O sal da terra, na visão genial de Ronaldo Bastos e Beto Guedes

Ronaldo Bastos - Ronaldo Bastos adicionou uma nova foto.

Beto, Gal e Ronaldo, nos bons tempos

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, produtor musical e compositor Ronaldo Bastos Ribeiro nascido em Niterói (RJ), mostra no título da música “Sal da terra” uma passagem bíblica, quando Jesus diz aos homens “vós sois o sal da terra”, ou seja, aquilo que dá sentido, sabor ao mundo. Logo, a letra retrata um mundo que pede socorro, pois está sendo maltratado pela má administração do homem.

É um chamado para melhorar a Terra, “vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois”. O que precisamos fazer para mudar a situação, é conscientizar a população de que a natureza é a nossa casa, nossa mãe, se ela morrer, morreremos com ela.

“O Sal da Terra” é uma obra tão genial que poderia ser inserida na nossa Constituição, além de ser tocada e cantada pelo país inteiro em todas as épocas que virão a nossa frente, porque representa um “louvor ao nosso chão e teto naturais, a percorrer o espaço vazio”. A música “Sal da Terra” foi gravada por Beto Guedes no Lp Contos da Lua Vaga, em 1981, pela EMI-Odeon.

O SAL DA TERRA
Beto Guedes e Ronaldo Bastos

Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
Falo nesse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar…

Tempo!
Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante’
Nem por isso quero me ferir

Vamos precisar de todo mundo
Prá banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova
Vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver…

A paz na Terra, amor
O pé na terra
A paz na Terra, amor
O sal da Terra…

Terra!
És o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro
Tu que és a nave nossa irmã

Canta!
Leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com seus frutos
Tu que és do homem, a maçã…

Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Prá melhor juntar as nossas forças
É só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora
Para merecer quem vem depois…

Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
Deixa crescer, o amor
Deixa viver, o amor
O sal da terra

Marçal caiu de paraquedas nessa eleição, mas o que ele quer mesmo é o Planalto

O ex-coach Pablo Marçal disputa a eleição para a Prefeitura de São Paulo

Enriqueceu aplicando golpes e sonha com a Presidência

Eliane Cantanhêde
Estadão

Não se brinca com fogo, nem na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal, nem nas eleições para qualquer esfera de poder, mas a campanha de 2024 girou o tempo todo e continua girando até o fim em torno de um personagem como Pablo Marçal, como se não houvesse mais ninguém disputando em São Paulo e não tivesse eleição no Brasil inteiro. Isto é exatamente brincar com fogo.

Ninguém sabe exatamente como Marçal caiu de paraquedas na eleição para a principal capital do País. Aliás, nem como nem por que caiu, com quem e principalmente para o quê. Mas todo mundo já sabe que ele veio para tumultuar, confundir, provocar, mentir e… dar saltos ainda mais altos.

QUER O PLANALTO – Num vídeo que circula na internet, ele já fala nos seuS planos para quando chegar à Presidência da República e adivinhem qual o mais extravagante deles? Mudar a capital de Brasília para o Maranhão, para garantir o desenvolvimento do Nordeste. É ou não uma ousadia e tanto? Ou um delírio?

Bem, surpresa não é, já que Marçal entrou na vida adulta sendo condenado e preso, virou “coach” e chega aos 37 anos não apenas como candidato a prefeito justamente de São Paulo, mas com um patrimônio declarado de R$ 193,5 milhões — sim, R$ 193,5 milhões — em sociedade ou participação em doze empresas, terrenos, espaços comerciais e uma série de investimentos financeiros.

Nada contra pessoas empreendedoras e audaciosas que se tornam milionárias ou até bilionárias, mas tudo na vida e na história do candidato é um tanto duvidoso, como morar numa casa emprestada, avaliada em R$ 45 milhões, ser casado com uma mulher que prega “submissão” em cursos de até R$ 10 mil e defender, como no debate no UOL, que “mulher não vota em mulher, é inteligente”.

DIZEM AS PESQUISAS – Assim, a campanha em São Paulo atrai todos os holofotes, gera enorme preocupação e chega ao final incerta, num ritmo de montanha russa. Pablo Marçal disparou, falou-se até em vitória em primeiro turno. Depois recuou, falou-se que estava “derretendo”. Estabilizou por cima, embolado com Guilherme Boulos e Ricardo Nunes, concluiu-se que estava fora do segundo turno. Está?

Do início ao fim, portanto, Marçal centralizou os debates, jogou as discussões para o campo das agressões e Fake News, desorientou as campanhas dos adversários, deixou os institutos de pesquisa inseguros e virou o foco de toda a mídia, inclusive com a cadeirada que levou de Datena e do soco de seu assessor na cara do marqueteiro de Nunes.

Até domingo, a pergunta volta a ser: quem vai para o segundo turno contra Boulos, Nunes ou Marçal? Depois: quem vence, esquerda ou direita? E, no final, ganhe quem ganhar: que patologia social está produzindo essas aberracões políticas no mundo, no Brasil e em São Paulo?

Três argumentos burros para defender a censura, que a esquerda tanto apoia

Charge do Jeff (Arquivo Google)

André Marsiglia
Poder360

É bastante frustrante ver advogados, juízes, jornalistas, geralmente de esquerda, que chegaram a sofrer na pele a censura da ditadura militar, ignorarem, ou até comemorarem, hoje, a censura imposta a 22 milhões de usuários com a suspensão do X (ex-Twitter).

Isso mostra que, para boa parte da intelectualidade brasileira, a defesa de princípios constitucionais não interessa. Está em jogo apenas a defesa de seus próprios interesses. Pensando no leitor comum, muitas vezes guiado por falsos argumentos destas pessoas, comento 3 deles para os esclarecer:

“O X é uma bolha, a liberdade de expressão não precisa dele”

Se há censura só quando não há mais lugares disponíveis para se expressar, devo acreditar que não há problema em serem suspensas as atividades do Estadão, da Folha de S.Paulo ou do Poder360. Um absurdo. Além disso, também eram bolhas o Pasquim, o Congresso da UNE em Ibiúna (SP), a reunião da PUC em São Paulo, invadida pelo coronel Erasmo Dias, durante o regime militar.

“O X descumpriu a lei; defendê-la é uma questão de soberania”

Curiosamente, soberania foi também um conceito utilizado pela censura na ditadura militar. O receio de invasão externa comunista justificou o fechamento da democracia. Além disso, se descumprir nossas leis fosse razão para expulsar empresas do país, não haveria empresas no país, sejamos sinceros. E, de mais a mais, o ponto nem é esse, mas a reação desproporcional do STF ao alegado descumprimento. Redes sociais são empresas privadas dotadas de relevância pública, funcionam como praças que reúnem o debate e não podem ser caladas, fechadas ou silenciadas.

“Fechar o X é uma tragédia, mas Moraes não tinha escolha”

Havia, sim. Aliás, o próprio ministro Moraes encontrou uma alternativa ao bloquear contas da Starlink, empresa da qual Musk é sócio. Foi uma medida irregular, mas menos nociva à liberdade de expressão dos usuários, prejudicando apenas Musk. Se o ministro Moraes entende que as finanças de ambas as empresas podem se comunicar, os representantes de ambas as empresas também poderão ser os mesmos, não havendo razão para fechar o X por falta de representante legal no país.

O establishment intelectual brasileiro normaliza a censura porque acredita que a liberdade que importa é apenas a sua. O Brasil acabou. Acabaram com o Brasil…

Empate triplo desafia as eleições à Prefeitura de São Paulo

Indefinição é resultado do acirramento das últimas semanas

Pedro do Coutto

Enquanto no Rio de Janeiro, a vitória de Eduardo Paes no primeiro turno já parece ser um fato consumado, uma vez que a pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira mostra o atual prefeito em uma posição confortável na disputa, com 54% das intenções de voto, apesar de ter registrado uma queda de 5 pontos percentuais em comparação com a pesquisa anterior, em São Paulo um verdadeiro desafio se estabeleceu nesta reta final, com três candidatos brigando pelas duas vagas no segundo turno.

Na maior cidade do país, o prefeito Ricardo Nunes, de centro e com apoio tímido do ex-presidente Jair Bolsonaro, defende sua gestão, confrontando-se com o deputado federal Guilherme Boulos, do campo da esquerda e apoiado pelo presidente Lula da Silva — que pouco participou da campanha —, e pelo influenciador digital e empresário Pablo Marçal, o outsider de direita que bagunçou a campanha com a sua estratégia de desrespeitar qualquer regra de bom comportamento.

REDES SOCIAIS – Sem direito ao horário eleitoral obrigatório, Marçal fez a sua campanha praticamente pelas redes sociais, onde tem milhões de seguidores. Correndo por fora, está a deputada Tabata Amaral (PSB), que viu seu nome crescer nas pesquisas, mas não a ponto de ameaçar o trio favorito. A deputada, porém, é quem melhor aproveitou o espaço que os debates abriram para se fazer mais conhecida. Foi, também, a mais contundente nas críticas a Pablo Marçal, por ter visto boa possibilidade de roubar votos do influenciador.

Segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta quinta-feira, instaurou-se um cenário embolado no primeiro turno para a Prefeitura da cidade, com Guilherme Boulos registrando 26% dos votos, seguido por Ricardo Nunes, com 24%, e Pablo Marçal, também com 24%. Os três estão tecnicamente empatados dentro da margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

RECUO – Na comparação com a semana passada, Nunes recuou três pontos (tinha 27%). Boulos teve oscilação positiva (possuía 25% e variou um ponto para cima), e Marçal, que estava em terceiro lugar, com 21%, manteve a curva ascendente e teve variação positiva de três pontos, igualando-se ao índice do atual prefeito.

A parcela dos que não sabem é de 3% agora, mesmo patamar da pesquisa anterior. A opção pelo voto nulo ou branco é declarada por 6% dos eleitores. No segundo pelotão, Tabata Amaral confirmou o descolamento de José Luiz Datena. A deputada do PSB oscilou para cima e agora chega a 11% na estimulada (tinha 9%), enquanto o apresentador tem 4% (antes marcava 6%, em empate técnico com a deputada).

PRESSÃO – A parlamentar se insurgiu nos últimos dias contra as pressões por voto útil na esquerda, após manifesto de artistas e intelectuais defender o apoio a Boulos para evitar um segundo turno “trágico”, com dois bolsonaristas, Nunes e Marçal. Tabata apela às rejeições na tentativa de se mostrar ainda no jogo.

O cenário de indefinição até a reta final é resultado do acirramento das últimas semanas, com Nunes e Marçal disputando o eleitorado à direita e ligado a Bolsonaro, e Boulos em estabilidade, mas com dificuldade para avançar entre eleitores do presidente Lula, seu apoiador e incentivador da nacionalização da eleição paulistana.

Depois de esculhambar os pilotos e a FAB, Lula mandou comprar um novo avião

Avião presidencial de Lula fez 50 voltas no céu do México até pousar

Lula e Janja culparam a manutenção da Aeronáutica

Vicente Limongi Netto

Breve cruzando os céus do mundo, o novo AeroLula. Brinquedinho modesto, sem luxo, avaliado, por baixo, em centenas de milhões de reais. Pelo menos o cidadão vai saber onde a grana dele será usada. Áulicos palacianos sugerem uma vaquinha nacional para melhorar o conforto e a segurança do casal presidencial. 

O colunista Cláudio Humberto costuma revelar, sem desmentidos, o oceano de inacreditáveis gastanças do chefe da nação. Absurdos que alvitram a população. O atual aviãozinho poderia ser vendido e o dinheiro destinado para algum programa sério que ajude a melhorar a qualidade de vida dos brasileiros mais necessitados.

SEM EDUCAÇÃO – Sem educação e ignorante, Lula não entende o que significa um pássaro ser tragado pelo motor. Culpou a FAB esculhambou os pilotos e a manutenção que o AeroLula recebe.

Lula também poderia botar a mão na consciência (consciência? Deus perdoe a blasfêmia) e começar a diminuir gastos brutais nas viagens ao exterior. Usar hotéis mais baratos. Evitar comidas e bebidas mais em conta. Outra providência salutar é acabar com excessos de mordomias das inúteis e numerosas caravanas de vassalos.

GÊNIO –   Técnicos do Peru e do Chile, novos adversários do Brasil nas eliminatórias, seguramente encantados com a maestria do meia do Fluminense, Paulo Henrique Ganso. Ficarão perplexos e demorarão a acreditar que o cerebral meia não é convocado pelo medonho técnico brasileiro, Dorival Júnior.

Nenhum dos jogadores queridinhos de Dorival enfiam uma bola, entre três adversários, como Ganso enfiou, para o gol de Arias. Passe antológico, que honra o verdadeiro e bom futebol. Ganso simplifica, enxerga o jogo, descobre espaços para notáveis passes e lançamentos. Dita o rítmo do jogo. E dá broncas oportunas.

 Estamos perto do hexa, no futsal. Domingo, jogo final com a Argentina. Já o hexa da seleção de futebol parece cada vez mais distante.

O combate à corrupção é a promessa que o Supremo esqueceu de cumprir

Tribuna da Internet | STF criou a democracia do sadismo, e o horror se  tornou banal no Brasil

Charge do Bier (Arquivo Goggle)

Marcus André Melo
Folha

As decisões monocráticas de Dias Toffoli anulando provas inequívocas de corrupção envolvendo a OAS, e de Ricardo Lewandowski, ex-juiz do Supremo e agora ministro da Justiça, viabilizando nomeações na Petrobras, ao arrepio da Lei das Estatais, nos fazem lembrar a frase com que Faoro conclui “Os Donos do Poder”: “Nossa sociedade –’um esqueleto de ar’— está coberta pela ‘túnica rígida do passado inexaurível, pesado, sufocante’. E este passado é, em larga medida, o passado da impunidade e do estatismo intervencionista, ao qual está umbilicalmente interligado”.

A Nova República foi inaugurada sob a consigna do combate à impunidade: “A corrupção é o cupim da República. República suja pela corrupção impune toma nas mãos de demagogos que a pretexto de salvá-la a tiranizam. Não roubar, não deixar roubar, pôr na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública”. As palavras de Ulysses Guimarães, em seu discurso de promulgação da Constituição de 1988, atestam a centralidade que a questão assumira na agenda pública. E não podia ser diferente, pois a corrupção e a impunidade são faces da mesma moeda: abuso de poder. Na democracia ele não tem a visibilidade da violência e do arbítrio sob o autoritarismo; mais suave, é mais insidioso.

30 ANOS DEPOIS – A referência de Ulysses à demagogia prenuncia o papel que ela virá a desempenhar 30 anos depois, e, graças as redes sociais, com uma musculatura que, vale reconhecer, ninguém seria capaz de antecipar. A eliminação da corrupção é, assim, promessa não realizada da democracia.

Promessas não realizadas são o caldo de cultura de populismos, à esquerda e à direita. A rejeição do status quo —o cinismo cívico generalizado— leva à aposta em aventureiros. As decisões que estão sendo tomadas agora certamente semeiam crises à frente e afetam a reputação institucional do STF.

Em “Judicial Reputation: A Comparative Theory” (reputação judicial: uma teoria comparativa), Nuno Garoupa e Tim Ginsburg mostram que a reputação institucional do Judiciário é crucial porque, em democracias, “trata-se de um poder sem o controle da espada ou do orçamento” —na formulação famosa de Hamilton—, e o cumprimento de suas decisões assenta-se fundamentalmente em sua reputação. Quando o Judiciário, ou mais especificamente as cortes superiores, desfruta de reputação positiva, seus graus de liberdade aumentam.

TEORIA DOS JOGOS – Garoupa e Ginsburg utilizam teoria dos jogos (modelos principal-agente) para examinar a interação estratégica entre juízes, cortes superiores e seus públicos (audiences) externos e interno. Há um problema de ação coletiva envolvendo a reputação de juízes individuais e da instituição como um todo: os ministros que maximizam seus interesses individuais ignoram o dano institucional coletivo.

As decisões de Dias Toffoli e Lewandowski parecem terem sido tomadas com um público específico: o Poder Executivo e seu ocupante. O que nos leva de volta à Faoro.

E a “túnica centralizadora” que tudo atinge: “o sistema compatibiliza-se, ao imobilizar os partidos, as elites, aos grupos de pressão, com a tendência a oficializá-los… a camada dirigente atua em nome próprio servida dos instrumentos políticos derivados de sua posse do estamento estatal”.

Viagem a Nova York mostra que Lula já não consegue encantar as plateias

O presidente Lula e o presidente Biden em pronunciamento conjunto após bilateral durante a Assembleia Geral da ONU

Lula quer dar pitaco em tudo e acaba falando bobagens

Deu em O Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o possível na semana passada para se projetar como liderança global em Nova York. Discursou na abertura da Assembleia Geral da ONU, participou de reunião do G20, disparou críticas contra seus desafetos Benjamin Netanyahu e Volodymyr Zelensky, manteve encontros bilaterais com Pedro Sánchez, Cyril Ramaphosa e Gustavo Petro, defendeu reformas na governança global e foi conversar até com representantes de agências de risco, na tentativa de melhorar a nota do Brasil.

Não dá para negar seus esforços. Mas Lula está longe de alcançar os resultados que gostaria. A verdade é que, em seu terceiro mandato, ele é conhecido no exterior, mas não é mais o líder popular que já foi um dia.

PESQUISA REVELA – Um termômetro disso é uma pesquisa recente do Pew Research Center, com dados recolhidos entre janeiro e abril em cinco países da América Latina: Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru. Os resultados mostram que é baixa a confiança latino-americana em Lula fazer o que é certo em termos de política externa. Nem no próprio continente ele consegue atrair a simpatia da maioria.

Os que mais confiam em Lula são os argentinos (das respostas, 40% foram positivas e 49% negativas). Os mais críticos são os chilenos (62% de respostas negativas), seguidos de mexicanos (60%), peruanos (55%) e colombianos (53%).

As respostas são coerentes com a inclinação recente à direita na América do Sul, marcada pela ascensão do argentino Javier Milei à Casa Rosada. Em relação ao Brasil, em contraste, a percepção é positiva. Os argentinos têm a visão mais favorável do país (59% de respostas positivas), seguidos de peruanos (58%) e colombianos (55%) A pesquisa também foi feita nos Estados Unidos. Os americanos são mais reticentes com relação ao Brasil que os latino-americanos: 47% têm imagem favorável e 46% desfavorável.

MENOS PRESTÍGIO – Sobre as pretensões de liderança global brasileira, os americanos são céticos: a maioria dos entrevistados (64%) acha que a influência do país no mundo se manteve a mesma nos últimos anos, e 16% acham que ela enfraqueceu. O Brasil está mais fraco no cenário internacional para 33% dos chilenos, 20% dos argentinos, 25% dos colombianos e 23% dos peruanos.

É provável que haja nas respostas um reflexo dos quatro anos do governo Jair Bolsonaro, cuja política externa transformou o Brasil em “pária internacional”. Mas são evidentes também os efeitos das trapalhadas diplomáticas de Lula na reação às guerras na Ucrânia e no Oriente Médio. O sonho de ser um líder global, mais uma vez manifestado na ONU, leva Lula a se lançar em missões impossíveis diante da projeção do Brasil no mundo, com evidentes limitações na sua influência externa.

Tampouco na América Latina Lula tem obtido resultados dignos de nota. Sua deferência inexplicável à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela fez fracassar a tentativa de mediar uma saída para a crise desencadeada pela fraude nas eleições de julho. Até a Argentina de Milei, importante parceiro comercial do Brasil e segunda economia do Mercosul, ele tem procurado manter à distância, apesar da integração entre as duas economias. A passagem de Lula por Nova York deixou evidente aquilo que a pesquisa já mostrava: passou o tempo em que Barack Obama chamava Lula de “o cara” e ele despertava a simpatia de todos como liderança global.

Presidente não conseguirá mudar o fato de que o salário mínimo é inflacionário

Salário mínimo fica abaixo da inflação em 2022 - Sindicato dos Bancários de  Paranaguá

Charge do Ivan Cabral (Sorriso Pensante)

Samuel Pessôa
Folha

No dia 13, o presidente Lula inaugurou o Complexo de Energias Boaventura, na região metropolitana do Rio. O complexo é a versão reciclada da refinaria Comperj, um dos maiores elefantes brancos de nossa história. No evento de inauguração, o presidente criticou a afirmação do Banco Central em seus documentos de que a política de elevação do salário mínimo é inflacionária.

Afirmou que os elevados salários pagos a executivos e outros profissionais não são considerados inflacionários, que os dividendos que a Petrobras distribui não são considerados inflacionários, mas a política de valorização do salário mínimo é inflacionária para o mercado e para o Banco Central.

CAUSA E EFEITO – A diferença é que os salários dos executivos e os dividendos da Petrobras são rendas produzidas pelo funcionamento do mercado. O valor do mínimo é fruto de uma legislação aprovada no Congresso Nacional e não guarda proporcionalidade com a evolução da produtividade do trabalhador de baixa qualificação.

A mesma diferença ocorre com os juros da dívida pública e o gasto primário. Os juros da dívida pública são fruto de contrato feito em condições de mercado entre os poupadores que financiam o Estado brasileiro. As linhas do gasto primário são decididas pelo Congresso Nacional.

Há por parte de Lula um questionamento e desconforto com a operação de uma economia de mercado. É natural que assim seja. A operação da economia de mercado produz por aqui uma das maiores desigualdades de renda que se conhece. Uma forma de alterar a desigualdade, a longo prazo, é por meio da escolarização de qualidade da população.

ESCOLARIZAÇÃO – Apesar de certo ceticismo com a educação, trabalho recente muito cuidadoso, e ainda não publicado, de Amory Gethin documenta que a escolarização da população explica 50% de todo o crescimento na economia mundial entre 1980 e 2022, e 70% do crescimento da renda do quinto mais pobre da população mundial.

Em prazos médios, é possível melhorar a distribuição de renda alterando as instituições, como a legislação sindical, trabalhista e tributária, entre outras. No Brasil, parece que a reforma dos impostos de renda com vistas a elevar a progressividade será o próximo passo do ministro Haddad.

Um passo importante será alterar o gasto tributário que favorece os mais ricos, como dedução integral dos gastos com saúde do IRPF e isenção de contribuir com o IRPJ de pessoas ricas com doenças previstas em lei.

SALÁRIO MÍNIMO – A curto prazo, o principal instrumento de redução da desigualdade que Lula tem é a regra de valorização do salário mínimo. Este aumenta mecanicamente a renda dos trabalhadores desqualificados. Adicionalmente, como os benefícios dos programas sociais estão vinculados ao mínimo, sua elevação aumenta o salário de reserva do trabalhador desqualificado.

No entanto, a limitação de recursos é fato. A elevação do salário mínimo pressiona a demanda e, quando a economia se aproxima do pleno emprego, é inflacionária.

Esse fato da vida Lula não conseguirá alterar. Teremos mais juros à frente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um artigo teórico e impiedoso, que tenta justificar o que é injustificável – a desigualdade salarial existente no país, ou seja, a diferença entre o maior e o menor salário, que é recorde mundial. O economista esquece que, cada vez que os salários aumentam para todos num mesmo percentual, isso significa que a desigualdade segue crescendo indefinidamente. Lula está certo em defender a política de aumento do salário mínimo e da possibilidade de melhorar minimamente o consumo da população de baixa renda. Seria um governante desumano se não o fizesse. (C.N.)

A habitual briga de alas na esquerda agora também está dividindo a direita

Bolsonaro passa mal e é levado a hospital em São Paulo; ele mantém agenda  na Paulista | Jovem Pan

Jair Bolsonaro só consegue liderar parte da esquerda

Dora Kramer
Folha

Brigas internas e divisões entre partidos sempre foram características da esquerda. Isso deu origem ao termo “esquerdas”, falado como se houvesse mais de um lado esquerdo a se contrapor ao flanco direito. Pois agora já se pode atualizar a imprecisão e permitir referência a “direitas”. Junto à perda de inibição dessa banda em dizer seu nome em voz alta, surge nesse espectro ideológico o elemento da divisão.

Hoje não é mais possível juntar todos sob a denominação de “bolsonaristas”. Jair Bolsonaro (PL) tirou esse pessoal do armário, mas nem por isso ficou dono de toda a mobília da casa.

HÁ DIFERENÇAS – As “esquerdas” se abrigam sob a marquise de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas as “direitas” não se mostram confortáveis todas só ao abrigo do guarda-chuva do ex-presidente, hoje um inelegível à procura de anistia.

Na contestação à liderança de Bolsonaro temos, ao contrário do que ocorre com a esquerda em sua submissão ao petista, brigas de gente grande por esse eleitorado.

Na esfera caricata, Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito de São Paulo. Fora do contexto circense, uma penca de governadores se apresenta como possibilidades à disputa em 2026. Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e outros três ou quatro menos considerados/votados.

BRIGAS MUNICIPAIS – Nas brigas dessa eleição de domingo, certo de que o PT não é páreo muito perigoso na corrida pela conquista de prefeituras, o PL deixa Lula de lado e se volta contra o PSD de Gilberto Kassab, homem forte de Tarcísio.

São, por enquanto, quatro os embates entre eles. Além da corrida por prefeituras há as divergências em torno da presidência da Câmara dos Deputados, das propostas de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes e da ofensiva por anistia aos condenados do 8 de janeiro.

Nos palanques, principalmente digitais, Caiado vira “covarde”, Tarcísio de Freitas um inadmissível moderado e o inelegível Bolsonaro um rendido ao “sistema”. A sorte das “direitas” é que as “esquerdas” vivem de um passado que já passou.

Decisões de Toffoli incentivam que haja leniência diante da corrupção

Dias Toffoli anula todos os atos da Lava Jato contra Marcelo Odebrecht –  Justiça – CartaCapital

O estilo Toffoli de fazer justiça deixa muito a desejar

Deu em O Globo

Faz um ano que o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), vem anulando decisões da Operação Lava-Jato e de outras operações de vulto contra a corrupção em decisões individuais, com a anuência da maioria da Segunda Turma da Corte. A última, anunciada na semana passada, beneficiou Leo Pinheiro, ex-presidente da construtora OAS. Réu confesso, Pinheiro relatou propinas na Petrobras e as reformas no apartamento do Guarujá e no sítio de Atibaia que levaram aos processos, depois anulados, contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Toffoli acatou a versão da defesa, segundo a qual Pinheiro, condenado a mais de 30 anos de prisão, foi vítima de “ilegalidades processuais”. Sozinho, cancelou todas as ações contra ele.

OPERAÇÃO DESMONTE – Tem sido esse o procedimento-padrão no desmonte da maior operação contra corrupção da História do Brasil. Nada de debate no plenário, nenhuma possibilidade de a população ouvir opiniões divergentes. É difícil pensar que isso contribua de algum modo para a confiança dos brasileiros no Judiciário.

Em setembro do ano passado, Toffoli invalidou as provas do acordo de leniência firmado pela Odebrecht (hoje Novonor). Tornou nulos todos os dados obtidos pelos sistemas de informação do “departamento de propinas” da empreiteira. Cinco meses depois, suspendeu o pagamento das multas. Em maio, anulou as decisões da Lava-Jato contra o também réu confesso Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira.

Ele baseou seu despacho nas mensagens trocadas pelo então juiz Sergio Moro e integrantes do Ministério Público. Obtidas de forma ilegal, elas mostraram cooperação entre os responsáveis pela acusação e o juiz.

UMA AVALANCHE – A partir da decisão que beneficiou a Odebrecht, sabia-se que haveria uma avalanche de pedidos de condenados. De acordo com a advogada de defesa de Pinheiro, Maria Francisca dos Santos Accioly, “todas as barbáries e ilegalidades processuais sofridas por Marcelo Odebrecht vitimizaram igualmente Leo Pinheiro”.

Ao concordar com essa tese, Toffoli voltou a mencionar as conversas obtidas ilegalmente. “Diante do conteúdo dos frequentes diálogos entre magistrado e procurador especificamente sobre o requerente, fica clara a mistura da função de acusação com a de julgar, corroendo-se as bases do processo penal democrático”, disse o ministro.

Na semana passada, a defesa do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró protocolou pedido a Toffoli para também ser beneficiado. A lista é grande.

REPERCUSSÃO – Como era de esperar, as decisões tomadas no STF têm repercutido nas instâncias inferiores. Em agosto, o juiz Guilherme Roman Borges, da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, arquivou uma ação penal por organização criminosa, lavagem de dinheiro e evasão de divisas envolvendo executivos da Braskem.

No início de setembro, mandou a União devolver R$ 25 milhões pagos em multa por Jorge Luiz Brusa, que fechara acordo com o Ministério Público. A lista de recuos da Justiça também é grande — e só faz crescer.

Não resta dúvida de que a Lava-Jato cometeu excessos. Mas as decisões de Toffoli livrando de punição réus confessos transmite a mensagem contrária à necessária num país com o histórico de impunidade do Brasil. Pela importância, elas mereceriam um debate mais aprofundado no plenário da Corte, capaz de avaliar se, por mais que haja justificativas processuais, a anulação de todos os casos e provas é a melhor forma de combater a corrupção.

Eleições mostra que Lula e Bolsonaro são menos influentes do que pensam

Bolsonaro e Lula se enfrentam em último debate nesta sexta-feira | CNN  Brasil

Como tudo na vida, Lula e Bolsonaro vão passar…

William Waack
Estadão

O primeiro turno da eleição municipal paulistana traz um problema para Lula e Bolsonaro, os donos das duas grandes bolhas. Eles parecem menos influentes do que se supunha. O cenário mais provável de um segundo turno continua sendo o da polarização “normal” da política brasileira (é considerada pequena a probabilidade de que o candidato da esquerda não chegue lá). Ainda assim permanecerá a sensação de desgaste das duas figuras.

A decadência de Lula é mais evidente até mesmo na sua disposição física de encarar campanhas eleitorais domésticas, diante de um mundo lá fora a ser salvo por ele. A questão central para o petista, porém, é o notável enfado que causam suas ideias antigas e seu apego a um passado que existiu sobretudo na sua própria cabeça.

E BOLSONARO? – Bem, o desgaste de Bolsonaro é produzido não só pela perspectiva de longas batalhas jurídicas morro acima sem chances de se tornar elegível (talvez escape da cadeia). Ele deixou de ser uma “novidade” na vitrine das surpresas políticas e sua notória dificuldade de se concentrar em eixos claros de atuação política diminuíram consideravelmente sua capacidade de ungir candidatos.

É bastante óbvio que políticos disputando eleições ainda têm de se referir de uma forma ou outra aos donos das grandes bolhas. Mas é muito mais pelo “constrangimento” que tanto Lula quanto Bolsonaro ainda têm capacidade de criar.

Reza a doutrina que “toda política é local”, o que parece ter menos validade quando é imenso o número de eleitores (como São Paulo) e são muito complexos os fatores econômicos e sociais, que refletem e influenciam condições “nacionais”. Nesse sentido, as eleições municipais paulistanas são preocupantes para Lula e Bolsonaro.

GRAU DE DISSOLUÇÃO – Elas sugerem algum grau de dissolução da calcificação das bolhas descritas por analistas e acadêmicos, e calçadas em convincente material empírico. O mais explícito foi o racha na bolha da “direita”, onde ficou claro que Bolsonaro não foi capaz de consagrar um sucessor inconteste. Mas também na esquerda, com o candidato em São Paulo se esforçando para atingir um eleitorado além do tradicional reduto petista, Lula tem se mostrado incapaz.

Há alguns padrões “novos” incorporados na luta política que nem Lula ou Bolsonaro estão sendo capazes de “conduzir”. Em parte são valores como empreendedorismo ou religião, que as estratégias políticas de esquerda têm dificuldades de entender e atingir.

Em parte são uma busca por sentido e direção, no campo de centro direita, que não se enxerga no bolsonarismo ou mesmo o repele abertamente. É muito difícil prever como esses padrões impactarão as eleições de 2026, mas o que acontece em São Paulo indica que serão diferentes do que se pensava ainda no ano passado.

Solução de dois Estados pode consolidar golpe de Israel contra Hamas e Hezbollah

Um homem em um terno escuro, com uma gravata azul, está em pé em um palco, segurando dois cartazes. O cartaz à esquerda tem o título 'THE CURSE' e mostra um mapa, enquanto o cartaz à direita tem o título 'THE BLESSING' e também apresenta um mapa com uma linha vermelha. Ao fundo, outras pessoas estão visíveis, mas não são claramente identificáveis

Netanyahu exibe os mapas da “Maldição” e da “Benção”

Thomas L. Friedman
Folha (NYTimes)

Para entender por que e como o golpe devastador de Israel no Hezbollah é uma ameaça tão devastadora para o mundo do Irã, Rússia, Coreia do Norte e até mesmo China, você tem que colocá-lo no contexto da luta mais ampla que substituiu a Guerra Fria como a estrutura das relações internacionais hoje.

Após a invasão de Israel pelo Hamas em 7 de outubro, argumentei que não estávamos mais na Guerra Fria, ou no pós-Guerra Fria. Estávamos no pós-pós-Guerra Fria: uma luta entre uma “coalizão de inclusão” —países decentes, nem todos democracias, que veem seu melhor futuro entregue por uma aliança liderada pelos EUA, empurrando o mundo para uma maior integração econômica, abertura e colaboração para enfrentar os desafios globais, como as mudanças climáticas— versus uma “coalizão de resistência”, liderada pela Rússia, Irã e Coreia do Norte: regimes brutais e autoritários que usam sua oposição ao mundo de inclusão liderado pelos EUA para justificar a militarização de suas sociedades e manter um controle de ferro sobre o poder.

A China tem se mantido em dois campos porque sua economia depende do acesso à coalizão de inclusão, enquanto a liderança do regime compartilha muitos dos instintos e interesses autoritários da coalizão de resistência.

LUTA GLOBAL – Você tem que ver as guerras na Ucrânia, na Faixa de Gaza e no Líbano no contexto dessa luta global. A Ucrânia estava tentando se juntar ao mundo da inclusão na Europa —buscando ter liberdade da órbita da Rússia e se juntando à União Europeia— e Israel e a Arábia Saudita estavam tentando expandir o mundo da inclusão no Oriente Médio normalizando as relações.

A Rússia tentou impedir a Ucrânia de se juntar ao Ocidente (UE e Otan) e o Irã, o Hamas e o Hezbollah tentaram impedir Israel de se juntar ao Oriente (laços com a Arábia Saudita). Porque se a Ucrânia se juntasse à UE, a visão inclusiva de uma Europa “inteira e livre” estaria quase completa e a cleptocracia de Vladimir Putin na Rússia quase completamente isolada.

E se Israel tivesse permissão para normalizar as relações com a Arábia Saudita, isso não só expandiria enormemente a coalizão de inclusão naquela região —uma coalizão já expandida pelos Acordos de Abraão que criaram laços entre Israel e outras nações árabes— como isolaria quase totalmente o Irã e seus representantes imprudentes do Hezbollah no Líbano, os houthis no Iêmen e as milícias xiitas pró-iranianas no Iraque, todos os quais estavam levando seus países a Estados falidos.

BASE IRANIANA – De fato, é difícil exagerar o quanto o Hezbollah e seu líder, Hassan Nasrallah, que foi morto por um ataque israelense na sexta-feira (27), eram detestados no Líbano e em muitas partes do mundo árabe sunita e cristão pela maneira como sequestraram o Líbano e o transformaram em uma base para o imperialismo iraniano.

Eu estava falando no fim de semana com Orit Perlov, que rastreia a mídia social árabe para o Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel. Ela descreveu a enxurrada de postagens nas redes sociais de todo o Líbano e do mundo árabe celebrando a queda do Hezbollah, pedindo ao governo libanês que declarasse um cessar-fogo unilateral para que o Exército libanês pudesse tomar o controle do sul do Líbano do Hezbollah e, então, trazer tranquilidade à fronteira.

Os libaneses não querem que Beirute seja destruída como Gaza e estão realmente com medo de um retorno da guerra civil, Perlov me explicou. Nasrallah já havia arrastado os libaneses para uma guerra com Israel que eles nunca quiseram, mas o Irã ordenou.

REDE DE ALIANÇAS – A administração Biden-Kamala vem construindo uma rede de alianças para dar peso estratégico à coalizão de inclusão —do Japão, Coreia do Sul, Filipinas e Austrália no Extremo Oriente, passando pela Índia e Arábia Saudita, Egito, Jordânia e então pela UE e Otan.

A pedra fundamental de todo o projeto foi a proposta da equipe do presidente Joe Biden de normalizar as relações entre Israel e Arábia Saudita, o que os sauditas estão prontos para fazer, desde que Israel concorde em abrir negociações com a Autoridade Palestina na Cisjordânia sobre uma solução de dois Estados. E aqui vem o problema.

Preste muita atenção ao discurso do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, perante a Assembleia-Geral da ONU na sexta-feira. Ele entende muito bem a luta entre as coalizões de resistência e de inclusão das quais estou falando. Na verdade, isso foi central para seu discurso nas Nações Unidas.

DOIS MAPAS – Como assim? Netanyahu levantou dois mapas durante seu discurso, um era intitulado “A Bênção” e o outro “A Maldição”. “A Maldição” mostrava a Síria, o Iraque e o Irã em preto como uma coalizão de bloqueio entre o Oriente Médio e a Europa. O segundo mapa, “A Bênção”, mostrava o Oriente Médio com Israel, Arábia Saudita, Egito e Sudão em verde e uma seta vermelha de duas vias cruzando-os, como uma ponte conectando o mundo da inclusão na Ásia com o mundo da inclusão na Europa.

Mas se você olhar atentamente para o mapa da “Maldição” de Netanyahu, ele mostra Israel, mas sem fronteiras com Gaza e a Cisjordânia ocupada (como se ela já tivesse sido anexada —o objetivo desse governo israelense).

E esse é o problema. A história que Netanyahu quer contar ao mundo é que o Irã e seus representantes são o principal obstáculo ao mundo da inclusão que se estende da Europa, passando pelo Oriente Médio até a Ásia-Pacífico. Discordo. A pedra fundamental de toda essa aliança é uma normalização saudita-israelense baseada na reconciliação entre Israel e os palestinos moderados.

GOLPE DIPLOMÁTICO – Se Israel agora avançar e iniciar um diálogo sobre dois Estados para dois povos com uma Autoridade Palestina reformada, que já aceitou o tratado de paz de Oslo, esse seria o golpe diplomático que acompanharia e solidificaria o golpe militar que Israel acabou de dar contra o Hezbollah e o Hamas. Isso isolaria totalmente as forças de resistência na região. Nada abalaria mais o Irã, o Hamas, o Hezbollah e a Rússia —e até mesmo a China.

Mas para fazer isso, Netanyahu teria de assumir um risco político ainda maior do que o risco militar que ele acabou de assumir ao matar a liderança do Hezbollah, também conhecido como “Partido de Deus”.

Netanyahu teria que romper com o “Partido de Deus” israelense —a coalizão de supremacistas e messianistas de extrema direita que querem que Israel controle permanentemente todo o território do Rio Jordão ao Mediterrâneo, sem linhas de fronteira entre eles, assim como no mapa da ONU de Netanyahu.

PARTIDOS DE DEUS – Esses partidos mantêm Netanyahu no poder, então ele precisaria substituí-los por partidos centristas israelenses, que eu sei que colaborariam com ele em tal movimento.

Então aí está o grande desafio do dia: a luta entre o mundo da inclusão e o mundo da resistência se resume a muitas coisas, mas nenhuma mais —hoje— do que a disposição de Netanyahu de dar continuidade ao seu golpe no “Partido de Deus” no Líbano, desferindo um golpe político semelhante no “Partido de Deus” em Israel.

Crime organizado, caixa 2 e porrada são os grandes marcos desta eleição

Datena x Marçal: Quais as implicações jurídicas da cadeirada?

Cadeirada de Datena em Marçal exibe a nova política

Bruno Boghossian
Folha

Aconteceu em Alagoas. Uma semana antes do primeiro turno, um juiz eleitoral mandou suspender a campanha no município de Taquarana. Ele relatou “agressividade exagerada”, “denúncias de perseguições” e “uso de arma de fogo” na disputa. Proibiu carreatas, passeatas e comícios. Pediu o reforço de tropas federais e determinou: ninguém poderá comemorar o resultado da votação em locais públicos.

Nos gabinetes da Justiça Eleitoral, muita gente acreditou que a inteligência artificial seria o maior desafio desta campanha. Mas uma boa parte da política do país está mais próxima de tempos medievais do que de qualquer revolução tecnológica.

CRIME & POLÍTICA – As disputas deste ano provaram a presença escancarada do crime organizado na política dos municípios. A corrupção e o dinheiro vivo viraram parte da paisagem. O jogo baixo e a porradaria se tornaram armas comuns na campanha. Em Taquarana, aliados de um candidato desfilaram com a foto do rival pregada num caixão, de acordo com o UOL. Do outro lado, um militante avisou aos adversários que era hora de “apanhar e ficar calado”.

O tráfico, as milícias e o garimpo ilegal abraçam a atividade política como parte dos negócios. Lançam candidatos próprios e patrocinam outros nomes para controlar contratos, aprovar leis de seu interesse e acumular poder. As ferramentas das quadrilhas são conhecidas: assassinatos, ameaças, bloqueio de territórios e coação de eleitores.

DINHEIRO VOANDO – Bolos de dinheiro viajam em porta-malas para abastecer o caixa dois das campanhas ou simplesmente para comprar votos. Às vezes, a grana voa pelos ares. Em Coari (AM) um candidato foi detido depois de fazer uma chuva de dinheiro em praça pública. A lei e as restrições ao financiamento de campanhas não assustam tanta gente. Prisões são tratadas como efeitos colaterais.

A corrida pelo comando da maior cidade do país ficou marcada por uma cadeirada e um soco na cara. Seriam só asteriscos pitorescos se o eleitor pudesse ter a certeza de que o próximo prefeito terá um programa para resolver o transporte público cruel, o ar irrespirável, a degradação apavorante de bairros inteiros e outras tragédias urbanas.

Três assuntos: “Kids pretos”; genocídio no Oriente; e a volta da rede social X

Tribuna da Internet | Celular de general pode identificar “kids pretos”  infiltrados que lideraram o vandalismo

Os “kids pretos” se infiltraram e comandaram a invasão

José Perez

O Comando de Operações Especiais do Exército (COPESP), quartel dos “kids pretos”, era no Rio de Janeiro e foi transferido para Goiânia porque o tráfico de drogas estava recrutando os ex-alunos deste curso de comandos. Armas, drogas, jogos, pornografia e agiotagem legalizada (instituições financeiras) dominam o mundo, pois produzem lucros estratosféricos e compram qualquer pessoa ou instituição.

No 8 de janeiro, os “kids pretos” sequer se hospedaram em hotéis na sua grande maioria. Apenas os que vieram antes, para colher informações de inteligência. Chegaram de Goiânia, incentivaram e comandaram o quebra-quebra e foram embora. Nenhum deles foi preso em flagrante. Vieram de carro em grupo de 4 militares em cada “viatura”.

Os PMs que fazem lobby no congresso por salários (todos Bolsonaristas) contaram essa história com detalhes no cafezinho da Câmara, sem nenhum constrangimento. Abertamente. Também houve depoimentos de PMs na Polícia Federal sobre os “kid pretos”. Ainda não investigaram a participação deles no 8 de Janeiro porque não há interesse.

O MÁXIMO  –  O ministro Alexandre de Moraes estava se achando o máximo e pensava ter dado uma lição no empresário Elon Musk, que caminha para se tornar o primeiro trilionário do mundo.

Para alguns, aqui em Pindorama, pode até parecer que foi isso mesmo, que Musk levou a pior. Mas na verdade Moraes está fazendo papel ridículo perante o mundo, ao impor censura a milhões de usuários do X em um país dito democrático. Por isso, já entrou na mira do Capitólio e da Casa Branca.

Quando o X voltar ao ar, este que agora aqui escreve provavelmente será preso. Vou postar no X o que deve ser dito, sem ofensas pessoais, dó ou piedade! Vou colocar o dedo na ferida (cancro) do Supremo Tribunal Federal.

ELOGIO A LULA – Verdade seja dita. Não tenho a menor admiração a Lula, muito pelo contrário. Mas é preciso reconhecer que ele é um dos poucos políticos que está metendo o malho nesse massacre absurdo. O mundo quase todo está dando sinal verde para o massacre dos palestinos.

Imaginem se houvesse terroristas na Rocinha (RJ) ou em Heliópolis (SP) e o governo bombardeassem toda a comunidade para matar um ou dois líderes. Não tem cabimento! É como se matar árabe não tivesse nenhum problema, ou como se todos lá fossem terroristas e merecessem morrer.

Obviamente, condenamos qualquer tipo de ato terrorista ou violência de toda espécie. Que capturem esses terroristas, julguem, condenem e prendam. Destruir cidades inteiras e matar civis não pode acontecer em hipótese alguma. Estão praticando vingança desenfreada. Matam qualquer um – idosos, mulheres e crianças. É uma situação inaceitável.

Troca de hostilidades e bombas entre Israel e o Irã impactam milhares de civis

Confrontos ignoram qualquer tipo de regra ou respeito à vida

Pedro do Coutto

Agrava-se a crise no Oriente Médio com a troca de hostilidades e bombas entre Israel e o Irã. A população civil sofre o impacto de uma situação verdadeiramente catastrófica no Líbano, com cerca de um milhão de pessoas impactadas. O ritmo de deslocamento da população excedeu os piores cenários desde 23 de setembro. Israel aumentou drasticamente os bombardeios, matando mais de 500 pessoas em um único dia, segundo o governo libanês. O nível de trauma e de medo na população é extremo.

Israel defende que sua ofensiva contra o Hezbollah — grupo fortemente armado e apoiado pelo Irã — tem como objetivo garantir o retorno para casa de israelenses retirados de regiões próximas à fronteira libanesa, em consequência de praticamente um ano de ataques do Hezbollah contra o norte de Israel. O governo libanês diz que cerca de 1,2 milhão de pessoas tiveram de deixar suas casas por causa dos ataques israelenses. Algumas morreram em ataques israelenses após deixarem seus lares.

Procuradoria pede que Daniel Silveira passe ao semiaberto, mas Moraes reluta

Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que as contas bancárias do X sejam desbloqueadas

Agora, Moraes só falta pedir um laudo do Vaticano…

Deu no UOL

A Procuradoria-Geral da República (PGR) argumentou a favor da progressão de pena do ex-deputado federal Daniel Silveira para o regime semiaberto nesta quarta-feira, 2. A decisão final sobre a recomendação está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Silveira está preso desde fevereiro de 2023, um dia após o término de seu mandato. Ele foi condenado, em abril de 2022, a oito anos e nove meses de prisão por ameaça e incitação à violência contra ministros do STF.

O agora ex-parlamentar chegou a receber o indulto presidencial de Jair Bolsonaro (PL) um dia após ser condenado, mas a Suprema Corte anulou a medida no ano passado.

LAUDOS FAVORÁVEIS – A posição da Procuradoria foi manifestada após a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio de Janeiro, onde Silveira está preso, apresentar laudos que autorizam a progressão de regime.

“Cumpridas as diligências e confirmado o atendimento aos requisitos de caráter subjetivo, impõe-se a concessão do benefício”, avaliou o vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand Filho.

Uma comissão instituída pela secretaria se posicionou favoravelmente ao pedido da defesa do ex-deputado após analisar laudos de profissionais de psicologia, psiquiatria e serviço social.

RECONHECIMENTO – Respondendo a questionamentos apresentados por Moraes, o laudo psicológico afirma que Silveira “reconhece que tenha adotado uma postura ofensiva e que não deveria insuflar terceiros através do próprio discurso sendo uma figura pública”.

O documento também afirma que o ex-parlamentar não teve “manifestações de agressividade” e que “parece não haver relatos desse tipo de comportamento no ambiente do cárcere”. Na mesma avaliação, Silveira informou que já tem uma proposta para trabalhar em uma academia e para estagiar em um escritório de advocacia.

Em abril, o STF negou dois pedidos de progressão de pena feitos pela defesa do do ex-deputado bolsonarista. Em um deles, Silveira foi multado por litigância de má-fé em razão de repetidos pedidos de habeas corpus.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É bom repetir: “Impõe-se a concessão do benefício”, avaliou o vice-procurador-geral da República, Hindemburgo Chateaubriand Filho. Em tradução simultânea, Silveira está preso ilegalmente há vários meses. No entanto, o ministro Moraes insiste em mantê-lo na prisão e fica tentando inventar uma falsa justificativa. Moraes não serve para ser juiz, porque tem alma de verdugo. É lamentável. (C.N.)

“Eu desisto, não existe essa manhã que eu perseguia”, cantava Taiguara

Taiguara: a voz mais censurada pela ditadura, por Carlos Motta -

Taiguara foi o cantor mais censurado…

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor Taiguara Chalar da Silva (1945-1996) nascido no Uruguai durante uma temporada de espetáculos de seu pai, o bandoneonista e maestro Ubirajara Silva, foi um dos melhores compositores da MPB e considerado um dos símbolos da resistência à censura durante a ditadura militar, tanto que teve, aproximadamente, 100 músicas vetadas, razão que o levou a se auto-exilar na Inglaterra em meados de 1973.

A letra da música “Universo No Teu Corpo” foi feita para o Brasil, no período em que ele esteve exilado, em que “gente amarga, mergulhada no passado ” significa os governantes da época, ou seja, a ditadura militar que imperava em nosso país e que “triste mundo antigo” significa a Europa (velho mundo) onde ele estava refugiado.

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UNIVERSO NO TEU CORPO
Taiguara

Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si

Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi

Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor
E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor

Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Vem…

Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção

Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo

São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
São teu corpo amante amigo em minhas mãos

Imagens dos “kid pretos” no 8 de Janeiro mostram como a democracia apodreceu

PGR aciona STF contra lei que instituiu o 8 de janeiro como | Política

Os “kids pretos” se infiltraram e lideraram o vandalismo

Carlos Newton

Como se dizia nos anúncios fúnebres de antigamente, cumprimos hoje o doloroso dever de comunicar a morte da verdade, que é a primeira vítima das guerras e também das ditaduras. Aqui na Tribuna da Internet, muitos articulistas e comentaristas têm manifestado a opinião de que ainda estamos em regime de democracia plena, porque, se estivéssemos numa ditadura, esse espaço livre na internet jamais existiria.

É preciso concordar com esse raciocínio, mas podemos e devemos ressalvar que o limite entre uma ditadura e uma democracia pode ser muito tênue. Acredito que estejamos costeando o alambrado, como dizia Leonel Brizola, porque já existem determinadas evidências concretas de uma derrocada do regime democrático.

UM BOM EXEMPLO – Desde o 8 de Janeiro, temos defendido aqui na Tribuna a tese de que o vandalismo em Brasília foi incentivado por um grupo de baderneiros profissionais, digamos assim, que estavam armados de porretes e barras de ferro, conseguiram se infiltrar na multidão e lideraram concretamente a invasão dos palácios.

Depois, divulgamos outra informação importante, dando conta de que, às vésperas da invasão da Praça dos Três Poderes, chegou a Brasilia um grupo de militares das tropas de elite, apelidados de “kid pretos”, que se hospedaram em hotéis da capital e se infiltraram para liderar a baderna.

Pesquisamos as fotos do tumulto e realmente encontramos esses “kids pretos” em ação no 8 de Janeiro, usando inclusive máscaras contra gás lacrimogêneo, e publicamos diversos artigos cobrando que o Supremo e a Polícia Federal investigassem essas gravíssimas denúncias.

NINGUÉM OUVIU – Infelizmente, nada aconteceu, os investigadores da PF e da força-tarefa do ministro Alexandre de Moraes simplesmente desconheceram o assunto, não requisitaram as listas de hospedagem nos hotéis nem as relações de passageiros das companhias aéreas nos três dias que antecederam a invasão.

Mais de um ano depois de termos feito essas graves denúncias, o comentarista José Guilherme Schossland, sempre atento ao lance, nos envia uma coletânea de filmagens feitas por celular que mostram os “kids pretos” liderando a invasão e o vandalismo, enfrentando os PMs e tudo o mais.

Uma imagem vale mais do que mil palavras, dizia o pensador chinês Confúcio, dois mil e trezentos anos antes de o francês Joseph Nicéphore Niépce ter inventado a fotografia. E a coletânea enviada por Schossland traz até o rosto de um dos infiltrados e uma imagem de outro “kid preto” com máscara contra gases e fone de ouvido para receber instruções.

UMA COMÉDIA – Isso significa que a apuração da Polícia Federal e do Supremo é apenas uma comédia, uma farsa mal ensaiada.

O ministro Moraes também não quer apurar nada e prefere curtir seu sadismo condenando aqueles pés de chinelo a 17 anos de cadeia, e sendo carimbados como “terroristas”, algo que nem sabem o que significa, quando o único crime que cometeram foi acreditar em políticos falsos e oportunistas, que pensavam mais em seus interesses do que nos verdadeiros interesses do país.

Os “kids pretos” estão escapando impunes, e isso explica muita coisa.

(Clique no endereço abaixo para comprovar a ação dos “kids pretos”, que estão sendo chamados no vídeo de “Esquerda”, mas de esquerdistas eles não têm nada)

https://www.facebook.com/share/p/55t7nkWYP6t66Kpv/?mibextid=qi2Omg

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P.S. –
Foi por isso que o então ministro da Justiça, Flávio Dino, apressou-se em sumir com as gravações das câmaras situadas no seu ministério, em frente ao Congresso e ao lado do Planalto, onde os “kid pretos” agiram. Como no dia 8 as Forças Armadas já respondiam a Lula, os “kid pretos” tinham de ser investigados e presos, mas não há interesse. Foi por isso, também, que o poético general Gonçalves Dias nem foi investigado, embora tivesse sido filmado percorrendo o palácio e fazendo relato por celular, depois confraternizando com os invasores e até mandando servir água mineral a eles. O fato é que o país apodreceu e a Justiça mergulhou fundo no lamaçal. Ainda não estamos numa ditadura, mas é como se já estivéssemos. (C.N.)

Entenda o maior desafio que Filipe Luis tem pela frente ao treinar o Flamengo

 Filipe Luís, técnico do Flamengo, durante jogo contra o Corinthians

Pé-quente, Filipe Luís já estreou vencendo o Corinthians

Milly Lacombe
Do UOL

Quando Pep Guardiola assumiu o Barcelona em 2008 ele deu início a uma revolução. Como todos sabemos, revoluções não são eventos, são processos que podem levar meses, anos e até décadas. Guardiola começou a sua em 2008 no clube em que atuou como jogador. Ele tinha 38 anos. É tentador avaliar que a revolução de Guardiola foi tática. Afinal, seu Barcelona jogava de um modo diferente em relação a todos os outros clubes, numa espécie de ciranda totalizante em que o time corria o campo inteiro com a bola nos pés e marcava sob pressão desde a saída de jogo do adversário. Eu vi esse time jogar a final da Champions em 2009, no estádio de Wembley, e observar das cadeiras a movimentação era perceber a revolução em toda a sua beleza.

Messi já era o cara e ele não parou de correr nem por um minuto. E aí temos a base da revolução: o preparo físico. Ao assumir o time principal, em 2008, Guardiola fez isso: uma completa reformulação na preparação física. Não foi tática ou técnica sua imediata atuação; foi física.

MAIOR DESAFIO – Se Filipe Luis quiser executar seu estilo de jogo no Flamengo, vai ter que fazer a mesma coisa. E, nessa trilha, abrir mão de alguns nomes que talvez não possam fazer parte desse futuro.

Vocês lembram quem Guardiola não quis mais em seu time em 2008, imagino. Ele mesmo: Ronaldinho Gaucho, que ainda era, sob qualquer ângulo que se analisasse, um craque. Mas um craque que corria pouco e que não servia às ambições de Pep. Imagino que tenha sido uma escolha bastante difícil a de deixar ir o gaúcho.

Acredito que Filipe Luis possa ter vida longa como treinador do Flamengo e consiga implementar seu estilo. Mas, para isso, não vai poder ter medo de fazer escolhas que passam, inclusive, por se fazer respeitar pelos executivos que estão acima dele.

Faz sentido que Sérgio Cabral esteja solto e a cabeleireira Débora continue presa?

Sérgio Cabral posa com um drink em um restaurante do Rio - Metrópoles

Cabral curte o que restou dos R$ 300 milhões que roubou

J.R. Guzzo
Estadão

Esqueça por alguns instantes as suas posições, ideias ou crenças políticas e faça, caso estiver interessado, o teste de lógica comum sugerido nas linhas a seguir. Trata-se, basicamente, de comparar dois tipos de situação e dizer se faz nexo que os dois existam ao mesmo tempo.

Considere num primeiro caso, por exemplo, o fato de que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi condenado a 400 anos de cadeia por corrupção a céu aberto, provada e confessa. Chegou a dizer, a um certo ponto, que roubava por ter compulsão por dinheiro. Cabral está solto para continuar a sua a vida em plena liberdade.

“PERDEU, MANÉ” – Considere, agora, o caso da cabeleireira Débora dos Santos, que está presa há um ano e meio por ter escrito “perdeu, mané”, com batom, na estátua da Justiça em Brasília. Ela é acusada, entre vários outros crimes, de “golpe de Estado”, “associação criminosa armada”, “abolição violenta do Estado de Direito” e dano contra o patrimônio da União com uso de “substância inflamável”. Débora não entrou em nenhum dos prédios invadidos na baderna do 8 de janeiro. Acaba de ter negado, pelo ministro Alexandre de Moraes, o seu terceiro pedido de soltura.

A pergunta do teste vai a seguir. Honestamente, sem levar em conta se você é a favor ou contra Bolsonaro, se é a favor ou contra Lula, ou se não é nenhuma das duas coisas: faz algum nexo, pelas regras elementares do pensamento racional, que Cabral esteja solto e Débora esteja presa?

Mais: ao negar pela terceira vez a soltura, o ministro alegou que Debora é pessoa de alta “periculosidade”. De novo, pela lógica mais rasa, quem é mais periculoso para a sociedade — o ex-governador ou a cabeleireira?

CONTANDO A PIADA – Digamos, agora, que você esteja contando essa história para um amigo estrangeiro. Vai se sentir à vontade para dizer que Cabral saiu da prisão, mas não foi absolvido de nada? Que a suprema corte de Justiça do seu país considera que um batom é “substância inflamável”? Que alguém possa dar um golpe de Estado pichando uma estátua de granito — e com uma frase dita e confirmada pelo presidente do STF?

Uma questão muito sugestiva que a comparação entre Cabral e Débora nos apresenta é qual o grau de respeito que o STF, o Ministério Público e os demais órgãos de repressão política do Brasil de hoje têm pela sua inteligência básica. Querem que você acredite, quando falam em “substância inflamável”, que a cabeleira poderia provocar um incêndio ou uma explosão numa escultura de pedra usando o seu batom.

Então: as autoridades acham que você é ou não é capaz de pensar?

ANISTIA DE TOFFOLI – Uma segunda parte do teste inclui questões que dizem respeito ao ministro Dias Toffoli e à corrupção, de um lado, e a discutida anistia para os presos e condenados do dia 8 de janeiro, de outro.

Toffoli vem anulando, um depois do outro, todos os processos de corrupção por atacado dos governos Lula-Dilma. Não falhou em nenhum caso até agora. Todo ladrão que bateu à sua porta, mesmo ladrão confesso, foi transformado em vítima, levou um atestado de bons costumes e recebeu de volta dinheiro roubado — as somas que tinha devolvido ao Erário e as multas que aceitou pagar para sair do xadrez. É a maior anistia para a corrupção que já se viu na história universal da roubalheira.

O mesmo STF de Toffoli e de Moraes faz saber que não admite em nenhuma hipótese a anistia para os barbeiros, encanadores e motoboys presos no dia 8 de janeiro. Suspeitam que Bolsonaro possa se beneficiar, embora ele não faça parte do processo — e têm certeza de que uma anistia para crimes que não foram cometidos, coisa jamais vista em lugar nenhum, vai ser um perigo para a democracia no Brasil.

OUTRA QUESTÃO – Faz sentido, de novo pela lógica de curso primário, que os corruptos que confessaram seus crimes sejam perdoados e que pessoas que não cometeram qualquer crime — salvo destruição de patrimônio da União — não possam receber perdão? Outra questão, no quesito “destruição de patrimônio público”: quem destruiu mais patrimônio comum — os corruptos anistiados por Toffoli ou quem violou as poltronas do STF?

O teste pode continuar por horas. Faz nexo dizer que alguém quis dar um golpe de Estado armado com estilingues? Faz nexo dizer que outro golpe foi provado com as “minutas” de um tenente-coronel do Exército — umas folhas de papel com divagações incoerentes sobre a possível aplicação de um “estado de sítio”, ou de “emergência?”

Faz nexo que os ministros julguem causas defendidas por escritórios de advocacia onde suas mulheres trabalham? É daí para o infinito.