Briga com Israel é parte da “guerra de Lula” contra a hegemonia americana

Comparar Israel a Hitler mostra desequilíbrio de Lula, diz Conib

Comparar Israel a Hitler mostra o desequilíbrio de Lula

William Waack
Estadão

A briga desnecessária com Israel estragou a festa de presidir o G-20, mas é provável que o presidente considere que “avançou”. Faz sentido dentro da visão de mundo que orienta sua política externa personalíssima, segundo a qual a hegemonia americana explica pobreza, desigualdade, injustiças, guerras (como a de Gaza) e assim por diante, incluindo a Lava Jato.

MAIS UM VETO – Nessa ordem das coisas, Israel é visto como preposto de Washington, e suas ações poderiam ser inibidas se os americanos quisessem. Como comprovação, está aí mais um veto dos EUA a uma resolução de cessar fogo em Gaza no Conselho de Segurança da ONU. Cuja reforma, repete Lula, traria mais “governança” ao mundo e incluiria mais “pobres”.

Fora os problemas trazidos pelo ranço ideológico (o antiamericanismo de grêmio estudantil), a questão conceitual que escapa a Lula se refere à natureza das relações de poder entre as grandes potências. Goste-se ou não disso, é o equilíbrio e a acomodação entre elas, de forma pacífica ou não, que impõe e garante algum tipo de ordem.

Nas palavras de Robert D. Kaplan no recente e provocativo “The Loom of Time” (O Tear do Tempo), estamos entre “império” ou “anarquia”.

EMBATE MONUMENTAL – Esse jogo de palavras não pode ser tomado em sentido literal, mas expressa o fato de que o declínio relativo de uma potência hegemônica (os Estados Unidos) leva a um mundo multipolarizado, instável, desordeiro, imprevisível e muito mais perigoso.

Portanto, não se deve esperar paz, prosperidade e estabilidade a partir de “poderes de governança” atribuídos a uma instância como a ONU (que nunca foi um governo mundial), ou “democratizando” outros organismos multilaterais como FMI ou Banco Mundial.

As definições virão do monumental embate geopolítico em curso, que já impõe novas alianças, reformula as velhas, entrelaça em alto grau de complexidade questões financeiras com transição energética, abala cadeias produtivas, reforça o protecionismo verde (que nos atinge fortemente).

NOVA ORDEM – Nessa “anarquia”, produzida enquanto a “velha ordem” é destruída, o Brasil surge como potência regional média de pouca capacidade de projeção de poder. Somos dependentes de mercados de exportação que estão de um lado da linha divisória do grande embate, e de países fornecedores de insumos e tecnologia moderna do outro lado.

Temos grandes vantagens: a geografia nos mantém afastados dos piores conflitos e somos centrais na transição energética.

Dizia o velho cínico imperialista Ted Roosevelt que o essencial nas relações de poder internacionais era falar suave e brandir um poderoso porrete. Lula faz o contrário.

Procuradoria diz que J&F age de má-fé ao pedir a suspensão do caso Eldorado

Tribuna da Internet | Author | Tribuna da Internet | Page 9

Reprodução do Arquivo Google

Mariana Barbosa
O Globo

A Procuradoria Geral da República se manifestou contra a decisão liminar do Superior Tribunal de Justiça que suspendeu o julgamento da disputa pelo controle da Eldorado Celulose.

A conclusão do julgamento estava marcada para o dia 24 de janeiro — mas a audiência foi suspensa na véspera por uma liminar do ministro Mauro Campbell Marques, em resposta a uma demanda da J&F, que por sua vez tenta anular o acordo bilionário de venda da empresa de celulose para a multinacional Paper Excellence.

Na manifestação, a PGR diz que a holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista recorre a “subterfúgios estratégico-processuais”, “lesivos ao postulado da boa-fé”, para “cassar sentenças desfavoráveis”.

INDUZIU A ERRO – Diz ainda acreditar que a J&F induziu o ministro Campbell a erro. O argumento da J&F acatado por Campbell é de que a sentença na primeira instância no Tribunal de Justiça de São Paulo — confirmando o resultado da disputa arbitral que deu vitória para a Paper Excellence, contra a J&F — não poderia ter sido proferida, uma vez que o processo havia sido suspenso pelo desembargador Costa Netto.

Na época, em 2022, o TJSP e o Ministério Público em São Paulo entenderam que o julgamento era procedente uma vez que a suspensão a que se referia Costa Netto dizia respeito exclusivamente a um conflito de competência na segunda instância — sem qualquer interferência ao julgamento em primeira instância.

CONFIRMAÇÃO – Em setembro passado, dois desembargadores, Franco de Godoi e Alexandre Lazzarini, já haviam dado seus votos confirmando a decisão da juíza da primeira instância Renata Maciel — indeferindo, portanto, a tentativa de anulação da arbitragem. Os dois também votaram por condenar a J&F por litigância de má fé.

Um terceiro desembargador, Azuma Nishi, pediu vistas e se declarou impedido. O próximo desembargador designado a votar será o Paula Lima. Se o voto for favorável à Paper Excellence, o caso fica encerrado na Justiça de São Paulo. Se favorável à J&F, outros dois desembargadores serão chamados a votar.

Além da liminar suspendendo o julgamento, a J&F também tenta anular o próprio voto de Godoi.

MÁ FÉ REITERADA – A empresa apresentou na semana passada uma medida cautelar nesse sentido, alegando que o desembargador estaria cometendo “ilegalidades”, “agindo de forma antidemocrática” e “atentando contra a dignidade da Justiça” ao juntar seu voto a um processo suspenso.

O desembargador, que está a dias de se aposentar, apenas juntou ao processo no sistema eletrônico do tribunal o termo do voto. Este já havia sido lido em uma sessão gravada e seu número já constava no processo.

Agora, caberá à ministra relatora Fatima Nancy Andrighi decidir se o julgamento poderá ser concluído e também sobre a validade do voto de Franco de Godoi.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
–  Enviada por José Guilherme Schossland, a matéria mostra que as disputas jurídicas que envolvem os irmãos Joesley e Wesley Batista fedem a quilômetros de distância. O cheiro putrefato da litigância de má fé e da compra de juízes é insuportável. Mas quem se interessa? (C.N.)

Uma extraordinária canção, que virou peça de teatro, filme e novela de televisão

O Ébrio | Só Spaghetti Western

Propaganda do filme “O Ébrio”

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor (tenor), ator e compositor carioca Antônio Vicente Felipe Celestino (1894-1968) lançou um estilo caracterizado pelo romantismo exacerbado, comovendo e arrebatando um grande público durante a primeira metade do século XX, através do teatro, do rádio, de discos e do cinema nacional.

A letra dramática da música “O Ébrio”, repleta de desventuras e imagens beirando a pieguice, era uma perfeita sinopse para o enredo de um filme, desde o prólogo falado à parte musical propriamente dita. Nesta, o contraste da primeira parte, no modo menor, com a segunda, no modo maior, contribui para ressaltar a tragédia do protagonista. “O Ébrio”, lançado em 1946, com Vicente Celestino no papel principal, obteve recordes de bilheteria.

A canção “O Ébrio” gravada por Vicente Celestino, em 1936, pela RCA Victor, também inspirou naquele ano uma peça de teatro e, em 1965, uma novela na TV Paulista.

O ébrio', filme inspirado na famosa música de Vicente Celestino, será  exibido nos EUA | Ancelmo - O Globo

Celestino, no filme “O Ébrio”

O ÉBRIO
Vicente Celestino

Nasci artista. Fui cantor. Ainda pequeno levaram-me para uma escola de canto. O meu nome, pouco a pouco, foi crescendo, crescendo, até chegar aos píncaros da glória. Durante a minha trajetória artística tive vários amores. Todas elas juravam-me amor eterno, mas acabavam fugindo com outros, deixando-me a saudade e a dor. Uma noite, quando eu cantava a Tosca, uma jovem da primeira fila atirou-me uma flor. Essa jovem veio a ser mais tarde a minha legítima esposa. Um dia, quando eu cantava A Força do Destino, ela fugiu com outro, deixando-me uma carta, e na carta um adeus. Não pude mais cantar. Mais tarde, lembrei-me que ela, contudo, me havia deixado um pedacinho de seu eu: a minha filha. Uma pequenina boneca de carne que eu tinha o dever de educar. Voltei novamente a cantar mas só por amor à minha filha. Eduquei-a, fez-se moça, bonita… E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez A Força do Destino, Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio…

Tornei-me um ébrio e na bebida busco esquecer
Aquela ingrata que eu amava e que me abandonou
Apedrejado pelas ruas vivo a sofrer
Não tenho lar e nem parentes, tudo terminou
Só nas tabernas é que encontro meu abrigo
Cada colega de infortúnio é um grande amigo
Que embora tenham como eu seus sofrimentos
Me aconselham e aliviam os meus tormentos
Já fui feliz e recebido com nobreza até
Nadava em ouro e tinha alcova de cetim
E a cada passo um grande amigo que depunha fé
E nos parentes… confiava, sim!
E hoje ao ver-me na miséria tudo vejo então
O falso lar que amava e que a chorar deixei
Cada parente, cada amigo, era um ladrão
Me abandonaram e roubaram o que amei
Falsos amigos, eu vos peço, imploro a chorar
Quando eu morrer, à minha campa nenhuma inscrição
Deixai que os vermes pouco a pouco venham terminar
Este ébrio triste e este triste coração
Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo

Entenda por que Jair Bolsonaro joga todas as suas fichas na manifestação 

TSE volta a julgar hoje se Bolsonaro usou 7 de Setembro para fazer campanha  eleitoral | CNN Brasil

Bolsonaro quer dar uma demonstração de força ao Supremo

Mario Sabino
Metrópoles

Jair Bolsonaro convocou a manifestação na avenida Paulista, no próximo dia 25, para mostrar que tem muita força política ao Supremo Tribunal Federal, aos aliados recalcitrantes e a Lula e ao PT, necessariamente nessa ordem.

Se a manifestação for grande como promete ser, Jair Bolsonaro acredita que os ministros do STF refletirão sobre a conveniência de prendê-lo depois de já terem retirado os seus direitos políticos por 8 anos.

SUJEITO A PRESSÕES – Isso porque não há nada de puramente jurídico nos processos que correm no tribunal. O STF se tornou uma instância política e, como tal, está sujeita às pressões que vêm da rua, assim como o Executivo e o Legislativo.

A questão, para os ministros, é transformar Jair Bolsonaro em mártir político. A reunião de uma multidão impressionante, com eventual repercussão internacional, mostraria que, ao contrário do que os togados mais fulgurantes pensam, o ex-presidente da República não está morto politicamente, virou uma ideia como Lula e a sua prisão possivelmente até o fortaleceria.

Acrescente-se que os ministros não devem subestimar o aumento da aversão ao STF, se isso ainda é possível, que a prisão de Jair Bolsonaro causaria.

UM BOM NEGÓCIO – Aos aliados mais ou menos recalcitrantes para as eleições municipais deste ano e também para as de 2026, uma grande manifestação de apoio a Jair Bolsonaro sinalizaria que não seria bom negócio romper com o bolsonarismo ou deixar de ouvir o chefe. Uma massa de eleitores os consideraria traidores.

Quanto a Lula e PT, o êxito da manifestação na avenida Paulista deixaria ainda mais claro, se isso ainda é possível também, que o atual presidente da República continua com altíssimo grau de rejeição popular e que o antipetismo permanece tão vivo quanto na época do impeachment de Dilma Rousseff.

Jair Bolsonaro joga todas as suas cartas na manifestação do próximo dia 25 na avenida Paulista. É arriscado, mas calculado.

TRE do Paraná marca para 1º de abril o julgamento da cassação de Moro 

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) durante entrevista

Relator já avisou que será a favor da cassação de Moro

Rafael Moraes Moura
O Globo

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), desembargador Sigurd Roberto Bengtsson, marcou para o dia 1º de abril o início do julgamento que pode levar à cassação do senador Sergio Moro (União Brasil-PR).

Bengtsson reservou três sessões para a discussão do caso — além de 1º de abril, as sessões de 3 e 8 de abril também foram designadas para o processo. A nova data contrariou adversários de Moro, que pretendiam dar um desfecho rápido para o caso.

Conforme antecipou o blog, em reunião reservada ocorrida antes do carnaval, os juízes tomaram duas decisões: ninguém terá acesso prévio ao voto do relator, Luciano Carrasco Falavinha; e cada um dos sete integrantes do TRE vai fazer questão de destrinchar o voto como forma de prestação de contas à sociedade.

NOVO DESEMBARGADOR – O julgamento foi marcado após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva oficializar nesta quinta-feira a escolha do advogado José Rodrigo Sade para o cargo de juiz titular do TRE do Paraná, o que vai permitir que o tribunal tenha o quórum exigido para analisar o caso.

A posse de Sade foi marcada para 6 de março, ou seja, o julgamento de Moro só vai ocorrer quase um mês após a chegada do novo integrante da Corte Eleitoral.

Os juízes do TRE vão analisar duas ações — movidas pelo PT de Lula e pelo PL de Jair Bolsonaro — que apuram se Moro cometeu abuso de poder econômico, caixa 2 e uso indevido dos meios de comunicação durante as eleições de 2022.

TERCEIRA DATA – Esta já é a terceira data designada para o julgamento de Moro, que vem sendo marcado por uma rede de intrigas nos bastidores antes mesmo de ser iniciado.

Antes de deixar a chefia do TRE paranaense, no último dia 1º, o desembargador Wellington Coimbra de Moura ficou contrariado com a postura de Falavinha, que havia agendado o julgamento no sistema da Corte para o dia 19 de fevereiro, sem consultá-lo.

Em retaliação, o então presidente antecipou a sessão para o dia 8, o que abria margem para a sessão ser alvo de questionamentos e nulidades, por não ter cumprido o quórum máximo exigido pelo Código Eleitoral.

ESPEROU A NOMEAÇÃO – Bengtsson, no entanto, suspendeu a data marcada pelo seu antecessor e esperou a nomeação do novo juiz para definir o novo calendário do julgamento.

Conforme informou o blog, Falavinha deve apresentar voto longo e aprofundado, já que o processo contém centenas de documentos apresentados pelo União Brasil, Podemos, PL e a coligação de Lula, e terá grande repercussão nos meios político e jurídico.

Falavinha pediu uma licença de duas semanas do Tribunal de Justiça do Paraná, corte onde também atua, entre 8 e 20 de janeiro, para mergulhar no caso Moro – e ainda está fazendo ajustes finais no texto, mantido sob segredo absoluto.

PARECER DO RELATOR – Para integrantes do TRE do Paraná, o entendimento do relator vai ser decisivo para selar o resultado do julgamento, devido ao seu poder de convencer os colegas.

O TRE do Paraná é visto uma Corte mais simpática ao ex-juiz federal da Lava-Jato do que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a quem caberá decidir pela convocação de novas eleições. “O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná pode ser acusado de tudo, menos de ser anti-morista”, disse à equipe da coluna um ministro do TSE.

Um caso emblemático que tem sido lembrado nos bastidores é o da cassação do ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR), que foi absolvido por unanimidade no TRE do Paraná – e depois cassado, também por placar unânime, pelo TSE meses depois.

EXPOSIÇÃO PÚBLICA – Em meio à expectativa com o julgamento, a equipe da coluna apurou que alguns dos integrantes do TRE paranaense já estão incomodados com a exposição pública do caso Moro – no mês passado, veio à tona uma foto da década de 1990 da desembargadora Cláudia Cristofani, do TRE do Paraná, ao lado de Moro, o que acendeu o debate sobre uma eventual suspeição dela.

Só que nem o PT e o PL pretendem pedir a suspeição da desembargadora, já que uma ofensiva nesse sentido pode ser um “tiro pela culatra”, já que o substituto de Cristofani no tribunal é o desembargador João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), amigo de Moro há mais de 20 anos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Tribunal Regional Eleitoral está fazendo um esforço enorme para julgar Sérgio Moro com imparcialidade. Se depender do relator, altamente parcial, o senador será inapelavelmente cassado. Por isso, o relatório de Falavinha nem será levado em consideração pelo demais desembargadores eleitorais. São sete votos e Moro começa perdendo o voto do relator. Precisará de 4 votos para se livrar da cassação, até a decisão final pelo TSE, que é um jogo de carta marcadas. (C.N.).   

Lula usa sua falta de cultura para fazer o mal, quando compara Israel aos nazistas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou ação militar de Israel na Palestina ao Holocausto de judeus na Alemanha nazista

Lula vem semeando ignorância e estupidez em estado bruto

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente Lula é um grande especialista em utilizar sua própria falta de cultura, que ele insiste em manter intacta, para fazer o mal – é o que se chama de ignorância mal-intencionada. Acaba de dar mais um espetáculo do gênero numa conferência de chefes de Estado na África.

Como se entendesse alguma coisa de história – ele, que já foi capaz de dizer em detalhes que Napoleão esteve na China – revelou ao mundo que nunca houve “um momento histórico” como o da operação militar de Israel em Gaza.

FALSIDADE IGNÓBIL – É uma estupidez em estado bruto, mas Lula aproveitou, como é seu hábito, para enfiar um propósito maligno na asneira que estava falando. “Só Hitler”, segundo ele, fez coisa parecida, “com os judeus”.

Igualar os crimes incomparáveis do Holocausto nazista com a reação armada de Israel ao ataque terrorista que sofreu cinco meses atrás é dizer que o carrasco e as vítimas têm culpa igual – uma falsidade 100% desonesta, que atiça o antissemitismo e cobre de infâmia o nome do Brasil no mundo.

“Ao dizer que a guerra de Israel contra os terroristas do Hamas se assemelha ao Holocausto, Lula, a um só tempo, vandalizou a história, a memória das vítimas da indústria da morte nazista e os interesses do Brasil”, disse O Estado de S. Paulo em editorial que define com precisão as dimensões do desastre causado pelo presidente – o pior, sem dúvida, de todos os que vem acumulando no campo diplomático em seu primeiro ano de governo.

ANTIAMERICANO – Lula, na verdade, não faz uma política externa destinada a defender os interesses do Brasil. Só pensa, desde que chegou ao cargo, em servir a seus propósitos pessoais – uma coleção deformada de recalques, rancores, ideias mortas e um ódio incurável à liberdade econômica, aos Estados Unidos e às democracias ocidentais.

No conflito atual, desde o primeiro minuto, tomou de maneira quase-oficial o partido do terrorismo contra Israel. Não pediu licença, nem conselho, a ninguém para fazer o que está fazendo. Apenas impôs a sua posição pessoal como posição do Brasil, e não tem o direito de fazer isso. O presidente da República é o responsável pela execução da política externa, sem dúvida. Mas ele é mais responsável ainda perante o povo brasileiro.

Desde quando o Brasil acha, como Lula, que a Rússia tem direito de invadir a Ucrânia – ou que Venezuela, Cuba e Nicarágua são democracias? Quem o autorizou a colocar o Brasil a favor de um candidato na eleição da Argentina – que perdeu, aliás? Como fica chorando o tempo todo com a “falta de recursos” e doa bilhões de dinheiro público às ditaduras caloteiras que batem palmas para ele?

PRÓ-TERRORISMO -No caso do atual conflito entre Israel e o Hamas sua arrogância em confundir aquilo que quer com aquilo que o Brasil precisa é mais agressiva ainda. Ele quer que o povo brasileiro considere como vítimas de “genocídio” os que pregam abertamente o genocídio contra os judeus de Israel.

Usa as mortes de civis em Gaza, resultado direto do assassinato de 1.200 israelenses inocentes por parte do Hamas, para promover a sua política pró terrorismo, disfarçada de “pró Palestina”.

Diz que está “contra Israel, não contra os judeus” – o que diria, então, sobre quem viesse a declarar, por exemplo, que quer destruir “o Brasil”, mas não “os brasileiros”? É o pior momento na calamidade histórica da sua política externa.

Pacheco voltou do recesso disposto a manter uma certa distância de Lula

Ilustração do Cao Gomez (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, voltou do recesso disposto a manter uma distância regulamentar do presidente Lula. No embalo da independência, cobrou uma “retratação” do presidente no quesito Israel e as comparações da ação em Gaza ao Holocausto. De quebra, colocou para votar o fim das “saidinhas”.

Entre os aliados do senador, há quem diga que o movimento é calculado. O PSD, embora afinado com o Planalto, não compactua com a ideologia petista e tem afinidades com o conservadorismo. É hora de tentar resgatar esse eleitorado desde já.

IMPOR LIMITES – Em tempo: daqui para frente, a tendência é o presidente do Senado apoiar a regulamentação da reforma tributária e estabelecer limites que deem mais nitidez ao seu viés político em outros temas. Aliás, ao que tudo indica, Pacheco e o presidente da Câmara, Arthur Lira, acabam de trocar de posição. O senador toma distância do Planalto, enquanto o deputado se aproxima. Essa é a largada do ano eleitoral.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, fez chegar a aliados do presidente Lula que não levará adiante o pedido de impeachment apresentado pelos oposicionistas tomando por base as declarações sobre o conflito entre Israel e Hamas.

Há petistas que viram um “gol” do presidente Lula nas declarações sobre as ações do governo de Israel. Consideram, por exemplo, que o petista tirou de cena o ato de 25 de fevereiro, em São Paulo, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. De quebra, ainda aglutinou os governos de esquerda.

WAGNER ABRE BRECHA – Num jogo calculado, a fala do líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), sobre a comparação “impertinente” de Lula do conflito de Gaza com o Holocausto, vem no sentido de abrir uma brecha para que o presidente possa refazer a sua declaração.

Só tem um probleminha, colocado pelo ministro Paulo Pimenta: Israel distorce as palavras de Lula e, nesse sentido, fecha-se a janela aberta pelo senador.

E Lula ainda não decidiu se vetará o fim da saidinha temporária de presos, mas alguns aliados ouvidos pela coluna juram que a tendência é essa. Ocorre que o governo já está criando arestas demais com o Congresso. Por isso, tem senadores dispostos a convencer o presidente a não vetar integralmente a proposta.

Em depoimento, PF indaga se Bolsonaro  é “cisgênero” e ele não sabia o que era

O ex-presidente Jair Bolsonaro gesticula em frente à sua casa antes de prestar depoimento à PF

Bolsonaro só fala depois que for autorizado pelo advogado

Igor Gadelha
Metrópoles

No depoimento à Polícia Federal nesta quinta-feira (22/2), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi questionado pelo delegado que o interrrogava se era “cis”, em referência a denominação “cisgênero”. O ex-presidente da República, que decidiu ficar em silêncio em relação às perguntas sobre a investigação em si, respondeu ao delegado da PF dizendo que não sabia o que era “cis”.

NOVO PROTOCOLO – Bolsonaro foi informado que a pergunta fazia parte de um novo procedimento da PF, que passou a incluir os termos “transgênero” e “cisgênero” na lista de dados de pessoas que prestam depoimento à corporação.

Como noticiou o colunista Paulo Cappelli, no Metrópoles, em janeiro, a Polícia Federal decidiu adotar o procedimento para se alinhar às diretrizes adotadas pelo governo Lula para políticas LGBTQIA+-/.

Ainda desconhecidos de grande parte da população, os termos seguem acompanhados de explicações feitas pela própria PF. A identificação também inclui o campo “orientação sexual”.

DEFINIÇÃO – Cisgênero é o indivíduo que se identifica com o sexo biológico (masculino ou feminino) com o qual nasceu. Já o “transgênero” se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi dado no nascimento.

Em relação às perguntas propriamente ditas, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, porém, disse que ele ficou em silêncio:

“O presidente já saiu, fez o uso do silêncio conforme a defesa antecipou” — disse o advogado Paulo Cunha, alegando que Bolsonaro não aceita depor enquanto sua defesa não tiver acesso a todos os elementos da investigação. Inclusive a delação de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens.

Exército tem cela especial para abrigar general que tenha sua prisão decretada

Comando Militar do Planalto - Parabéns ao CMP e 11ª RM pelo 60º aniversário

Comando Militar do Planalto preparou-se para eventualidades

Cézar Feitoza
Folha

Em ato inédito, cinco oficiais-generais de quatro estrelas prestam depoimento à Polícia Federal nestas quinta (22) e sexta (23) no âmbito das investigações sobre um plano de golpe de Estado para evitar a posse de Lula (PT). Quatro deles falaram simultaneamente à PF na sede da corporação em Brasília, nesta quinta à tarde.

São eles os generais Augusto Heleno (ex-ministro do GSI), Braga Netto (candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro em 2022) e Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa), além do almirante Almir Garnier (ex-comandante da Marinha).

CELA ESPECIAL – Diante do avanço das investigações, o Comando Militar do Planalto fez ajustes em uma cela em seu prédio para se prevenir diante de possíveis prisões de oficiais de alta patente. A informação foi revelada pela revista Veja.

Generais ouvidos pela Folha afirmaram que o preparo da cela foi feito porque generais não poderiam ficar presos no Batalhão de Polícia do Exército ou no 32º Grupo de Artilharia de Campanha, organizações que não são comandadas por generais.

Um general ser custodiado por coronel ou tenente-coronel, na visão do Exército, pode gerar situações em que a hierarquia e disciplina são colocadas em xeque. Para evitar este imbróglio, as celas para eventuais prisões de militares de alta patente foram designadas para o Comando Militar do Planalto, chefiado por general.

Generais ressaltam, porém, que não há informações sobre eventuais prisões de militares de alta patente diante da proximidade dos depoimentos dos alvos da investigação da Polícia Federal. Segundo essas fontes, trata-se de ação preventiva do Exército.

O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier é apontado pelo tenente-coronel Mauro Cid, em delação premiada, como o chefe militar que teria apoiado os planos antidemocráticos apresentados por Bolsonaro — colocando-se à disposição para empregar a Marinha para cumprir ordens golpistas.

DIREITO AO SILÊNCIO – Bolsonaro também iria depor à PF nesta quinta-feira. Ele chegou à sede da corporação em Brasília às 14h20, mas disse que preferia permanecer em silêncio, por não ter acesso aos autos e não conhecer as acusações contra ele.

O general Estevam Theophilo, que chefiou o Comando de Operações Terrestres do Exército até 2023, deve depor na sexta em Fortaleza (CE).

Os cincos oficiais-generais alcançaram o topo da carreira e já estão na reserva.

Ano político reestreia sob as sombras do golpe e do palanque tóxico de Bolsonaro

Charge do Babu (A Estância de Guarujá)

Vinicius Torres Freire
Folha

O ano político começou indigesto para Luiz Inácio Lula da Silva, como era previsível desde dezembro, quando o governo teve a ideia temerária de afrontar a maioria do Congresso, baixando medidas provisórias contra votos reiterados dos parlamentares, não importa se ruins.

Como o Carnaval foi precoce e como a política é nuvem, o ano político deve recomeçar, alterado e para valer, na semana que vem. Se por mais não fosse, temos as novidades fortes nas investigações sobre a trama do golpe e o contra-ataque bolsonarista, que podem causar sururu nas alianças eleitorais e políticas na direita, embora a confusão possa ir além.

MAIS PODRES – A aceleração do processo do golpe facilita ou dificulta a vida do governo? Por um lado, a exposição de mais podres da turma golpista pode facilitar defecções na direita, inclusive nas bancadas do agro e evangélica, embora não vá ter efeito nos ultras e extremistas.

Parte do agro vem sendo acalmada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e está mais interessada em crédito e seguros facilitados pelo governo. Parte dos evangélicos planeja ter candidato a presidente da Câmara em 2025, para o que conta com um apoio pelo menos velado da minoritária esquerda.

A ultradireita não votaria com Lula em hipótese alguma, tanto faz o risco aumentado de Bolsonaro e turma irem para a cadeia. O que importa aqui é a possibilidade de que a investigação do golpe acirre os maus bofes parlamentares contra o Supremo, no limite tumultuando o ambiente político em geral, uma hipótese por ora extrema, mas razoável.

SUPREMO EM BAIXA – Além do bolsonarismo, há muito parlamentar irritado ou ressabiado com as expansões do STF, por bons e, no mais das vezes, maus motivos. Quanto mais evidências houver de digitais de Bolsonaro na trama do golpe, menor a influência da militância contra a cúpula do Judiciário.

O problema de base do governo no Congresso permanece. Os parlamentares querem mais emendas e rejeitar re-aumentos de impostos (folha de pagamentos das empresas; setor de eventos), querem cargos, querem mudar a articulação política luliana, querem socorrer empresas.

Lula conversou com Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e tirou pedregulhos do caminho, mas “a luta continua”. Apesar de um trator legislativo, Lira não pode tudo. Tem líderes e base parlamentar para agradar. Sua força está na capacidade de fazer e cumprir acordos, não importa quais e com quem quer que seja, motivo de grande respeito e elogio dos parlamentares, tanto faz que não se goste deste fato.

DIFICULDADES – Além das demandas, o ano eleitoral é curto para o governo arrumar mais dinheiro, concluir a reforma dos impostos sobre consumo, começar a mexer com o Imposto de Renda, melhorar o gasto com saúde e educação, quem sabe emendar a meta fiscal ou driblar um plano da Câmara de fazer uma reforma administrativa, entre várias dificuldades.

A investigação do golpe e o contra-ataque bolsonarista, como o comício do dia 25, causa dificuldade para as alianças eleitorais da direita.

Começa a haver um pinga-pinga de vazamentos vagos da Polícia Federal que talvez deixe o palanque de Bolsonaro mais tóxico. Coalizões em cidades maiores podem azedar, vide o caso de São Paulo.

EFEITO PEQUENO – Mas o resultado disso tudo no eleitorado, entre insondável e ora mui conservador, pode ser pequeno.

Por mais que a economia possa crescer acima do previsto para este ano, por mais que haja mais crédito e menos juros, não haverá exuberância no aumento do emprego e do salário médio ou mudança bastante para melhorar humores da massa do eleitorado.

No saldo, por ora, parece que apenas uma investigação decisiva da trama do golpe pode mudar, para melhor, para o governo, o ambiente da política politiqueira.

Ao enfrentar Toffolli, novo procurador-geral Gonet começa a mostrar serviço

O procurador-geral da República Paulo Gonet

Gonet não aceita o favorecimento de Toffoli às empresas

Deu em O Globo

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou na semana passada recurso contra a decisão individual provisória do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender o pagamento de multas da Odebrecht (atual Novonor), previstas no acordo de leniência firmado em 2016 na Operação Lava-Jato.

Gonet pede que a decisão seja reconsiderada por Toffoli ou avaliada com urgência pelos 11 ministros no plenário do STF, e não pela Segunda Turma, que reúne apenas cinco e julga os casos da Lava-Jato.

JUSTIFICATIVAS – A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresenta duas boas razões em seu recurso. Primeiro, aponta semelhança do caso com a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 1.051, que pede ampla suspensão de multas e já é analisada no plenário, sob a relatoria do ministro André Mendonça. Segundo, diz Gonet, não falta “relevância singular” ao tema, dada a importância dos acordos da Odebrecht no contexto de combate à corrupção.

Quando suspendeu os pagamentos da Odebrecht no fim de janeiro, Toffoli afirmou que a medida era necessária porque a defesa precisava ter acesso e tempo para analisar as mensagens entre o então juiz Sergio Moro e os procuradores de Curitiba, obtidas ilegalmente e investigadas na Operação Spoofing.

A suspeita, segundo Toffoli, era ter havido pressão ilegal para o fechamento dos acordos de leniência. Havia, nas palavras dele, “dúvida razoável sobre o requisito da voluntariedade”.

NÃO FAZ SENTIDO – Gonet demonstra que o pedido não fazia sentido, pois a Odebrecht está em posse das mensagens desde setembro. A PGR também rebate a tese da coação. Lembra que o grupo empresarial era um dos mais bem-sucedidos do país, auxiliado pelos melhores escritórios de advocacia.

“Se viam ameaças de medidas constritivas injustas, certamente que ouviriam das bancas de renomados advogados as perspectivas de superação e correção de que a ordem jurídica dispõe”, escreve Gonet no recurso.

Noutros trechos, reconhece que houve comportamentos censuráveis de agentes públicos, mas nega intimidação irresistível. Lembra também que sempre há pressão nesse tipo de situação.

ACESSO A PROVAS – No pedido de suspensão do pagamento das multas, a Odebrecht solicitou a extensão de uma decisão de 2020 do STF. Na ocasião, a Corte permitiu que o hoje presidente Luiz Inácio Lula da Silva obtivesse acesso a provas do acordo de leniência da Odebrecht.

Na visão de Gonet, falta pertinência à tentativa de vincular os dois casos. A intenção da defesa de Lula era conhecer os dados nos autos. A da Odebrecht agora é “encontrar subsídios que lhe socorram o intuito de impugnar o pacto”. O recurso da PGR lembra que a Odebrecht não argumenta ter mentido ao denunciar casos de corrupção.

“A prática de crimes foi efetivamente reconhecida pela empresa e por seus executivos, em confissões e com entrega de documentos comprobatórios.”

DESEMPENHO – Desde que assumiu a Procuradoria-Geral da República, Paulo Gonet tem sido ágil nos recursos contra as decisões individuais de Toffoli em favor de empresas envolvidas em escândalos de corrupção.

Já recorreu contra a liminar do ministro que suspendeu o pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões, prevista no acordo de leniência do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, no âmbito da Operação Greenfield.

As inconsistências apontadas por Gonet nas decisões de Toffoli deixam cada vez mais clara a urgência de os temas serem avaliados pelo plenário completo do Supremo.

“Não podemos continuar vivendo nesse impasse de que Bolsonaro vai ser preso” 

Bolsonaro concedeu sua primeira entrevista a um blog de esquerda.

Bolsonaro deu a primeira entrevista a um blog de esquerda.

Deu na Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar nesta quarta (21) os inquéritos dos quais é alvo e disse que o ato que chamou para este domingo (25) terá poucos discursos. “Não podemos continuar vivendo aqui naquele impasse. ‘Ah, o Bolsonaro vai ser preso amanhã. Pode ser preso a qualquer momento’. Qual crime eu cometi?”, disse ele.

O ex-presidente concedeu entrevista a Esmael Morais, que se apresenta como um blogueiro de esquerda. Sobre a manifestação de domingo, Bolsonaro afirmou na entrevista que será um ato pacífico e pedindo respeito à Constituição.

POUCOS DISCURSOS – Bolsonaro também disse que poucas pessoas devem falar no evento. “A senhora Michelle [Bolsonaro] fazendo uma oração. Seria o governador Tarcísio [de Freitas], o próprio pastor Silas Malafaia e eu. A princípio apenas essas pessoas falarão. Qual o recado ali? Em defesa do Estado democrático de Direito, da nossa liberdade e um retrato para o Brasil e imagens para o mundo do que nós, de verde e amarelo, queremos: Deus, pátria, família e liberdade.”

Bolsonaro também disse que não vai responder a perguntas nesta quinta-feira (22) em depoimento marcado com aval do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), porque seus advogados ainda não tiveram acesso aos autos da investigação sobre golpismo.

“Pelo processo legal, eu tenho que saber do que estou sendo acusado. Eu tenho que ter acesso ao processo.”

PERSEGUIÇÃO – Na entrevista, ele se disse vítima de uma “perseguição sem tamanho” do governo Lula e de “outros setores”.

“Na transição, ninguém reclamou. Foi feita uma transição pacífica. No penúltimo dia, fui embora para os Estados Unidos. Resolvi não passar a faixa, é um direito meu. Não é porque [João] Figueiredo não passou a faixa para [José] Sarney lá atrás. É um direito meu. Não sou obrigado a fazer isso aí”, disse o ex-presidente.

Na entrevista, Bolsonaro disse que ainda tem esperanças de ser candidato em 2026, caso consiga uma revisão de seu julgamento,

Reunião de chanceleres do G20 debateu Gaza, Croácia e e a governança global

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversa com o presidente Lula

O chanceler Mauro Vieira vai conduzir as negociações

Camila Zarur
Folha

O Brasil sediou nesta semana a primeira reunião ministerial do G20 sob sua presidência. O encontro, que reuniu os chefes das diplomacias das maiores economias do mundo, aconteceu nestas quarta (21) e quinta-feira (22) na Marina da Glória, zona sul do Rio de Janeiro.

No foco dessa primeira reunião estão as guerras Israel-Hamas e Rússia-Ucrânia, além da reforma dos organismos internacionais, como ONU, OMC (Organização Mundial do Comércio) e bancos multilaterais.

O G20, abreviação para Grupo dos Vinte, reúne 19 países e dois blocos econômicos que, juntos, representam cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e dois terços da população do planeta. É a primeira vez que o Brasil ocupa a presidência do fórum.

AGENDA OFICIAL – Neste encontro, os chanceleres do G20 vão se reunir na primeira reunião ministerial da Trilha Sherpa. Isso significa que membros do alto escalão da política externa de cada país vão participar de reuniões para discutir negociações e os pontos que vão formar a agenda oficial da cúpula.

É uma reunião só de debates, não tem caráter decisório nem vai produzir algum texto conclusivo para a cúpula. No entanto, é o que vai direcionar a pauta das conversas.

A Trilha Sherpa, cujo nome faz referência a uma etnia nepalesa que guia alpinistas ao cume do Monte Everest, é quem aponta a direção das discussões e acordos até o encontro mais importante do G20: a cúpula dos chefes de Estado e de governo, marcada para novembro.

GUERRAS E GOVERNANÇA – A reunião dos chanceleres será conduzida pelo ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira. No encontro, os temas abordados serão as crises e tensões globais e a necessidade de uma reforma na governança global.

Ao menos 12 chanceleres jmarcaram presença    no encontro. Entre eles, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, e o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.

Atualmente, fazem parte do grupo África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia, Turquia, União Europeia e União Africana — esta última se tornou membro do G20 em 2023.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O principal assunto foi a declaração de Lula. A imprensa estrangeira continua querendo
 detalhes do pensamento do líder brasileiro, com toda certeza, e ele não voltará atrás. (C.N.)

Crise diplomática entre Brasil e Israel se estende e exige a mediação

Crise entre Brasil e Israel escalou nos noticiários nos últimos dias

Pedro do Coutto

A relação entre o Brasil e Israel chegou a um ponto de agravamento tal, que aponta para a perspectiva de que qualquer novo passo entre as duas chancelarias e os dois governos em relação à crise somente poderá ser, se não resolvida, pelo menos amenizada, com a ação de um mediador, já que as duas partes não podem, tão pouco se dispõem, a retroceder do ponto em que se encontram no momento.

Esse mediador poderia ser os Estados Unidos, mas Anthony Blinken evitou tocar no tema pelo menos por enquanto. Se alguns governos se interessarem, medindo as consequências para a política internacional da crise, poderão desempenhar esse papel, mas para isso vão necessitar de manifestações de vontade das chancelarias, pois há cada vez maior radicalização do conflito.

NOVO ATAQUE – O governo Lula decidiu não responder ao novo ataque feito pelo chanceler israelense, Israel Katz, ao presidente brasileiro. Katz postou um vídeo ao lado de uma brasileira de 20 anos identificada como Rafaela Treistman.

No texto, o chanceler afirma ela estava na rave que foi alvo do ataque terrorista do Hamas, no dia 7 de outubro, e voltou a criticar Lula pela comparação que fez do massacre de palestinos em Gaza com a atuação nazista.

A avaliação de ministros palacianos e de membros do Itamaraty é que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem escalado a crise com o Brasil para alimentar a política interna de seu país

RUPTURA – A saída está difícil, mas como toda matéria política, os posicionamentos necessitam ser revistos já que a ruptura entre Brasil e Israel praticamente não interessa a nenhum dos dois governos e também aos demais países, uma vez que os reflexos econômicos, embora não afetem diretamente o mercado de exportações e importações, ainda não sinalizaram um alarme.

Mas como toda a ação gera uma consequência, será possível uma reação que talvez conduza a uma possível solução que dependa de mais tempo. A cada 24 horas pode-se dar um passo para diminuir a atmosfera ainda nebulosa. De qualquer forma, terá que ser encontrado um caminho.

Blinken diz a Lula que não há genocídio em Gaza e relata história do Holocausto

Lula recebeu o secretário norte-americano de Estado

Marianna Holanda
Folha

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou ao presidente Lula (PT) nesta quarta-feira (21) que os Estados Unidos discordam das acusações que apontam Israel como autor de genocídio na Faixa de Gaza.

Dias depois de Lula ter comparado a ação israelense ao Holocausto nazista, o secretário de Estado americano aproveitou a reunião com o presidente para dar um depoimento de cunho pessoal: segundo relatos, mencionou a Lula a história de seu padrasto, Samuel Pisar, sobrevivente de campos de concentração nazista.

CRISE DIPLOMÁTICA – Blinken chegou ao Palácio do Planalto na manhã desta quarta-feira. A reunião ocorreu ainda sob a repercussão das declarações de Lula no domingo (18), na Etiópia.

A comparação da ofensiva militar de Tel Aviv em Gaza ao extermínio de judeus na Segunda Guerra Mundial desencadeou uma crise diplomática com o governo de Binyamin Netanyahu, fez Lula ser declarado persona non grata em Israel, gerou críticas da comunidade judaica no Brasil e deu combustível para a oposição bolsonarista desgastar o governo.

Como resposta, o Itamaraty convocou o embaixador do Brasil em Tel Aviv para consultas e avalia expulsar o embaixador israelense caso a tensão diplomática se agrave.

NÃO HÁ GENOCÍDIO – De acordo com relatos, Blinken reafirmou a Lula a posição americana de que não há genocídio em Gaza, mas sem citar diretamente a fala do brasileiro na Etiópia. Nesse contexto, Blinken, que é judeu, abordou a história de seu padrasto —Pisar, morto em 2015, que era criança quando foi mandado a Auschwitz, o mais famoso dos campos de concentração.

Também durante o encontro, Blinken defendeu a criação de um Estado da Palestina, mas ressaltou outros tópicos já públicos da diplomacia americana, entre eles a de que preocupações de segurança de Israel precisam ser consideradas.

A chamada solução de dois Estados é, historicamente, uma posição defendida pela diplomacia brasileira.

VERSÃO OFICIAL – “O secretário teve a oportunidade de discutir os comentários com o presidente Lula hoje, no seu encontro, no contexto da discussão ampla sobre o conflito em Gaza, e deixou claro, como eu fiz ontem [terça], que são comentários com os quais não concordamos”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, em entrevista coletiva em Washington.

Na véspera, ele havia afirmado a posição da Casa Branca —”não acreditamos que o que tem ocorrido em Gaza seja genocídio”.

Auxiliares palacianos celebraram o fato de a solução de dois Estados ter sido reforçada por Blinken na reunião com Lula, por destacar convergência com o Brasil. O encontro durou quase duas horas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nos últimos dias, Lula tem tomado aulas seguidas sobre Hitler. Espera-se que  tenha aprendido alguma coisa. (C.N.)

Um triste olhar, que enleva e que assombra, na poesia de Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa

Henriqueta Lisboa, poeta mineira

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta mineira Henriqueta Lisboa (1901-1985), no soneto “Olhos Tristes”, tem a sensação de uma despedida através de renúncias repetidas.

OLHOS TRISTES
Henriqueta Lisboa

Olhos mais tristes ainda do que os meus
são esses olhos com que o olhar me fitas.
Tenho a impressão que vais dizer adeus
este olhar de renúncias infinitas.

Todos os sonhos, que se fazem seus,
tomam logo a expressão de almas aflitas.
E até que, um dia, cegue à mão de Deus,
será o olhar de todas as desditas.

Assim parado a olhar-me, quase extinto,
esse olhar que, de noite, é como o luar,
vem da distância, bêbedo de absinto…

Este olhar, que me enleva e que me assombra,
vive curvado sob o meu olhar
como um cipreste sobre a própria sombra.

General Braga Netto fica isolado e sem interlocução com os militares

Braga Netto tenta driblar problemas jurídicos para disputar as eleições |  VEJA

Braga Netto acabou mostrando que é um mau militar

Bela Megale
O Globo

As mensagens reveladas pela Polícia Federal mostrando a atuação golpista do ex-ministro Walter Braga Netto deixaram o general da reserva isolado e sem interlocução com as Forças Armadas. A atuação de Braga Netto já era questionada internamente por parte dos militares que o considera “excessivamente subserviente a Jair Bolsonaro”.

Os ataques estimulados por ele a comandantes das Forças que não aderiram ao golpismo, porém, foram considerados “imperdoáveis” e o deixaram na “pior situação possível” junto à cúpula do Exército, tanto na atual gestão quanto na anterior.

ATAQUES AO COMANDO – Uma das atitudes que mais incomodaram a caserna foi a orientação de Braga Netto ao ex-capitão Ailton Barros, cinco dias após a diplomação de Lula como presidente, na qual pede para “viralizar” ataques ao general Tomás Paiva, que desde fevereiro passado é o comandante do Exército.

Outro alvo foi o general Freire Gomes, que comandou a Força nos dois últimos anos da gestão Bolsonaro. Braga Netto se referiu ao militar como “cagão”, e pediu a Barros que a “cabeça dele seja oferecida”, por não embarcar no plano golpista.

Nesta quinta-feira, o general Braga Netto é um dos 10 investigados a depor na PF simultaneamente com Bolsonaro, que deve reivindicar o direito de ficar em silêncio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAcredito que Braga Netto trabalhava em causa própria. Se o Alto Comando do Exército tivesse concordado com o golpe, o ditador seria ele, jamais Bolsonaro. E assim caminha a Humanidade, diria o genial cineasta George Stevens. (C.N.)

Neonazistas na Alemanha sonham (?) em expulsar os alemães não-arianos  

Imigrantes organizam protestos contra o neonazismo

Deu na Folha

Uma investigação jornalística publicada em janeiro abalou a vida política da Alemanha e gerou protestos no país. Há pouco mais de um mês, o portal independente Correctiv publicou detalhes de uma reunião entre empresários, profissionais liberais, neonazistas e políticos do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha), ocorrida em Potsdam, no leste do país.

Convocado por um militante da extrema-direita alemã e por um empresário do setor da alimentação, o encontro aconteceu em 25 de novembro de 2023. A pauta: um plano de deportação de milhões de alemães – com e sem cidadania – com base em critérios raciais.

SOB SIGILO – A reunião deveria ser secreta, e por isso os convites foram feitos por meio de cartas. Algumas delas, contudo, vazaram para o Correctiv, que enviou um repórter infiltrado ao hotel, sob nome falso, na noite do encontro.

O jornalista conseguiu identificar os presentes por meio de conversas e de imagens tiradas com câmeras escondidas do lado de fora do edifício.

Descobriu que, durante o evento, o conhecido líder austríaco neonazista Martin Sellner apresentou o seu “plano de mestre”, que consistia na deportação de milhões de refugiados políticos, cidadãos estrangeiros com visto de residência e cidadãos alemães “não-assimilados” – na prática, qualquer descendente de imigrantes.

PARA A ÁFRICA – Essas pessoas seriam enviadas para um “Estado modelo” na África, esquema que remonta à ideia nazista de enviar judeus para Madagascar.

Segundo a reportagem, nenhum dos presentes se opôs ao plano. Houve apenas ponderações quanto a sua viabilidade.

Entre os que prestigiaram o encontro, havia políticos, como uma deputada federal – que defendeu a deportação em massa –, um deputado estadual do AfD – que pediu doações de campanhav–, e um ex-deputado federal do mesmo partido, secretário da presidente do AfD, Alice Weidel.

EM ALTA – O AfD cresceu na Alemanha nos últimos. Tem 13% dos assentos no parlamento e um número considerável de deputados estaduais, além de liderar pesquisas de intenção de voto nas eleições estaduais de 2024. Uma de suas principais pautas é o combate à imigração.

As revelações provocaram grandes protestos e a reação de autoridades. No último dia 4, por exemplo, cerca de 200 mil pessoas saíram às ruas para protestar contra a ideia de “remigração”, como é chamado o plano de deportação em massa.

Também fizeram cair, ainda que ligeiramente, a popularidade do AfD.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Os nazistas não morreram nem morrerão. Os problemas causados pela imigração fortaleceram seus líderes, mas não há chance de dominarem o país. Fazem muita marola, mas são desprezados pela maioria da população. (C.N.)

Barroso culpa Bolsonaro “por levar generais a subirem nos palanques” 

O presidente do STF, Luis Roberto Barroso, disse que "má liderança" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) colocou "generais no palanque"

“General subir em palanque é a pior coisa”, afirma Barroso

Gabriel de Sousa
Estadão

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quarta-feira, 21, que a “má liderança” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trouxe generais das Forças Armadas aos palanques políticos. Segundo Barroso, isso seria a “pior coisa que existe para a democracia”.

A afirmação do presidente do STF foi em uma entrevista para a GloboNews nesta quarta-feira, 21. Barroso associou a politização dos quartéis com as provas obtidas pela Operação Tempus Veritatis, que foi deflagrada no último 8 e tornou Bolsonaro e militares de alta patente suspeitos de planejar um golpe de Estado após as eleições de 2022.

 A PIOR COISA – “A pior coisa que existe para a democracia é general em palanque. Acho que houve uma politização indevida a ser lamentada, mas acho que as instituições prevaleceram, conseguimos recuperar a institucionalidade”, disse Barroso.

O presidente do Supremo disse também que a “assombração do golpismo” foi revivida pelo último governo. Segundo o magistrado, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica tinham adotado uma postura democrática após a promulgação da Constituição de 1988.

“A verdade é que as Forças Armadas no período pós-1988 haviam tido um comportamento exemplar e recuperado o prestígio que eu acho que a instituição merece”, afirmou o presidente do STF.

TRANSPARÊNCIA – O presidente da Corte também relembrou o período em que comandou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). entre maio de 2020 e fevereiro de 2022, e convidou as Forças Armadas para uma comissão de transparência sobre as urnas eletrônicas.

De acordo com Barroso, os militares tiveram um “comportamento bastante decepcionante” e foram “manipulados” para levantar dúvidas infundadas sobre a lisura do processo de votação brasileiro.

“Chamei as Forças Armadas, e preciso dizer, lamentando muito, que tiveram um comportamento bastante decepcionante. Chamei para dar transparência, para ajudar na segurança, para prestigiar a instituição e eles acabaram sendo manipulados para levantar desconfianças e suspeitas infundadas”, afirmou Barroso à GloboNews.

MILITARES, FORA – Em setembro do ano passado, o plenário do TSE decidiu retirar, por unanimidade, as Forças Armadas da comissão de transparência sobre as urnas.

O relator da decisão foi o atual presidente da Corte, Alexandre de Moraes, que julgou a participação dos militares como “absolutamente incompatível” com as necessidades da Justiça Eleitoral.

Seis meses depois, os militares estão no centro da investigação da PF sobre tentativa de golpe Entre os alvos da operação do último dia 8, que foi ordenada por Moraes, estão os ex-ministros militares de Bolsonaro Walter Braga Netto (Casa Civil) e Augusto Heleno (GSI) e os ex-comandantes das Forças Armadas Paulo Sérgio Nogueira (Exército) e Almir Garnier Santos (Marinha). A lista de investigados também conta com outros 13 integrantes das Forças, alocados na ativa e na reserva.

GOLPE DE ESTADO – Segundo Moraes, os militares, junto com assessores e ex-ministros de Bolsonaro, estavam planejando a execução de um golpe de Estado em uma organização formada por, pelo menos, seis diferentes tipos de atuação. As tarefas das frentes tinham três objetivos: desacreditar o processo eleitoral, planejar e executar o golpe e abolir o Estado Democrático de Direito, para manter a permanência de seu grupo no poder.

Nesta última sexta-feira, 16, os Clubes Militares do Exército, Marinha e Aeronáutica publicaram uma nota conjunta afirmando que há uma “apreensão” com a “exposição de distintos chefes” das Forças Armadas.

Os militares também disseram que as suspeitas de envolvimento em atos golpes são insustentáveis se forem consideradas as histórias de vida dos oficiais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Todo crime é passível de punição, não interessa o passado do criminoso. Neste ponto, militares e civis são rigorosamente iguais. O que fizeram de errado no decorrer da vida pode até servir de agravante, mas o que fizeram de bom não serve como atenuante, porque se parte do princípio de que as pessoas não devem errar. (C.N.)

Sem base legal, o PT tenta impedir o ato do Bolsonaro na Av. Paulista

Lula não tem de recuar sobre Israel, diz Gleisi - 19/02/2024 - Mundo - Folha

Gleisi pensa (?) que a Justiça vai impedir a manifestação

Vinícius Sales
Gazeta do Povo

Ao protocolar uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE) contra o ato convocado para o dia 25 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nesta terça-feira (20), o Partido dos Trabalhadores tem como estratégia classificar o ato como antidemocrático e imputar crimes aos participantes do evento.

A legenda solicitou ao MPE que determine medidas de prevenção e investigação para conter eventuais crimes contra o Estado Democrático de Direito, de financiamento irregular e de propaganda eleitoral antecipada. Os autores ainda argumentaram que a manifestação pode virar um “novo 8 de Janeiro”, em referência à invasão às sedes dos Três Poderes em Brasília.

DIREITO DE REUNIÃO – Em contrapartida, a defesa do ex-presidente Bolsonaro já havia acionado o STF, no fim de semana, para garantir que ele possa discursar durante o evento deste domingo.

Segundo o jornal O Globo, o advogado de Bolsonaro, Jeffrey Chiquini, pediu que a presença do ex-mandatário e o discurso dele “sejam garantidos como exercício constitucional da manifestação do pensamento e direito legítimo de reunião”. A análise deve ser feita pelo ministro Luiz Fux, segundo o advogado.

Além dessa representação do PT ao MPE, publicações de importantes figuras da legenda mostram o tom adotado pela esquerda para tentar minar o ato convocado por Bolsonaro. Em seu perfil no “X” (antigo Twitter), o líder da bancada do partido na Câmara dos Deputado, deputado Odair Cunha (MG), afirmou que o ex-presidente busca “comparsas” ao convocar a manifestação.

DIZ O PETISTA – “Os próprios aliados de Bolsonaro já sabem: ele procura por comparsas. E aqueles que participarem de mais essa manifestação golpista convocada por ele poderão incorrer nos mesmos crimes que o inelegível. Bolsonaro nunca defendeu a democracia antes, e não será agora que o fará”, disse o parlamentar na última sexta-feira (16).

A tese de uma manifestação golpista também foi ventilada pelo deputado Lindbergh Farias (PT-RJ). Em suas redes sociais, ele classificou a manifestação como “tapetão”.

“Sabendo que será preso, mais cedo ou mais tarde, Bolsonaro quer pressionar as autoridades judiciais e a polícia com manifestações a seu favor. Quer se impor no ‘tapetão’. Quer permanecer livre para continuar a ameaçar a democracia”, disse o deputado.

GLEISI ATACA – Já para a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, manifestação na Paulista não será para Bolsonaro se defender, e sim para “se contrapor ao devido processo legal, já que as provas contra ele e sua turma não param de aparecer”.

“É esse chefe terrorista que agora invoca, em seu exclusivo benefício, o estado de direito e a liberdade de expressão e manifestação que tentou, reiteradas vezes, destruir. É esse fascista que agora quer vestir o manto da democracia para mais uma vez atacá-la”, atacou Gleisi em uma longa postagem na rede social X, citando uma lista de supostas ações que ela atribuI ao ex-presidente, como manifestações em rodovias, decreto de estado de sítio, etc.

Porém, na leitura do cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec de Belo Horizonte, o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá adotar uma estratégia “tradicional” do mundo político.

SEM NOVIDADES – “É um roteiro conhecido. Eles querem transmitir que Bolsonaro está querendo atentar contra a democracia brasileira, que está querendo desestabilizar as instituições do Estado Democrático de Direito, que está querendo caracterizar como perseguição política um processo que seria da Justiça, que vai tentar também explorar eventuais ausências em termos de apoio político. Esse é o roteiro tradicional dos últimos meses”, disse Cerqueira.

Comentando o caso, o cientista político Elton Gomes, professor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), avalia que o objetivo do PT é fragilizar Bolsonaro em um momento em que demonstra força. “É interessante para o presidente Lula e para o seu grupo político eliminar as capacidades de Bolsonaro como cabo eleitoral, como alguém que pode subir no palanque e transferir votos”, disse Gomes.

E acrescentou: “A estratégia de você questionar a legalidade, acionar os meios legais, fazer pressão sobre figuras da magistratura, em especial ministro de Tribunais Superiores, promover uma ofensiva judicial e policial, tudo isso é interessante para o PT, porque mesmo que não leve o adversário à prisão, deixa o Bolsonaro em uma situação de fragilidade”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 A matéria enviada por Mário Assis Causanilhas mostra que a iniciativa do PT é uma bobajada, como se diz atualmente. A Constituição assegura o direito de manifestação, desde que haja respeito às instituições. Por isso Bolsonaro pede que não levem faixas e cartazes. Na forma da lei, a população não pode ser impedida de se manifestar. (C.N.)