Defesa diz que nota é “tendenciosa”, porque não houve agressão a Moraes em Roma

Polícia italiana libera imagens que deverão esclarecer agressão a Alexandre  de Moraes em aeroporto

Imagens do aeroporto vão mostrar se Moraes foi agredido

Rayssa Motta e Fausto Macedo
Estadão

O advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho, que representa o casal Roberto Mantovani Filho e Andréia Munarão, investigado por acusação de hostilizar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantiu ao Estadão nesta segunda-feira, dia 4, que as imagens das câmeras de segurança do Aeroporto Internacional de Roma vão comprovar que não houve agressão.

O criminalista também afirma que o Ministério da Justiça foi ‘tendencioso’ na nota que divulgou mais cedo, confirmando a chegada dos vídeos. O texto afirma que as imagens do circuito de segurança do aeroporto registraram a ‘agressão’ à família de Alexandre Moraes.

DIZ O ADVOGADO – Stettinger Filho afirmou que o correto seria dizer que as imagens das câmeras registraram incidente envolvendo a família do ministro e podem elucidar o que houve. “A nota é por si tendenciosa. Sugere como certa a agressão. E não será isso o que as imagens vão revelar”, afirmou.

Os três brasileiros são acusados de ofenderem o ministro Alexandre de Moraes no aeroporto de Roma chegando a agredir fisicamente o filho do magistrado, que teria levado um tapa que derrubou seus óculos.

As filmagens foram enviadas por autoridades italianas e recebidas por meio da Secretaria Nacional de Justiça, responsável pelos pedidos de cooperação jurídica internacional. O material foi enviado à Polícia Federal, que investiga o caso e vai periciar as imagens. O inquérito é comandado pelo ministro Dias Toffoli. A defesa também requisitou acesso às imagens.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O advogado tem toda razão. A assessoria do ministro da Justiça é conduzida por amadores, que não conseguem sequer redigir uma nota neutra, que não tome partido, como seria de se esperar. Sinceramente, é desanimador. (C.N.)

General Penteado, ex-número 2 do GSI, culpa general G. Dias pela invasão do Planalto

Na CPI da Câmara Legislativa do DF< General Carlos Penteado culpou Gonçalves Dias por erros no dia 8 de janeiro, após ex-ministro citá-lo em CPI no Congresso

General Penteado fez gravíssimas acusações a G. Dias

Ricardo Corrêa e Marcelo Godoy
Estadão

O general Carlos José Russo Assumpção Penteado, ex-secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), culpou o ex-ministro e também general Gonçalves Dias, conhecido como G. Dias, pela desarticulação que levou à invasão do prédio do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro.

Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em uma tentativa de derrubar o governo. As declarações de Penteado foram dadas em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), nesta segunda-feira, 4.

CONTRADIÇÕES – Na semana passada, em depoimento na CPMI do 8 de janeiro no Congresso, Gonçalves Dias havia afirmado que cobrou do general Carlos Penteado o motivo de o cordão de isolamento da PM em frente ao Planalto não ter sido montado. Ele chegou a dizer que usou um palavrão e que Penteado não o respondeu, mas prosseguiu para determinar a execução do “plano escudo”, para proteger o prédio.

Ele também disse ter recebido informações divergentes dos subordinados. Segundo G. Dias, Penteado lhe teria dito que ele não precisava comparecer ao Palácio naquela data.

O número do 2 do GSI, porém, contou aos deputados distritais uma versão divergente. Alegou que Gonçalves Dias não lhe deu ordens nem usou palavrões e que o ex-chefe teria retido alertas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), o que teria contribuído para que o Plano Escudo não tivesse sido acionado.

CULPA DE G. DIAS – “Todas as ações conduzidas pelo GSI no dia 8 de janeiro de 2023 estão diretamente relacionadas à retenção pelo ministro Gonçalves Dias dos alertas produzidos pela Abin, que não foram disponibilizados oportunamente para que fossem acionados todos os meios do ‘plano escudo’. Nesse ponto é necessário destacar que, se a coordenação de análise de risco, responsável pela elaboração da matriz de criticidade, tivesse tido acesso ao teor dos alertas encaminhados ao ministro Gonçalves Dias pelo diretor da Abin, Saulo Moura, as ações previstas pelo ‘plano escudo’ teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto”, afirmou o general Carlos Penteado.

O militar disse ainda que foi designado para a o cargo no GSI pelo Comando do Exército em 30 de julho de 2021, ainda quando o chefe da Pasta era o general Augusto Heleno, no governo de Jair Bolsonaro.

FOI CONVIDADO – Ele afirmou que, na transição, foi convidado por Gonçalves Dias a permanecer no cargo para organizar a cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), quando 10 mil militares e policiais foram mobilizados.

Na época, havia a disposição dos integrantes do GSI de entregarem os cargos antes do petista assumir.

Penteado disse aos deputados distritais quer não recebeu nenhuma mensagem sobre possíveis atos de violência no dia 8 antes da invasão da sede dos Três Poderes.

Ele contou ainda que foi ao Palácio naquele dia 8 e afirmou ter pedido reforços ao Comando Militar do Planalto em conversa com o general Gustavo Henrique Dutra, então comandante do CMP.

ORDEM ATRASADA – Também confirmou que Gonçalves Dias foi ao prédio do Palácio no meio da tarde e que o ministro só deu a ordem para prender os vândalos depois da chegada do reforço da tropa de choque da Polícia Militar.

Até então, os militares do GSI estavam expulsando os vândalos do lugar. O Palácio foi retomado às 17h30.

“Minhas opiniões e pensamentos não são norteadoras da minha atuação funcional”, afirmou o general Penteado, que era um dos oficiais da ativa mais atuantes na defesa de Jair Bolsonaro até 2019, em sua conta do Twitter, até que o então comandante do Exército, Edson Pujol, publicou resolução disciplinando o uso de redes sociais pelos militares da Força Terrestre.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O general G. Dias não tem como se defender. Como dizia o pensador Confúcio, há 2.500 anos, uma imagem vale mais do que mil palavras. E não faltaram imagens depreciativas de G. Dias passeando no Palácio do Planalto durante a invasão. E com quem ele tanto falava ao celular? Como seu telefone oficial foi apreendido, certamente ele estava falando num celular reserva. Naquele dia convulsionado, todos os caminhos levam a G. Dias, muy amigo de Lula, diria Jô Soares. (C.N.)

Ministério Público do TCU pede que Bolsonaro devolva os presentes recebidos de alto valor

Procurador do MP junto ao TCU recebeu auxílio-moradia mesmo com mansão em Brasília - JuriNews

Lucas Furtado tenta retomar até os bens “personalíssimos”

Isabela Camargo”
GloboNews

O Ministério Público que atua junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu para a Corte determinar a devolução de todos os presentes recebidos por Jair Bolsonaro na Presidência. O pedido foi assinado pelo procurador Lucas Furtado. Entre os itens listados que Bolsonaro deve devolver, segundo o procurador, estão:

Lucas Furtado cita no documento o entendimento do TCU de que todos os presentes recebidos por presidentes devem ser incorporados ao acervo da União, a não ser itens excepcionalmente pessoais, como roupas.

“A jurisprudência desse tribunal, no que se refere aos presentes recebidos por presidentes da República, é a de que devem ser incorporados ao patrimônio da União todos os documentos bibliográficos e museológicos recebidos, bem assim todos os presentes recebidos”, afirmou o procurador.

PRESENTES LUXUOSOS – Bolsonaro recebeu pelo menos 18 presentes de alto valor de autoridades estrangeiras, diz a Polícia Federal. O ex-presidente é investigado pela PF em razão de kits de joias recebidos de presente da Arábia Saudita, e um deles foi apreendido na Alfândega, no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.

Os kits, compostos por artigos de luxo e milionários, não foram declarados como deveriam ter sido às autoridades de Alfândega quando chegaram ao Brasil.

Além disso, as investigações apontam que pessoas próximas do presidente venderam relógios Rolex e joias no exterior.

LEVANTAMENTO COMPLETO – O procurador Lucas Furtado também pediu que o TCU faça um levantamento completo de todos os presentes recebidos por Bolsonaro na atividade de presidente da República. Sabe-se que, entre eles, estão as seguintes peças, que pertencem à União:

  • Miniatura de um capacete antigo de samurai, avaliado em R$ 20 mil, presenteado pelo então primeiro-ministro do Japão Shinzo Abe na posse de Bolsonaro
  • Quadro que mostra Jerusalém com o Templo de Salomão, avaliado em R$ 5 mil, dado pelo então primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu durante viagem oficial a Jerusalém em 31 de março de 2019,
  • Vaso confeccionado em prata 925, avaliado em R$ 16,4 mil, presenteado ao ex-presidente pelo então presidente do Peru Martin Vizcarra Cornejo. na posse em 2019.
  • Pote de 6x6x3 cm, confeccionado em metal prateado polido, avaliado em R$ 13,3 mil, dado a Bolsonaro por Shinzo Abe na cerimônia de proclamação da entronização do Imperador do Japão, em 22 de outubro de 2019.
  • Maquete do templo Taj Mahal confeccionada em mármore branco, avaliada em R$ 59,4 mil, dada a Bolsonaro pelo presidente da Índia, Ram Nath Kovind, em viagem oficial a Nova Delhi em janeiro de 2020.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O procurador Lucas Furtado se adiantou à defesa de Bolsonaro e pediu a devolução dos bens. Agora os advogados Paulo Cunha Bueno e Daniel Tesser terão de fazer uma reconvenção, se realmente pretenderem recuperar os bens que Bolsonaro alega serem seus, de caráter personalíssimo, e que já foram recuperados pelo TCU. (C.N.)

Lula se acha dono de verdades absolutas numa eterna luta de ricos contra pobres

Lula defende ampliação do Brics e cita Arábia Saudita, Emirados Árabes e  Argentina

Lula tenta se posicionar como se fosse um líder mundial

William Waack
Estadão

Lula se diz dedicado a duas tarefas formidáveis: reconstruir o Brasil e mudar a ordem internacional. Em ambas afirma estar enfrentando de forma efetiva a luta de ricos contra os pobres. Para Lula, países avançados não investem nos pobres e insistem via FMI em cobrar dívidas impagáveis.

São sempre os poderosos que começam as guerras e a ONU não pode fazer nada pois dezenas de países (presumivelmente “pobres”) não têm voz na instituição que deveria governar o mundo, de preferência pelo voto.

LULA AVISA… – Mas o mundo não será mais o mesmo agora que os Brics se expandiram, disse Lula. Esse coletivo já é economicamente mais poderoso que o G7, nem precisará mais do dólar para comerciar entre si e vai dar uma sacudida naquele Conselho de Segurança inoperante.

No Brasil, os ricos não estavam no imposto de renda nem os pobres no orçamento público. Ricos escapavam da tributação que penalizava sobretudo os trabalhadores de renda mais baixa. Uma dupla injustiça, segundo Lula, pois quem faz a economia crescer são apenas os trabalhadores.

Mas agora essa situação mudou com a MP que taxa fundos dos super-ricos para compensar o aumento da faixa de isenção do IR. Soma-se a isso a política de valorização do salário mínimo e regras para contas públicas com ênfase na receita e não em corte de despesas e o Brasil está, segundo Lula, diante de uma efetiva correção da desigualdade.

VISÃO DISTORCIDA – É óbvio que esse tipo de extrema simplificação funciona num palanque, mas tem escassa utilidade para orientar política externa e políticas públicas. A visão de Lula da ordem internacional é a de uma espécie de “luta de classes” consolidada numa “tirania” de poucos sobre muitos, e desconhece o básico da relação de forças e motivos de ação das potências. Além de atribuir à ONU um papel que nunca teve.

A desigualdade brasileira, uma das piores do mundo, tem raízes profundas e hoje se perpetua numa economia fechada, de produtividade estagnada (fora a da agroindústria, que Lula não entende) e sufocada por um Estado balofo e ineficiente. Patrimonialismo é o nome do jogo político no qual Lula está profundamente mergulhado, e que não permite o tratamento igual a cidadãos, segmentos ou regiões.

A diferença entre o que Lula enfrentou há vinte anos e as situações às quais se dedica agora é o enorme aumento da complexidade e gravidade desses desafios. O mundo se divide numa perigosa luta de contestação da ordem vigente, que deixa o Brasil em posição muito delicada.

Se estivesse vivo, Darcy Ribeiro não deixaria André Mendonça citar seu nome em vão

Darcy Ribeiro sobre os direitos dos povos indígenas - YouTube

André Mendonça fez uma leitura errada da obra de Darcy

Bernardo Mello Franco
O Globo

O ministro André Mendonça levou dois dias para ler seu voto a favor do marco temporal. A tese inexiste na Constituição, mas está em debate no Supremo. Se aprovada, pode inviabilizar a demarcação de terras indígenas no país.

A opinião do ministro “terrivelmente evangélico” não surpreendeu. Ele foi indicado por um presidente que hostilizou os povos originários e incentivou a mineração ilegal em seus territórios. Ainda assim, houve espanto quando Mendonça citou aliados da causa indígena para defender o contrário do que eles pregavam.

DIREITO DE RESPOSTA – A principal vítima do truque foi Darcy Ribeiro, mencionado nove vezes em 203 páginas de voto. Morto em 1997, o antropólogo não pode pedir direito de resposta.

Mas é seguro dizer, com base em suas próprias palavras, que ele não deixaria barato. Vamos conferir suas verdadeiras palavras.

“O que os índios pedem? A garantia da posse tranquila das terras, das matas, das águas onde eles vivem. E o direito de viver segundo seus costumes”, sintetizou Darcy em 1991, em entrevista na TV Cultura.

PRECISAM DA TERRA – “Eles estão a nos dizer, desde sempre: só queremos um pedaço da muita terra que tínhamos, porque a necessitamos para sobreviver”, escreveu cinco anos depois, em artigo na Folha de S.Paulo.

Em 1995, o antropólogo foi à tribuna do Senado e relatou um diálogo com o cacique Juruna, a quem definiu como muito inteligente.

“Um dia ele me perguntou: ‘Darcy, quem é que inventou o papé?’ Tentei explicar como se fabrica papel, com madeira. Ele disse: ‘Não, papé de verdade’, acrescentando: ‘A gente está lá, sempre esteve lá, chega um com o papé e é o dono’.”

FORÇA CARTORIAL – “Observem o agudo sentido do Juruna para perceber a força cartorial, a força burocrática, que permite a alguém criar concessões de terras sem limites para quem nunca as viu, expulsando de lá quem as cultiva desde sempre. O Brasil é feito, em grande parte, dessa realidade”, emendou.

No livro “O Brasil como problema”, de 1990, Darcy expôs a hipocrisia por trás das críticas às demarcações. “Pessoas que não se preocupam com o fato de que particulares tenham propriedades de até um milhão de hectares, que mantêm inexploradas numa operação puramente especulativa, não estão dispostas a dar aos índios aquilo que é a condição de sua sobrevivência: terras que a nossa Constituição reconhece que são deles. Para isso, estão dispostos a levá-los ao extermínio. Essa postura corresponde à pior tradição brasileira”.

TESE ANTI-INDÍGENA – Na ausência do professor, a Fundação Darcy Ribeiro se manifestou sobre o julgamento em curso no Supremo.

Para a entidade, que guarda o acervo do antropólogo, o marco temporal é uma “tese anti-indígena” porque significa “a negação do direito mais fundamental aos povos indígenas: o direito à terra”. A nota foi divulgada em junho, dois meses antes do voto de Mendonça.

E vai piorar… Quem se irritou com Nunes Marques e André Mendonça deve preparar o espírito para ouvir Gilmar Mendes. Na quinta-feira, em aparte a um colega, o supremo ministro defendeu o garimpo em terras indígenas. Como decano da Corte, ele será o penúltimo a votar sobre o marco temporal. O julgamento deve ser retomado no dia 20.

Desrespeito à história da Tribuna da Imprensa e a falta de compromisso com a verdade

Histórica Tribuna, escola de inúmeros profissionais

Marcelo Copelli

É inquestionável a importância da histórica e extensa contribuição da Tribuna da Imprensa para o país. Centenas de renomados profissionais marcaram as suas trajetórias ao registrarem passagem pelo jornal, fazendo efetivamente diferença na cobertura política do Brasil.  E, ao longo de várias décadas, o veículo sempre pautou-se pelo compromisso com a verdade, com a apuração afinada com a realidade, além de análises sólidas e, na maioria das vezes, singulares.

A Tribuna da Imprensa, que ainda será por muito tempo referência no Jornalismo, agora parece ter toda a sua história ignorada por um grupo que passou a administrar o seu endereço oficial na internet, há muito desativado, usado quando o impresso ainda estava nas bancas.

EM PAUTA – Os responsáveis da atual Tribuna da Internet, todos oriundos da Tribuna da Imprensa, inclusive o admirável Carlos Newton, sempre estiveram cientes de que vários portais não só se baseiam no que é escrito e debatido neste site para a elaboração de suas pautas, mas também replicam integralmente o conteúdo bravamente aqui produzido 365 dias por ano, sem trégua.

Porém, para a nossa surpresa, neste domingo, ao termos notícia que haveria um movimento para uma possível volta da Tribuna da Imprensa, ao menos neste mundo virtual, nos deparamos com o esboço de um portal, utilizando-se do sítio tribunadaimprensa.com.br, em que são dados como “integrantes” o prezado C. Newton, editor desta Tribuna da Internet, e o notável Pedro do Coutto, um dos maiores analistas políticos do país, e que aqui escreve, atualmente, com exclusividade.

Mesmo sem o consentimento de ambos, foram utilizadas fotos aleatórias de pessoas então desconhecidas como sendo os citados. Suas “biografias” nem de longe condizem com a dos jornalistas em questão. Enquanto Carlos Newton é qualificado como  “advogado previdenciário, especialista em ações relativas à Previdência e tudo relacionado a INSS“, Pedro do Coutto, pasmem, é tido como “economista e consultor financeiro”.

C. Newton e Pedro do Coutto (esquerda) e desconhecidos “com o mesmo nome” (direita)

 

DESALINHO – Ainda que se trate de um projeto mal alinhado, seria fundamental que não estivesse aberto à conferência pública, com falsas informações e, ainda mais grave, usando o nome dos profissionais que tocam esta Tribuna da Internet. 

Em tempos de generalizada desinformação, é preciso que todo o descompromisso com a verdade seja freado. E, somado a isso, tratando-se da Tribuna da Imprensa, que o nome do histórico veículo seja mantido atrelado sempre ao Jornalismo de excelência.

Houve omissão dolosa e os agentes de segurança não quiseram impedir invasão, diz a PF

PGR aciona STF contra lei que instituiu o 8 de janeiro como | Política

PF concluiu que as forças de segurança fizeram corpo mole

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Quem leu com atenção o relatório da Polícia Federal que instruiu a decisão do ministro Alexandre de Moraes mandando prender a cúpula da PM de Brasília pôde perceber que as investigações correram numa linha que documenta o corpo mole da segurança no dia 8 de janeiro. Coisa minuciosa, documentada com a precisão dos minutos.

A linha de defesa dos generais e coronéis que se julgam protegidos pela teoria do “apagão” foi triturada no caso dos PMs. Eles precisam de bons advogados.

OMISSÃO DOLOSA – Tratando do caso dos PMs, a conclusão das investigações feitas pela Polícia Federal é claríssima:

“A ‘falha’ operacional não decorreu de deficiências dos serviços de inteligência da PMDF. O que ocorreu, em verdade, foi omissão dolosa por parte dos denunciados que, com unidade de desígnios, aceitaram os resultados visados pela turba antidemocrática e aderiram ao intento criminoso dos insurgentes”, diz a PF, acrescentando:

“Os agentes de segurança pública denunciados poderiam ter atuado para impedir os resultados lesivos verificados em 8 de janeiro de 2023, pois obtiveram informações sobre os riscos inerentes aos atos”.

CORDA ESTICADA – Até a semana passada, o ministro Fernando Haddad mantinha sua posição de defesa do déficit zero nas contas públicas até o final de 2024. Era uma posição compreensível. Se ele afrouxasse a corda, abriria a porteira. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, chegou a dizer que “o futuro a Deus pertence”.

A partir de agora os çábios serão obrigados a apresentar explicações para explicar um futuro previsível, com o qual o Padre Eterno nada tem a ver, para justificar uma meta inalcançável sem cortes de gastos.

As receitas extras de R$ 168 bilhões são um sonho.

Avaliação constata que o Supremo desperta “medo, tristeza e raiva” nos brasileiros?

Cartunista Zappa on Twitter: "Instagram: @cartunistazappa #Charge #Humor  #Meme #Caricatura #stfvergonhanacional #caricaturista #arte #protesto  #verdade #pensamento #Opiniao #expressao #desenho https://t.co/pFoysd65xl"  / X

Charge do Zappa (Arquivo Google)

Sergio Denicoli
Estadão

Um dos efeitos colaterais da polarização no Brasil é a destruição de reputações. É longa a lista de personalidades, políticos e lideranças que foram tragados por essa poderosa máquina do cancelamento nas redes sociais. As consequências dessa febre que assolou – e assola – o ambiente político também atingiram as instituições.

Fiocruz, Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal, entre outras, figuram na lista de afetados. Mas a imagem de nenhuma dessas ficou tão arranhada como a do Supremo Tribunal Federal.

IMAGEM PÉSSIMA – O blog analisou 3,4 milhões de tuítes com o termo “STF”, publicados de janeiro a agosto deste ano. O resultado mostra que o medo é o sentimento proeminente, abarcando 15,5% das publicações.

A tristeza e a raiva empatam em segundo lugar, com 12,1%. A confiança está presente em 11,3% dos posts. O desgosto está em 9,5%. A alegria é o sentimento menos presente, estando apenas em 3,4% das publicações.

A conclusão é que as pessoas têm medo das decisões da mais alta Corte do País, ficam tristes com os rumos tomados nas votações e têm raiva dos ministros. A confiança aparece nas bolhas políticas, quando algum integrante decide algo que agrada um dos dois lados da polarização.

MINISTROS PARCIAIS – De uma forma geral, os membros do STF são vistos como pessoas cuja ideologia afeta os julgamentos, mais que a própria lei. Para muitos, o Supremo, inclusive, altera a legislação de acordo com os ventos ideológicos.

A boa notícia é que a imagem melhorou um pouco do início do ano até agora, apesar de ainda estar em uma situação complicada e de difícil reversão. Em janeiro, 69,8% das menções ao STF foram negativas. Já em agosto esse percentual caiu para 59,9%.

Ao analisarmos os temas mais associados ao governo, STF foi o que teve o maior volume de publicações, superando assuntos como saúde, educação, segurança, emprego, inflação e transporte, o que revela o peso dessa instituição no imaginário político nacional.

DITADURA DO STF – A frase “ditadura do STF” já habita o vocabulário de grande parte da população, sobretudo dos que se identificam com a direita. Ela, usualmente, vem associada às decisões tomadas pelo ministro Alexandre de Moraes, ou Xandão, como é referido nas redes.

Já o slogan “Supremo é o povo”, muito usado durante o governo Bolsonaro, vem perdendo relevância desde o dia 8 de janeiro, quando foi um dos mais mencionados em relação à Corte, concentrando, somente naquele dia, 75% das menções ao termo este ano. A frase foi perdendo força na mesma proporção em que muitos perceberam que não haveria um golpe de Estado.

Nas últimas semanas, Cristiano Zanin teve os holofotes das redes voltados especialmente para ele. O pico de menções ao mais novo integrante do Supremo ocorreu no dia 13 de agosto, quando ele pediu vista no julgamento da “revisão da vida toda”, que dá aos aposentados e pensionistas o direito de aumentar o benefício que recebem, contabilizando as contribuições feitas antes de julho de 1994.

ZANIN EM BAIXA – Foi o fim da curta lua de mel dos lulistas com Zanin e o início das desconfianças da esquerda com as decisões do ex-advogado do presidente. Um imbróglio que tem galgado outros capítulos, por conta de decisões do ministro que agradaram aos conservadores.

Olhando os dados de redes sobre o STF, observa-se que será difícil dissociar o Supremo da política, enquanto os ministros figurarem entre as personagens que ilustram a guerra narrativa do mundo digital.

Para a Corte superar essa fase, será necessário que o Brasil supere a polarização. Algo que, por enquanto, não está sinalizado no horizonte mostrado pelos algoritmos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, tudo vai permanecer como está. Os ministros do Supremo continuarão tendo de viajar nos jatinhos da FAB, para não se arriscar nos aeroportos e aviões de carreira. Só podem sair nas ruas para ir a restaurantes de luxo em Brasília e nas grandes cidades, onde o povo não entra. O pior é que essa avaliação da “obra” do Supremo tão cedo não vai mudar. (C.N.)

Militares e Polícia Federal em desavenças, e o ministro da Defesa procura aliviar o clima

Dino e a PF desagradam militares e Múcio tenta apaziguar

Julia Chaib e Cézar Feitoza
Folha

O avanço das investigações contra militares ampliou o mal-estar entre integrantes das Forças Armadas e a Polícia Federal, instituições que já protagonizaram episódios de desconfiança mútua desde a transição de governo. Generais da cúpula do Exército viram na coincidência de datas das operações que atingiram fardados e dias de festividades da Força uma possível ação dos policiais para ofuscá-los. Eles reclamam, sob reserva, que todas as datas de destaque do Exército até agosto foram marcadas por operações da PF.

Integrantes da Polícia Federal rechaçam que tenha havido qualquer intenção nesses atos além do mero cumprimento de decisões baseadas em achados de investigações e dizem que a avaliação não passa de teoria da conspiração.

RELAÇÃO RUIM – A desconfiança de militares sobre a PF, porém, reflete como a relação vai mal, avaliam governistas. Diante dessa constatação, o ministro José Múcio (Defesa) e militares têm atuado para minimizar as rusgas.

Integrantes da cúpula do Exército reclamam, por exemplo, que em 3 de maio, quando o presidente Lula (PT) se encontrou com o Alto Comando e anunciou que o general Marcos Antonio Amaro assumiria o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), a Polícia Federal realizou a operação que prendeu o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

Também apontam que horas antes de Lula anunciar o investimento de R$ 53 bilhões do novo PAC para as Forças Armadas, em 11 de agosto, a pauta havia se tornado a operação contra o general da reserva Lourena Cid, pai de Cid, pela suspeita de participação no caso das joias.

MAIS COINCIDÊNCIA – Militares ainda reclamam que o Dia do Exército, em 19 de abril, tenha sido marcado pela divulgação das imagens do circuito interno do Palácio do Planalto pela CNN Brasil, referentes aos ataques golpistas de 8 de janeiro.

Como ação para melhorar a relação, Múcio tem falado com frequência com Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF. No último dia 23, o ministro fez questão de ir à PF para convidar Andrei para a cerimônia do Dia do Soldado, que ocorreria dali a dois dias, em 25 de agosto.

“Para mim, era importantíssima a presença dele. Eu vim enfatizar, e fiz questão de vir pessoalmente, poderia dar um telefonema, mas para mim é muito importante a presença dele, do ministro Dino e de todo um governo para mostrarmos à sociedade que estamos todos de um lado só”, afirmou Múcio no dia.

RIGOR CONTRA CRIME – Já Andrei Rodrigues afirmou ao jornal O Globo haver um “sentimento comum de sermos rigorosos com quem cometeu crimes”.

Um dia antes de Múcio ir à PF, a corporação negou o acesso aos nomes dos militares com quem o hacker Walter Delgatti teria se encontrado no ano passado. Segundo relatos de militares, Múcio aproveitou o encontro para sondar o diretor da PF a respeito de eventuais operações em datas importantes às Forças.

No mesmo esforço para reduzir a tensão, o comandante do Exército, Tomás Paiva, fez um convite para o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), voltar a fazer musculação na academia do Comando Militar do Planalto.

EXERCÍCIOS DIÁRIOS – Como a Folha mostrou, Moraes usava o espaço no Setor Militar Urbano para realizar os exercícios diários ao lado de oficiais e praças, no início da manhã, antes de ir para o trabalho nos tribunais.

A rotina se manteve por cerca de três anos até ser interrompida em novembro de 2022. Contrariados com a forma como Moraes guiava o processo eleitoral, generais da cúpula do Exército informaram ao ministro que a academia passaria por reformas.

Moraes entendeu o aviso como um recado para não voltar ao local. Agora, com o novo convite, ele avalia puxar novamente os pesos em companhia dos militares.

MANOBRA ACERTADA – Múcio também foi ao gabinete do ministro, no STF, fazer o convite ao Dia do Soldado pessoalmente. A empreitada deu certo, já que Andrei e Moraes compareceram ao evento.

Generais afirmam, sob reserva, que as ações para distensionar a relação com a PF não têm como objetivo blindar militares investigados pela corporação. A ideia, segundo os relatos, é garantir uma boa relação institucional.

Policiais federais ouvidos pela Folha afirmam que a intenção das investigações não é mirar militares, mas apurar os ilícitos como um todo e individualizar condutas, independentemente de serem das Forças Armadas ou não. Ainda apontam que as desconfianças de militares com a PF refletem um espírito corporativista de proteção dos fardados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O importante é que não haja melindres e cada corporação faça seu trabalho da melhor forma possível. A conclusão das investigações da PF mostra que os militares também tiveram “omissão dolosa” no 8 de janeiro. O resto são apenas plumas e paetês… (C.N.)

Milhões de pessoas possuem três cartões de crédito no país ou até mais

Charge do Nef (jornaldebrasilia.com.br)

Pedro do Coutto

Reportagem de Letycia Cardoso, O Globo deste domingo, com base em dados do Banco Central, revela que 16 milhões de homens e mulheres possuem mais de três cartões de crédito e, com isso, realizam as suas compras parcelando-as no crédito rotativo que, pela taxa superior a 400% ao ano de juros, torna impossível os pagamentos e assim vão aumentando as dívidas da população.

Os maiores bancos do país, Banco do Brasil, Itaú, Bradesco e Santander, mantém em caráter permanente a publicidade, principalmente na TV Globo e na GloboNews, incentivando a aquisição deste instrumento de crédito que, se não observado com atenção pelos seus possuidores, contribui de forma decisiva para elevar os níveis da inadimplência. Na última semana, por exemplo, a publicidade do Santander oferecia inclusive um crédito inicial de R$ 12 mil para quem fizesse a requisição sem burocracia do cartão de crédito emitido pelo banco.

ENDIVIDAMENTO – O uso indiscriminado dos cartões de crédito proporcionou um endividamento global de R$ 301 bilhões. Um crescimento superior a 50% do total registrado em 2019 que era de R$ 189 bilhões. A inadimplência oscila em cerca de R$ 84 bilhões. Verifica-se, portanto, que na realidade, os grandes bancos – e não só eles, mas também os médios e pequenos – contribuem para uma expansão muito grande do crédito que vem sustentando o comércio, mas também vem transferindo para o governo os desembolsos financeiros para cobrir as dívidas e a posição dos devedores.

No fundo, trata-se de um processo de estatização dos endividamentos e de capitalização dos bancos credores, cujos riscos são cobertos pelas ações governamentais. A Operação “Desenrola” situa-se neste contexto. Na verdade, com base numa simples norma de contabilidade, não existe débito sem crédito, nem crédito sem débito. E se, nas operações financeiras alguém ganhou, é sinal de que alguém perdeu.

SALÁRIOS – Os lucros dos bancos no primeiro semestre deste ano confirmam o desempenho do sistema em vigor no país, comprovando, portanto, as perdas de muitos brasileiros e brasileiras. Sei que esse quadro é essencialmente impossível de mudar. Mas poderia ser menos intenso  na medida em que os salários não perdessem para a inflação do IBGE, que é uma inflação baseada em preços mínimos do mercado somente possíveis de serem praticados pelos que possuem tempo suficiente para tal trabalho.

No caso, só os pesquisadores do próprio IBGE. Daí porque a inflação revelada pelo Instituto a meu ver nunca é a que predomina efetivamente no consumo em geral. É muito fácil verificar os preços mínimos dos produtos visitando diversos supermercados por dia. Mas em matéria de tempo, tal prática só pode ser feita pelos que exercem tal atividade profissional e não, é claro, pelos consumidores de modo geral.

BLOQUEIO –  De fato, com o passar do tempo, agrava-se a situação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, agora acusado de desvios financeiros pela Polícia Federal e alvo de bloqueio de R$ 835 mil em sua conta bancária por decisão do ministro Luís Roberto Barroso. Nas edições de sábado, O Globo, o Estado de S. Paulo e a Folha de S. Paulo deram grande destaque ao episódio que vai tornando cada vez mais difícil a permanência do ministro no governo Lula da Silva.

As acusações espantam, a exemplo do repasse de verbas do Ministério para pessoas próximas, inclusive sua irmã, prefeita da cidade de Vitorino Freire, no Maranhão. Acredito que um ministro de Estado ter a sua conta bancária bloqueada por decisão judicial era algo inédito na história brasileira. No O Globo, a reportagem é de Paolla Serra, Mariana Muniz, Dimitrius Dantas e Luísa Marzullo. No Estado de S. Paulo, de Julia Afonso e Tássio Lorran. Na Folha de S. Paulo, de Fábio Serapião, Matheus Vargas e José Marques.

ELETROBRAS – Em decisão tomada na sexta-feira, o Tribunal Superior do Trabalho – reportagem de Alexa Salomão, FSP deste domingo – decidiu suspender o plano de demissões voluntárias da Eletrobras, cuja privatização foi inclusive contestada pelo governo Lula da Silva em ação que se encontra no Supremo Tribunal Federal.

A Eletrobras , agora sob a Presidência de Ivan Monteiro, tinha como projeto demitir mais 1574 funcionários, além dos que já foram demitidos antes do início do mandato do atual presidente da República.O plano dos responsáveis pela surpreendente privatização é o de reduzir (justificativa de sempre) o passivo trabalhista.

Questionar urnas é crime gravíssimo, mas dizer que impeachment foi golpe, não

TRIBUNA DA INTERNET | Ao chamar impeachment de golpe, PT renega o passado e  golpeia as regras do bom debate

Charge do J.Caesar (Veja)

J.R. Guzzo
Estadão

Em nenhum momento, ao longo dos 500 anos de história do Brasil, a autoridade pública, os tribunais de justiça e a polícia falaram tanto de democracia como hoje. Mais que isso: montaram uma espécie de “Comissariado Nacional de Repressão aos Atos Antidemocráticos”, que deu a si próprio a autorização para violar as leis quando julga que o “estado de direito” está ameaçado por alguém ou por algum tipo de ideia.

A manifestação suprema desta cruzada, que se propõe a nos salvar da “extrema direita”, é o inquérito perpétuo que o STF mantém aberto há mais de quatro anos contra os “atos antidemocráticos”.

UM ELIXIR UNIVERSAL – Serve para quem fala mal das urnas do TSE, tem atitudes “golpistas” ou participou da arruaça do 8 de janeiro – que a presidente do STF considerou igual ao bombardeio de Pearl Harbor, que matou 2.400 pessoas e levou os Estados Unidos à uma guerra de quatro anos contra o Japão e a Alemanha nazista.

O inquérito sem fim também serve para perseguir quem se enrolou com atestados de vacina, falou mal dos ministros do Supremo, entrou no WhatsApp para conversar de política – enfim, vai na base do “pega um, pega geral”.

Quer dizer: não é tão geral assim. Nunca pegou até hoje um único antidemocrata de “esquerda”, ou admirador do presidente Lula – e muitíssimo menos o próprio Lula. Bem que poderia pegar, se o comissariado de salvação da democracia, que também considera as “fake news” como crime de lesa-pátria, tivesse alguma preocupação em ser imparcial. Mas, aqui, pau que bate em Chico nunca bate em Francisco, dependendo de quem seja o Francisco.

SÓ DE UM LADO – Dizer que as urnas do TSE são sujeitas a fraude, por exemplo, é infração gravíssima – o ex-presidente da República, inclusive, foi declarado “inelegível” por oito anos porque falou isso numa palestra a embaixadores estrangeiros.

Lula, porém, pode dizer que uma decisão legítima do Congresso Nacional, o impeachment de Dilma Rousseff por fraude contábil, foi um “golpe de Estado”. Pode, até mesmo, exigir uma espécie de certificado oficial atestando que a sua sucessora é inocente de todas as acusações e deve ser reconhecida como mártir das causas populares.

Dilma foi deposta porque 367 deputados federais votaram a favor do impeachment, e só 137 contra. No Senado foi ainda pior: 55 a favor, 22 contra. O que poderia haver de mais claro como demonstração da vontade da população brasileira, que só o Congresso tem direito de representar? Além disso, o STF supervisionou cada decisão do processo, e aprovou tudo. É o chamado ato jurídico perfeito – mas pode ser chamado de “golpe”. No Brasil-2023 só é antidemocrático quem está do outro lado.

Machado de Assis imortalizou as graças excelentes da nossa cara e lépida Maria

Pode ser uma imagem de texto que diz "Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução. MACHADO DE ASSIS Faceboak facebok.com/antrietalitgatubi"Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. Neste soneto, Machado de Assis descobre que a beleza existente nos olhos e no andar de ”Maria” assemelham-se ao marchar de um pássaro.

MARIA
M
achado de Assis

Maria, há no seu gesto airoso e nobre,
Nos olhos meigos e no andar tão brando,
Um não sei quê suave que descobre,
Que lembra um grande pássaro marchando.

Quero, às vezes, pedir-lhe que desdobre
As asas, mas não peço, reparando
Que, desdobradas, podem ir voando
Levá-la ao teto azul que a terra cobre.

E penso então, e digo então comigo:
“Ao céu que vê passar todas as gentes
Bastem outros primores de valia.

Pássaro ou moça, fique o olhar amigo,
O nobre gesto e as graças excelentes
Da nossa cara e lépida Maria”.

Wassef confirma que existe “combinação” entre as defesas de Bolsonaro e Mauro Cid

Conversas por chamada de voz de Wassef com Bolsonaro dificultam análise da PF

Apesar dos serviços prestados, Wassef está sendo escanteado

Carlos Newton

O advogado Frederick Wassef, que tem defendido a família Bolsonaro em diversas questões judiciais, foi colocado em escanteio pelo clã, devido a seu temperativo explosivo. As relações esfriaram, embora Wassef tenha se exposto e até colocado em risco seu futuro profissional, ao viajar aos Estados Unidos para recomprar o relógio Rolex vendido por Bolsonaro.

Wassef está furioso e colocou como prioridade resguardar sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, tendo pedido ao Conselho Federal que questione no Supremo a apreensão de seus quatro celulares, devido à necessidade de preservar a chamada relação de confidencialidade entre advogado e cliente.

DEFESA COMBINADA – No site Metrópoles, o jornalista Ricardo Noblat disse que Wassef confirmou neste domingo a informação exclusiva da Tribuna da Internet, sobre a combinação entre os defensores de Bolsonaro e do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.

“Wassef ultimamente anda dizendo que Cezar Bitencourt, advogado de defesa de Mauro Cid, tenente-coronel do Exército, faz tudo combinado com os advogados de Bolsonaro e de Michelle. Wasseff está furioso porque o deixaram fora da combinação. Não lhe disseram que era para guardar silêncio quando fosse depor na Polícia Federal. Então, danou-se a falar”, informou Noblat.

Embora seja uma atitude antiética, combinar as defesas é praxe na advocacia. Pode dar certo ou errado. No caso de Wassef, foi um erro não ter combinado com ele. É um advogado experiente, em seu depoimento não deve ter falado nada que comprometa Bolsonaro. Mas escanteá-lo não é uma boa política, com toda certeza.

PEDIDO NEGADO – No início desta semana, o ministro Alexandre de Moraes vai negar o pedido da defesa de Bolsonaro, que tenta transferir o inquérito para a 6ª Vara Federal de Guarulhos, imitando o golpe de Zanin para “descondenar” Lula da Silva.

Mas desta vez a interpretação será diferente, não só porque a interpretação do Supremo varia de acordo com o freguês, mas também porque há uma jurisprudência que justifica manter o inquérito no STF. E a maioria dos ministros vai acompanhar o voto de Moraes.

Por seu turno, ainda esta semana a defesa de Bolsonaro deve abrir ação contra o Tribunal de Contas da União, para pedir que sejam devolvidas ao ex-presidente as joias apreendidas. Será a primeira vez que se discutirá a validade da Portaria 59, que definiu os objetos “personalíssimos” que devem pertencer ao presidente e à primeira-dama.

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P.S. –
Embora os petistas protestem com veemência, na forma da lei a definição de objeto “personalíssimo” continua valendo, embora a Portaria 59 tenha sido revogada, porque não houve a necessária substituição dos termos do respectivo artigo. (C.N.)

Veto de Lula ao arcabouço tem ‘muita chance’ de ser derrubado pelo Congresso, avisa Lira

Agenda econômica interessa ao País e não deve ser contaminada pela disputa  política, diz Arthur Lira - Brasil 247

Lira diz que o Congresso vai decidir se derruba o veto de Lula 

Deu no g1 — Brasília

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirma que o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao texto do arcabouço fiscal tem “muita chance” de ser derrubado pelo Congresso. Entre os pontos vetados, está um dispositivo que impedia o governo de retirar da meta para as contas do governo “quaisquer despesas”.

Com isso, o governo poderá propor, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, considerada uma prévia do orçamento federal, retirar algumas despesas das metas fiscais e, mesmo assim, serem consideradas cumpridas.

GASTANÇA – Esse veto do presidente Lula permitirá, na prática, o governo gastar mais sem descumprir os objetivos das contas públicas.

O arcabouço fiscal estabelece, em termos gerais, que as despesas do governo cresçam atreladas ao aumento das despesas. O objetivo é conter o rombo das contas públicas e evitar o descontrole da dívida pública.

“É prerrogativa do presidente o veto a qualquer matéria legislativa que ele julgue prejudicar seu governo ou que tenha inconstitucionalidades. Mas também é prerrogativa do Congresso analisar esse veto, e derrubá-lo ou mantê-lo””, afirmou Lira em um evento em São Paulo.

CHANCE DE DERRUBADA – “Eu não tenho ainda o juizo de mérito, mas pelo caminhar das discussões, depois das alterações do Senado e manutenção da Câmara, eu penso que esse veto tem muita chance de ser derrubado pelo Congresso Nacional”, completou o presidente da Câmara.

O presidente Lula também vetou dispositivo que autorizava que as despesas com investimentos em infraestrutura, entre elas obras do PAC, pudessem “ser reduzidas em até a mesma proporção da limitação incidente sobre o conjunto das demais despesas discricionárias”.

As despesas discricionárias são os gastos livres dos ministérios.

FIM DO BLOQUEIO – Para cumprir as metas fiscais, ou o teto para despesas (que não pode ter uma alta real acima de 2,5% ao ano), essas despesas “discricionárias” dos ministérios podem ser bloqueadas no decorrer de cada ano.

No entanto, com o veto do presidente Lula, os investimentos não poderão mais ser bloqueados.

E o arcabouço fiscal também traz um piso para as despesas anuais do governo com os investimentos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Tudo indica que Lula caminha para se tornar uma nova versão da irresponsável Dilma Rousseff. Em tradução simultânea, o presidente está tentando legalizar pedaladas e maquiagens fiscais, seguindo o exemplo de Dilma, que aumentou a dívida pública de 51,5% do PIB em 2013 para 69,8% em 2016. Do jeito que está indo, Lula pode deixar a companheira Dilma no chinelo, como se dizia antigamente. (C.N.)

Rosa Weber marca primeiros julgamentos de réus do vandalismo para os dias 13 e 14 

Extremistas invadiram sedes dos Poderes: mesmo identificada por setores de Inteligência, ação não foi brecada pelas forças policiais

As acusações são pesadíssimas, como se fossem terroristas

Mariana Muniz
O Globo

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, marcou os primeiros julgamentos das pessoas que viraram rés pelos ataques do dia 8 de janeiro para os dias 13 e 14 de setembro. As análises ocorrerão em sessões extraordinárias realizadas durante o período da manhã.

Ao todo, três ações penais foram pautadas pela ministra, em que são réus Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar e Moacir José dos Santos.

ACUSAÇÕES – Todos eles respondem pela prática de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

As denúncias foram apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e recebidas pelos ministros em julgamentos que ocorreram no plenário virtual ao longo de todo o semestre. Os processos são relatados pelo ministro Alexandre de Moraes.

Primeiro réu a ser julgado, Aécio Lúcio Costa Pereira foi preso em flagrante dentro do Congresso pela Polícia do Senado.

1.341 JULGAMENTOS – Ao todo, a PGR apresentou 1.390 denúncias contra pessoas presas em flagrante devido aos atos golpistas do dia 8 de janeiro. Dessas, 1.341 viraram rés, o que significa que os processos passaram para a fase posterior, que inclui coletas de provas, com depoimentos de testemunhas de acusação e defesa.

Agora, com os julgamentos pelo plenário, os ministros analisam se absolvem ou se condenam os réus. Diante do grande volume de ações, é possível que os outros casos sejam apreciados pelo plenário virtual da Corte.

Segundo o STF, estão mantidas as sessões vespertinas nas mesmas datas para prosseguimento das ações penais iniciadas pela manhã.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Quero acreditar que as informações do STF estão equivocadas. O primeiro réu foi preso dentro do Congresso em flagrante de quê? Ora, o flagrante precisa ser detalhado com citação do respectivo crime. Além disso, as acusações não podem ser iguais de um réu para outro. Nem todos estavam usando substâncias inflamáveis. É uma acusação maluca, porque não houve incêndio em nenhum dos prédios. Outra doideira é a formação de “quadrilha armada”. E os nomes dos outros integrantes? E as armas, de que tipo e calibre? Havia um ou outro com uma barra de ferro ou pedaço de madeira, mas eram poucos. Fico triste e decepcionado com esse tipo de julgamento. Não se pode transformar a Justiça em instrumento de vingança, com acusações pelo conjunto da obra, porque isso “non ecziste” no Direito Universal, diria Padre Quevedo. (C.N.)

Lula insiste em recriar imposto sindical e Arthur Lira avisa que não será aprovado

TRIBUNA DA INTERNET

Charge reproduzida do Arquivo Google

Hugo Marques
Veja

Parlamentares da oposição estão se articulando no Congresso para derrubar a proposta de criação do novo imposto sindical, que está sendo apresentada pelas centrais sindicais com o apoio do governo Lula, com objetivo de transferir 16 bilhões de reais do bolso do trabalhador para os cofres das centrais e sindicatos.

Durante a campanha eleitoral, o presidente havia prometido uma nova fórmula para sustentar financeiramente os sindicatos. A proposta em andamento triplica o antigo imposto sindical, extinto no governo Temer e que recolhia compulsoriamente um dia de trabalho de cada brasileiro com carteira assinada.

FATURAR MAIS – Agora, as centrais querem não só o retorno da cobrança como ainda sua ampliação do desconto para 3,5 dias por ano.

Voltar a encher os cofres dos sindicatos, porém, não será uma tarefa fácil para o governo. O presidente da Câmara, Arthur Lira, já se manifestou contra a proposta. “No Congresso isso não passa. Está alterando a reforma trabalhista. O imposto sindical foi extinto na reforma trabalhista”, disse Lira.

Vários parlamentares também partiram para o ataque contra o governo, antes mesmo da proposta ser apresentada. Vice-líder da oposição na Câmara, o deputado Maurício Marcon (Podemos-RS) calcula que a nova proposta em discussão dentro no governo Lula, se aprovada, vai criar uma receita de 16 bilhões de reais por ano para centrais, federações e sindicatos.

QUEDA ASSOMBROSA – Os cálculos de Marcon são feitos com base nos números do IBGE, de trabalhadores com carteira assinada e na renda média mensal do brasileiro.

Quando o imposto sindical foi extinto em 2017, os sindicatos faturavam 3,6 bilhões de reais por ano. Em 2021 já havia caído para R$ 65,5 milhões.

O deputado Paulo Fernando (Republicanos-DF), partido que está se aquecendo para entrar no governo, afirma que dificilmente um novo imposto sindical será aprovado. A extinção, segundo ele, foi uma vitória do trabalhador. “Faremos de tudo para que essa proposta absurda jamais seja aprovada”, disse.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Se o imposto não for recriado, a imensa maioria dos sindicatos fantasmas vai fechar as portas. Hoje o Brasil tem mais de 16 mil sindicatos. Os Estados Unidos, segundo no ranking, têm somente 191 organizações trabalhistas. O terceiro é a África do Sul, com 190. O Supremo já decidiu que o trabalhador só paga se quiser. Mesmo assim, Lula e o PT insistem em recriar o imposto É muita sem-vergonhice, (C.N.)

Jornalistas foram barrados em evento do PL com Bolsonaro e Michelle em Brasília

Bolsonaro fala no PL após silêncio na PF e exalta mulher - 02/09/2023 - Poder - Folha

Bolsonaro e Michelle agora querem distância da imprensa

José Carlos Werneck

O Encontro Distrital do PL Mulher, realizado neste sábado, no Hípica Hall, em Brasília, foi vetado à imprensa. Logo na entrada, jornalistas que foram convidados e fizeram credenciamento foram barrados. Equipes do Correio Braziliense, Estadão, Poder 360, CNN e SBT, Jovem Pan foram impedidos de entrar.

Outros até conseguiram entrar, por não estarem identificados, entretanto, foram retirados logo depois.

QUEM BARROU? – O evento, transmitido no canal do YouTube do PL, contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle, que foram recebidos pela deputada federal Bia Kicis e a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão.

Seguranças do evento disseram que o impedimento do trabalho da Imprensa ocorreu porque não havia um espaço reservado aos jornalistas, porém participantes garantiram que a ordem não partiu do Partido Liberal.

Como o evento ocorreu dois dias depois de Michelle e o ex-presidente Jair Bolsonaro terem se recusado a prestar depoimentos na Polícia Federal, que investiga o esquema de venda ilegal de joias recebidas pela Presidência da República, ficou claro que o veto a jornalistas partiu do casal.

PIB cresce, mas a receita está caindo e causa rombo nas contas do governo

Revista online | Lula e Banco Central: charge destaca impasse - Fundação Astrojildo Pereira

Charge do J.Caesar (Veja)

Vinicius Torres Freire
Folha

A arrecadação do governo diminui cada vez mais rápido, soube-se nesta quarta-feira (30) com a divulgação dos números das contas federais. Quanto mais diminuir, mais difícil será atingir a meta de déficit primário zero de 2024, que tem causado um sururu entre a maior parte dos ministros de Lulaa Silva e Fernando Haddad (Fazenda).

Se a receita continuar a baixar, maior a disputa política: ou se vai gastar menos no “Novo PAC” ou déficit e dívida serão ainda maiores. Petróleo, Petrobras e dividendos pagos por estatais têm muito a ver com o estrago. Menos concessões de serviços à iniciativa privada também.

NÃO SÃO IMPOSTOS – A maior parte da baixa da arrecadação não se deve à diminuição da receita de impostos. A perda vem da conta de “receitas não administradas pela Receita Federal”: dividendos (parte dos lucros) de estatais, receitas de exploração de recursos naturais ou de concessões (pagamento de direitos de exploração de um serviço público, isto é, privatização de serviços).

Mas a economia está voltando a crescer, o PIB pode chegar a 3% este ano, e mesmo que as empresas  paguem mais impostos, pode ser que essas outras receitas não cresçam no mesmo ritmo da economia, é fácil perceber.

A receita total do governo federal caiu 2,19%, em termos reais (na comparação dos 12 meses somados até julho de 2023 com os somados até julho de 2022). Descontadas as transferências de receita obrigatória para estados e municípios (receita líquida), a baixa foi de 3,24%.

EM QUEDA – A receita total em 12 meses caiu do equivalente a 23,33% do PIB em dezembro de 2022 para 22,15% do PIB. A receita líquida, aquela que de fato fica à disposição do governo federal, caiu de 18,74% para 17,78% do PIB (baixa de 0,94% do PIB, ora uns R$ 97 bilhões).

Notem: o governo precisa aumentar sua receita em algo perto de 1,1% do PIB de 2023 para 2024 a fim de atingir a meta de déficit primário zero (receitas e despesas, afora juros, equilibradas). Mas a baixa na receita de impostos foi de 0,4% do PIB.

A queda da receita com dividendos de estatais foi de 0,22% do PIB (0,12% do PIB da Petrobras, 0,09% do BNDES). A redução do preço do petróleo e da parcela do lucro distribuído pelas estatais fez o estrago.

RECURSOS MINERAIS – No caso de “receitas de exploração de recursos naturais”, a baixa foi de 0,21% do PIB. É o dinheiro recolhido da exploração de recursos minerais (royalties, participações, Contribuição Financeira pela Exploração Mineral). O grosso dessas receitas vem de petróleo, gás e minério de ferro.

A receita de concessões caiu muito. É sempre muito variável. Depende, claro, do volume de concessões de serviços à iniciativa privada. A baixa foi de 0,37% do PIB.

A perda de arrecadação com a baixa do preço do petróleo e seus efeitos secundários deve ter sido ainda maior, pois também diminuiu o faturamento e lucro das empresas do setor, a começar pela Petrobras, que assim tendem a pagar menos impostos.

PAÍS PETROLEIRO – O Brasil se tornou um país petroleiro e deve sê-lo ainda mais nos próximos anos. A receita petrolífera e suas variações vão pesar cada vez mais nas contas dos governos, não apenas o federal. Criar gastos permanentes e/ou altos com base nas receitas muito voláteis do petróleo tende a dar em besteira.

Outro motivo para prestar atenção a esses números: muita gente no governo Lula quer diminuir o pagamento de dividendos das empresas públicas (“estatais”). A conta já começou a chegar, de leve, mas vai ser bem mais alta. De resto, se a lucratividade dessas empresas diminui, também cai a distribuição de dividendos.

Mais ainda: não é possível contar como receita de concessões ao setor privado como fonte regular de arrecadação, claro. Porém, mais concessões aumentam a taxa de investimento na economia e rendem uns trocados grossos para o governo. Parte do petismo governista deveria pensar nesses números.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGCom o aumento da desoneração de impostos, aprovada na Câmara, fazendo crescer o rombo, o ministro Haddad entrou em depressão.  Até os petistas votaram contra ele, a base aliada na Câmara simplesmente não existe E a possibilidade de o governo Lula fracassar aumentam cada vez mais, embora o PIB esteja em firme crescimento. Quem consegue entender esse país maluco?  (C.N.)

Dino mentiu duas vezes ao se recusar a ceder as imagens do Ministério da Justiça

Ala do STF reacende campanha por Flávio Dino na corte

Flávio Dino mentiu e se enrolou todo no caso das imagens

Deu na Gazeta do Povo

Que autoridade, em qualquer lugar do mundo, em sã consciência, deixaria que se perdesse, pelo motivo mais fútil possível, documentação importantíssima para as investigações de um ataque à democracia e aos poderes constituídos? Ao que tudo indica, essa pergunta tem resposta – o ministro da Justiça do Brasil, Flávio Dino.

Apesar de o Palácio da Justiça, sede do ministério, ter quase duas centenas de câmeras instaladas, a CPMI do 8 de Janeiro só recebeu imagens de quatro câmeras – e isso depois de muita insistência, já que Dino resistiu o quanto pôde a entregar até mesmo esse volume pífio de conteúdo, a ponto de os membros da CPMI terem de recorrer ao Supremo Tribunal Federal para conseguir a liberação das imagens.

IMAGENS PERDIDAS – Também só depois de muita pressão o ministro ofereceu uma explicação para que haja apenas essas imagens do Palácio da Justiça, que não chegou a ser invadido, mas teve janelas quebradas pelos manifestantes – de todos os ministérios da Esplanada, o da Justiça e o das Relações Exteriores são os mais próximos da Praça dos Três Poderes.

Segundo Flávio Dino, os registros simplesmente se perderam porque é preciso liberar espaço periodicamente para novas gravações – no caso das imagens das quatro câmeras entregues, elas teriam sobrevivido por serem as que estavam em poder da Polícia Federal.

O simples bom senso mandaria que os arquivos de todas as câmeras fossem salvos já no dia seguinte ao da invasão da Praça dos Três Poderes, como auxílio às investigações. Em vez disso, o Ministério da Justiça deixou que tudo se perdesse.

DESAFIO À LÓGICA – É uma justificativa que desafia toda a lógica. Qualquer um que tenha um dispositivo que armazena dados importantes, seja computador ou mesmo um smartphone, sabe da importância de ter esses dados salvos em um outro lugar, o chamado backup. Se fazemos isso com documentos pessoais de valor, quanto mais com as imagens de uma ação que o próprio governo afirmava ter interesse máximo em investigar e punir.

O simples bom senso mandaria que os arquivos de todas as câmeras fossem salvos já no dia seguinte ao da invasão da Praça dos Três Poderes, como auxílio às investigações. Em vez disso, o Ministério da Justiça deixou que tudo se perdesse, como se fossem imagens corriqueiras do dia a dia de uma repartição pública cuja preservação não fosse justificada.

MINISTRO MENTIU – Para adicionar insulto à injúria, Dino afirmou que o procedimento de apagar imagens antigas estava previsto no contrato com a empresa responsável pela manutenção do circuito interno do palácio, mas reportagem do jornal O Estado de S.Paulo mostrou que o contrato não tem nenhuma regra específica a respeito de prazos após os quais os registros podem ser deletados.

Sem as imagens, será muito difícil confirmar com algum tipo de evidência não testemunhal as alegações de que havia, dentro do Palácio da Justiça, tropas da Força Nacional que poderiam ter sido usadas para conter os invasores, mas não foram acionadas – este foi, por exemplo, o teor do depoimento do fotógrafo Adriano Machado, da agência Reuters, à CPMI em meados de agosto.

Se verdadeiras, as afirmações reforçariam uma tese segundo a qual o governo teria deixado que o 8 de janeiro fosse mais grave do que poderia ter sido caso as forças de segurança interviessem e impedissem as invasões; afinal, quanto maior o caos provocado, segundo essa tese, mais justificativa haveria para se escalar a repressão aos manifestantes e, por extensão, ao bolsonarismo.

MAIS UMA MENTIRA – Dino, obviamente, rejeita essa acusação, mas também deixou implícito que houve contingente não utilizado da Força Nacional ao alegar que necessitava de solicitação do governador do Distrito Federal para isso.

No entanto, o artigo 4.º do Decreto 5.289/2004 afirma que a Força Nacional poderá ser empregada mediante solicitação expressa do respectivo governador de Estado, do Distrito Federal ou de ministro de Estado”. A relutância inicial em entregar as imagens, e as justificativas pífias para que tão pouco material tenha sido colocado à disposição da CPMI mostram que Dino não tem a menor intenção de colaborar para jogar o máximo de luz sobre os eventos do 8 de janeiro – e não é sem motivo que juristas e membros da oposição já falem em crime de responsabilidade cometido pelo ministro.

Como o jus sperneandi é para todos, Dino pode até chamar de “amigos dos terroristas” os membros da CPMI que o criticam, ou dizer que eles querem “ocultar a responsabilidade dos criminosos”. Só não pode ignorar que foi ele mesmo, ao adotar essa postura desafiadora, quem criou o fosso no qual se meteu e cuja profundidade só aumenta à medida que as histórias mal contadas se acumulam.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O Artigo enviado por Eliel de Salles mostra que Flávio Dino não tem postura moral para exercer o cargo de ministro. Apenas isso. (C.N.)

Trabalhador precisa ter direito de recusar por e-mail o extorsivo imposto sindical

Lula quer imposto sindical obrigatório três vezes maior que o extinto em  2017 | Opinião

Charge do Jeff (Arquivo Google)

Duarte Bertolini

Fui atuante em todos os sindicatos quando era bancário. Cheguei a fundar um sindicato no interior. No entanto, a entidade tornou-se uma verdadeira prova da existência da máfia sindical. Dirigentes perpétuos, apenas trocando de cargo, nenhuma ação de proximidade ao trabalhador, dissídios iguais ou muito próximos dos índices mínimos obrigatórios, nenhuma preocupação com eventuais distorções na situação dos empregados etc., etc.

Por isso me desliguei e passei a não pagar ao sindicato, contrariando minhas convicções e ações anteriores.

PARAÍSO SINDICAL – Acredito, infelizmente, que este quadro deva se repetir na grande maioria dos sindicatos de fachada. Lembre-se de que o Brasil é o paraíso dos sindicatos inúteis, com mais de 16 mil entidades. Os Estados Unidos, segundo colocado no ranking, têm somente 191 sindicatos. E o terceiro é a África do Sul, com apenas 190 entidades.

Certamente, em locais onde o sindicato é atuante e realmente representa seus filiados, os trabalhadores se filiam consideram o desconto em folha uma consequência natural.

O Brasil, com mais sindicatos do que o resto do mundo, somados todos os demais 192 países da ONU, não é a meca do sindicalismo ético. Muito pelo contrário, aqui é a pátria dos exploradores do sindicalismo.

CONSTRANGIMENTO – Se os sindicatos fossem atuantes e defendessem os brasileiros, jamais passariam por este constrangimento de impor uma contribuição obrigatória no valor de 3,5 dias de trabalho.

O pior é que, mais uma vez, é o Brasil vendendo a ilusão de que o trabalhador poderia facilmente se opor à cobrança. Já trabalhei em empresa séria, mas que tinha acordos informais com o sindicato. A empresa se recusava a aceitar a declaração de não concordância, alegando que deveria ser feita diretamente no sindicato.

O sindicato era em outra cidade. A declaração obrigatoriamente precisava ter firma reconhecida em cartório. O sindicato só funcionava em horário comercial. Ao sair para ir ao sindicato, o trabalhador tinha as horas descontadas, e às vezes o dia inteiro. Ao chegar no sindicato, ninguém para atender.

DIREITO DE OPOSIÇÃO – Para receber o carimbo de recebido, só depois de falar com o presidente, que obviamente era muito ocupado. Sem contar o mau humor e o assédio moral muito próximo da coerção física.

Se isto é “direito de oposição”, como o Supremo alega, então tudo está bem, no melhor dos mundos. Mas só estará bem se for permitida a discordância simplificada, por e-mail, para proteger os direitos do trabalhador.

Uma coisa é ser protegido pelo sindicalismo ético, como ocorria no passado; outra coisa, muito diferente, é ser explorado por sindicalistas picaretas, como passou a ser a praxe no Brasil.