Justiça australiana manda X suspender imagens de bispo esfaqueado em igreja

Bispo esfaqueado de Sydney diz que perdoa agressor e fala sobre estado de  saúde: 'estou bem, me recuperando'

Bispo Emmanuel foi ferido e já perdou seu jovem agressor

Deu no Poder360

O Tribunal Federal em Sydney acatou nesta 2ª feira (22.abr.2024) pedido e suspendeu vídeos no X (ex-Twitter) que mostrem o bispo Mar Mari Emmanuel sendo esfaqueado até a quarta-feira (24.abr). O episódio se deu Igreja Ortodoxa Christ the Good Shepherd em 15 de abril. A decisão é do juiz Geoffrey Kennett.

A eSafety (Comissão de Segurança Eletrônica da Austrália, em português) solicitou o bloqueio mundial do conteúdo, que já havia sido omitido em território australiano. O país foi o primeiro a criar uma agência para proteção de cidadãos na internet. As informações são da agência internacional de notícias AFP.

EQUIPE DO X PROTESTANo sábado (20.abr), o escritório de Assuntos Governamentais Globais do X definiu o pedido da comissão como “abordagem ilegal”.

Os representantes da rede social afirmaram ainda que pretendem contestar o governo australiano na Justiça. O dono da rede social, Elon Musk, disse:

“É absurdo que qualquer país tente censurar o mundo inteiro”. Musk ainda afirmou que o governo australiano pratica “censura” e definiu a rede social como um espaço para a “verdade” e “liberdade de discurso”.

DISSE O PREMIEREm entrevista a jornalistas, o primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, criticou a plataforma.

“Acho extraordinário que X tenha optado por não obedecer e esteja tentando defender seu caso”, afirmou.

Albanese negou que a questão seja sobre restringir a liberdade de expressão. Caso a plataforma opte por não banir o conteúdo mundialmente, a Comissão de Segurança Eletrônica pode multar o X em até US$ 785.000 por dia.

O ATENTADONa segunda-feira (15.abr), um adolescente de 16 anos invadiu uma igreja e atacou o bispo e o padre Isaac Royel com facadas.

O ato se deu na Igreja Ortodoxa Christ the Good Shepherd, localizada nos subúrbios de Sydney, durante um culto que era transmitido pela internet.

Cerca de 30 pessoas ficaram feridas no incidente, mas não houve nenhuma morte. O atentado, que foi considerado um “ato terrorista” pelas autoridades locais, se deu dois dias depois um ataque em um shopping de Sydney.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Neste caso, Musk e a equipe do X consideram que as imagens são jornalísticas, já foram exibidas no mundo todo e apenas documentam um fato criminal importante. O assunto é realmente controverso e por isso a Comissão pediu a suspensão das imagens somente até esta quarta-feira, dia 24.(C.N.)

Lula quebra sua promessa e imita Bolsonaro nos sigilos de 100 anos 

dedemontalvao: Quebra do sigilo de 100 anos terá impacto altamente negativo  para Jair Bolsonaro

Charge do Duke (O Tempo)

Tácio Lorran

Promessa quebrada, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou, no ano passado, 1.339 pedidos de informações sob a justificativa de conter dados pessoais. A decisão, na prática, impõe um sigilo de 100 anos sobre os documentos solicitados.

Entre as informações colocadas em sigilo centenário pela gestão Lula estão a agenda da primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja; comunicações diplomáticas sobre o ex-jogador Robinho, condenado na Itália por estupro; e a lista dos militares do Batalhão de Guarda Presidencial que estavam de plantão durante o ataque à Praça dos Três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023.

IGUAL A BOLSONARO – Os dados mostram que o petista manteve mesmo volume de decisões a favor do sigilo adotado na gestão de Jair Bolsonaro (PL). Em 2022, 1.332 pedidos foram negados sob alegação de que os documentos continham informações pessoais, apenas sete casos de diferença entre o último ano do ex-presidente e o primeiro da gestão petista.

O auge de respostas negadas por motivo de informação pessoal ocorreu no ano de 2013, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele ano, foram concedidas 3.732 negativas desse tipo, de acordo com a série histórica disponibilizada pela Controladoria-Geral da União (CGU). Os números foram analisados pelo Estadão em parceria com o Datafixers.org.

O levantamento considerou todos os pedidos negados cujo motivo da decisão foi “dados pessoais”, conforme o sistema da CGU. O artigo 31 da Lei de Acesso à informação diz que “informações pessoais relativas à intimidade, vida privada, honra e imagem terão seu acesso restrito pelo prazo máximo de 100 anos a contar da sua data de produção”.

SEM EXPLICAÇÃO – Há casos em que o órgão, ao negar a informação, não cita na resposta, especificamente, o artigo da Lei de Acesso à Informação (LAI) que impõe o sigilo de 100 anos,

Procurada, a CGU afirmou que a gestão anterior usava o sigilo de 100 anos indevidamente e que há razões legítimas para que o segredo seja empregado, a depender do caso. O órgão também aponta para uma queda de 15% em relação a 2022, considerando o total de pedidos feitos.

Durante e após a campanha eleitoral de 2022, Lula prometeu acabar com o sigilo de 100 anos de Bolsonaro. O dispositivo está previsto desde a sanção da Lei de Acesso à Informação (LAI), em novembro de 2011 – apesar de o fato negativo ser atribuído por Lula a seu antecessor.

REVOGAÇO – “É uma coisa que nós vamos ter que fazer: um decreto, um revogaço desse sigilo que Bolsonaro está criando para defender os amigos”, disse Lula a uma rádio do interior de São Paulo, em junho de 2022.

“Qualquer pessoa podia saber o que acontecia no nosso governo. Agora, o Bolsonaro, não. O Bolsonaro dizia que não tem corrupção, mas decreta sigilo de 100 anos para qualquer denúncia contra ele. Decreta sigilo de 100 anos para o filho, para os amigos, para o Pazuello. Nada dele é investigado. Toma aqui 100 anos, para quando ele não existir mais”, acrescentou Lula, que na época estava em campanha para assumir seu terceiro mandato como presidente da República.

Entre os sigilos impostos pelo governo Bolsonaro e bastante criticado por seus adversários estava a lista de convidados da então primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) no Palácio do Alvorada.

MICHELLE E JANJA – A informação sobre Michelle Bolsonaro foi mantida em segredo pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) até 11 de janeiro de 2023, quando a gestão Lula revogou esse sigilo, conforme revelou o Estadão.

O governo petista, no entanto, imitou Bolsonato e preferiu manter em segredo a lista de visitantes da atual primeira-dama, a Janja.

“Os registros de entrada e saída de pessoas em residências oficiais do Presidente e do Vice-presidente da República são informações que devem ser protegidas por revelarem aspectos da intimidade e vida privada das autoridades públicas e de seus familiares”, argumentou a Casa Civil, ao negar o pedido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na campanha eleitoral, é fácil prometer, mas cumprir são outros quinhentos. Lula e Bolsonaro têm muitas diferenças, mas também muitas semelhanças. O dois são absolutamente ignorantes, não têm o menor conhecimento de economia, enriqueceram ilicitamente, disputam entre si quem diz mais bobagens e asneiras. Além disso, os dois demonstram ter o dedo podre na hora de nomear auxiliares e ministros do Supremo. A sorte deles é que o país é tão forte e tem tamanho potencial que sempre cresce à noite, quando eles estão dormindo e não conseguem atrapalhar. (C.N.)

Decisões “de ofício” de Moraes foram tomadas sem base legal

Moraes bloqueia perfil sem queixa da suposta vítima

Moraes bloqueia perfis sem queixa das supostas vítimas

Renata Galf
Folha

As decisões do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes divulgadas por uma comissão do Congresso dos EUA reforçam a discussão sobre os parâmetros legais para um juiz bloquear perfis em redes sociais. Atualmente, não há nas leis brasileiras regras e critérios a respeito da suspensão de contas nas plataformas.

No mundo jurídico, há divergência entre uma visão que alega ser necessário haver uma permissão explícita na lei para esse tipo de restrição e outra que defende a possibilidade de maior subjetividade nas decisões. No mundo político, parlamentares aliados de Jair Bolsonaro (PL), principais alvos desses bloqueios, tratam a medida como censura prévia. Já na esquerda predomina a avaliação de que as decisões se justificam frente às ameaças ao Estado democrático de Direito.

 

CONTROVÉRSIAS – O tema ganhou tração na direita nas últimas semanas, a partir de postagens do empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), que chegou a questionar Moraes quanto ao porquê de “tanta censura no Brasil” e defendeu o impeachment do ministro.

Ele disse inclusive que descumpriria decisões judiciais brasileiras, que publicaria tudo o que é exigido pelo ministro e “como essas solicitações violam a legislação brasileira”.

Após a divulgação do relatório baseado em despachos fornecidos pelo X, Musk afirmou em sua rede que “a lei quebrou a lei”. No documento, há ordens que partiram tanto do STF, em inquéritos e petições criminais, quanto do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

PGR QUESTIONOU – No caso dos bloqueios por desinformação eleitoral, o TSE aprovou resolução prevendo a suspensão temporária de perfis em caso de “publicação contumaz de informações falsas ou descontextualizadas sobre o processo eleitoral”. Questionada pela PGR (Procuradoria-Geral da República), à época sob Augusto Aras, a regra foi validada pelo plenário do STF no final de 2023.

Existe, entretanto, um debate sobre a amplitude das resoluções aprovadas pela corte eleitoral. Isso porque, em tese, ela estaria limitada a regulamentar e detalhar o que está na lei. Mas, diante da inação do Legislativo em criar regras para lidar com os novos desafios impostos às eleições pelas dinâmicas virtuais, o TSE vem ocupando esse espaço.

Uma segunda camada de discussão é quanto a quais critérios precisariam estar presentes para justificar não a remoção de posts específicos que teriam infringido a lei, mas a suspensão completa de um perfil. Hoje não há parâmetros legais para fazer esta avaliação, seja quanto à gravidade, reiteração ou prazo para a restrição.

MEDIDAS CAUTELARES – O Código de Processo Penal prevê as chamadas medidas cautelares diferentes da prisão. Entre elas estão o uso de tornozeleira eletrônica, comparecimento periódico em juízo, suspensão do exercício de função pública, proibição de acesso a determinados lugares para evitar o risco de novas infrações e proibição de manter contato com pessoas determinadas.

A professora de direito penal da FGV e advogada Raquel Scalcon explica que há quem entenda, como ela, que a lista prevista na lei é fechada, não sendo possível ao juiz aplicar alguma outra restrição. Essa linha tem como premissa que no processo penal não há um poder geral de cautela para o juiz.

De outro lado, há quem avalie que ela é apenas exemplificativa. Neste último caso, um argumento é o de que seria melhor para o réu ter a possibilidade de sofrer uma medida alternativa, ainda que não prevista, do que uma prisão preventiva.

APLICAÇÃO DO SIGILO – Outro aspecto em debate no caso das decisões de bloqueios por Moraes é a frequente aplicação de sigilo, dificultando um escrutínio público sobre a motivação das ordens.

Em nota nesta quinta (18), a assessoria de imprensa do STF afirmou que os documentos reproduzidos no relatório da comissão parlamentar norte-americana não tratam “das decisões fundamentadas que determinaram a retirada de conteúdos ou perfis, mas sim dos ofícios enviados às plataformas para cumprimento da decisão”.

“Fazendo uma comparação, para compreensão de todos, é como se tivessem divulgado o mandado de prisão (e não a decisão que fundamentou a prisão) ou o ofício para cumprimento do bloqueio de uma conta (e não a decisão que fundamentou o bloqueio)”, disse o tribunal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não há bloqueio de conta nas redes sociais, sem decisão judicial, em nenhum país democrático do mundo. E a decisão judicial só pode ocorrer, em medida liminar, após queixa da vítima, e o suposto infrator pode se defender. Aqui no Brasil há apenas um juiz, chamado Alexandre de Moraes, que se arvorou no direito de agir de ofício, bloqueando contas sem queixa das vítimas. É isso que está errado, absolutamente errado.
(C.N.)

 Moraes dá 5 dias para X se manifestar sobre desrespeito às decisões judiciais

Alexandre de Moraes deu cinco dias para que o X explique eventuais descumprimentos de decisões judiciais

Moraes tenta pegar Musk que nem dorme de tão preocupado

Lavínia Kaucz
Estadão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu cinco dias para a rede social X (antigo Twitter) se manifestar sobre um relatório da Polícia Federal (PF) que apontou o descumprimento de decisões judiciais por parte da plataforma. O prazo vence nesta sexta-feira, 26.

Na semana passada, a PF disse ao Supremo que o X permitiu a transmissão de lives por seis perfis que foram bloqueados por decisão da Justiça. Entre eles estão os canais dos blogueiros bolsonaristas Allan dos Santos, Oswaldo Eustáquio e do senador Marcos do Val (Podemos). A autorização foi dada desde o dia 8 de abril, segundo o relatório.

FORA DO BRASIL – Para a PF, a suposta milícia digital investigada no STF passou a atuar fora do território brasileiro para burlar ordens judiciais e difundir desinformação para obter a aderência de parte da comunidade internacional.

Nas últimas semanas, o bilionário Elon Musk, dono do X, tem feito uma série de críticas e ataques a Moraes, acusando o magistrado de censura e ameaçando descumprir decisões judiciais. As publicações foram impulsionadas por parlamentares de direita.

Por trás das acusações, está o “Twitter Files Brasil”, uma série de e-mails divulgados pelo jornalista norte-americano Michael Shellenberger na própria rede social no dia 3 de abril. São mensagens trocadas entre funcionários do antigo Twitter em 2020 e 2022 relatando e reclamando de decisões da Justiça que determinaram exclusão de conteúdos em investigações envolvendo a disseminação de fake news.

PANCADARIA – O bilionário chegou a defender a renúncia do ministro do STF que, por sua vez, determinou a inclusão de Musk no inquérito das milícias digitais por “dolosa instrumentalização” da rede social. Moraes também ordenou a abertura de um inquérito à parte sobre o empresário por suposta obstrução de Justiça, “inclusive em organização criminosa e incitação ao crime”.

Depois disso, o X informou ao STF que entregou ao Congresso dos Estados Unidos cópias de decisões sigilosas do magistrado que pediam cancelamento de perfis, entre outras medidas.

O X informou que repassou os documentos por solicitação do Comitê de Assuntos Judiciários da Câmara dos Deputados norte-americana, pedindo que todo aquele material permanecesse sigiloso.

RELATÓRIO DO COMITÊ – Dias depois, porém, o comitê divulgou um relatório assinado pelo deputado Jim Jordan, um aliado de Donald Trump e dos conservadores, revelando documentos do STF e acusando o STF e o TSE de promoverem censura com decisões não fundamentadas.

O STF respondeu, por sua vez, que os documentos eram apenas  ofícios, e não das decisões que, segundo a Corte, traziam toda fundamentação em cada caso de exclusão de contas.

Na última sexta-feira, durante o lançamento da Pedra Fundamental do Museu da Democracia, no Rio, Alexandre de Moraes afirmou que “irresponsáveis ligados às redes sociais” se uniram a “mercantilistas estrangeiros” e “políticos extremistas” para atacar a democracia e a Justiça.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As transmissões dos bloqueiros Allan dos Santos e Oswaldo Eustáquio só duraram poucos minutos e depois foram retiradas do ar. Allan já criou mais de 30 perfis, e todos foram bloqueados pelo X. Quanto ao senador, teoricamente tem direito a liberdade de expressão, apesar de Moraes não entender assim. Se ele punir o X por esses motivos, será mais uma Piada do Ano.. (C.N.)

Com US$ 97,5 bilhões para Ucrânia, Israel e Taiwan, a guerra fria ressurge

2 American Mormons detained in Russia | CNN

Zakharova, porta-voz do Kremlin, critica o apoio dos EUA

Deu na Folha

Neste sábado (dia 20), a Câmara dos EUA aprovou, com amplo apoio bipartidário, um megapacote de US$ 95 bilhões de auxílio para Ucrânia, Israel e Taiwan. Segundo Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, está claro que Washington quer que a Ucrânia “lute até o último soldado”, inclusive com ataques a territórios soberanos russos e a civis.

“A imersão de Washington na guerra híbrida contra a Rússia está cada vez mais profunda e se transformará num fiasco ruidoso e humilhante para os EUA, como ocorreu no Vietnã e no Afeganistão”, disse Zakharova. Moscou, acrescentou ela, dará “uma resposta incondicional e resoluta” à iniciativa dos EUA de se envolverem ainda mais no conflito em curso no Leste Europeu.

ZELENSKI PEDE PRESSA – O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que terá US$ 60,8 bilhões, instou Washington, neste domingo, a transformar rapidamente as medidas em lei e prosseguir com a transferência de armamentos, enfatizando que armas de longo alcance e sistemas de defesa aérea são as prioridades.

Numa entrevista à rede americana NBC, Zelenski disse que a aprovação final do pacote enviaria uma “mensagem poderosa” à Rússia de que Washington apoia Kiev e de que o conflito não terminará como “um segundo Afeganistão”.

“Precisamos que seja aprovado pelo Senado para que possamos obter alguma assistência tangível para os soldados na linha de frente o mais rápido possível, e não daqui a seis meses.”

PARA RESISTIR – O diretor da CIA, a agência de inteligência dos EUA, William Burns, alertou na semana passada que, sem mais apoio militar dos EUA, a Ucrânia poderia acumular derrotas no campo de batalha, mas que, com o auxílio, as forças de Kiev poderiam resistir às forças invasoras este ano.

Os EUA descartaram repetidas vezes a possibilidade de enviar as suas próprias tropas ou de outros membros da Otan, a aliança militar ocidental, para a Ucrânia, que trava uma guerra de artilharia e drones contra a Rússia ao longo de uma frente de 1.000 quilômetros.

A Rússia controla agora cerca de 18% da Ucrânia, ao leste e ao sul do país vizinho, e tem ganhado terreno desde o fracasso da contraofensiva lançada por Kiev no ano passado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A ajuda dos EUA significa o fortalecimento da indústria militar. O dinheiro volta para os cofres das empresas americanas. É uma ajuda lucrativa, de certo modo. Mas o apoio simultâneo também a Israel e Taiwan mostra que a guerra fria jamais acabou e pode esquentar a qualquer momento. (C.N.)

Exageros de Moraes fazem políticos, STF e governo criticarem sua postura

Alexandre de Moraes | Partido dos Trabalhadores

Moraes perde prestígio no supremo, no TSE e na vida pessoal

Matheus Teixeira e Julia Chaib
Folha

O acúmulo de atritos envolvendo o ministro Alexandre de Moraes ampliou o alcance dos questionamentos sobre os limites da atuação do magistrado no STF (Supremo Tribunal Federal). Integrantes do Congresso, do governo e da corte que costumam oferecer respaldo às ações de Moraes agora admitem reparos e reconhecem, nos bastidores, a necessidade de ajustes.

Essas autoridades mantêm apoio ao ministro e destacam a relevância de sua atuação na defesa das instituições. Elas afirmam, no entanto, que uma mudança calculada e gradual de postura seria importante para baixar a temperatura de recentes embates protagonizados por Moraes.

PONTOS RELEVANTES – A avaliação é feita, em graus diversos, por políticos e magistrados em postos relevantes dos três Poderes. Alguns pregam recuos concretos, enquanto outros somente apontam que Moraes tende a atenuar os focos de tensão no curso natural de seu trabalho.

Essa percepção se acumulou nos últimos meses e ficou mais abrangente depois de embates recentes no Parlamento e a partir das críticas às decisões de Moraes envolvendo o bloqueio de páginas na plataforma X (antigo Twitter). Este último caso teve a atuação do empresário Elon Musk e de integrantes do Congresso dos EUA.

O ministro vive o momento de maior contestação ao seu trabalho desde que começou a relatar inquéritos no STF que miram o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), seus aliados e integrantes de uma articulação que, segundo investigações da Polícia Federal, teria como objetivo impedir a posse de Lula (PT).

ATÉ NO SUPREMO – Mesmo dentro do Supremo, que costuma respaldar suas decisões por ampla maioria, há ministros que demonstram ressalvas à atuação de Moraes, em conversas reservadas.

Um ministro alinhado a Moraes já fez a avaliação de que críticas antes direcionadas ao ministro passaram a se voltar contra a corte como instituição. Isso, segundo integrantes do Judiciário, teve como consequência o avanço de projetos no Senado que miram o STF.

O trabalho do ministro é considerado importante para defender o STF. No entanto, há uma avaliação de que alguns casos acabam por expor o tribunal mais do que blindá-lo. Por isso, políticos e ministros de tribunais superiores defendem que o ministro atue, inclusive, para concluir os inquéritos polêmicos que relata, como o das fake news e milícias digitais, aberto há cinco anos.

CONTRAINDICAÇÕES – Um recuo abrupto, no entanto, é considerado não apenas improvável como contraindicado, uma vez que daria a impressão de que o tribunal estaria na defensiva ou que foi derrotado por Musk. A Folha ouviu esta avaliação de um ministro do STF alinhado a Moraes e de um integrante da cúpula do Legislativo.

O desfecho das investigações, ainda assim, é considerado próximo pelo fato de as apurações estarem maduras. É visto também como uma medida que pode melhorar a relação com parlamentares.

Magistrados e senadores temem, porém, que aliados de Bolsonaro procurem outras crises para se contrapor a Moraes. Um cardeal do Senado diz que um gesto prático e imediato para diminuir a tensão com o Congresso poderia ser a rejeição da ação que pede a cassação do mandato do senador Jorge Seif (PL-SC) por suposto abuso de poder econômico na campanha de 2022.

SINAL DE FUMAÇA – A avaliação de que o Supremo deve enviar sinais aos parlamentares passa por um temor de integrantes do Judiciário de que a próxima legislatura abra pedidos de impeachment contra ministros do STF.

O PL, de Bolsonaro, está empenhado em eleger uma maioria robusta de senadores, o que assusta aliados de Lula e membros do Supremo. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem descartado essa hipótese.

Parlamentares dizem que um sinal de que Moraes enfrenta o cenário mais desfavorável desde a abertura do inquérito das fake news, em 2019, é que o próprio ministro já iniciou um movimento para se fortalecer diante do aumento das críticas.

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NOTA DA REDAÇÂO DO BLOG
A situação de Moraes é periclitante. Ele se julgava o máximo, agora está caindo na real, ao enfrentar um competidor de peso, que sabe manejar os jornalistas e não tem medo de cara feia. A única saída para Moraes é parar de tirar onda e passar a espeitar os direitos dos outros, para dar um tempo até sair do noticiário. Caso contrário, a melhor saída para ele é o aeroporto, contanto que não se dirija a Roma… (C.N.)

Elon Musk prevê sanções dos EUA ao Brasil por causa de Lula e Moraes

Musk's X to Hire 100 Content Moderators With Focus on Child Sexual Exploitation - Bloomberg

Musk delira e acha que Brasil pode ser a nova Venezuela

Paulo Cappelli
Metrópoles

Em conversa com aliados brasileiros, o empresário Elon Musk disse acreditar que os Estados Unidos (EUA) poderão impor sanções políticas e econômicas ao Brasil num futuro próximo. Tais punições seriam decorrentes do que o bilionário já classificou publicamente como “ditadura” em curso praticada pelo ministro Alexandre de Moraes em conluio com o governo Lula.

As restrições seriam nos moldes das impostas pelos EUA à Venezuela neste ano, após a Suprema Corte venezuelana impedir a candidatura de Maria Corina Machado, principal nome da oposição a Nicolás Maduro. Discussões sobre sanções ao Brasil deverão ganhar força se Donald Trump retornar à Casa Branca na eleição prevista para ocorrer em novembro. O ex-presidente norte-americano é próximo da família Bolsonaro e, mais ainda, de Elon Musk.

OUTRA HIPÓTESE -Por outro lado, se o presidente Joe Biden permanecer no poder, é improvável que os EUA lancem ofensiva política e econômica contra o governo Lula. Os dois mandatários já trocaram manifestações públicas de apoio e mantêm boa relação diplomática. Recentes pesquisas de intenção de voto apontam empate técnico entre Biden e Trump.

A possibilidade de sanções ao Brasil fez com que o PSol acionasse o ministro Alexandre de Moraes pedindo a inclusão do deputado Eduardo Bolsonaro no inquérito que apura tentativa de golpe de Estado.

Em manifestação protocolada no STF, o partido citou reportagem da Agência Pública na qual o veículo de comunicação afirmava que Eduardo Bolsonaro foi aos Estados Unidos para articular junto a Elon Musk,

BLOQUEIO DE PERFIS – As recentes declarações de Elon Musk sobre suposta pressão exercida por Alexandre de Moraes para bloquear perfis de políticos de oposição a Lula reacenderam a discussão sobre o impeachment do ministro do STF.

Contudo, não há a menor chance de que o assunto seja levado ao plenário do Senado.

Até mesmo parlamentares bolsonaristas não querem que o afastamento de Moraes seja pautado. Isso porque o ministro tem apoio da ampla maioria dos senadores para permanecer na cadeira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sonhar ainda não é proibido nem paga imposto. Musk não será preso nem Moraes será impedido. Ambos ainda botam muita banca. Musk, porque pegou um otário para lhe servir de pele, como se dizia antigamente. E Moraes pensa (?) que ainda manda no República. São dois perdidos numa política suja, como diria o genial Plínio Marcos. (C.N.)

Brasil hoje é governado com base no rancor e vingança entre os Poderes

Os três... na charge do Duke

Charge do Duke (O Tempo)

Ricardo Corrêa
Estadão

Por onde se olha, no Executivo, no Legislativo ou no Judiciário, o que se vê é um país governado ou movimentado por pirraças, rancores e vinganças. É o que dá o tom dos temas que dominam os debates, declarações e decisões que, em uma democracia saudável e pacificada, tenderiam a ser baseados nos ideais de interesse público.

Exemplo claro dessa gestão baseada nos revides se dá nas atuações de Rodrigo Pacheco e, sobretudo, Arthur Lira, no comando das duas Casas no Congresso. Lira, por exemplo, irritado com a perda de espaço no governo, a briga pessoal com Alexandre Padilha, e com o fato de que teima em não aceitar o esvaziamento de sua força diante do inevitável fim do mandato no comando da Mesa, inventou de resgatar CPIs inócuas, sem fatos determinados.

Tudo, claro, para fustigar o governo e mostrar que ele ainda pode atrapalhar bastante qualquer pauta que Lula queira levar adiante. Em uma das CPIs, também move uma peça no sentido de se vingar do Supremo, após decisões que levaram a buscas em gabinetes de parlamentares e à prisão do deputado Chiquinho Brazão, acusado de matar Marielle Franco.

A ERA DA VINGANÇA – O estilo vingativo de Lira, embora emblemático, se assemelha ao sentimento de grande parte dos parlamentares atualmente, na mesma cruzada contra o STF. Tanto na Câmara quanto no Senado, onde o presidente Rodrigo Pacheco passou a também confrontar o STF com decisões que agradam ao público e à bancada bolsonarista. Foi o que se deu na votação da PEC das Drogas, criada e votada às pressas apenas para peitar o debate em andamento no Supremoe.

O próprio STF também parece agir com rancor e vingança em primeiro plano, que empurra penas excessivamente altas aos manifestantes utilizados para os ataques de 8 de janeiro, e que muda suas decisões para puxar de volta inquéritos contra políticos para tê-los nas mãos ou enfia tudo o que envolve ilícitos e supostos ilícitos praticados por Bolsonaro e sua trupe em um inquérito só, comandado justamente pelo principal alvo do bolsonarismo: o ministro Alexandre de Moraes.

Também no STF e em outros espaços do Judiciário controlados por aliados de Moraes e Gilmar, há um claro sentimento de vingança e rancor com a Lava Jato que, entre erros (foram muitos) e acertos (igualmente), ousou desafiar o topo da classe política e flertou com investigações contra integrantes do próprio Judiciário.

POLÍTICA EXTERNA – Também Lula chegou inegavelmente ao poder movido por um sentimento de vingança contra Sergio Moro e a Lava Jato, que impuseram a ele mais de 580 dias preso na Superintendência da Polícia Federal no Paraná. A ponto de ter dito publicamente que, enquanto preso, afirmava que só estaria tudo bem ao “foder o Moro”.

O pior aspecto de vingança, pirraça e rancor no governo se dá no cenário externo. Movido pela ideia de que os norte-americanos tiveram papel preponderante na Lava Jato (o entorno de Lula acha que tudo não passou de uma conspiração do Departamento de Justiça americano para quebrar empreiteiras brasileiros no exterior), Lula resolveu romper a histórica relação de aliança entre o Brasil e os Estados Unidos para se alinhar a um outro bloco de países que inclui China, Rússia, Irã e mais uma penca de Nações que se unem na denominação de “Sul Global”.

Na mesma linha da pirraça e rancor estão os embates com Israel, um aliado dos americanos e que foi usado como bandeira pelo bolsonarismo evangélico.

POSIÇÃO DIPLOMÁTICA – Fosse pragmático e não agisse com o fígado, Lula não teria tirado o país da posição que sempre esteve nos conflitos no Oriente Médio: a de defensor da solução pacífica dos conflitos, com repúdio frontal ao terrorismo. O mesmo vale para o conflito entre os invasores russos e os ucranianos.

Aonde mais uma gestão baseada no rancor, com uma guerra geral entre os representantes dos Três Poderes, vai nos levar? Dificilmente será na superação do cenário fiscal que se avizinha, do alastramento do crime organizado se transformando em máfia, ou da epidemia de dengue.

São problemas suficientes para render prioridade e atenção de nossos governantes, se não estivessem hoje movidos por vingança.

Bolsonaro vai replicar atos pelo Brasil, e aliados devem manter Moraes na mira

Moraes “é uma ameaça à democracia”, diz Malafaia em ato pró-Bolsonaro - SBT  News

Malafaia sobe cada vez mais o tom contra Moraes e STF

Marianna Holanda
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quer replicar em outras cidades do país os atos que já ocorreram em Copacabana, no Rio, e na avenida Paulista, em São Paulo. A ideia, segundo aliados, é fazer uma manifestação no Sul, outra no Nordeste e uma em Brasília.

A próxima deve ser em Joinville (SC), possivelmente já no próximo mês. A escolha da cidade se deu por ser a mais populosa do estado, predominantemente bolsonarista, e ficar a duas horas de Curitiba.

POLO ELEITORAL – Bolsonaro é forte em Joinville: a cidade deu 76,6% dos votos a ele no segundo turno da eleição de 2022. Além disso, fica a cerca de uma hora e meia de Balneário Camboriú (SC), onde Jair Renan, filho dele, concorrerá neste ano ao cargo de vereador —no mês passado, ele se tornou réu sob a acusação de falsidade ideológica e uso de documento falso para a obtenção de empréstimos bancários em nome de uma empresa de eventos.

A informação sobre as próximas manifestações foi confirmada à Folha pelo pastor Silas Malafaia, autor dos mais duros ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal) e principal organizador dos atos em defesa do ex-presidente —que foi declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e que é alvo de diversas investigações, incluindo a de uma trama golpista em seu governo.

O pastor rechaça a ideia de que replicar atos pode significar seu esvaziamento: “Não vamos fazer em tudo que é cidade. É melhor concentrar [em poucas].”

NO MESMO ESQUEMA – Os próximos atos devem seguir a tônica do que ocorreram até o momento: poucos discursos, defesa jurídica e política do ex-presidente e críticas enfáticas a Moraes.

Quem sobe no palco tem buscado focar os ataques mais ao magistrado do que à corte, como forma de dizer que não se trata de uma agressão às instituições. Assim, faixas têm sido vetadas pelos organizadores.

O ex-presidente tem mantido uma intensa agenda de viagens pelo país. Neste mês, deve ir ainda para Sergipe e São Paulo. Há previsão de visitar, em maio, Amazonas, Pará, Piauí, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul. Essas viagens, contudo, não têm os moldes de grandes manifestações como as realizadas no Rio e em São Paulo.

MALAFAIA DÁ O TOM – Bolsonaro fez sua segunda manifestação desde que deixou o Palácio do Planalto neste domingo (21). O ato foi marcado por uma elevação no tom das críticas a Moraes e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) —feitas principalmente por Malafaia.

O ex-presidente não citou os nomes de Moraes e de Pacheco e optou em seu discurso por exaltar Elon Musk, dono do X (ex-Twitter), defender anistia aos condenados pelo 8 de janeiro e retomar a narrativa de que eventual decreto de estado de sítio no país após a derrota na eleição de 2022 não seria um ato golpista —e que, portanto, as minutas encontradas pelos investigadores não serviriam como prova de que ele não aceitaria o resultado das eleições.

Coube a Malafaia o discurso mais duro, no qual chamou Moraes de “ditador da toga” e Pacheco de “frouxo, covarde e omisso” por não investigar o ministro do STF.

DISSE MALAFAIA – “Eu não vim aqui atacar aqui o STF. A maioria dos ministros não concorda com o Alexandre de Moraes. Vocês não podem se calar. Alexandre de Moraes está jogando o STF na lata do lixo da moralidade”, disse o pastor.

Aliados do ex-chefe do Executivo comemoraram o resultado do ato. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou uma foto da multidão e escreveu, no X: “Para brecar isso, talvez a única possibilidade seja no tapetão mesmo”.

Já Alexandre Ramagem, deputado e pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio, disse que o “brasileiro volta a ter esperança com o futuro do Brasil”.

LULISTAS DESDENHAM – Do outro lado do embate político, ministros e aliados de Lula (PT) minimizaram a manifestação. A ideia é de não dar relevância ao ato, considerado de médio porte, sem grandes novidades políticas e com adesão de uma parcela da população já cristalizada no bolsonarismo.

O ato de Bolsonaro neste domingo ocorre num clima bem diferente do anterior, na avenida Paulista. Para interlocutores, ele está menos pressionado.

Em fevereiro, a manifestação foi convocada dias depois de uma operação que apreendeu o passaporte do ex-presidente. Agora, Bolsonaro está viajando em clima de campanha eleitoral pelo país. Na última vez, interlocutores do ex-presidente entraram em contato com ministros da corte para prometer um ato sem ataques. Desta vez, eles não viram necessidade de conversa.

NOVO CENÁRIO – Isso ocorre pela distância temporal de operações da Polícia Federal e desgastes no Judiciário. Também porque há o que chamam de aumento de críticas na sociedade civil à atuação de Moraes, em especial impulsionadas na esteira do caso de Elon Musk.

Ainda que o empresário norte-americano não tenha brigado com o ministro do Supremo por causa do ex-presidente, o episódio foi visto por aliados como uma vitória para Bolsonaro e sua militância, por desgastar Moraes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Brasil, apesar dos pesares, ainda é uma democracia, e a realização das manifestações confirma essa realidade. Porém, o Supremo tem de conter a ânsia de vingança, reduzindo as penas dos tais “terroristas” e parando com as censuras desvairadas de Moraes, que abriu a guarda, por vaidade, e agora virou saco de pancadas de Musk, que gosta de treinar boxe. (C.N.)

Atenção para os criativos ataques que vêm sendo feitos à Tribuna da Internet

Carlos Newton

Não satisfeitos em nos tirarem do ar com uma frequência impressionante, além de já terem invadido e corrompido nossos arquivos, os “inimigos da democracia” (vamos chama-los assim, para não fazer acusações) arranjaram mais uma maneira criativa de impedir a leitura da Tribuna da Internet, para evitar a leitura de nossos artigos, sempre com informações importantes e exclusivas, e dos comentários que provocam.

Em vários locais, especialmente em Brasília, quem acessa o blog encontra uma alerta em inglês, dizendo que a Tribuna da Internet estaria bloqueada para leitura, por estar contaminada por vírus e não ter segurança.

Essa é boa e ficamos orgulhosos, porque os ataques significam a importância que conquistamos na internet, como espaço independente e formador de opinião.

Se encontrarem dificuldade de acesso, que é conversa fiada, por favor entrem pelo endereço carlosnewton.com.br., onde seguimos sob signo da liberdade.

E vamos em frente, sempre juntos.

Ipec: novos resultados aferidos se somam a desgastes para o governo Lula

Educação é a única área da gestão com saldo positivo na avaliação

Pedro do Coutto

Pesquisa do Ipec revela um desgaste do presidente Lula em vários setores sob a sua administração. Importante é o sinal de alarme no convés do governo, sobretudo porque um dos setores que gera mais reclamações é o de alimentação.

Era esperado, pois a questão do consumo de alimentos é fundamental uma vez que acarreta um desembolso diário da população, sobretudo a mais carente, sem que os seus rendimentos avancem na mesma proporção. É preciso que o governo atente para esse aspecto e não fique apenas no debate sobre déficit zero sem levar em consideração a questão da fome.

QUEDA – Quase dois meses após a pesquisa Ipec mostrar que a avaliação positiva (soma de “ótimo e bom”) para o governo do presidente Lula da Silva caiu cinco pontos percentuais e chegou a 33%, novo levantamento do instituto, divulgado neste domingo, revela que o cenário segue desanimador para a gestão de Lula.

Além da baixa popularidade, o Ipec aponta que entre oito áreas da gestão de Lula, apenas uma, a educação, tem mais avaliações positivas que negativas. A população se mostrou preocupada e descontente especialmente com o controle da inflação e a condução das políticas de saúde e segurança pública.

Quando se trata do quesito “controle da inflação”, a população se demonstrou fortemente insatisfeita. Para 46% dos entrevistados pela pesquisa, o Palácio do Planalto tem atuação ruim ou péssima nesse quesito. Enquanto isso, com altas frequentes nos preços dos alimentos, somente 23%, consideram o controle da inflação bom ou ótimo e 27% avaliam como regular.

RECUPERAÇÃO – O desgaste do governo Lula viabiliza a possibilidade de formação de um panorama a ser percorrido pelos adversários com vistas às eleições de outubro. É possível que o governo recupere até lá parcelas do eleitorado, mas o que está causando insatisfação revelada pelo Ipec é a falta de cumprimento das promessas de campanha  que levaram Lula à vitória nas urnas.

Agora, novamente o problema se coloca e há divisões partidárias em vários pontos, afastando o PT de outras siglas na disputa como é normal em política. Em vários estados verifica-se que, por exemplo, o Psol tem uma posição e o PT outra. Realmente é um fator que deve preocupar o governo, inclusive porque na campanha municipal a linguagem utilizada não é uniforme como na presidencial.

Após as urnas, cabe ao governo recompor o que foi abalado ou destruído. Mas o problema fundamental continua o mesmo, que é a questão da recuperação do governo como um todo, indo ao encontro da sociedade e cumprindo metas indispensáveis.

Antônio Maria, com saudades do Recife, andava em busca do tempo perdido  

Carmem Miranda com o cronista de Copacabana, Antonio Maria. | Carmen  miranda, Portrait, Duran

Carmem Miranda era amga de Maria

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, radialista e compositor pernambucano Antônio Maria Araújo de Morais (1921-1964), na letra de “Portão Antigo”, mostra a saudade de voltar ao lugar onde viveu. Este samba-canção foi gravado por Leny Eversong, em 1955, pela Copacabana.

PORTÃO ANTIGO
Antônio Maria

Quero voltar
Àquele portão antigo
Para buscar
Minha saudade,
Quero chegar de repente
Abraçar minha gente
Chorar de alegria
Depois entregar o cansaço
À rede macia do terraço.

Quando eu chegar
Na hora mais sossegada
Põe mais um prato na mesa,
Estou aqui
Hei de encontrar em seu olhar
A vida que perdi
Quero voltar para ficar,
Mais nada.

No Brasil, até Elon Musk é vítima de fake news, como mostra o portal UOL

Metrópoles não publicou que Elon Musk 'tirou' audiência da GloboLuccas Lucena
UOL São Paulo

O site Metrópoles não publicou que o empresário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), convocou os usuários a assistirem a Copa do Mundo pela rede social e que isso tenha tirado audiência da TV Globo.

Na verdade, o veículo publicou, em 2022, apenas que Musk convidou os internautas a assistirem o torneio pela rede social, sem mencionar a emissora.

O QUE DIZ O POST – “Elon Musk convoca usuários a ver a Copa do Mundo pelo Twitter e tirar audiência da Rede Globo”, diz o texto sobreposto à imagem, que apresenta uma matéria do Metrópoles.

Na imagem, Musk aponta para o logotipo da TV Globo, com a legenda escrita “Chora Globo”.

É uma fake News, porque Metrópoles não falou que Musk tirou audiência da Globo. Na mesma imagem compartilhada, há um link apontando qual é a url: “elon-musk-convoca-usuarios-a-ver-a-copa-do-mundo-pelo-twitter”.

NOTÍCIA DISTORCIDA – Ao fazer uma pesquisa simples no Google, o buscador exibe o texto do Metrópoles com o título: “Elon Musk convoca usuários a ver a Copa do Mundo pelo Twitter”.

Na reportagem, a emissora não é citada, apenas é comentado que “os usuários poderão acompanhar comentários de jornalistas, celebridades e ex-atletas que estiverem vendo as partidas pela TV”.

A postagem de Musk também não cita Globo. No X, o empresário apenas chamou os usuários a acompanharem a cobertura dos jogos da Copa do Mundo 2022 em tempo real.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se vê, nem mesmo Musk consegue escapar de uma tremenda fake News, como essa divulgada pelo UOL. O problema não é como evitar que isso aconteça, é como punir o infrator. Até hoje, em nenhum país do mundo existe legislação a respeito. Fala-se em lei da União Europeia, mas seus termos são genéricos, apenas dizem o que deve ser considerado fake News e nem falam em punições, porque isso cabe a cada país, e não à entidade multinacional. (C.N.)

Sem ter como se defender, Moraes só consegue ofender os empresários em geral

Ato contra indicação de Alexandre de Moraes reúne 300 no Rio | Exame

Única reação de Moraes foi chamar Musk de “mercantilista”

Carlos Newton

“Civilização? Sei bem o que significa isso, mas nunca consegui encontrar uma verdadeira civilização. Porém, se algum dia encontrar, sei que saberei reconhecê-la” – dizia o genial britânico Kenneth Clark, considerado o maior historiador contemporâneo. A rainha Elizabeth II era tão encantada com ele que o nomeou cavaleiro do Reino Unido aos 35 anos, algo absolutamente extraordinário. Depois virou Sir e em seguida Barão Clark de Saltwood, quando comprou um castelo normando para morar.

Clark era de família rica, mas trabalhava ininterruptamente, pesquisando e escrevendo obras notáveis. Morreu em 1983 sem conhecer a civilização. Se algum de seus discípulos continuar procurando, certamente não encontrará neste século, pois ainda estamos muito atrasados, apesar do desenvolvimento científico, bem mais rápido do que os avanço sociais.

EXEMPLO DA AMÉRICA – Vejamos os Estados Unidos, principal país do mundo e que tem mania de grandeza e gosta de ser chamado de América. Pode nossa matriz USA ser considerada civilização, enquanto houver a prisão de Guantánamo, com detentos sem direito a advogado?

E o racismo aparentemente invencível? Pode ser tida como civilizada uma nação onde policiais brancos matam negros por asfixia, no meio da rua? Ou com um candidato a presidente que sonha em construir um muro para evitar a passagem de latinos?

Bem, se não existe civilização na nossa matriz USA, quanto mais aqui na filial Brazil, onde ainda nem compreendemos direito o que significa liberdade de expressão. Aliás, na própria matriz a famosa Primeira Emenda hoje corre risco e há quem pretenda “interpretar” seus conceitos, como ocorre na Suprema Corte aqui na filial.

MUSK EM AÇÃO – Bem, ao investir contra a censura aqui na filial Brazil, o empresário Elon Musk acabou comprando uma briga feia também na matriz USA, e agora resolveu bancar uma campanha nacional em favor da preservação da Primeira Emenda.

Seria bom se fizesse o mesmo aqui na filial, para obrigar o Supremo a cumprir a Constituição, evitando esses exageros comandado por Alexandre de Moraes. Afinal, ninguém percebe que é uma insanidade considerar terroristas e julgar como tal todos os invasores da Praça dos Três Poderes, sem provas materiais? Muitos deles nada fizeram, estavam a passeio, digamos assim, como aquele morador de rua que ficou onze meses preso…

Também as investidas contra blogueiros, youtubers e usuários das redes sociais, sem denúncia da vítima, sem direito de defesa ao suposto infrator e sem decisão judicial, isso pode ser considerado democrático?

EXISTEM LIMITES – Não adianta alegar que o Supremo e o TSE estavam salvando a democracia, porque nada justifica uma ditadura do Judiciário. Agora, Musk tem de depor na matriz USA, perante o Comitê Jurídico da Câmara. E lá vai a imagem do Brasil descendo a ladeira, porque não há defesa para os desmandos de Moraes…

Nesta sexta-feira, como não teve como se justificar, Moraes alegou que Musk é um “mercantilista estrangeiro”. Caramba! Quer dizer que o simples fato de ser empresário estrangeiro é um crime ou algo desabonador aqui na filial? Ora, essa afirmação de Moraes mostra que está completamente desatinado, não tem como responder a argumentos simplórios de Musk, pois o mercantilista apenas tem dito que Moraes exerce censura, e isso é absolutamente verdadeiro.

O ministro brasileiro pensa (?) que tem o direito de “assinar de ofício”, sem pedido do Ministério Público, a remoção de postagens e o bloqueio de contas nas redes sociais, sem que tenha havido queixa ao Judiciário. Ele acha isso normal numa democracia? Deveria lembrar que “iura novit cúria” (o juiz conhece a lei), como diz o axioma fundamental do Direito Romano, e Moraes é professor e acaba de se doutorar…

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P.S.
1 Daqui para frente, vai ser uma humilhação atrás da outra. Moraes não tem como se defender e os demais ministros foram coniventes e o apoiaram o tempo todo. Agora, todos têm de fingir que não está acontecendo nada. Uma situação mais do que constrangedora.

P.S. 2 – E os mercantilistas brasileiros? Vão aguentar calados essa humilhação? Cade â Associação Comercial? E a Confederação do Comércio? Cadê esses desgraçados mercantilistas? (C.N.)

Bolsonarismo segue apostando na polarização e o lulismo agradece

Tribuna da Internet | Polarização, que é obra de lideranças, depende muito  do futuro incerto de Bolsonaro

Charge do Nani (nanihumor.com)

Sergio Denicoli
Estadão

Flopou ou não flopou? A discussão principal entre direita e esquerda nas redes, neste domingo (21), ficou centrada em um debate inócuo se o público presente na manifestação convocada por Jair Bolsonaro, em Copacabana, foi avassalador ou se revelou algum sinal de enfraquecimento do bolsonarismo. Cada lado impondo sua visão, na busca de exaltar ou rebaixar um movimento extremamente popular, de grande impacto, mas que tem se tornado uma novela arrastada, sem grandes novidades.

E no enredo dessa novela, o capítulo de hoje pareceu nitidamente repetido. Pessoas vestindo verde-amarelo, bradando pela liberdade, na tentativa de reduzir o impacto das investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado no Brasil.

MAIS DO MESMO – Nada muito diferente do que se viu na Av. Paulista, no dia 25 de fevereiro, mas agora com menos brilho, uma vez que já não havia fatos novos de grande impacto.

O acontecimento mais relevante, destacado pelo ex-presidente em seu discurso, foi o posicionamento de Elon Musk contra Alexandre de Moares. Visando alimentar ainda mais a polarização, o empresário do X deu corda à ideia de que regulação das redes é tentativa de censura às vozes de direita. Mas mesmo esse episódio, exaustivamente falado nas últimas semanas, não era algo novo.

O evento deste domingo, portanto, ficou marcado pela simples necessidade de se manter em voga a polarização política. Algo plenamente corroborado pelo lulismo.

SEM TERCEIRA VIA – Enquanto o Brasil se foca em duas únicas forças de grande envergadura, não sobra espaço para novos atores que possam debater uma agenda mais racional e distante do fundamentalismo que alimenta os conflitos no ambiente online. Afinal, os algoritmos das redes sociais privilegiam os conflitos e amam o radicalismo, dando a ele voz e eco.

É um movimento onde uma hora a direita avança uma peça, mas logo a esquerda faz a sua jogada. Uma dança, ensaiada desde 2018, que segue no palco.

A plateia se movimenta em torno desse ritmo, mas parte do público que antes se empolgava com os brados ecoados está cansada, provavelmente porque, em uma guerra de forças equivalentes, a destruição de reputações atinge os dois lados.

CICLO REPETITIVO– O embate político, protagonizado pela direita e esquerda, parece ter se reduzido a um ciclo repetitivo, onde os eventos se desdobram com uma previsibilidade exaustiva, em uma saga interminável.

Não se falou em Copacabana sobre soluções para a economia, para a criminalidade que assola o País inteiro, para a educação.

E esse vazio de conteúdo ocorre porque, enquanto a política nacional continuar refém dessa polarização desgastante e estéril, o verdadeiro progresso e a busca por resultados eficazes para os desafios do país continuarão sendo adiados.

Musk usa Brasil para desgastar Biden e facilitar a volta de Trump ao poder

Elon Musk reativa conta de Donald Trump no Twitter; saiba o que motivou decisão

Elon Musk apoia Donald Trump e sabe fazer o jogo político

Roberto Nascimento

É triste constatar o verdadeiro motivo de os deputados do Comitê Jurídico da Câmara norte-americana publicarem documentos sigilosos da Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil, de 2020 até 2024.

Não existe preocupação deles com a política brasileira. O interesse é prejudicar o governo democrata de Joe Biden e enfraquecer o presidente na disputa de poder contra o republicano Donald Trump, nas eleições de outubro deste ano.

QUESTÃO PARTIDÁRIA – O fato concreto é que o Comitê Jurídico é dominado por deputados do Partido Republicano, que são ligados ao empresário Elon Musk.

Ao aceitarem fazer uma parceria com o bilionário, eles não tinham qualquer interesse no Brasil. Apenas aproveitaram a oportunidade para enfraquecer Joe Biden, por apoiar o atual governo brasileiro, inclusive se manifestou contra o golpe tramado para melar as eleições de 2022.

Elon Musk também é republicano e está nessa jogada para derrubar o presidente democrata. Por isso, denuncia com tanta insistência uma suposta censura que estaria sendo implantada no Brasil, para deixar mal o presidente Biden, pelas boas relações que mantém com o governo Lula.

SEMPRE O LUCRO – Há também as razões empresariais. As empresas de Elon Musk mamam nas tetas do governo norte-americano, sim, têm contratos bilionários com estatais, como a NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço), para as viagens espaciais. Segundo um dos acordos, a NASA terá cinco missões espaciais com a SpaceX, empresa de Elon Musk. Desde o final de 2020 a SpaceX já recebeu cerca de US$ 5 bilhões por prestar os serviços.

Há outros contratos com empresas de Musk, numa vergonhosa teia de interesses políticos e comerciais, que explicam melhor esse súbito interesse de Musk pelo Brasil.

Não queremos nem aceitamos a censura que ele denuncia, assim como não aceitamos que o país seja usado no jogo sujo da política norte-americana.

Saudado em Copacabana, Musk alega que Moraes é contrário à democracia

PGR defende que representantes da X no Brasil sejam ouvidos sobre Musk | Rádio Cachoeira

Elon Musk está marcando presença na sua plataforma X

Levy Teles e Vinícius Valfré
Estadão

O empresário Elon Musk, dono do X, antigo Twitter, e da Tesla, voltou a criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes neste domingo, 21, após a manifestação em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro. Ele disse que Moraes é “contra a democracia”.

“Ele (Alexandre) é inimigo do povo e, portanto, da democracia”, escreveu Musk na rede social X em reação a um usuário que questionava por que não havia manifestações a favor do integrante do STF.

ONIPRESENÇA – Ainda que não estivesse presente no ato em Copacabana, Musk foi um dos mais saudados por políticos e manifestantes. A publicação respondida por Elon ainda exibia um cartaz do empresário ao lado de Bolsonaro com a mensagem “o povo brasileiro agradece! Elon Musk”.

O próprio Bolsonaro pediu aplausos para Musk, enquanto o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) discursou em inglês para ser ouvido pelo empresário.

Em outra publicação, o sul-africano respondeu a um usuário que disse que ele merecia muito crédito pela multidão reunida no Rio de Janeiro neste domingo. “Desejo o melhor para o povo do Brasil”, escreveu.

Por que há mais protestos e greves em governos de esquerda do que de direita?

Por que o MST assusta tanto? por Frei Betto - Vermelho

MST fica mais à vontade quando Lula e PT estão no poder

Bruno Boghossian
Folha

Num evento recente, Lula reconheceu que o governo enfrentava risco de greves e acrescentou: “A gente pode até não gostar, mas elas são um direito democrático dos trabalhadores”. Dias depois, seguiu roteiro parecido. Disse estar empenhado numa reforma agrária “sem muita briga” e fez um reparo: “Isso sem querer pedir para ninguém deixar de brigar”.

A ação de movimentos sociais e entidades de classe pode ser descrita como um produto de dois fatores: necessidade e oportunidade. A incidência de manifestações é maior quando há demandas que pressionam esses grupos e quando há abertura para que as reivindicações sejam feitas e levadas em conta.

GREVES E MST – Essas condições costumam determinar as circunstâncias em que movimentos têm atuação mais ou menos intensa em governos de esquerda ou de direita. Greves nas universidades e ações do MST no governo Lula, após quatro anos de Jair Bolsonaro, oferecem uma ilustração.

De maneira geral, protestos de grupos de esquerda ocorrem com mais frequência durante governos de direita (e vice-versa). Quando a esquerda está na oposição, seu poder de ação nos canais políticos tradicionais é menor. Nessas situações, formas de pressão fora desses meios passam a ter um valor maior.

Mas exceções são praticamente a regra nestes tempos.

HÁ DIFERENÇAS – Durante o governo Bolsonaro, a mobilização de movimentos de esquerda foi mais política e relativamente menos intensa nas reivindicações de classe. Como o ex-presidente desconsiderava esses atores e tornava muito mais baixa sua chance de sucesso, o grau de oportunidade também era menor.

No governo Lula, a ação tende a ser maior porque esses movimentos estão diante de um risco de repressão baixo e maior chance de sucesso, graças à simpatia do presidente por suas demandas.

Protestar também têm mais valor porque, hoje, os grupos de esquerda ainda são minoritários em outros foros, como o Congresso, e o governo tem pouco dinheiro no cofre para implementar políticas que os beneficiam.

Haddad vai para o céu, ao tentar fazer Lula curvar-se à realidade econômica

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), em evento no Palácio do Planalto, em Brasília

Haddad está sendo boicotado pelo PT e também por Lula

Demétrio Magnoli
Folha

Não existe almoço grátis. Lula sonha ter, ao mesmo tempo, aumento real de gastos públicos, inflação dentro da meta e juros baixos. Mas a economia é implacável: o Brasil só pode obter duas dessas três coisas. Fernando Haddad é o santo que, sob implacável “fogo amigo”, tenta persuadir o presidente a curvar-se à realidade econômica.

No início do governo, a expansão fiscal da PEC da Transição e a persistência de pressões inflacionárias exigiam uma política monetária apertada. O BC cumpriu sua missão, impondo a renúncia a juros baixos. Roberto Campos Neto tornou-se o bode expiatório perfeito para o Planalto e o PT, que tendem a identificar as leis econômicas à vontade de perversos especuladores “da Faria Lima”.

HADDAD EM AÇÃO – Foi então que entrou em cena Haddad, o prestidigitador, com seu arcabouço fiscal: a promessa de contenção dos gastos públicos. No fundo, a complexa geringonça não garantia equilíbrio fiscal nem, menos ainda, uma trajetória de redução da dívida pública. Entretanto, no horizonte de curto prazo, alterou as expectativas, propiciando a redução dos juros com controle inflacionário.

Efetivamente, era um programa de crescimento moderado da dívida pública, em troca do afrouxamento paulatino da política monetária. Os agentes econômicos entenderam a mensagem, mas abraçaram o mensageiro. Sem ele, concluíram, ninguém evitaria o aventureirismo fiscal de um presidente que acredita em almoço grátis.

Haddad, o equilibrista, não teve um único dia de sossego. A gradual redução da taxa de juros afastou Campos Neto da alça de mira e o discurso do negacionismo econômico voltou-se para o ministro da Fazenda.

BOICOTE PETISTA – Lula exibiu publicamente seu desprezo pela meta de déficit zero. Gleisi e companhia bombardearam uma “política fiscal contracionista”, exigindo a expansão acelerada dos gastos estatais e, portanto, um crescimento desenfreado da dívida pública.

Haddad, o mestre da conciliação, precisa criar espaço para investimento e, simultaneamente, curvar-se ao tabu lulista que impugna como “neoliberal” qualquer tentativa de reformar as despesas públicas obrigatórias.

Sem o direito de mexer em despesas que crescem inercialmente e representam 92% do Orçamento federal, o ministro da sofrência engajou-se na ingrata empreitada de obter receitas extraordinárias. Cavou fundo em busca de tesouros escondidos, garimpou o leito de rios inférteis – até, exausto, jogar a toalha.

TUDO INÚTIL – “Ano que vem em Jerusalém”: a meta de superávit de 0,5% do PIB foi transferida de 2025 para 2027 e a quimera de superávit de 1% ficou para 2028. O FMI e o mercado fizeram seus próprios cálculos, cravando déficits sucessivos até 2027. Na prática, o novo programa fiscal implica crescimento acelerado da dívida pública, que deve romper a barreira de 90% do PIB em 2026. Lula deixará uma bomba fiscal no colo do próximo presidente.

No ciclo petista anterior, abençoado por um céu global sem nuvens, a catástrofe fiscal demandou três mandatos. Ao contrário de Lula, Haddad sabe que, sob as nuvens plúmbeas que circulam pelo mundo, a janela do negacionismo feliz tornou-se mais curta.

Ele não quer ser Mantega – e não quer que Lula seja Dilma. Mas, à medida que sua palavra perde credibilidade, a política econômica transforma-se numa coleção de gestos reativos desconexos.

SANTIFICADO – Haddad vai para o céu, mesmo que seu corpo físico permaneça na Fazenda. Sem âncora fiscal eficaz, teremos que optar entre descontrole inflacionário e um novo aperto da política monetária.

O comando do BC troca de mãos no primeiro dia de 2025. O conselho de Campos Neto ao sucessor é “ter a firmeza de dizer não quando necessário”.

O impulso de Lula será indicar alguém incapaz de dizer-lhe não. Meu conselho ao novo timoneiro: estude a história recente da Turquia. Lá, o negacionismo econômico fabricou inflação, recessão e um espetacular fracasso eleitoral.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como diz o escritor François Rabelais, há 500 anos, a ignorância é a mãe de todos os males, um ditado que Lula jamais aceitará. (C.N.)

Musk usa o Brasil como exemplo de censura à liberdade de expressão

Defensoria entra com ação de danos morais contra Musk e pede R$ 1 bi

Musk diz que só está defendendo o regime democrático

Deu no Poder360 

Elon Musk anunciou nesta quinta-feira que financiará uma campanha de assinaturas em apoio à Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos e a liberdade de expressão. O anúncio do bilionário foi feito depois de Katherine Maher passar a ocupar o cargo de CEO da NPR, a rádio pública do país.

Katherine Maher, em 2021, criticou o poder da legislação norte-americana afirmando que a principal dificuldade no combate à desinformação é a Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Segundo a executiva, o texto – que protege a liberdade de expressão e opinião no país – torna “complicado” censurar informações prejudiciais.

MAIOR DESAFIO – “Do ponto de vista da regulamentação governamental, o principal desafio que vemos aqui é, é claro, a Primeira Emenda nos EUA, que é uma proteção bastante robusta dos direitos, tanto para as plataformas – o que eu acho realmente importante, que as plataformas tenham esses direitos para regular que tipo de conteúdo desejam em seus sites – mas também significa que é um pouco complicado lidar com alguns dos desafios reais de onde vem a má informação e os influenciadores que criaram uma verdadeira economia de mercado em torno disso”, disse Katherine Maher.

Em posição contrária, nos últimos dias, Musk tem criticado decisões de autoridades, inclusive do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, por supostamente cercearem a liberdade de expressão.

Ele acusou as “ações de censura contra representantes eleitos” feitas pelo ministro Moraes, de violarem as leis do Brasil. Por conta disso, o bilionário está sendo denunciado por intermediar as relações de conservadores norte-americanos com grupo grupos de “extrema-direita global”.  Em resposta, Elon Musk disse que, se apoiar liberdade de expressão é ser de “extrema-direita”, então ele acha que é.

CASO DA “NPR” – O jornalistaUri Berliner escreveu em 9 de abril o artigo “Eu estou na NPR há 25 anos. Eis como nós perdemos a confiança da América”. Nele, o profissional premiado e muito respeitado no setor faz um extenso relato sobre como a emissora de rádio adotou uma política de pautas identitárias e do universo woke depois que Trump venceu as eleições presidenciais de 2016.

Na quinta-feira (18.abr.2024), o editor sênior da NPR Uri Berline se demitiu. Ele havia sido suspenso em 12 de abril depois da repercussão do artigo.

A NPR é uma empresa de comunicação social sem fins lucrativos e mantida com dinheiro estatal (recursos dos pagadores de impostos nos EUA) e com doações diretas de seus ouvintes. Produz conteúdo que é compartilhado com centenas de emissoras locais norte-americanas.

PARTIDARIZAÇÃO – Com sede em Washington D.C., a NPR está presente em diversas cidades dos EUA e, até recentemente, era admirada pelo seu tom equilibrado. Mas, segundo Berliner, o ambiente de trabalho se transformou depois da eleição de Trump.

“Não existe mais um espírito de mente aberta [na emissora]”, declarou o jornalista. No artigo, Berliner também fala da mudança do perfil dos profissionais da NPR.

Em maio de 2021, na redação em Washington, sede da emissora, havia 87 eleitores registrados como democratas e zero como republicanos. Nos EUA, diferentemente do Brasil, quando alguém decide votar, é possível informar com qual partido se identifica.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Primeira Emenda é um dispositivo sagrado, orgulho da democracia norte-americana, que agora é atacado por membros do Partido Democrata. Isso significa que Musk está travando uma briga enorme na matriz USA e usa o péssimo exemplo da filial Brazil para mostrar os males do desrespeito à liberdade de expressão. Ou seja, podemos comprar mais pipocas. (C.N.)