consequências explicita a má-fé e mostra o quanto o governo tem dificuldade de compreender que em 2023 assumiu o poder sob novas circunstâncias. Urge adaptar-se a elas.
“E não ficará se houver insistência na recuperação de relevância dos sindicatos que não se coadunam com o novo mundo do trabalho, mas condizem com a visão de mundo do PT.”
Humm, os sindicatos agora tem que ceder tudo. Os empregados devem ter os direitos sociais retirados. Afinal isso é o modernismo para alguns.
Novas circunstâncias aparentes: o Congresso (câmara e senado) foi renovado em relação ao anterior; contudo, os novatos não sabem ou não querem bater de frente com o Executivo e o STF, que estão ao bel prazer; a maioria dos generais é melancia…
Negociações entre entre empregados e empregadores, quem leva vantagem nessa negociação o empregador que oferece o emprego ou o empregado que precisa trabalhar e não quer perder o emprego?
Entre um forte e um fraco, não existe negociação, mas imposição.
Em todo mundo democrático existem sindicados, é a única defesa que o trabalhador tem.
O “pai dos pobres” desfrutando da vida. Esta no seu direito, gerou e continua gerando pobres a torto e a direito. Enquanto isso, o capitalista Bolsonaro, dormia em embaixadas brasileiras.
Suíte de Lula em hotel de luxo tem 520m² e diária custa R$63 mil; conheça
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