Dorrit Harazim
O Globo
Muros são a representação física mais simplória de mundos que se querem isolados. Em toda a Europa de 1989, ano da queda do Muro de Berlim, existiam apenas quatro demarcações de fronteiras semelhantes no Velho Continente. No início do milênio, outras 30 haviam sido erguidas, todas destinadas a barrar não mais o específico inimigo armado de antanho, e sim um animal genérico, desprovido de retaguarda e futuro: o ser humano errante.
Ele é danado, esse migrante, apátrida, exilado, expatriado, deslocado ou expelido pela força. Ele teima em buscar um chão, em alguma parte, a qualquer risco. Antes, porém, com igual tenacidade, terá se agarrado ao pedaço de teto que sempre chamou de seu. Assim tem caminhado a humanidade. Dois episódios ocorridos na semana passada fazem parte desse caldeirão.
MEDIDA DESUMANA – Na quarta-feira, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, conseguiu aprovação para transformar em lei uma promessa de campanha nascida da cabeça platinada de Boris Johnson, seu desastroso antecessor. Trata-se de desestimular o afluxo de embarcações irregulares que cruzam o Canal da Mancha todos os anos, abarrotadas de migrantes em busca de asilo, deportando-os para Ruanda, país africano sem saída para o mar. Ali, a 6.500 quilômetros de Westminster, aguardariam o resultado de seu pedido de asilo.
Segundo dados do Observatório de Migração da Universidade de Oxford, 45.755 refugiados conseguiram chegar à costa britânica em 2022 pelas águas traiçoeiras da Mancha, em pequenos barcos, enquanto o total de imigrados irregulares chegou a 670 mil. Seria, portanto, uma medida irrisória, além de sua essência desumanizante e colonialista.
Ela ainda precisará do aval da Câmara dos Lordes, que não demonstra o menor apetite para tratar do tema. O próprio Partido Conservador de Sunak ficou rachado, com alguns parlamentares exigindo medidas mais radicais enquanto outros apontavam para a inexequibilidade da operação.
TENTATIVA ABORTADA – Uma primeira tentativa de deportação para Ruanda, com Boris Johnson ainda em Downing Street, fora abortada judicialmente na 25ª hora, quando as turbinas do avião que levaria a carga humana rumo a Kigali já estavam ligadas. À época, o governo britânico havia feito um adiantamento de 240 milhões de libras esterlinas (o equivalente a R$ 1,5 bilhão ) aos cofres do presidente Paul Kagame, para cobrir o custeio dos deportados.
Em Davos, Kagame reclamou da lentidão da operação e não falou em ressarcir de imediato os cofres de Sua Majestade. Entrementes, as 4 mil pessoas listadas para compor o pelotão inicial e aguardar, em Ruanda, autorização de asilo no Reino Unido simplesmente sumiram do radar do home office. São errantes escaldados por desesperança múltipla acumulada ao longo de suas muitas travessias.
Na quinta-feira, foi a vez de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, remoer com bota a ferida mais exposta do Oriente Médio desde o final da Segunda Guerra Mundial.
PALESTINA, ADEUS – Em entrevista tensa concedida na base militar de Kirya, em Tel Aviv, ele rejeitou a perspectiva da criação de um futuro Estado Palestino independente e soberano. Nem ontem, nem hoje, nem amanhã. Nem mesmo se conseguir erradicar de Gaza o terrorismo do Hamas, responsável pelos atos de barbárie e desumanidade praticados em 7 de outubro contra civis israelenses.
A mensagem de Bibi foi clara, mesmo sob pressão dos Estados Unidos e de movimentos democráticos em seu próprio país: todas as terras palestinas continuarão sob ocupação do Estado judeu.
E o que sobrar da população civil de Gaza, encurralada num pedaço reduzido do enclave onde persiste a teimosia humana de sobreviver? Netanyahu não disse, mas vozes do primeiro escalão de seu governo falaram por ele: que saiam de Gaza, larguem o chão onde nasceram, procurem outro lugar como tantos outros obrigados a se tornar errantes antes deles.
RUMO AO PARAGUAI – Consta dos arquivos do Estado de Israel uma minuta datada de 55 anos atrás, que autorizava o governo a transferir 60 mil palestinos de Gaza ao Paraguai:
— Decisão Shin.Taf/24 do Comitê Ministerial para a Administração de Territórios, 29 de maio de 1969, Imigração Árabe. Aprovada a sugestão do Mossad para a emigração de 60 mil árabes dos territórios administrados de acordo com os seguintes termos (…).
Os quatro itens listados no documento estabeleciam a responsabilidade de Israel com as despesas de viagem de cada emigrado, a alocação de US$ 100 para cobrir seus custos iniciais de instalação, o pagamento de US$ 33 por palestino ao governo do Paraguai e o desembolso imediato de US$ 350 mil para a operação com os 10 mil primeiros selecionados. Levi Eshkol, o primeiro-ministro daqueles tempos expansionistas que se seguiram à Guerra dos Seis Dias, não poderia ter sido mais claro:
— Quero que todos vão embora, nem que seja para a Lua.
TUDO ERRADO – Foi um experimento que deu terrivelmente errado. O Paraguai, nos confins da América do Sul, então comandado pelo ditador Alfredo Stroessner, tinha ainda menos a ver com a alma palestina que Ruanda tem a ver com um refugiado da Síria.
Quem primeiro revelou a operação foi o jornalista israelense Yossi Melman, em 1988. Ele havia atuado nos serviços de Inteligência de seu país. E quem se aprofundou no tema mais recentemente foi a antropóloga americana de origem palestina Hadeel Assali. Em artigo para a London Review of Books de 10 de maio de 2023, ela mergulha na memória de um tio natural de Gaza, ainda vivo.
Rapazote em 1969, Mahmoud embarcara com um laissez-passer fornecido pela ONU para, segundo os ocupantes israelenses, trabalhar um ou dois anos no Brasil. Depois poderia retornar a Gaza. Era embuste, nem sequer viu a cor do Brasil.
Errantes sempre houve e haverá. Cabe a nós não esquecê-los.
Será preciso retirar a escória, usurpadora de progenitura, conforme:
“abrolhos!”
“estes são os motivos pelos quais yah pleiteará com as nações:
1) porque as nações (gentios) espalharam seu povo, que é yisrael;
2) porque eles repartiram sua terra, que é a terra de yisrael.
Esses são os principais motivos pelos quais há constantes guerras em israel, atualmente (recentemente, em março de 2012, os judeus atacaram a faixa de gaza). Quem recebe esta parte da terra, quem fica com a outra parte da terra… os árabes querem esse tanto da terra, os judeus querem aquele outro tanto e assim por diante… eles repartiram a terra de yah de acordo com o desejo maligno do coração deles.
Yah disse que “eles” espalharam seu povo e repartiram sua terra (“eles” são as nações e não os israelitas). Mas os judeus que alegam ter direito a herança dos israelitas fazem parte do “eles” (ou nações) que estão repartindo a terra. Somente este fato já acusa que os judeus não são descendentes dos israelitas bíblicos.
Os árabes, os judeus e os cristãos tiveram participação na nossa dispersão e são eles os mesmos que estão repartindo a terra agora. Yah disse que vai pleitear com eles por esses dois motivos (a dispersão de seu povo e a divisão de sua terra).
Antes do verdadeiro yisrael e todas as outras nações que se tornarão participantes da aliança poderem habitar a terra, a mesma terá de ser, antes de tudo, purificada, assim como está escrito:
Bamidbar / números 35:33 – “assim não profanareis a terra em que estais, porque o sangue faz profanar a terra; e nenhuma expiação se fará pela terra por causa do sangue que se derramar nela, senão o sangue daquele que a derramou”.
Judeus, árabes, cristãos e até mesmo israelitas (como a tribo de dan) têm, historicamente, derramado sangue em israel e, de acordo com este verso, para que a terra seja purificada de todo esse sangue que nela foi derramado, será requerido o sangue daquele que o derramou. É por isso que, em yoel / joel 3:2, yah disse que iria trazer todas as nações ao vale de yahushaphat (josafá) para prestação de contas. Este será o processo de “purificação”. Assim, todos aqueles que derramaram sangue na terra, terão seu sangue derramado.
Lembre-se que yoel / joel 3:1 diz que, neste momento, yisrael estará de volta a terra e zekaryah / zacarias 8:3,8 diz que quando yisrael tiver retornado, yah habitará com eles. Yah não vai morar em uma terra imunda e profana, portanto, quando o verdadeiro yisrael retornar a terra, ela não mais será profanada com derramamento de sangue.
Dê uma olhada na terra de israel, agora, e diga se lá não há derramamento de sangue? Historicamente, podemos afirmar que aqueles que tiveram participação no derramamento de sangue também já tiveram seu sangue derramado, de modo que a terra possa ter sido purificada??? (porque isso é necessário para a purificação da terra!) A resposta a todas estas perguntas é não!!! Portanto, yisrael ainda não está e nem pode estar de volta à terra de yisrael como uma nação soberana. Ainda estamos no exílio, nas terras de nossos cativeiros, assim como dizem as escrituras.”
Apesar dos vários discursos religiosos, essa guerra tem fortes interesses políticos, geopolíticos e econômicos. Netanyahu é uma besta que só tem visão para o seu próprio projeto de poder pessoal. Ele apoiou o Hamas para tirar poder político do Fatah que tem um forte envolvimento com corrupção.
Israel teve um pequeno gosto desespero na guerra do Yom Kippur onde teve que negociar com os árabes e a partir desse dia, alguns dirigentes perceberam que a convivência mútua era uma questão de sobrevivência para ambos. Com a descoberta da reserva gás na faixa de Gaza além do sonho de abrir um canal concorrente com o canal de Suez na região usou o ataque do Hamas como pretexto para realizar o genocídio em Gaza. Mais de 26 mil civis mortos, hoje Israel é o maior recrutador para a causa do Hamas. Muitos que estão com suas vidas destruídas irão abraçar a ideologia do Hamas ou de qualquer outro grupo terrorista. Infelizmente grupo de ambos os lados fazem de tudo para mante a chama do conflito acessa.
Não vivemos a mesma época de Yom Kippur, Irã hoje está mostrando ser a maior potência militar do Oriente Médio. Irã destruí uma base do Mossad no Iraque e atacou os Balusques do Paquistão que são um povo que apoia Israel inclusive fazendo ataques terrorista no Paquistão e Irã. Com esse ataque, Irã mostrou que pode atingir qualquer alvo em Israel, é um país que domina tecnologia de drones e com esse poderio militar de mísseis balísticos, o Irã neutraliza os Porta-Aviões Americanos. É possível que o Irã já tenha sua bomba atômica.
Além da questão militar, essa guerra hoje ataca de forma precisa a economia de Israel. Israel é um país pequeno com uma população pequena, não tem material humano para manter uma guerra prolongada. São mais de 10 milhões de dólares dia de custo além de sofrer de forma severa o bloqueio imposto pelos Houthis no Iemên. O tempo hoje é inimigo de Israel.
Somos todos Netanyahu.
Nós, quem, cara- pálida?
Israel tem sobrevivido a muita coisa e vai sobreviver a alguns leitores de A Tribuna.
Aposto os dois rins contra um do Renato.
Tá certo, James.
Mas será mesmo que vale a pena você com três rins sabendo a origem de um deles?
O dele posso doar para o AA.
Senhor James Pimenta , será que Israel vai sobreviver a seus dirigentes ” sadomasoquistas ” , após esse massacre , extermínio e genocídio do povo Palestino, que já se encontram sob seu julgo a mais de 50 anos , portanto nunca haverá paz para Israel , e seu povo tornar-se-ão escravos de uma falsa segurança , pois terão que trabalharem dobrado e viverem sempre sobressaltados e paranoicos , vendo suas riquezas se esvaindo para o complexo industrial militar em vão , por não proporcionar a paz , que seus dirigentes sadomasoquistas não desejam e nem querem .
Israel sobreviveu a Babilônia, aos faraós do Egito, a Hitler e vai sobreviver inclusive a você.
Pinçar algumas informações e usar como verdade plena é preguiça ou desonestidade intelectual.
Pense em mais de quatro mil anos de história, vá aos fundamentos do povo judeu, e então podemos debater.
O Hamas é apenas mais um conflito daquele povo, e virão outros, Hesbollah…