“Material biológico não-humano foi achado em nave alienígena”, diz ex-agente da CIA

Testemunhas depõem no Congresso dos EUA sobre possível encobrimento de óvnis

O governo dos EUA está analisando 650 novos casos de óvnis

Deu no El País
O Globo

Os óvnis pousaram novamente nesta quarta-feira no Capitólio dos EUA. Membros do subcomitê de Segurança Interna, Fronteiras e Relações Exteriores do Comitê de Supervisão da Câmara ouviram relatos de três testemunhas (“corajosas”, eles as chamaram) sobre suas experiências com objetos não identificados: David Grusch, ex-oficial de inteligência da Força Aérea que afirma que o Pentágono tem em sua posse restos de espaçonaves alienígenas; David Fravor, Comandante da Marinha aposentado; e Ryan Graves, um ex-piloto da Marinha.

A ideia da audiência, a primeira de uma série, era obrigar o Pentágono a divulgar as informações sigilosas de que dispõe para, segundo o congressista republicano Tim Burchett, do Tennessee, um dos mais atuantes no tema, levantar a tampa da panela. “Não podemos confiar em um governo que não confia em seus cidadãos” — disse o parlamentar.

MATERIAIS BIOLÓGICOS – Já o ex-agente de Inteligência David Grusch afirmou que materiais biológicos não-humanos foram retirados de UAPs (fenômenos aéreos não identificados, em tradução livre).

“Eram não-humanos, e essa foi a avaliação de pessoas com conhecimento direto sobre o programa com quem conversei” — afirmou Grusch, notório “delator” da ocultação de naves por parte do governo.

Nas palavras de seus colegas Glenn Grothman, de Kentucky, presidente do subcomitê, a aspiração dos parlamentares é acabar com “a especulação desenfreada sobre a natureza dos óvnis, que não beneficia ninguém, com base em fatos”.

FALAM AS TESTEMUNHAS – Após a apresentação dos congressistas, as testemunhas tomaram a palavra para narrar seus encontros com os óvnis, embora nesta era de renovado interesse por esses artefatos inexplicáveis, uma mudança de nome também seja imposta para combater tabus: o governo e os legisladores dos EUA preferem ser chamados de “fenômenos aéreos não identificados”.

“Enquanto falamos, nosso céu está cheio de óvnis, cuja existência é subnotificada. Os avistamentos não são raros, nem isolados. Eles são a rotina. O estigma de óvnis é real e representa um poderoso desafio para a segurança nacional” — afirmou ele no início de sua declaração por escrito.

Graves disse que, para ele, tudo começou em 2014, quando era piloto de F-18 e viu, durante um voo que partiu da costa leste, perto de Virginia Beach. “Um cubo cinza escuro ou preto dentro de uma esfera transparente que se aproximava de 15 metros do avião. Estimamos que tinha uns três metros de diâmetro” — disse.

PREPARAÇÃO DE VOO – “Esses encontros se tornaram tão frequentes que discutimos o risco de encontrar um óvni como parte da preparação do voo” — acrescentou.

A uma pergunta de Grothman, ele então forneceu uma solução compartilhada pelos presentes: “Permitir que os pilotos, militares e comerciais, relatem o que veem sem medo de retaliação”.

Grusch, por sua vez, disse que se inspira nos ideais de “verdade e transparência”. Sua motivação surgiu depois de ouvir relatos de preocupações de vários colegas e de “respeitados e credenciados militares ativos ou aposentados” de que o Governo atua nessa matéria em segredo, sem a supervisão do Congresso. Essa decisão o levou a sentir que havia “colocado sua vida em perigo”.

“E, certamente, meus colegas foram brutalmente retaliados administrativamente por se manifestarem” — acrescentou Grusch, que estima que, por esses motivos, apenas 5% dos avistamentos são relatados.

GOVERNO TEM OVNIS – Robert Garcia, da Califórnia, que convocou o comitê para abordar o assunto com uma “mente aberta”, perguntou a Grusch se ele achava que o governo tinha quaisquer óvnis em sua posse.

“Absolutamente, sim, 40 testemunhas confirmaram isso para mim ao longo de quatro anos” — respondeu ele.

— E você sabe onde eles podem estar? — Garcia continuou.

“Eu sei e denunciei às autoridades competentes” — respondeu a testemunha, que não compartilhou essa informação na audiência.

MISSÃO SUSPENSA – O terceiro a falar, Fravor, relembrou o dia em 2004, quando participou de exercícios de treinamento como piloto de caça de ataque na costa de San Diego. A certa altura, um controlador disse a ele que a missão deveria ser suspensa, porque eles estavam encontrando artefatos há algumas semanas que desceram como um raio de 80.000 para 20.000 pés e permaneceram nessa altitude por horas. Então, disse Fravor, um objeto branco apareceu “se movendo muito abruptamente na água, como uma bola de pingue-pongue”.

“Não sou fã de óvnis, mas vou lhe dizer que o que vi em um período de cinco minutos é algo que nunca, antes ou depois, vi. Era uma tecnologia incrível” — disse. Ele também alertou que não acredita que essa tecnologia esteja “ao alcance de qualquer país da face da Terra”.

Esta quarta-feira foi a terceira audiência sobre o tema no Congresso, depois de meio século mantendo o assunto sob o tapete.

650 CASOS NOVOS – Na sessão realizada em abril no Senado, Sean Kirkpatrick, diretor do escritório encarregado de avistamentos, explicou que o governo estava examinando atualmente mais de 650 casos de potencial óvnis.

O caminho dos óvnis para a superfície do discurso público teve um de seus maiores marcos na divulgação em 2017, graças a um artigo do New York Times, citado interminavelmente durante a audiência de quarta-feira, de que o Departamento de Defesa havia lançado um Programa Avançado de Identificação de Ameaças Aeroespaciais, lançado por iniciativa do falecido senador democrata de Nevada, Harry Reid.

Nesse estado está a Área 51, uma base militar secreta e ícone da cultura popular que é sinônimo de teorias da conspiração sobre alienígenas, óvnis e operações encobertas do Governo para, supostamente, esconder do mundo as evidências de que existe vida extraterrestre.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bem, como diria o agente do FBI Fox Mulder na série Arquivo X, “a verdade ainda está lá fora”. (C.N.)

Tenente Crivelatti, braço-direito de Mauro Cid, é o novo alvo da CPMI do 8 de janeiro

Osmar  Crivelatti  assessor do Ex-Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL)

O tenente Osmar Crivelatti continua assessorando Bolsonaro

Augusto Tenório
Estadão

A base do presidente Lula na CPMI do 8 de janeiro quer convocar para prestar depoimento, na condição de testemunha, o segundo-tenente do exército Osmar Crivelatti, que foi braço-direito do tenente-coronel Mauro Cid no governo Bolsonaro.

O movimento é uma reação à postura de Cid ao depor no colegiado, quando ficou em silêncio até quando perguntado sobre sua idade. Como testemunha, Crivelatti não poderia se calar.

ASSESSOR PESSOAL – Hoje, o militar que se tornou o alvo da CPMI é um dos assessores pessoais de Bolsonaro. Foi Crivelatti quem entregou à Polícia Federal, junto com o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha, as armas que o ex-presidente recebeu dos Emirados Árabes Unidos.

O pedido de convocação para depoimento como testemunha foi apresentado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder do governo na Câmara.

No requerimento, Jandira considera a necessidade de elucidação dos fatos que antecederam os ataques do dia 8 de janeiro. Como testemunha, o militar não teria a oportunidade de permanecer em silêncio, como fez Mauro Cid.

ERA COORDENADOR – O tenente Osmar Crivelatti foi coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República na gestão Bolsonaro.

Para a deputada federal autora do requerimento, Jandira Feghalli, o segundo-tenente acompanhou o período em que se desenvolveu a preparação dos atos antidemocráticos.

Preso desde maio, Cid ficou em silêncio após conseguir no Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da ministra Carmen Lúcia, um habeas corpus para se esquivar de perguntas que pudessem incriminá-lo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
É um erro achar que o tenente será obrigado a responder a todas as perguntas. O direito ao silêncio tem caráter pessoal, exercido ou não pelo depoente. Caso se recuse a falar, pode passar de testemunha a investigado como cúmplice, com quebra de sigilos e tudo o mais. (C.N.)

Simone Tebet demonstra maturidade política e suporta bem a nomeação de Pochmann

Simone Tebet: 'Abrir exceções põe por terra ganhos da reforma' - InfoMoney

Simone Tebet não entra na briga interna das facções do PT

Vicente Limongi Netto

Simone Tebet é do ramo. Sabe que boa cabrita não berra. O partido dela, o MDB, é aliado de primeira hora de Lula. Nos tempos de sol alto e, também, sobretudo, nas épocas de fortes temporais. Tebet obra bem como ministra do Planejamento. Não é tola de criar caso e fazer beicinho porque não foi ouvida nem cheirada na escola do novo presidente do IBGE. Pelo contrário, com cara alegre, elogiou a escolha do chefe de governo.

Aliás, Lula já tem imensos abacaxis para descascar. O MDB, integrado por expressivos e calejados membros, não vai colocar mais lenha na fogueira dos problemas do governo.

Mas é claro que exige respeito à ministra e não vai permitir que ela seja fritada. Brigar com o MDB de Jader, Renan e Sarney é parada indigesta. O partido sempre trabalhou para que a governabilidade não seja afetada.

PALHAÇO, NÃO! – O truculento ex-deputado Daniel Silveira erra feio, ao chamar o senador Marcos Do Val de “palhaço”, por envolvê-lo em conversas e armações golpistas com o ex-presidente Bolsonaro.

O atrapalhado e incapaz senador Do Val pode ser chamado, por exemplo, de cretino, idiota, desprezível, escória do mal. Jamais de palhaço.

A meu ver, a classe digna e trabalhadora dos artistas circenses, especialmente os palhaços, que leva alegria as crianças, não merece ser envolvida nem tão pouco comparada ou citada em artimanhas de destrambelhados que deslustram a vida pública brasileira.

JEAN WYLLYS – O governo Lula fez bem, suspendendo a nomeação do petulante, desrespeitoso, atrevido e arrogante Jean Wyllys para uma boquinha na Secretaria de Comunicação Social do Planalto, depois da repercussão altamente negativa dos coices levianos, açodados, equivocados e injustos que o histérico ex-deputado desferiu no governador gaúcho, Eduardo Leite.

Se antes de assumir ele procede assim, imaginem o que faria no Planalto caso realmente ganhasse o pretendido cargo de chefia…

Governador maranhense trai Flávio Dino para se aproximar ao grupo político de José Sarney

Carlos Brandão e Flávio Dino (com microfone): divergências na preparação de candidaturas para 2024

Brandão foi eleito por Dino, mas rapidamente mudou de lado

Bernardo Mello
O Globo

Menos de um ano após se reeleger no Maranhão em dobradinha com o ex-governador e atual ministro Flávio Dino (Justiça), o governador Carlos Brandão (PSB) acumula atritos com o aliado. Brandão, que foi vice-governador nos dois mandatos de Dino no estado, tem estreitado as relações com a família do ex-presidente José Sarney (MDB), tradicional adversário do ministro.

O movimento ocorre em meio a divergências entre Dino e Brandão na montagem do governo e na preparação de candidaturas para disputar a prefeitura de São Luís em 2024.

ARTIICULADOR SE MOVIMENTA – Irmão mais novo do governador e responsável pela articulação política da família, o empresário Marcus Brandão se filiou no último mês ao MDB com a promessa, verbalizada por aliados da deputada federal Roseana Sarney (MDB-MA), de que assumirá a presidência estadual do partido até o fim deste ano.

Roseana, filha mais velha de Sarney, e Dino têm um histórico de enfrentamentos nas urnas. O ministro foi derrotado pela herdeira do clã Sarney, à época apoiada pelo PT, na eleição ao governo em 2010, mas deu o troco ao se eleger em 2014 e 2018, esta última em nova disputa contra Roseana.

No ano passado, eleito ao Senado pelo PSB, Dino esteve no mesmo palanque que os Sarney. A família também apoiou Brandão e a candidatura presidencial de Lula. Segundo interlocutores de ambos os grupos, contudo, tratou-se de uma aliança “pró-forma”. Roseana e seu sobrinho, o deputado estadual Adriano Sarney (PV-MA), pediram votos apenas para Brandão e Lula. Adriano foi nomeado em fevereiro pelo governador à presidência da Agência Estadual de Mobilidade Urbana (MOB) do Maranhão.

JUSTIFICATIVA –  “Marcus Brandão recebeu um convite de Roseana para se juntar ao MDB por suas condições políticas. É um bom articulador, foi o responsável pela campanha do irmão ao governo” – afirmou o ex-deputado Hildo Rocha, vice-presidente do MDB no Maranhão e atual secretário-executivo no Ministério das Cidades.

Outro aliado do governador que se filiou ao MDB no último mês, o deputado federal Cléber Verde deve assumir o diretório do partido em São Luís. Verde já declarou apoio à reeleição do atual prefeito Eduardo Braide (PSD), adversário de Dino.

Correligionários do ministro avaliam que Brandão quer emplacar um nome como vice de Braide, que mira o governo estadual em 2026. A adesão dos Sarney à reeleição de Braide, no entanto, não está garantida.

ESTIMULOU DISSIDÊNCIAS – Brandão também incomodou aliados de Dino ao estimular dissidências na antiga base governista. O presidente da Câmara Municipal de São Luís, por exemplo, Paulo Victor, deixou recentemente o PCdoB, sigla ligada a Dino, e migrou para o PSDB.

A origem dos atritos remonta à eleição da presidência da Assembleia Legislativa do Maranhão, em janeiro. Dino tinha um acordo para reeleger o aliado Othelino Neto (PCdoB), cuja mulher, Ana Paula Lobato, é a primeira suplente no Senado e vem exercendo o mandato desde que ele se licenciou para ser ministro.

Brandão, contudo, bateu o pé para emplacar Iracema Vale como nova presidente do Legislativo. Posteriormente, Iracema nomeou o irmão do governador, Marcus, como diretor de Relações Institucionais da Assembleia, além de ter conduzido a votação que emplacou um primo, Daniel Brandão, como conselheiro vitalício do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA).

SAIR DA SOMBRA – Interlocutores de Brandão avaliam que o governador tenta “sair da sombra” de Dino. O atual vice-governador, Felipe Camarão (PT), foi secretário de Dino e se filiou ao PT graças a uma costura do ministro.

O distanciamento do governador, contudo, vem gerando preocupação no PSB, que conta com o capital político de Dino e com a máquina estadual para ampliar seu número de prefeitos no estado. Na capital, o deputado federal Duarte Jr. (PSB) é o mais cotado para concorrer pelo partido, após ter costurado um apoio do PT, que tende a indicar seu vice.

Em 2020, Duarte disputou o segundo turno contra Braide e teve o apoio de Brandão; ambos eram colegas de partido, à época, no Republicanos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. Em política, a traição é regra geral. Como diz o ator e dramaturgo Marcos Caruso, trair e coçar, é só começar. (C.N.)

Mau sinal! Governo fecha o 1º semestre com rombo de R$ 42,5 bilhões nas contas

Politica na Paraíba • Contas do Governo Lula têm rombo de R$ 41 bilhões em  fevereiro, o pior resultado em 30 anos

Charge do Bessinha (Conversa Afiada)

Manoel Ventura
O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou o primeiro semestre do seu mandato com as contas públicas registrando um rombo (déficit) de R$ 42,5 bilhões, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira pelo Tesouro Nacional. É o pior resultado para o período desde 2021.

No mesmo período do ano passado, o governo registrou um superávit (ou seja, receitas maiores que despesas) de R$ 54,2 bilhões. O governo quer fechar este ano com um rombo abaixo de R$ 100 bilhões.

DIZ O TESOURO — “No mesmo período do ano passado houve ingresso de valores da privatização da Eletrobras e de dividendos do BNDES, que criaram uma distorção. No acumulado do ano temos, do ponto de vista da receita total, uma queda real. Além disso, um crescimento de 5%” — disse o secretário do Tesouro, Rogério Ceron.

O resultado deste ano, até agora, é decorrente de uma queda da receita do governo federal, ao mesmo tempo em que as despesas subiram. A receita total caiu R$ 62,5 bilhões, já descontada a inflação, com queda na arrecadação com concessões, dividendos de estatais e dos impostos IPI e CSLL. O IPI é o Imposto sobre Produtos Industrializados e teve alíquotas reduzidas durante o governo Jair Bolsonaro. Já a CSLL é o imposto cobrado sobre os lucros das empresas.

Para Ceron, porém, não há queda estrutural da arrecadação. Segundo ele, medidas já tomadas, como reoneração de combustíveis, terão impacto no segundo semestre

CULPA DA INFLAÇÃO — “Queda brutal do IGP-M em 2023 afeta a base de arrecadação em termos nominais. Apreciação do real é saudável, mas também gera redução na projeção de receita. Ainda consideramos viável déficit próximo de R$ 100 bilhões em 2023” — disse ele.

As despesas do governo, por sua vez, cresceram R$ 47,5 bilhões, também já descontada a inflação. O governo turbinou os gastos para este ano com a chamada “PEC da Transição”, que permitiu uma ampliação de gastos da ordem de R$ 145 bilhões neste ano.

Esse aumento de despesas é puxado pela alta de R$ 44,2 bilhões no Bolsa Família; pelo acréscimo de R$ 9,4 bilhões no pagamento de sentenças judiciais e precatórios (custeio e capital).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Ao que parece, os analistas da agência Fitch Ratings estão mais por fora do que umbigo de vedete, como se dizia antigamente. (C.N.)

Mais um ministro de Lula no conselho do Senac com salário adicional de R$ 28 mil

Camilo já estaria de malas prontas para o PSB | eliomar-de-lima | OPOVO+

Camilo Santana e Flávio Dino ganharam a bela sinecura

Rhuan C. Soletti
Site Brasil Sem Medo

Na quarta-feira (dia 25), o ministro da Educação, Camilo Santana, indicado pelo presidente empossado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vai desempenhar mais uma função, já que foi nomeado para o cargo de conselheiro fiscal do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). O estatuto do conselho do Senac prevê que aqueles que participarem de todas as sessões mensais tenham uma remuneração adicional de R$ 28 mil.

Ele assumiu a cadeira de Marcelo Oliveira Panella, chefe de gabinete do Ministério da Previdência e tesoureiro do PDT, partido do ministro Carlos Lupi, que perdeu a boca rica,

“AUTONOMEAÇÃO” – Vale relembrar também o caso em que o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, se autonomeou para o Conselho Fiscal do Serviço Social do Comércio (Sesc), no lugar do Gilberto Carvalho, ex-ministro no governo de Dilma Rousseff. O salário pode chegar a R$ 28,6 mil se ele comparecer a todas as reuniões, e é cumulativo ao salário de ministro. Por cada participação em uma das seis reuniões mensais do Conselho, Marinho receberá R$ 4,7 mil.

A portaria com a dispensa de Carvalho, que estava no cargo desde o fim de janeiro, foi publicada na edição de junho (12) do Diário Oficial da União (DOU).

“Até ulterior deliberação, a representação do Ministério do Trabalho e Emprego, junto ao Conselho Fiscal do Serviço Social do Comércio (Sesc), será exercida pelo Ministro de Estado do Trabalho e Emprego”, informa a portaria.

OUTROS NOMEADOS – Além de Marinho, fazem parte do Conselho Fiscal do Sesc, o ministro Carlos Lupi (Previdência Social), que também se autonomeou para o cargo em janeiro; a ministra Esther Dweck (Serviços Públicos); Osmar Ribeiro de Almeida Júnior, do Ministério de Assistência Social; Edgar Segato Neto e Valdir Pietrobon, ambos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e; Valeir Ertle, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Marinho também fez alterações no Conselho Fiscal do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), com remuneração semelhante ao Sesc, dispensando o economista Carlos Augusto Simões Gonçalves Júnior, que é secretário de Proteção ao Trabalhador. No lugar dele, Marinho nomeou o colega e ministro das Comunicações, Paulo Pimenta.

Outro integrante do governo de Lula também faz parte do conselho do Senac, o ministro da Justiça, Flávio Dino. E a ministra da Gestão, Esther Dweck, está no conselho do Sesc. Todos também recebem uma remuneração mensal de R$ 28 mil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante matéria, enviada por Gilberto Clementino, sempre atento aos interesses públicos. Até o fim do ano passado, a estrutura do governo federal estava organizada em 23 ministérios. Com o fim da gestão de Bolsonaro e a volta de Lula, o número de pastas saltou para 37, abrindo espaço no primeiro escalão para um número maior de aliados do petista, que têm uma característica comum — a goela grande.

Tebet condena recondução de Aras e diz que vitória de Lula foi uma aliança pela democracia

Tebet diz que recondução de Aras na PGR seria um ‘desastre’

Pedro do Coutto

Numa entrevista a Miriam Leitão, na noite de quarta-feira na GloboNews, objeto de artigo da jornalista na edição de O Globo desta quinta-feira, a ministra Simone Tebet afirmou que é fortemente contrária ao movimento de alguns setores do próprio governo de reconduzir Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República. Acentuou que tal hipótese seria decepcionante em face da atuação de Aras na pandemia da Covid-19.

Tebet destacou que a vitória de Lula decorreu de uma aliança de vários partidos pela democracia e que por isso é preciso que se tenha altruísmo e compromissos éticos.  A ministra disse ainda que em 2024 estará participando do espaço que estiver disponível na campanha eleitoral do seu estado, Mato Grosso do Sul.

DÉFICIT PÚBLICO – Falou sobre a importância da política de combate ao déficit público, afirmando que a meta de déficit zero é difícil, porém factível, constituindo um desafio para o próprio governo. Sobre a nomeação determinada por Lula de Márcio Pochmann para a Presidência do IBGE, afirmou que foi uma decisão pessoal do presidente da República, deixando no ar, portanto, uma observação de que a vontade de Lula será cumprida.

Relativamente aos rumos da economia no momento atual, disse que Lula decidiu acertadamente manter a valorização do salário mínimo, elevando-o anualmente acima do nível da inflação do exercício anterior, considerando paralelamente que tal diretriz terá impacto nas contas do INSS, já que de 35% a 40% dos aposentados e pensionistas ganham apenas um salário mínimo.

Isso de um lado, pois de outro a elevação do piso salarial acarreta também uma contribuição maior dos empregadores para a Previdência Social. Pela lei, para os que possuem carteira assinada a contribuição patronal é de 20% sobre a fonte de salários. Logo, se sobe o salário mínimo, essa contribuição também se eleva.

INDEPENDÊNCIA – Na entrevista, pelo que se observa, Simone Tebet assinala uma posição de relativa independência em relação ao PT, já que foram do partido as manifestações pela segunda recondução de Augusto Aras à PGR. Sobre as eleições municipais de 2024, Tebet disse que são uma prévia da sucessão presidencial de 2026 e que para ela Jair Bolsonaro está liquidado politicamente, mas o bolsonarismo continua existindo em uma parte da população brasileira. De qualquer forma, não se consegue apagar uma ideia a curto prazo. O combate à direita deverá ser feito através das realizações do governo.

Sobre a escolha de Márcio Pochmann para o IBGE, também no O Globo, Sérgio Roxo e Geralda Doca escreveram a respeito da escolha pessoal do presidente Lula. Em artigo também no O Globo de ontem, Merval Pereira focaliza resistências de setores do PT à ministra Simone Tebet. Talvez, digo, por temerem o crescimento político da titular do Planejamento para as eleições de 2026.

JUROS – Vítor da Costa, O Globo, destaca a decisão do FED, Banco Central dos Estados Unidos, em elevar a taxa anual de juros para entre 5,25% e 5,5%. É preciso considerar, no entanto, que a taxa de juros de 5,5% engloba a inflação anual, fazendo com que o índice efetivo passe a ser de cerca de 3%, o que já é muito para a economia norte-americana.

Por falar em inflação, conforme sempre digo, ela é cumulativa, depois de subir não desce mais. No máximo, fica onde está. Uma diferença fundamental entre o índice inflacionário e o reajuste de salários é que os reajustes sucedem a inflação do período anterior. Assim, quando aumentos ocorrem em um mês, a partir da semana seguinte os preços voltam a se distanciar dos ganhos do trabalho.

Para Haddad, este segundo semestre deverá ser bem mais complicado do que o primeiro

Empresários prometem atrapalhar planos de Haddad; veja a agenda desta segunda (24) – Money Times

Entre os principais problemas, está o teto fiscal deste ano

Bruno Boghossian
Folha

Pouca gente cantou vitórias nos primeiros meses de governo como Fernando Haddad. Com a bênção de Lula, o ministro tomou controle da agenda econômica, cortou intermediários e negociou com o Congresso o avanço de sua plataforma, com aumento do PIB e boas previsões das agências de risco. As águas no segundo semestre talvez não sejam tão tranquilas.

O arcabouço fiscal e a reforma tributária navegaram com velocidade porque convergiam com interesses dos parlamentares. Não é que o ministro não tenha sido hábil nas articulações para aprovar as propostas, mas os congressistas também queriam mostrar serviço na área.

NOVA REALIDADE – A boa vontade pode não ser a mesma nas próximas etapas. A agenda de Haddad depende de medidas que forcem um aumento rápido na arrecadação de impostos e facilitem sua promessa de fechar o buraco nas contas do governo. Políticos à direita e à esquerda torcem o nariz para uma parte ou outra da equação.

Um sinal foi emitido no meio do recesso parlamentar por Arthur Lira, líder de fato do centrão. O presidente da Câmara disse que as propostas de Haddad para mudar regras de taxação de renda e de investimentos dos super-ricos é “um risco grande”.

Um componente ideológico explica parte da resistência. O centrão identifica as propostas como itens de uma agenda de esquerda, e nenhum cargo no governo deve eliminar a vocação de direita desses parlamentares na pauta econômica.

RECEITA INSUFICIENTE – O resto é política. O centrão apoiou em massa a reforma tributária sabendo que a proposta envolve uma transição longa, mas nem todo o grupo está disposto a entregar os resultados imediatos de um aumento de arrecadação. Seria mais proveitoso, segundo a lógica, negociar em etapas o fôlego concedido ao governo.

Outras desconfianças estão dentro de casa. Uma ala do PT rejeita a ideia de zerar o déficit nas contas em 2024 porque a medida limita a ferramenta preferida do grupo para estimular a economia, que são os gastos do governo.

O temor é que a dificuldade para aumentar receitas leve a Fazenda a apertar as despesas, porque a reforma fiscal só vale em 2024.

Uma desesperada valsa do amor fracassado, por Pixinguinha e Cândido das Neves

Pixinguinha e Cândido, dois mestres da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

O instrumentista, cantor e compositor carioca Cândido das Neves (1899-1934), apelidado de “Índio”, na letra de “Página de Dor”, relembra um amor platônico. Essa valsa foi gravada por Orlando Silva, em 1938, pela RCA Victor.

PÁGINA DE DOR
Pixinguinha e Cândido das Neves

Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amor
Infeliz de quem
Amando alguém
Em vão esconde
Uma paixão

Lágrimas existem
Que rolam na face
Há outras porém
Que rolam no coração
São essas que ao rolar
Nos vem uma recordação
Página de dor
Que faz lembrar
Volver as cinzas
De um amor

O amor que faz sofrer
Que envenena o coração
Para a gente esquecer
Padece tanto
E às vezes tudo em vão
Seja o teu amor o mais
profano delator
Bendigo porque vem do amor
Tendo o pranto amenidade
De aljofrar minha saudade
Glórias tem o pecador no amor

Movida pela grana, a imprensa se dedica a destruir Moro pelos erros que ele cometeu

O tamanho do estrago que Sergio Moro fez no Podemos | VEJA

A imprensa prepara o terreno para a cassação de Moro

Carlos Newton

Na vida, muitas coisas são tão certas e implacáveis quanto a morte. Uma delas é a convicção de que todos erram. Os pensadores da civilização greco-romana perceberam essa realidade e sempre lutaram contra ela. Repetiam que “errare humanum est, perseverare autem diabolicum”(errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico). Mesmo assim, sabiam que seus césares iriam errar.

Mais de dois mil anos depois, nada mudou e os líderes dos homens continuam a cometer erros, não se emendam. E essas falhas são sempre provocadas pelo desrespeito aos sete pecados capitais, que na verdade eram oito, quando foram sintetizados pelos grandes pensadores gregos, por volta de 500 anos antes de Cristo.

UM PECADO SUMIU – Na Grécia, também incluíam como pecado a tristeza (ou melancolia), como causa de erros humanos. Mas a lista foi mudando. Até que no século VI, o papa Gregório I escreveu sua própria relação  inveja, ira, avareza, gula, luxúria, tristeza e soberba. Note-se que a preguiça foi substituída pela inveja, e o orgulho elevou-se à categoria de pecado maior.

Seis séculos depois, o frade católico Tomás de Aquino fez uma revisão das listas anteriores e apresentou a relação definitiva dos sete pecados capitais: soberba, avareza, inveja, ira, luxúria, gula e  preguiça, que incorporou a tristeza/melancolia.

Desde sempre, os erros humanos derivam dessa curiosa lista e cada um deve pagar por seus pecados. É justamente o que está acontecendo com Sergio Moro, massacrado incessantemente pela imprensa.

PECADOS DE MORO – O principal erro do juiz mais famoso do mundo foi impregnar seu trabalho com a amizade pessoal ao procurador Deltan Dallagnol. A atuação dos dois encantava o Brasil e o mundo, mas ambos se deixaram levar pela soberba ou vanglória, cuja etimologia já diz tudo — glória vã. 

Embriagado pelo sucesso, Dallagnol mergulhou no powerpoint para denunciar prematuramente o presidente Lula da Silva. Abriu-se assim a porteira da vanglória, foi um erro atrás do outro em seu comportamento pessoal, que passou a contaminar o trabalho jurídico.

Sem pesar as medidas, Dallagnol dedicava-se também a se comunicar indevidamente com Moro e outros operadores do direito, toldando de parcialidade um trabalho até então intocável.

CONVERSAS GRAVADAS – Os múltiplos inimigos eram poderosíssimos. Com a maior facilidade, contrataram hackers para criar provas contra a seriedade da Lava Jato. Embora nas gravações não haja um só trecho capaz de incriminar a seriedade de Moro, o conjunto da obra de Dallagnol foi destruidor.  

Em sua irresponsabilidade, o procurador deu munição aos inimigos da República, que contra-atacaram com todas as forças. Sabia-se que as gravações não podiam servir como provas, mesmo assim foram usadas abertamente pelo Supremo para anular as condenações de Lula e da tropa de elite da corrupção. E da lá para, uma derrota atrás da outra para a Lava Jato, até conseguirem cassar ilegalmente Dallagnol.

Agora, a imprensa exige também a derrocada de Moro, com reportagens e artigos diários sobre a possibilidade de cassação de seu mandato no Senado, que será mais uma ilegalidade do TSE. Porém, no meio de tantas outras, quem se importa?

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P.S. – Aqui na Tribuna da Internet, tenho sido muito criticado por defender Dallagnol e Moro. Não ligo a mínima, porque eles são incomparavelmente melhores do que as lideranças políticas tradicionais. Procurador e juiz cometeram erros terríveis, é claro. Mesmo assim, ainda são muito superiores a essa ralé que domina a política nacional.

Quem pretende estar sob o signo da liberdade tem obrigação de lutar o bom combate e perseguir a verdade, inclusive acumulando erros — mas não tantos quanto o Supremo tem cometido ultimamente, é claro. (C.N.)

Pochmann no IBGE é mau sinal, pois já deu declarações inteiramente fora da realidade

Por que o PT escolheu um 'terraplanista econômico' para o IBGE - Estadão

Pochmann é o homem certo na hora certa para dividir a equipe

Merval Pereira
O Globo

A indicação de Marcio Pochmann para a presidência do IBGE é muito negativa. Foi feito tudo certo do ponto de vista do grupo ideológico do PT e tudo errado com relação a um suposto governo de centro democrático. O economista Edmar Bacha, um dos pais do Plano Real e ex-presidente do IBGE disse hoje que se sente ofendido, porque Marcio Pochmann não é economista, é um ideólogo.

Este é o grande problema que Simone Tebet vai ter que aceitar, não sei até quando. E Fernando Haddad também terá dificuldade com a ortodoxia de Pochmann. O governo estava dando vários sinais importantes, que levaram à melhoria da avaliação brasileira, mas esse é um mau sinal.

FORA DA REALIDADE – Pochmann já deu várias declarações completamente fora da realidade. Por exemplo, é contra o PIX e acha que a inflação não é exatamente esta que está sendo medida pelo IBGE. Não é possível alguém dizer que o Pix é uma arma colonialista, que só ajuda os bancos. Então as filas e o cheque é que são democráticos? Mostra bem como ele pensa a economia, e vai dar problema.

O perigo será se as estatísticas do IBGE perderem a credibilidade, caso haja algum indício de que a ideologia está interferindo nos números. Vamos ter que acompanhar com atenção.

Tebet entrou numa situação que não pode resistir, mas abriu espaço para isso. O presidente do IBGE estava interino desde o início do governo, e isso facilitou a vida da ala ideológica do PT que quer mexer na economia, inclusive contra o Haddad. Politicamente, falhou na ingenuidade de achar que um cargo deste valor ficaria aberto enquanto ela quisesse.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Ao nomear Pochmann para o IBGE, Lula boicota a si mesmo e divide a equipe econômica. Em outro artigo, Merval Pereira assinalou que o verdadeiro alvo da nomeação de Pochmann é Fernando Haddad, que trava uma briga surda contra os esquerdinhas jurássicos do PT. É claro que ministra do Planejamento, Simone Tebet, representante de um suposto projeto de governo de centro democrático, também foi duramente atingida. Em tradução simultânea, Lula acaba de fazer mais uma grande asneira. Ele mesmo se encarrega de criar problemas e sabotar o governo. (C.N.)

Aos 100 anos, Kissinger volta à China, outra vez de surpresa, dando show de diplomacia

Kissinger durante reunião com Wang Yi, o chanceler chinês

Demétrio Magnoli
O Globo

Ele voltou à China, outra vez de surpresa, aos 100 anos, 52 anos depois de sua primeira visita. Naquele julho de 1971, desembarcou em Pequim como assessor de Segurança Nacional e principal formulador da política externa de Richard Nixon. Agora, como enfatizou o governo de Joe Biden, na condição de cidadão privado, “por sua própria vontade”.

Xi Jinping, contudo, recebeu o “amigo da China” e Wang Yi, uma espécie de ministro do Exterior, disse que “a política chinesa dos EUA precisa da sabedoria diplomática de Kissinger”.

CRÍTICA A TRUMP – A “sabedoria”, cimentada por mais de cem visitas à China, expressa-se como crítica implacável da política chinesa redefinida por Donald Trump e, nas suas linhas gerais, adotada por Biden. “Nem os EUA, nem a China, podem se dar ao luxo de tratar o outro como adversário”, explicou Kissinger, segundo o comunicado chinês.

Guerra Fria 2.0 — eis como a imprensa ocidental habituou-se a caracterizar as relações sino-americanas. O paralelo com a Guerra Fria original parece captar os impulsos da política chinesa de Washington.

Os EUA engajam-se na contenção multifacetada da China. No plano militar, costura um duplo cordão de bases insulares que se estende do Japão à Malásia e à Indonésia. No plano estratégico, oferece à Índia uma cooperação de longo prazo. No plano econômico, cerceia a transferência para a China dos semicondutores mais avançados. O tripé da contenção reflete uma visão de política distorcida pela experiência da prévia confrontação com a URSS.

ESTRATÉGIA ERRADA – A contenção da URSS, por meio da Otan, assentava-se no conceito de equilíbrio de poder na Europa. Mas, como argumentou Kissinger numa entrevista recente, aquela estratégia não serve como modelo para o desafio atual.

“A História da China, ao longo de milhares de anos, é de uma potência hegemônica na sua região. Isso produziu um estilo de política externa no qual os chineses projetam sua influência pela escala de seus feitos e a majestade de sua conduta, reforçados quando necessário pela força militar, mas não dominados por ela”.

A China quer ser tratada como potência igual aos EUA no sistema internacional. Kissinger avalia que não há outro caminho viável. “Uma política de longo horizonte para a China exige dois elementos. Um é força suficiente, de forma que o poder chinês experimente contraponto sempre que se exerça com propósitos dominantes. Mas, ao mesmo tempo, um conceito no qual a China possa se ver tratada como um igual e como participante no sistema”.

OUTRA VISÃO –  A posição de Kissinger é quase o contrário da orientação que obteve algo como um consenso bipartidário nos EUA.

A postura do governo Biden difere, em grau, da hostilidade inconciliável praticada por Trump. Contudo, seus pressupostos são os mesmos. Como sublinhou Kissinger, o diálogo americano com a China “usualmente começa com uma declaração sobre as perversidades chinesas” e coloca ênfase na questão de Taiwan, “o que provocará confrontação”. A visita à China é uma tentativa pessoal de colocar ordem na bagunça.

A Guerra Fria 2.0 não é sustentável, sob os pontos de vista dos dois polos da equação. No lado americano, a invasão russa da Ucrânia evidenciou que o “giro ao Indo-Pacífico” não é tão simples. A segurança da Europa continua a merecer prioridade estratégica e, portanto, a Otan deve ser poupada da “morte cerebral” antevista por Macron. Ao mesmo tempo, a agressividade chinesa no Estreito de Taiwan acendeu o alerta sobre o risco de uma guerra devastadora.

DILEMAS ECONÔMICOS – Do lado chinês, a desglobalização, acelerada pela pandemia, iluminou dilemas econômicos estruturais. A fragmentação de cadeias globais de suprimentos e a reconcentração de unidades produtivas colocam a economia chinesa numa encruzilhada: a China precisa dos mercados dos EUA e da Europa.

As visitas sucessivas à China do secretário de Estado, Antony Blinken, da secretária do Tesouro, Janet Yellen, e do enviado especial para o clima, John Kerry, assinalaram algum descongelamento.

A visita de Kissinger vale tanto ou mais que as três. Aos 100 anos, o diplomata ancião personifica uma “sabedoria” capaz de subordinar os impulsos ideológicos ao cálculo rigoroso dos interesses nacionais.

Mauro Cid movimentou R$ 3,2 milhões em 7 meses e sua defesa alega apenas que ele é rico

A FORTUNA AMERICANA DA FAMÍLIA CID | Metrópoles

Esta é uma das propriedades da família Cid na Califórnia

Eduardo Gonçalves
O Globo

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, apontou movimentação “atípica” e “incompatível” nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.

O militar está preso e é investigado pela Polícia Federal por participar de um esquema de supostas fraudes no cartão de vacina e por manter conversas de teor golpista.

SEM JUSTIFICATIVA – No documento, obtido pelo Globo, o Coaf destacou que encontrou nas contas de Cid indícios de “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente” e “transferências unilaterais que, pela habitualidade e valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.

Procurado, o advogado Bernardo Fenelon, que defende Cid, afirmou que “todas as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal”.

O criminalista ainda pontuou que “todas as manifestações defensivas são apenas realizadas nos autos do processo”.

TUDO POR DINHEIRO – Ao analisar as transações financeiras de Cid, o Coaf registrou que o militar movimentou R$ 3,2 milhões em sete meses — de 26 de junho de 2022 a 25 de janeiro de 2023. Nesse período, ele registrou operações de R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos. Militar da ativa, o tenente-coronel recebe mensalmente uma remuneração de R$ 26.239.

Entre as operações destacadas pelo Coaf, está o envio de remessas aos Estados Unidos no valor de R$ 367.374 em 12 de janeiro de 2023 — data em que Cid e Bolsonaro se encontravam naquele país. Os dois saíram do Brasil no fim de 2022 e não acompanharam a transmissão do cargo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”, diz trecho do relatório.

OUTROS SUSPEITOS – O Coaf também chamou a atenção para quatro pessoas que fizeram transações com Mauro Cid. Entre elas, há um “caixeiro viajante”, um “ourives”, um tio de sua esposa e o sargento Luis Marcos dos Reis, que era subordinado do ex-ajudante de ordens na Presidência e também é investigado pela Polícia Federal.

Sobre a movimentação financeira entre Cid e Reis, o Coaf fez o seguinte registro: “Considerando a movimentação atípica sem justificativa e as citações desabonadoras na mídia tanto do analisado como do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir em vício do crime de lavagem de dinheiro ou com ela relacionar-se”.

Mauro Cid está preso preventivamente em um batalhão do Exército desde o dia 3 de maio, quando foi alvo de uma operação da PF que investiga supostas fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro e de pessoas ligadas a ele. Como ajudante de ordens, ele era responsável por cuidar das contas pessoais do ex-presidente e seus familiares.

Família de Mauro Cid tem mansões milionárias nos EUA; veja fotos

A piscina da mansão dos Cid é realmente espetacular

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, a defesa alegou apenas que Mauro Cid é um homem rico, por isso todas as movimentações são normais. Na verdade, o advogado tem razão. Mauro Cid realmente é muito rico, junto com o pai, general Lourena Cid e o irmão Daniel Cid. Os três criaram nos Estados Unidos um empreendimento chamado Cid Family Trust só para gerir os bens, que incluem uma casa luxuosa e uma propriedade hollywoodiana na Califórnia e outra mansão em Miami. Gente fina é outra coisa, como dizia Ibrahim Sued. (C.N.)

Piada do Ano! TRF-3 absolve Aécio Neves da acusação de corrupção passiva à JBS

Aécio Neves é absolvido pelo TRF-3 de corrupção passiva em caso envolvendo acusação de Joesley Batista

Aécio disse que ia vender apartamento e o TRF3 acreditou…

Deu no iG

O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) foi absolvido por unanimidade nesta quinta-feira (27) pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, da acusação de corrupção passiva. Além dele, a irmã dele, Andrea Neves, o primo, Frederico Pacheco de Medeiros, e o ex-assessor parlamentar de Mendherson Souza Lima também foram absolvidos.

No ano de 2017, Aécio foi acusado pelo Ministério Público Federal de receber dinheiro do empresário Joesley Batista. Como permuta, o então senador trabalharia em favor do Grupo J&F no Congresso Nacional.

DISSE O EMPRESÁRIO – Segundo o empresário Joesley Batista, ele teria dado R$ 2 milhões a Aécio Neves, pagos em quatro parcelas de R$ 500 mil, entre fevereiro e maio de 2017.

Em nota, os advogados do deputado tucano, Alberto Toron e Luiza Oliver, afirmaram que “o valor de R$ 2 milhões foi reconhecido como um adiantamento da transação e não como propina”, referindo-se a uma suposta venda de umaapartamento da mãe de Aécio  o Rio de Janeiro.

Na época, o tucano foi gravado por Joesley Batista falando sobre o pagamento de R$ 2 milhões. A gravação foi enviada ao MPF em um acordo de delação premiada na Operação Lava Jato.

GRAVAÇÃO ARMADA – De acordo com o advogado Alberto Toron, a gravação “foi previamente arquitetada, com auxílio de membros do Ministério Público Federal, (…) a fim de garantir aos delatores os melhores benefícios no acordo que firmaram com a Procuradoria-Geral da República”.

A defesa do deputado mineiro disse ainda que os desembargadores federais do TRF-3 entenderam que não foi comprovado que os valores recebidos por Aécio Neves em malas de dinheiro foram ilícitos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Matéria reveladora enviada por Carlos Vicente. Esse julgamento mostra a que ponto chegou a leniência da Justiça brasileira. Jamais ouviu-se falar em compra do imóvel da mãe de Aécio pelos irmãos Joesley e Wesley, em malas de dinheiro. Em outra versão de Aécio, tratava-se de um empréstimo… Como é que os desembargadores federais acreditaram numa lorota dessas, por favor me expliquem. (C.N.)

Lula espera abrir nova fase com ministros do Centrão e impulso ao semipresidencialismo

O Centrão não se Emenda | Portal Anna Ramalho

Charge do Miguel Paiva (Arquivo Google)

Sílvio Ribas
Gazeta do Povo

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja reiniciar-se em agosto com reforma ministerial para incorporar o Centrão, lançamento de um programa de investimentos federais em infraestrutura (Novo PAC) e ações voltadas a angariar popularidade.

Mesmo sendo decisão exclusiva do Banco Central (BC), o provável corte na taxa básica de juros no próximo dia 2 também será associado a esse desejo de nova fase, seguida de ainda mais frentes de gastos da máquina pública que já sinalizam para um déficit fiscal de R$ 150 bilhões em 2023, além de muitas viagens de Lula ao exterior.

PRAGMATISMO – Após sofrer duras derrotas no Congresso e ver reformas econômicas serem moldadas e conduzidas pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e pelos aliados do deputado, o Planalto precisou ceder em favor do pragmatismo e de uma relação menos instável com o Legislativo, enquanto tenta mostrar-se no controle.

Analistas ouvidos pela Gazeta do Povo atestam, contudo, que Lula está construindo um modelo de governança que combina coalisão partidária com autonomia cada vez mais limitada. E o tal semipresidencialismo defendido por Lira pode se efetivar de forma silenciosa.

No arranjo acolhido por Lula, partidos de campo oposto ao dele, como PP e Republicanos, ocuparão sem constrangimento importantes espaços de poder na máquina de governo, embora resguardados pelos rótulos de “independentes” e “oposição responsável”.

DEPENDE DA ECONOMIA – As nomeações são uma exclusividade do presidente, mas as condições dadas para elas serão ditadas pelas legendas entrantes na coalisão. Para analistas de mercado, esse acordo eleva a previsibilidade política e o presidencialismo de governante esquerdista condicionado pelo humor de líderes de centro-direita terá o seu sucesso definido pelos indicadores da economia.

Os partidos que apoiaram ativamente a reeleição de Jair Bolsonaro (PL) vão trocar cargos por apoio ao governo sem foco programático, com negociação concentrada em votos na Câmara. Lula assegura que preservará postos do PT e aliados de esquerda na Esplanada, mas conversas dos articuladores do Planalto com o Centrão indicam que tudo é negociável.

O PP indicou o líder na Câmara, André Fufuca (PP-MA), para assumir o lugar do ministro de Desenvolvimento Social, Wellington Dias.  A ministra do Esporte, Ana Moser, por sua vez, deverá sair para acomodar o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). Os aliados de Lira ainda querem Gilberto Occhi, ex-presidente da Caixa, de volta ao comando do banco, e o cargo de titular do Ministério do Desenvolvimento, hoje com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

LIRA NO COMANDO – João Henrique Hummel Vieira, diretor da Action Relações Governamentais, enfatiza que as negociações entre o Executivo e o Legislativo têm o domínio de Arthur Lira. Ele explicou que, apesar da aprovação histórica da reforma tributária e de outras festejadas entregas do presidente da Câmara pouco antes do recesso parlamentar, a votação do arcabouço fiscal foi deixada para depois, mesmo sendo necessária ser aprovada até 31 de agosto.

O mesmo suspense em torno de datas-limites envolve a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Esse cenário coloca “uma espada sobre a cabeça do governo”, uma vez que pairam questões sobre contrapartidas exigidas. Há discussões em torno de ministérios, cargos, pagamento de emendas parlamentares de 2022 e de empenho das emendas deste ano, mas o descumprimento de acordos pode gerar turbulências.

SEMIPRESIDENCIALISMO – Em paralelo, o orçamento impositivo e a dificuldade do Executivo em intervir no Orçamento sem consultar o Congresso “abrem oportunidades para fortalecer a consolidação do semipresidencialismo”. “É natural surgir a questão de quem ganhará ou perderá no segundo semestre e se será possível encontrar equação que satisfaça a todos”, resumiu.

Eduardo Galvão, professor de relações institucionais do Ibmec-DF, acredita que Lula está apenas remodelando o modelo de coalisão, que já vinha passando por mudanças ao longo dos últimos anos, com avanços do Legislativo sobre o Executivo. Sob a liderança de Arthur Lira, durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL), atribuições típicas do chefe de governo acabaram sendo transferidas ao Legislativo, como distribuição de emendas parlamentares, gestão do orçamento e alocação de cargos conforme a base governista.

“Com Lula, tenta-se resgatar o papel do presidente da República como gestor da coalisão e da distribuição de cargos, além de buscar gestão compartilhada das verbas. A estratégia o permitiu acumular capital político para conduzir o próprio governo. Para tanto, criou mais ministérios, visando ampliar o espectro de negociação e reconquistar prerrogativas dentro do contexto da expansão de poderes do Legislativo”, explicou Galvão.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Embaixador da União Europeia discorda de Lula: “Venezuela não é democracia”, afirma

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez.

“Venezuela não pode ser considerada democracia”, diz Ybañes

Roseann Kennedy e Eduardo Gayer
Estadão

O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybañez, refuta a ideia apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que democracia seja um conceito relativo. Ele faz questão de criticar a ditadura da Venezuela, aliada do governo brasileiro. “Para nós, a democracia não é relativa. Democracia existe ou não existe. Na Venezuela, não existe democracia. No Brasil, existe”, afirma o diplomata em entrevista à Coluna. “Eleições e o respeito aos direitos humanos são elementos essenciais na democracia. E isso não é cumprido na Venezuela”.

Se discorda sobre a democracia na ditadura venezuelana, Ybañez concorda com Lula de que a solução para a Venezuela precisa ser encontrada pelos próprios venezuelanos. “São eles que têm que chegar à solução, não temos como apresentar”, defende o embaixador.

GAFES DE LULA  – A menção ao suposto relativismo da democracia, feita por Lula em uma recente entrevista, se somou a um histórico de declarações do presidente com repercussão negativa na comunidade internacional. Uma delas foi a que igualou as responsabilidades de Rússia e Ucrânia pela guerra em andamento no continente europeu.

Ybañez evita comentar as falas de Lula e diz que elas precisam ser analisadas não por ele, mas pelo Brasil. “O voto do Brasil na ONU foi claríssimo: contra a agressão da Rússia. É o que fica”, diz o embaixador, ao ressaltar que o País se posicionou de forma contrária a Moscou nos espaços adequados da política externa – apesar das falas polêmicas do presidente.

Por outro lado, o representante dos europeus em solo brasileiro avalia que o governo Lula poderia se somar a outros países e defender que a paz só pode ser alcançada se a Rússia retirar-se dos territórios que invadiu.

BRASIL E CHINA – “Gostaríamos de ter o Brasil mais ativo nesse ponto de vista”, diz Ignacio Ybañez. “Queremos que o Brasil também nos ajude a trazer a China a essa conversa”, revela, em seguida. A China é uma aliada de primeira hora da Rússia.

Em meio às negociações de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul, o embaixador do bloco disse não ter ainda como avaliar uma eventual entrada da Bolívia no grupo sul-americano, porque o tema não foi levado às discussões com os europeus.

“Se eles entram aceitando (como fazemos na UE) o acervo, o que está lá, é até bom ampliar o âmbito. Se, ao contrário, a entrada colocar uma complicação, não seria o melhor momento. Mas não tenho uma posição”, ponderou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É uma espécie de jogo do faz de conta. Durante a recente cúpula da União Europeia-Celac, em Bruxelas, Lula e o presidente francês Emmanuel Macron discutiram o processo político na Venezuela e formas de garantir que as eleições ocorram com lisura, embora os dois estejam cansados de saber que “isso non ecziste”, como diria Padre Quevedo. A Venezuela é ditadura e está pouco ligando para o resto do mundo. (C.N.)

Caso Marielle! Não existe crime perfeito, há investigações malfeitas para dar em nada

Images of late activist and councilwoman Marielle Franco are projected onto a building during a tribute to mark the third anniversary of her murder in Sao Paulo, Brazil March 14, 2021. REUTERS/Amanda Perobelli. Foto: Amanda Perobelli/Reuters

Agora, abre-se o caminha para saber que foi o mandante

Eliane Cantanhêde
Estadão

O avanço das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes é, como a defesa efetiva dos territórios Yanomami, uma derrota para o governo Bolsonaro e uma vitória para o de Lula. Um lavava as mãos e gerava desconfiança sobre o real interesse em desvendar o crime, enquanto Lula já assumiu com o compromisso de ir às últimas consequências para responder a duas perguntas: quem matou Marielle? Por quê?

Marielle era e é uma síntese de diversidade, complexidade e injustiça no Brasil: mulher, negra, linda, vereadora, de origem pobre e LGBTQIA+. E ela dedicava a carreira política e a vida a proteger os mais vulneráveis e a perseguir os agressores poderosos.

AMEAÇA A MILÍCIAS – Virou símbolo de coragem nas comunidades pobres e ameaça para as milícias. Por uma coincidência cheia de simbologia, as investigações dão um salto justamente quando uma outra síntese encanta o Brasil na Copa: Ary Borges.

Pelo crime, lá se vão cinco anos, foram presos os ex-policiais Ronnie Lessa, autor dos tiros, e Élcio Queiroz, que dirigia o carro. Que motivo eles teriam para matar Marielle e Anderson? A resposta é: dinheiro, porque os dois são milicianos, assassinos de aluguel.

Com a delação premiada de Élcio, surgiu a nova operação da PF, que prendeu o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, e fez sete buscas e apreensões.

DINO JÁ AVISARA – O ministro Flávio Dino (Justiça), que pegou o touro a unha desde a posse, já tinha avisado que haveria “novidades” e, agora, deixa no ar que as apurações estão bem mais avançadas do que parece.

Logo, cresce a esperança de que o crime que abalou o Rio de Janeiro e o Brasil e ganhou manchetes internacionais seja, finalmente, desvendado. Vamos todos saber quem, e por quê, mandou matar a vereadora que enfrentava poderosos e milicianos.

Desde 2018, houve várias mudanças nas equipes da polícia civil do Rio, da PF e do Ministério Público, e a então procuradora geral, Raquel Dodge, fez tudo para federalizar as investigações, mas em quem confiar, nas autoridades do Rio ou de Brasília? Afinal, Bolsonaro foi acusado pelo ex-ministro da Justiça Sérgio Moro e respondeu a processo no Supremo por interferência na PF.

QUESTÃO DE HONRA – Mudou o presidente, o governo, o ministro da Justiça, a PF e foi criado até o Ministério da Igualdade Racial, ocupado por… Anielle Franco, irmã de Marielle e tão guerreira como ela.

As condições são outras e solucionar o crime é uma questão de honra para o governo e para a Nação.

Como reforça Flávio Dino, “não existe crime perfeito”. O que há são investigações imperfeitas, ou propositalmente feitas para não dar em nada. Não é mais o caso.

Redutos do Centrão fraudam dados do SUS para aumentar o teto das emendas 

Como o pai de Lira usa seus royalties de petróleo

Pai de Lira é um dos beneficiário e recebe até royalties

Natália Portinari
Metrópoles

Beneficiadas com R$ 800 milhões em emendas de relator durante o governo Jair Bolsonaro, prefeituras alagoanas aumentaram em até oito vezes os atendimentos que registraram no SUS, nos últimos quatro anos, muitas vezes de maneira desproporcional às populações locais ou com dados que não condizem com a realidade encontrada pela coluna ao visitar os municípios.

Uma série de reportagens mostra a forma com que cidades, como Roteiro, Feira Grande, Barra de São Miguel, entre outras, informam números de atendimentos, consultas, suturas, administrações de remédios e outros procedimentos que em alguns casos superam até a capacidade de atendimento das equipes de saúde das cidades.

MAIS REPASSES – O aumento nos números permite, em tese, que as cidades ampliem o teto de repasses que recebem do Ministério da Saúde e assim sejam destinatárias de mais dinheiro por meio de emendas parlamentares.

A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) têm investigações abertas sobre os dados de produção do SUS em Alagoas e em outros estados.

Um levantamento da coluna apontou que cerca de um quarto dos 103 municípios de Alagoas aumentaram em mais de 60% sua produção no SUS, na comparação entre o ano de 2019, pré-pandemia, e o de 2022.

PAI DE LIRA – A cidade com o maior aumento, de oito vezes, foi Barra de São Miguel, administrada pelo ex-senador Benedito de Lira, pai do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do PP. Há uma investigação do Ministério Público sobre o tema. A administração de medicamentos, por exemplo, aumentou em 46 vezes, e os gastos são proporcionalmente altos demais.

Há outros dados de explicação difícil. Em Feira Grande, cidade de 22,7 mil habitantes, foram registradas 282 mil suturas em 2022. É como se cada morador tivesse se acidentado, precisado de uma sutura e sido atendido pelo sistema de saúde local, em média, 12 vezes ao ano.

A enfermeira-chefe de um dos postos de pronto-atendimento da cidade, Priscila Barbosa, elogiou o sistema de saúde onde trabalha. “Tem dia que tem que ter dois médicos atendendo aqui.” Mas estranhou o número de suturas no DataSUS, sistema de dados do SUS.

REGISTRO ERRADO – Em um plantão incomum, bastante agitado, Barbosa lembrou que já viu até cinco acidentes em um único dia, com cinco suturas no total. Mesmo que todos os dias fossem assim, seriam 1.825 suturas no ano. O registro no SUS “pode estar errado”, reconheceu. A Secretaria de Saúde da cidade foi procurada pela coluna, mas não respondeu.

No governo Jair Bolsonaro, Feira Grande recebeu R$ 7,3 milhões em emendas de relator para incremento de ações de saúde. O deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, indicou R$ 3 milhões, quase metade do total, entre 2021 e 2022.

Como a cidade continua aumentando a administração de medicamentos na atenção especializada, seguirá havendo margem para uma verba gorda nos próximos anos.

FRAUDES EVIDENTES – Em Roteiro, no litoral alagoano, o número de visitas domiciliares é 10 vezes maior do que os funcionários do SUS dizem ter estrutura para fazer.

Apesar de repasses milionários, a cidade deixou a população sem medicamentos e sem exames por meses, além de ter registrado 10 vezes mais visitas do que os funcionários dizem ter capacidade de fazer. A cidade também recebeu emendas de relator destinadas por Lira.

Em Jaramataia, que recebeu R$ 1,7 milhão em emendas de relator a pedido do deputado Marx Beltrão, do PP, os números passaram de 4 mil atendimentos no SUS em 2019 para 26,6 mil em 2022. No mesmo intervalo, o município também duplicou a quantidade de consultas, passou a realizar centenas de exames e viu o total de medicamentos administrados a pacientes saltar de zero para 2.153. Procurada, a prefeitura não explicou o aumento.

SEM AUDITORIA – Segundo o Ministério da Saúde informou à coluna por meio da Lei de Acesso à Informação, ainda não há auditoria finalizada no SUS para apurar se cidades de Alagoas conseguiram aumentar artificialmente seu teto de despesas. O órgão não respondeu sobre eventuais auditorias em andamento.

Em nota, o ministério disse que “vem aprimorando as regras de negócio dos sistemas oficiais de informação, objetivando reduzir os riscos de registros de produção assistencial distorcidos ou irregulares” e que, ao detectar números excessivos ou discrepantes, encaminha os achados aos órgãos competentes. Estão sendo analisados dados de produção de 467 municípios.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É a farra do boi em matéria de emendas parlamentares, uma tragédia anunciada. Já se sabia que a cidade do pai de Arthur Lira, que recebe até royalties do petróleo, seria “beneficiada”. Agora veio a confirmação. E não vai acontecer nada, rigorosamente nada, a nenhum dos protagonistas desse escândalo federal, que começa a desviar recursos públicos na apodrecida Praça dos Três Poderes e vai terminar lá nos grotões do interior do país. Mas quem se interessa? (C.N.)

Equivocada, a política externa de Lula vai na contramão do resto do mundo

Lula é capa da revista norte-americana 'Time' desta semana - Thmais

Lula deveria se concentrar na política ambiental

Merval Pereira
O Globo

O fundamento principal da derrota da candidata brasileira à presidência do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – é que a Europa e os EUA se uniram para eleger o representante inglês e dar uma demonstração de força diante de Lula. Querem continuar no controle das políticas climáticas no mundo.

Há também alguns detalhes da política externa brasileira que complicam a situação: o apoio velado à Rússia e uma disputa com os EUA.

À FRENTE DE TUDO – Esse tipo de coisa não agrada aos europeus, que deram o troco numa área essencialmente brasileira – se não tivesse perdido os quatro anos de Bolsonaro, o Brasil seria o principal país do mundo em questões climáticas. Está retomando essa iniciativa e seria importante chefiar o IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Mas aí entram questões de geopolíticas que pesam nesses organismos internacionais.

É um erro fundamental de Lula querer se envolver em questões como Venezuela e Rússia, que não são áreas de influência do Brasil. Ele tinha que se dedicar completamente à questão ambiental – é a prioridade do mundo e está na mão dele.

O principal cenário desta política internacional é a Amazônia brasileira e Lula deveria estar empenhado com todas as forças políticas a seu alcance na questão climática. Mas não é isso que está acontecendo.

Inflação recua 0,07% em julho, mas perdas anteriores ainda não foram compensadas nos salários

Charge do Jota. A (portalodia.com)

Pedro do Coutto

O IBGE revelou, na tarde de terça-feira, que os dados preliminares para o desempenho da inflação no mês de julho apontam para um recuo de apenas 0,07%, interrompendo a série de altas registradas a partir deste ano. O resultado decorre de uma redução nas tarifas elétricas, consequência do desempenho de Itaipu, cuja energia é transmitida por Furnas, e por uma estagnação no setor de alimentos e bebidas.

Poderia, ao meu ver, ser incluída a questão dos aluguéis já que o IGP-M recuou 7,7%. Mas não é essa apenas a questão. O alívio nos preços é extremamente positivo e um resultado que reflete em favor do governo Lula da Silva. Porém é preciso levar em conta as perdas anteriores que se acumularam no tempo e que não foram ainda repostas, sobretudo através dos salários, único instrumento real de redistribuição de renda. No O Globo, a reportagem é de Vítor da Costa. Na Folha de S. Paulo é de Leonardo Vieceli.

CUSTO DE VIDA – O problema da inflação, como sempre sustento, não deve ser medida somente por este ou aquele recuo no período de um mês. É indispensável levar com consideração pelo menos o período de 12 meses para que se possa comparar o que aconteceu com o custo de vida e o que ocorreu na escala dos salários. No caso da deflação de 0,07%, significa um recuo em relação ao mês de junho, mas no espaço relativo ao primeiro semestre as perdas ocorreram e não foram repostas nos valores do trabalho humano.

A escalada inflacionária por menor que sejacumulativa e não substitutiva. Somente se poderia dizer que a inflação recuou se os preços de julho fossem comparados com os de janeiro e não com os de junho, mês anterior. Essa distorção de cálculo se repete e se transforma num meio de ilusão quanto à verdadeira face do problema. Sem dúvida, o ritmo dos preços sofreu uma freada e talvez até pela dificuldade de o comércio manter o nível de vendas com os preços em ascensão constante.

RECUO – As perspectivas inflacionárias são favoráveis ao país e nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, a inflação acumulada é de apenas 3,19%. Assim, torna-se inevitável o recuo de algum percentual da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano. A reunião mensal está marcada para agosto e a perspectiva é um corte de somente 0,25%.

Na escala relativa à incidência da Selic sobre os títulos no mercado que lastreiam o endividamento de R$ 6 trilhões, um ponto equivale a um corte de despesa do governo de R$ 60 bilhões por ano. Portanto, 0,25% significam R$ 15 bilhões por ano. Muito pouco, mas sem dúvida melhor que nada.

DEPOIMENTO –  O ministro Alexandre de Moraes, sua esposa e seus três filhos, prestaram depoimento na tarde de terça-feira à Polícia Federal em São Paulo e, reportagem de Fábio Serapião e José Marques, Folha de S. Paulo, confirmaram as agressões sofridas no aeroporto de Roma por parte da família Mantovani.  A situação da família agressora é das piores, agravada agora pelo depoimento oficial de Alexandre de Moraes.

A justiça Italiana está demorando para liberar o filme do acontecimento. Não há explicação lógica, pois ela não julgará nada, apenas liberará imagens de um fato público.  A chegada do filme, que pode acontecer a qualquer momento, dará curso ao processo criminal.

REDE CRIMINOSA –  Reportagem de Vera Araújo e Rafael Soares, O Globo de ontem, destaca a rede envolvendo uma série de criminosos no assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Está sendo cogitado pela investigação oferecer delação premiada também a Roni Lessa, autor da rajada de balas.

A Polícia Federal vai identificando as ligações entre os envolvidos não só na morte de Marielle e Anderson, mas também em diversos outros crimes. Um deles, o assassinato do policial reformado Edmilson Oliveira da Silva, o Macalé, apontado como intermediário entre os mandantes do crime e Roni Lessa. Macalé foi assassinado em novembro de 2021. Era um elo importante na rede sinistra. Um homem que sabia demais.

CAIXA FINANCEIRO –  Em entrevista a Manuel Ventura, O Globo desta quarta-feira, Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, sustenta que os governadores e prefeitos devem ter caixa financeiro no final do ano.

A ideia é evitar que pagamentos sejam adiados e, com isso, surjam complicações orçamentárias e empréstimos a bancos a juros altos. Trata-se de um ajuste na Lei de Responsabilidade Fiscal.