Vera Magalhães
O Globo
O ano termina com o responsável pela articulação política do governo Lula, Alexandre Padilha, com o filme queimado com os principais líderes tanto na Câmara quanto no Senado. Chamou a atenção a ausência de menção ao nome do ministro por parte de todos os que discursaram na promulgação da reforma tributária, nesta quarta-feira.
Além disso, Padilha não teve sequer lugar à Mesa dos trabalhos no plenário da Câmara. Teve de ficar atrás das demais autoridades, visivelmente desconfortável.
NO SEU LUGAR – Não se tratou de gafe ou mero esquecimento. Quando questionados, os principais caciques das duas Casas fazem questão de destacar que Padilha foi ausente ao longo de toda a tramitação da reforma.
Diferentemente de Fernando Haddad, a quem é dado o crédito de ter abraçado a discussão e colocado a equipe da Fazenda para ajudar a fechar um texto.
Mas não só na discussão da tributária a atuação de Padilha é criticada. Deputados e senadores atribuem a ele o fato de Lula não receber parlamentares, não ser informado a respeito de acordos fechados — e depois descumpridos — para votações, e por vetos não combinados com o Congresso.
REFORMA MINISTERIAL – O presidente foi alertado pelos comandantes das duas Casas a respeito da fragilidade da relação da pasta das Relações Institucionais com a base, e gostariam que, na reforma ministerial, o time de ministros palacianos fosse mexido para se tornar mais plural, sem tantos expoentes apenas do PT. Mas ninguém acredita que Lula vá, de fato, mexer na composição do Planalto.
A relação com o titular da Casa Civil, Rui Costa, que também não é boa, termina o ano em condições um pouco melhores. Interlocutores do presidente da Câmara, Arthur Lira, por exemplo, destacam o fato de que Costa é “duro” na negociação, mas cumpre os acordos que sela.
Vai pra casa Padilha!