Abin monitorou jantar de Rodrigo Maia ‘por ordem’ de Ramagem, informa a PF

Rodrigo Maia

Rodrigo Maia tornou-se um dos alvos preferidos da Abin

Patrik Camporez
O Globo

A Polícia Federal apontou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) utilizou, “sob as ordens de Alexandre Ramagem”, a ferramenta FirstMile para monitorar ilegalmente o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Essa informação consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou nesta quinta-feira (25) uma uma operação para apurar o uso do sistema espião durante a gestão de Jair Bolsonaro.

 De acordo com a PF, o monitoramento foi feito pelo agente Felipe Arlotta a pedido de Ramagem. Arlotta foi levado para a Abin por Ramagem e coordenava a suposta estrutura paralela montada durante sua gestão.

JANTAR CONCORRIDO – A investigação da PF constatou que a Abin chegou a monitorar um jantar em que o então presidente da Câmara estava presente. Segundo a PF, um alvo foi monitorado “tão somente” por participar do encontro com Rodrigo Maia.

A PF aponta que a Abin também foi utilizada para monitorar ilegalmente a promotora de Justiça do Rio de Janeiro Simone Sibilio, responsável por investigar o assassinato da vereadora Marielle Franco ocorrido em 2018. A promotora deixou o caso em 2021.

“Ficou patente a instrumentalização da Abin, para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora Marielle Franco e o motorista que lhe acompanhava Anderson Gomes”, diz trecho da decisão do ministro do Alexandre de Moraes.

GOVERNADOR DO CE –  A Polícia Federal também investiga se a Abin produziu dossiês envolvendo os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e se vigiou o ministro da Educação, Camilo Santana, quando era governador do Ceará.

A Polícia Federal citou um possível conluio entre investigados na Operação Última Milha, que apura o aparelhamento político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e a atual gestão do órgão.

Em relatório apresentada ao ministro Alexandre de Moraes, os investigadores citaram que esse suposto acordo causou prejuízo para a investigação, para os investigados e para a própria Abin.

NA GESTÃO ATUAL – No documento, a PF cita que “as ações realizadas pela alta gestão atual, dessa forma, se mostram prejudiciais à investigação posto que transparecem aos investigados realidade distinta dos fatos”. Pelo que apuraram as investigações, a atual direção da Abin teria montado, com os investigados, um acordo para formação de uma estratégia conjunta e um acordo para “cuidar da parte interna”.

A PF cita ainda trechos de depoimentos que afirmam que a DG, referência à Diretoria-Geral, teria convencido os servidores de que “há apoio lá de cima”.

No relatório, a Polícia Federal aponta que o então diretor da Abin, Alessandro Moretti, teria realizado uma reunião com os investigados, quando disse que o procedimento teria “fundo político e iria passar”. As declarações, afirma a PF, teriam sido dadas na presença do atual diretor da Abin, o delegado Luis Fernando Corrêa. Corrêa, entretanto, ainda não tinha tomado posse do cargo. A reunião ocorreu no dia 28 de março, duas semanas após o Globo revelar a existência do FirstMile, sistema capaz de monitorar a localização de celulares.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Caramba, que confusão! As irregularidades atingem a Abin no governo de Bolsonaro e também no governo Lula. Quem poderia imaginar que a esculhambação institucional chegasse a esse ponto? (C.N.)

10 thoughts on “Abin monitorou jantar de Rodrigo Maia ‘por ordem’ de Ramagem, informa a PF

  1. Logo o Rodrigo Maia? Um homem probo, honesto, bondoso, acima de qualquer suspeita? Por que? Tenho certeza que o atual governo do corretíssimo presidente Lula esse tipo de investidas contra adversários nem acontece. Afinal a esquerda preza muito a democracia.

  2. A coligação partidária (petê, e$$eteefe e con$orcio) segue atuando de vento em popa. Agora também com a adição da pgr a coligação.

    A frustração com o desfecho já sabido do caso Marielle, exige uma cortina de fumaça a altura. Os caras nem disfarçam mais.

    Consideremos que tudo isso tenha algo de verdade. Teria a ABIN espionado e encontrado algo contra o “amigão e sócio” do PGR?

    Vocês aí no Brasil estão f…………errados!

    • Eliel, tenho a impressão de que o larápio quer jogar a PF contra a própria PF, com a intenção de separar os que apoiam sua ideologia dos que não. Aguardemos.

  3. Não acredito que o então chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem , tenha atuado para bisbilhotar meio mundo , sem o ” respaldo , conhecimento , autorização e benções ” de seu chefe supremo o então presidente Jair Messias Bolsonaro e de seu vice – presidente general Hamilton Mourão .

  4. As agencias de inteligência em qualquer parte do mundo metem o bedelho em tudo.
    No nosso caso é notório que se trata de retaliação. O efeito Orloff pode pegar qualquer governo, um próximo pode colocar a maquina para investigar a PF de hoje que tem ares de Guarda Pretoriana.

  5. O Rodrigo Maia disse que foi espionado porque teve a impressão que tudo falado no jantar foi tornado público. Impossível, pois o soft da Abin só indica a posição do celular, como o monitoramento que vem ativado nos celulares como padrão de fábrica.
    E agora estão jogando a culpa na Abin.

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