Emana de Brasília uma imensa indiferença para com o resto do país

Na horizontal, medindo 13,9 cm x 9,1 cm, a imagem, em preto, aguado cinza, sobre fundo branco, apresenta no centro, há duas figuras humanas esquemáticas, de traços simples, corpo alongado e braços compridos. Cada uma está posicionada de um lado diferente de uma parede vertical escura. Ambas se curvam para frente, introduzindo a cabeça através de uma abertura na parede, de modo que parecem atravessá-la e se encontram no meio. Ao fundo, há outras superfícies retangulares escuras, paralelas entre si, sugerindo mais paredes ou divisórias.

Ilustração de Ricardo Cammarotta (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Há um vírus no ar acometendo nossa liderança: o vírus da delinquência. O país vive em estado constante de medição do tamanho do pau por parte de muitos dos mandatários em exercício nos Três Poderes da República. Isso é mau sinal.

A gangue bolsonarista —batedores de carteira— continua atuando de forma a buscar uma perversão institucional do país. Uma tragédia porque transforma qualquer crítica à gangue petista — profissionais do ramo— numa suspeita de cumplicidade com o desprezo pela ordem constitucional do Brasil.

LULA PERDIDO – Sabe-se que o Lula 3 está perdido. Suportar o novo riquismo em casa é uma empreitada que esgota qualquer um. O Executivo Federal se afoga na incapacidade de governar. A geopolítica brasileira tornou-se ridícula. Alunos do centro acadêmico das ciências sociais talvez sejam mais maduros do que quem toca a diplomacia brasileira, brincando de medir o pau com o “big brother”.

O legislativo, casa de arruaceiros. A imagem que se tem deles, ou, pelo menos parte deles —escapando aqui de generalizações grosseiras— é de que sempre o que vem em primeiro lugar são suas “emendas” que garantem seus currais eleitorais.

Mesmo no debate sobre o papel de exercer freios e contrapesos ao STF, o Senado vai da pura arruaça à irresponsabilidade total de deixar um poder tão poderoso quanto o STF sem qualquer checagem dos limites da sua atuação e impacto na sociedade. Enfim, todo mundo tem rabo preso.

CONTAMINADOS – A entrada de elementos do STF no grupo de contaminados pela delinquência é muito grave. E, neste caso específico, se vê como a delinquência generalizada tomou conta do país, ameaçando mesmo a segurança financeira dos cidadãos, quando um juiz do STF destrói a confiança nos bancos para defender um colega.

Bolsonaristas torcem por uma invasão americana. Não estão nem aí para o fato que essa torcida reforça a ideia de que Bolsonaro sempre teve a intenção de furar o bloqueio constitucional do país. Quanto mais forçam a barra, mais entregam o Brasil e seu indefeso povo nas mãos de juízes do STF que marcham com fervor em direção aos excessos no exercício do seu já enorme poder.

O ministro Alexandre de Moraes já manda e desmanda no país. Estamos à mercê dos seus humores. Agora, o ministro Flávio Dino, num espasmo provinciano, entra em campo devastando a segurança das pessoas que buscam garantir sua vida financeira.

IMENSA INDIFERENÇA – Alguém acha que despachos nacionais têm mais força do que o “big brother”? Que tal se os americanos derrubarem toda a rede?

O que isso tudo revela é a imensa indiferença para com o país que emana de Brasília em relação ao país. O STF hoje manda e desmanda no país e não está nem aí para o que pode acontecer com os brasileiros.

Tomam decisões de costas para o país real e voltados para seus magistrais umbigos. Adquiriram os maus hábitos de quem faz política no Brasil. Uma classe, quase na sua totalidade, indiferente aos destinos do país.

TRAIÇÃO INTELECTUAL – Uma tragédia particular é o fato que não podemos contar com os profissionais que supostamente deveriam nos ajudar a refletir sobre essa catástrofe institucional que se abate sobre nós.

Vivemos a nossa experiência histórica particular de traição dos intelectuais, como dizia o filósofo judeu francês Julien Benda (1867-1956).

Benda diagnosticou a traição dos intelectuais na sua obra “A Traição dos Intelectuais” de 1927, como sendo o equívoco daqueles profissionais das letras e do pensamento que se convertiam ao nacionalismo, ao fascismo e ao comunismo de então, abandonando a tentativa de compreender o mundo e a sociedade para além das suas crenças ideológicas.

DIANTE DE NÓS – Essa traição acontece hoje no Brasil diante dos nossos olhos. A classe que trabalha com o pensamento público atua de forma apaixonada por um dos lados da delinquência nacional.

Ou babam de paixão pelo “time bolsonarista” ou pelo “time PT-STF”.

Esta é a forma específica de manifestação da doença nacional —a irresponsabilidade generalizada— que assola aqueles que deveriam assumir a liderança da tentativa de encontrar uma saída para o impasse em que nos encontramos.

CAPACIDADE DE AVALIAÇÃO – Quando o intelecto se submete a crenças, perde sua capacidade de avaliação da realidade.

A sociedade crê que enquanto sua maioria labuta com a matéria no seu dia a dia, uma pequena minoria labuta com o espírito para que não sejamos uma espécie ainda mais cega do que já somos.

As instituições não andam bem. Situações como essas geram crise de representatividade e o homem hobbesiano, sempre à espreita porque ele é nossa mais íntima alma política, ameaça desperta do sono dogmático da fé pública.

Centrão perde medo de Bolsonaro e pretende dar as cartas na eleição 

Tarcísio se mexe por tarifaço, mas poder de negociação é reduzido

Tarcísio é o candidato do Centrão e falta escolher o vice

Iander Porcella
Estadão

O Centrão perdeu o “medo” de Jair Bolsonaro (PL) e articula emparedar a família do ex-presidente para dar as cartas no processo eleitoral de 2026. Após constatar que a imagem dos Bolsonaros foi a mais prejudicada com a ofensiva de Donald Trump contra o Brasil, esse campo político viu a oportunidade de tomar a frente nas discussões sobre quem será o presidenciável da centro-direita.

Mas não foi só isso. Também colaboraram para esse cenário o bate-boca entre Jair e Eduardo em conversas reveladas pela Polícia Federal e o fato de Bolsonaro estar ausente dos eventos políticos, em razão da prisão domiciliar.

CONDENAÇÃO – Além disso, a expectativa de que, a partir de setembro, ele será condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação da trama golpista. A aposta no grupo é que “se agosto foi ruim para Bolsonaro e seus filhos, setembro será pior”, diante do veredicto do STF.

Centristas sempre torceram para que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fosse o escolhido, mas “pisavam em ovos” nas negociações para não irritar Bolsonaro.

Agora, entretanto, movimentam-se e jogam os holofotes no governador de São Paulo, como ocorreu em jantar na casa do presidente do União Brasil, Antonio de Rueda, na semana passada em Brasília, sem a presença da família Bolsonaro.

PÚBLICO DE PESO – Compareceram à confraternização figuras proeminentes de PP, Republicanos, MDB, PSD e PL. O encontro foi uma espécie de pacto dos partidos de centro-direita em torno da eventual candidatura Tarcísio ao Planalto.

Lideranças da direita admitiram à Coluna do Estadão que negociam, à revelia da família Bolsonaro, a seguinte chapa de oposição: Tarcísio de Freitas para candidato ao Palácio do Planalto e o senador e presidente do PP, Ciro Nogueira (PI), no cargo de vice. Mas há outros nomes no radar para vice, como a senadora Tereza Cristina (PP-MS).

Parlamentares da centro-direita também voltaram a enfatizar que a única chance de Bolsonaro conseguir algum alívio na pena a ser imposta pelo STF é se Tarcísio for eleito para o Planalto. Com esse argumento, afirmam que o ex-presidente não terá escolha a não dar a bênção para o governador se candidatar.

MAIS CONFIANÇA – O Centrão sabe que precisa dos votos dos bolsonaristas e não descarta a possibilidade de os filhos de Bolsonaro ainda conseguirem “envenenar” o pai contra Tarcísio, mas diante da certeza de que sobrenome Bolsonaro se tornou “tóxico”, principalmente pela atuação de Eduardo a favor de sanções ao Brasil, algo comprovado em pesquisas divulgadas na última semana, avaliam estar empoderados para tocar as articulações para 2026.

A direita, no entanto, terá de encontrar uma forma de se desvincular do tarifaço de Trump se quiser ter sucesso eleitoral. Pesquisa Genial/Quaest divulgada na última quinta-feira, 21, mostrou que Lula ampliou a vantagem em um eventual segundo turno contra todos os adversários.

Na eterna espera pelo apoio de Bolsonaro, Tarcísio confunde lealdade e mediocridade

Tarcísio assina lei e livra Bolsonaro de R$ 1 mi em multas às custas dos  cofres públicos

Tarcísio quer ser candidato se tiver apoio da Bolsonaro

Josias de Souza
do UOL

Tarcísio de Freitas cozinha 2026 em dois caldeirões. Num, tenta evitar que o tarifaço de Trump faça desandar a mistura da reeleição em São Paulo. Noutro caldeirão, o sonho de disputar o Planalto derrete junto com a imagem da família Bolsonaro.

Pesquisa Quaest indica que Tarcísio ainda é um portento em São Paulo. Bem avaliado por 60% do eleitorado paulista, abre vantagem de 22 pontos sobre Geraldo Alckmin, o segundo colocado. Na seara nacional, Tarcísio recuou de um empate técnico com Lula, no mês passado, para uma desvantagem de oito pontos.

ROUBOU A CENA – Tarcísio diz que quer ficar em São Paulo. Mas se mexe como se desejasse Brasília. Nos últimos dias, discursou na Igreja Lagoinha de Alphaville, roubou a cena na formalização da federação União Brasil-PP, jantou com influenciadores na casa do cantor Latino e almoçou com banqueiros numa fazenda em Porto Feliz (SP).

As mensagens liberadas pela PF nessa semana indicam que, se Deus intimasse Bolsonaro a optar entre o apoio a um membro da família e ao afilhado, a resposta seria fulminante: “Morra a candidatura presidencial de Tarcísio.” Torpedeado nos diálogos, Tarcísio contemporizou: “É uma conversa privada de pai para filho, só interessa aos dois.” Reiterou que manterá com Bolsonaro uma “relação de lealdade”, pois ele “fez muito pelo Brasil e por mim.”

Não se espera que Tarcísio saia xingando Bolsonaro, como fez o filho Eduardo. Mas se quiser chegar à sucessão como alternativa da direita democrática, talvez precise parar de fingir que nada acontece ao redor de Bolsonaro. A lealdade, quando é cega, corre o risco de virar um outro nome para mediocridade.

 

Como podemos nos livrar dessa corja de influenciadores que assola o país?

Gato Preto: quem é o influencer do acidente na Faria Lima?

Este é “Gato Preto”, o influenciador que dirige Porsches

Vicente Limongi Netto

Como se não bastassem os males que assombram a vida dos brasileiros, como desemprego, violência, intolerância, racismo, feminicídio, pedofilia, surgiu agora a praga de influenciadores e influenciadoras. A maioria composta de vigaristas e espertalhões que enriquecem dando golpes em desavisados. 

Usam meios desprezíveis para enganar a boa fé de pessoas de bem. Gostam de exibir vida luxuosa e extravagante, ostentando joias, iates, carros, mansões e até aviões. Inventam jogos, rifas. Prometem fortunas. Usam de todos os meios desonestos.

DEFESA PRÉVIA – Quando detidos, dispõem de ricos advogados. Permanecem impunes, debochando de todos, a começar pela justiça.   Influenciadores e influenciadoras pertencem à escória dos canalhas, vigaristas espertalhões e golpistas que infelicita e destrói famílias. Não existem normas, leis, regulamentos que evitem o avanço avassalador e irresponsável desta corja de ratos e ratazanas.

Em compensação, todo domingo, fico triste quando termina o “Globo Rural”. Amo o programa. A meu ver, faz tempo que é o melhor e mais apurado programa da televisão brasileira. Deliciosa matéria, neste domingo, com touros atletas, emprestados por criadores para a festa de Barretos. Jornalismo irretocável.

TORCENDO O RABO – Lembro, nessa linha, orgulhoso, longa matéria minha, assinada, feita em Araguaína, norte de Goiás. Na edição do Globo de 6 de março de l969, com o título “Universitários conhecem de perto brasileiros típicos”.

Abro assim a reportagem: “Derrubar um boi, torcendo-lhe o rabo, é uma das coisas que o vaqueiro precisa saber fazer. E ele faz a pé, ou a cavalo, mesmo em pleno galope. Depois os olhos do animal derrubado são cobertos por uma máscara de couro para que não tente fugir e o vaqueiro possa reconduzi-lo ao curral da fazenda.

De cada quatro animais capturados assim em meio a caatinga, um lhe pertence”.

“Nunca mais vou fazer o que o meu coração pedir”, diz a famosa Canção da Volta

Antônio Maria: a sedução do sofrimento amoroso

Antonio Maria,  jornalista e compositor

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, radialista e compositor pernambucano Antônio Maria Araújo de Morais (1921-1964), na letra de “Canção da Volta”, em parceria com Ismael Netto, um dos criadores do grupo Os Cariocas, escreveu uma canção de amor que ficará para sempre entre as melhores da música popular brasileira. “Canção da Volta” foi gravada no LP Dolores Duran Viaja, em 1955, pela Copacabana.

CANÇÃO DA VOLTA
Ismael Netto e Antônio Maria

Nunca mais vou fazer
O que o meu coração pedir
Nunca mais vou ouvir
O que o meu coração mandar
O coração fala muito
E não sabe ajudar

Sem refletir
Qualquer um vai errar, penar
Eu fiz mal em fugir
Eu fiz mal em sair
Do que eu tinha em você
E errei em dizer
Que não voltava mais
Nunca mais

Hoje eu volto vencida
A pedir pra ficar aqui
Meu lugar é aqui
Faz de conta que eu não saí

Malafaia desafia Moraes e avisa que continuará a denunciá-lo

inquérito da PF

A defesa de Silas Malafaia alega estar sendo cerceada

Jussara Soares
da CNN

Líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo disse que estava em Portugal quando soube de inclusão de seu nome em inquérito da PF, junto com o deputado Eduardo Bolsonaro: “Se eu tivesse medo, não voltava”. Em seguida, um dia após ser alvo de operação de busca e apreensão da PF (Polícia Federal), o pastor Silas Malafaia disse à CNN “esperar qualquer coisa” do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e reafirmou não ter medo de prisão.

Em outra entrevista, o líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cre aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reagiu à apreensão do seu passaporte, disse não ter intenção de fugir e voltou a atacar o ministro.

UMA COVARDIA – Segundo Malafaia, quando saiu a informação de que havia se tornado alvo de investigação, ele estava em Portugal — e mesmo assim retornou ao Brasil.

“Se eu tivesse medo de prisão, ficava lá, não voltava para o Brasil. Como é que eu posso ter um passaporte apreendido sob perigo de fuga se eu volto para cá? Acha que eu vou fugir? Isso é uma covardia, sabe? Isso é coisa de ditadores apreender um passaporte de uma pessoa que não tem crime nenhum, que não foi indiciada, que está sendo investigada e que eu voltei do exterior”, afirmou.

Por determinação de Moraes, Malafaia teve o telefone apreendido e autorizada a quebra de sigilo de dados bancários, fiscais e telefônicos dos equipamentos apreendidos. Ele também está proibido de falar com Bolsonaro e o seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

CUMPLICIDADE– O relatório da PF que indiciou o ex-presidente e Eduardo mostrou o tamanho da influência de Silas Malafaia na estratégia bolsonarista. Para a PF, Malafaia articulou com o pai e filho “na definição de estratégias de coação e difusão de narrativas inverídicas, bem como no direcionamento de ações coordenadas”.

“As condutas de SILAS LIMA MALAFAIA, em vínculo subjetivo com JAIR MESSIAS BOLSONARO, caracterizam CLAROS e EXPRESSOS ATOS EXECUTÓRIOS, em especial dos crimes de coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal) e obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”, argumentou Moraes na decisão.

“Eu espero qualquer coisa agora. Eu não tenho medo dele e não vou parar de denunciá-lo. E pode ter certeza que esse é o princípio do fim desse ditador, pelas vias legais ou pela justiça divina. Pode anotar o que eu estou falando”, afirmou Malafaia.

CONTRA-ATACANDO – O pastor evangélico disse ainda que mesmo investigado, seguirá gravando vídeos contra Moraes mesmo sob risco de prisão.

“Você acha que depois desses últimos quatro anos, eu faço 50 vídeos denunciando os crimes de Alexandre de Moraes, Todas as manifestações eu denunciei violentamente, você acha que eu vou ter medo de prisão? Se eu tivesse medo de prisão não saia de Portugal”, disse.

Malafaia diz que seu direito de defesa está cerceado

Eduardo Bolsonaro e o jogo contra a democracia

Eduardo tenta o mesmo sistema democrático que o legitimou

Pedro do Coutto

Eduardo Bolsonaro tem ampliado seus movimentos fora do país, numa ofensiva que já o levou aos Estados Unidos e agora aponta para a Europa. Seu objetivo, segundo aliados e interlocutores, é buscar apoio junto a partidos e governos da extrema-direita europeia, como Hungria, Itália e Espanha, para pressionar o Supremo Tribunal Federal e desgastar o governo Lula.

A viagem, prevista para setembro, revela um alinhamento com figuras como Viktor Orbán e Matteo Salvini, num tabuleiro político que transcende fronteiras e tenta internacionalizar a narrativa de “perseguição” contra a família Bolsonaro. O paradoxo é evidente: eleito no Brasil dentro das regras democráticas, Eduardo recorre ao exterior para minar o mesmo sistema que o legitimou.

ESCUDO RETÓRICO – A democracia, nesse caso, torna-se um escudo retórico, útil para acusar o Judiciário de autoritarismo, mas dispensável quando os interesses familiares e políticos estão em jogo. Ao deslocar sua atuação para palcos internacionais, o deputado cria uma espécie de diplomacia paralela, voltada não à defesa do país, mas à tentativa de reverter investigações e enfraquecer instituições. O gesto, mais do que uma viagem, simboliza o caminho perigoso de quem vê no poder um fim em si mesmo, ainda que à custa do próprio pacto democrático.

Não é a primeira vez que líderes políticos tentam se apoiar em redes internacionais para fortalecer causas domésticas, mas o movimento de Eduardo Bolsonaro chama atenção pela clareza do seu propósito: confrontar ministros do STF, em especial Alexandre de Moraes, e construir no exterior uma base de legitimidade para o discurso de que o Brasil estaria sob ameaça de um “tribunal autoritário”.

O risco, porém, é que essa retórica não encontra eco real em governos estrangeiros, servindo mais como combustível para o público interno e como instrumento de pressão sobre as instituições brasileiras. O que se observa é uma espécie de encenação política transnacional, em que o deputado se apresenta como vítima de perseguição, enquanto estreita laços com forças políticas conhecidas por tensionar valores democráticos em seus próprios países.

CONVENIÊNCIA – Essa escolha não é acidental: orbitar ao lado de Orbán, Salvini ou Vox, na Espanha, significa compartilhar não apenas uma estética política, mas também uma visão de mundo que reduz a democracia a uma ferramenta de conveniência. Para além da retórica, a questão central é até onde essa narrativa pode corroer a confiança da sociedade brasileira em suas próprias instituições.

Cabe, por fim, refletir sobre o impacto de tais movimentos no futuro político do país. Ao buscar respaldo externo, Eduardo Bolsonaro parece apostar em um cenário de permanente instabilidade, no qual o confronto com o Judiciário se sobrepõe a qualquer agenda construtiva.

Essa estratégia pode mobilizar setores mais radicalizados, mas também expõe o Brasil a um constrangimento internacional: que democracia é essa em que um parlamentar eleito prefere atuar como embaixador da discórdia, em vez de representar os interesses nacionais. A resposta a essa pergunta definirá muito mais do que o destino de uma família política — pode marcar a solidez, ou a fragilidade, do nosso próprio pacto democrático.

Magnitsky corta movimentos de Moraes até no cartão de crédito nacional

Cartão Elo oferecido pelo BB vai ter que barrar Moraes

A lei criada pelos norte-americanos não abre exceções

Letícia Casado e Denyse Godoy
do UOL

As sanções que os bancos brasileiros analisam ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), por causa da lei Magnitsky, podem afetar de operações em câmbio a compras em sites estrangeiros.

No dia 30 de julho, o governo dos Estados Unidos incluiu o magistrado na lista de sancionados por entender que ele comete violações de direitos humanos —resultado do lobby feito durante meses pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto à Casa Branca.

PENTE FINO – A partir da oficialização da sanção, as instituições financeiras passaram a fazer um pente fino nas contas de Moraes para verificar eventual necessidade de reduzir sua movimentação com o objetivo de se adequar às regras americanas, tais como: impedimento de operações de câmbio em dólar, que sejam liquidadas em dólar ou que passem pelo dólar, como, por exemplo, compras em sites estrangeiros — ainda que feitas com cartão nacional.

Ou seja, ele não conseguiria, por exemplo, comprar uma passagem internacional em companhia aérea estrangeira ou nem mesmo fazer uma compra em e-commerce de outro país.

As potenciais restrições bancárias também se aplicam aos investimentos que possam ter qualquer conexão —direta ou indireta— com o mercado americano de capitais. Aí estão incluídos, por exemplos, cotas em fundos de investimento com rentabilidade lastreada em dólar.

CARTÕES DE CRÉDITO – A sanção também afeta os cartões de bandeiras americanas, como Visa e Mastercard, que têm grande participação no Brasil. O ministro já teve cartão substituído pela bandeira Elo —brasileira, resultado de parceria entre Banco do Brasil, Bradesco e Caixa.

Dirigentes de bancos chegaram a aconselhar os ministros do STF a abrir contas em cooperativas de crédito como forma de de se proteger de eventuais efeitos da lei Magnitsky, o que foi recusado.

Desde o início do ano, Eduardo Bolsonaro tem feito ameaças contra Moraes que vão da revogação do visto americano à inclusão dos nomes dele e de sua mulher, a advogada Viviane Barci, na lista de sancionados pela Magnitsky.

CONSULTAS AOS EUA – A temperatura aumentou e as instituições financeiras brasileiras passaram a consultar escritórios de advocacia nos Estados Unidos para entender o tamanho do problema no qual seriam inseridas.

O entendimento predominante tem sido o de limitar a penalização a qualquer tipo de operação que envolva dólar.

E, portanto, que é errada a avaliação de que não estariam cumprindo a ordem do governo americano, como foi defendido por Eduardo Bolsonaro em reunião com integrantes da equipe de Trump.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria está meio confusa, quando deveria ir direto ao ponto. Não tem esse negócio de que pode isso, mas não pode aquilo… A lei é rigorosíssima. Moraes não pode usar nem mesmo o cartão de crédito ELO, o único de bandeira nacional, porque ele também é vinculado a instituições financeiras norte-americanas. Como dizia Bussunda, “fala sério!”. (C.N.)

Neste ano, agosto – o “mês do cachorro doido – começa em setembro

MEDIDAS TORNARIAM EUA "MENOS CONFIÁVEIS" O embate tarifário e político  iniciado por Donald Trump contra o Brasil é visto pela revista britânica  The Economist como um exemplo de como o presidente norte-americano

Charge do InfoMmoney

Elio Gaspari
O Globo

Agosto começará em setembro, com o julgamento de Jair Bolsonaro e do estado-maior da trama golpista de 2022/23. Correndo por fora, poderá vir o início dos trabalhos da CPI da roubalheira dos aposentados.

A divulgação, pela Polícia Federal, de diálogos e documentos dos Bolsonaro apimentou o caso, trazendo para o debate a trama que influenciou o comportamento do governo de Donald Trump. No dia 9 de julho, ele exigiu que o processo contra o ex-presidente fosse extinto “IMEDIATAMENTE” (ênfase dele). Foram palavras ao vento, desmoralizadas pela revelação dos diálogos do deputado Eduardo Bolsonaro com seu pai.

POUCAS SAÍDAS – A diplomacia destrambelhada de Trump e de Marco Rubio, seu secretário de Estado, entrou num beco com poucas saídas. A tese segundo a qual o Brasil desrespeita os direitos humanos de seus cidadãos, não fica em pé, mesmo para advogados americanos. O deputado Jim McGovern, autor da Lei Magnitsky, usada para sancionar o ministro Alexandre de Moraes, classificou o gesto de “vergonhoso”.

Depois de uma condenação de Bolsonaro, uma eventual persistência de Trump carregará um peso adicional. O Brasil nunca teve um contencioso de tão baixa qualidade com os Estados Unidos, capaz de contaminar outros itens da agenda da Casa Branca.

Falando em nome do governo americano (sem mandato para isso), Bolsonaro disse a Silas Malafaia: “Se não começar votando a anistia não tem negociação sobre tarifa.” Referia-se à própria anistia. Seu filho, acampado em Washington, era mais cauteloso, temendo que uma “anistia light”, deixasse o pai de fora e desarticulasse suas armações.

ANISTIA LIGHT – Quem acompanha essa crise tem um palpite. Depois da condenação de Bolsonaro e seu estado-maior golpista, o Congresso poderá aprovar a “anistia light” temida pelo deputado.

Tarcísio exagera. Tratando da divulgação, pela Polícia Federal, das conversas de Eduardo Bolsonaro com seu pai, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas reclamou, perguntando “onde o Brasil vai parar” com esse tipo de conduta (da PF).

Errou o alvo. Deveria ter perguntado a que ponto se chegou com um deputado tratando de assuntos de Estado com linguagem de gafieira com um ex-presidente da República.

Tarcísio precisa calcular até onde levará sua gratidão a Bolsonaro.

Decisão de Dino é ilusória e não salva Moraes da Magnitsky

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Charge do Clayton (O Povo/CE)

Merval Pereira
O Globo

A decisão do ministro Flavio Dino, embora pareça uma defesa da soberania, é inútil. A lei Magnitsky não funciona no Brasil. Ela vale para instituições financeiras que tenham relação com o ministro Alexandre de Moraes. Se um banco brasileiro fizer qualquer tipo de transação internacional com ele – cartão de crédito, transferência internacional – será punido, simples assim.

Não existe interferência nenhuma nas ações internas do Brasil. As leis brasileiras valem para os bancos brasileiras. Agora, se um deles arriscar uma transação internacional com o ministro e tentar escapar da lei nos EUA, pode fazer, mas não vai dar certo.

CHARUTOS CUBANOS – Os EUA sempre utilizaram estas sanções de bloqueios. Um exemplo são os charutos cubanos, que não podiam ser vendidos nos aeroportos americanos, nem nos duty free que tinham relação com os EUA.

Durante muitos anos, não eram vendidos no duty free do Brasil, porque a empresa tinha lojas em Miami e sofreria as sanções lá. Pode-se dizer que é uma interferência do mais forte sobre o mais fraco, mas é assim, não tem como mudar.

A solução é difícil, porque a questão de Trump é política, não é comercial, nem econômica. A troco de defender os direitos humanos, está tentando fazer chantagem para defender Bolsonaro.

Embaixada dos EUA e o STF mantêm relações nulas, na maior crise da História

Veja as fotos da futura Embaixada dos EUA em Brasília

Eis o projeto da futura embaixada norte-americana

Bela Megale
O Globo

A relação harmoniosa e marcada por diálogo constante entre a Embaixada dos Estados Unidos e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) ficou no passado e sem previsão para ser retomada.

No momento, EUA avaliam sanções contra assessores de Moraes após ação de Eduardo Bolsonaro, e a crise com Trump ameaça cooperação militar entre Brasil e EUA.

MUDANÇA RADICAL – Desde o início da gestão Donald Trump, em janeiro, houve uma mudança radical no tratamento dos magistrados. Se em público a embaixada passou a encampar e reproduzir os ataques feitos pelo governo dos EUA ao ministro Alexandre de Moraes e as ameaças dirigidas a outros magistrados, nos bastidores o clima também azedou de vez.

Os raros contatos que foram feitos no primeiro semestre com alguns integrantes da corte tinham o objetivo de levantar informações sobre os processos dos envolvidos no 8 de janeiro e, também, sobre a tentativa de golpe de Estado envolvendo Jair Bolsonaro e aliados.

Depois disso, tentativas de estabelecer algum diálogo chegaram a ser feitas por parte dos magistrados, mas elas não tiveram correspondência dos representantes do governo dos EUA, segundo integrantes do STF.

RELAÇÕES NULAS – A escalada das tensões, inclusive, com a aplicação de sanções financeiras contra Moraes por meio da Lei Magnitsky, em julho, fez com que as relações praticamente se rompessem. Hoje, o diálogo é descrito como “nulo” por pessoas da corte.

A interlocutores do governo brasileiro, os americanos sinalizaram que não haverá arrefecimento do tom. Ao contrário.

Hoje, os representantes da gestão Trump deixam claro que, com o julgamento de Jair Bolsonaro marcado para começar em setembro no STF, a corda esticará ainda mais e novos ministros devem ser sancionados, além de seus familiares.

Moraes pede extradição de Tagliaferro, ex-assessor que denunciou seus erros

Quem é o ex-assessor de Moraes que promete ‘revelar tudo’ sobre o ministro

Ex-assessor Tagliaferro é o homem que sabe demais…

Rayssa Motta
Estadão

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu a extradição do perito computacional Eduardo Tagliaferro, que está na Itália. Tagliaferro, que trabalhou no TSE, foi denunciado por violação do sigilo funcional e obstrução de Justiça; a defesa não comenta

O requerimento do ministro foi encaminhado primeiro ao Ministério da Justiça e depois remetido ao Itamaraty para a formalização dos trâmites junto às autoridades italianas.

SEM COMENTÁRIOS – O Estadão pediu manifestação da defesa, que não comentou a decisão. Pessoas próximas ao perito estão indignadas com a perspectiva da extradição e veem a ordem de Moraes como perseguição por denúncias e críticas que Tagliaferro vem fazendo ao ministro e ao STF desde que deixou o Brasil.

Em ofício sigiloso enviado ao gabinete do ministro na última quinta-feira, 21, o Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), braço do Ministério da Justiça que cuida das extradições, informou que deu início aos procedimentos para localizar o perito.

“Novas informações, tão logo disponíveis, serão enviadas a essa Suprema Corte”, diz o documento.

VAZAMENTO – Tagliaferro foi assessor de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele chefiou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE. Os dois romperam relações desde o vazamento de mensagens de auxiliares do ministro.

A Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República (PGR) imputam ao perito a divulgação das conversas que comprometem a imparcialidade do ministro Moraes.

A exposição dos diálogos irritou Alexandre de Moraes. Foi o próprio ministro quem determinou a abertura de uma investigação para apurar a origem do vazamento. O perito sempre negou veementemente ter divulgado as mensagens. Mesmo assim, foi denunciado na última quinta-feira, dia 21, como autor do vazamento.

EXTRADIÇÃO – A Procuradoria- Geral da República vai pedir sua extradição. Atribui a ele os crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo e obstrução de investigação.

“O vazamento seletivo de informações protegidas por sigilo funcional e constitucional teve o nítido propósito de tentar colocar em dúvida a legitimidade e a lisura de importantes investigações que seguem em curso no Supremo Tribunal Federal, como estratégia para incitar a prática de atos antidemocráticos e tentar desestabilizar as instituições republicanas”, diz um trecho da denúncia.

Jaguar, grande cartunista, morre aos 93 anos no Rio de Janeiro

Jaguar não poderia esquecer de pedir a última…

Carlos Newton

O cartunista Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, conhecido como “Jaguar”, morreu neste domingo, aos 93 anos, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada à Veja pela viúva do desenhista, Celia Regina Pierantoni.

Jaguar se destacou, em sua trajetória, por ser um dos fundadores do jornal satírico O Pasquim, em 1969. Com diversas críticas à ditadura militar, o cartunista chegou a ser preso pelo regime no início dos anos 1970.

Quando me convidou para escrever no Pasquim, que ele estava dirigindo na sede na Rua da Carioca, recolocou na porta do Redação o cartaz criado pelo humorista Apparicio Torelli, o Barão de Itararé, com os dizeres “ENTRE SEM BATER”, para que a Polícia não espancasse a gente ao nos visitar…

Charge de Jaguar com o título "O PIB SUBIU 0,3%" mostra um personagem meio coberto com um lençol. Ele é careca, tem o rosto rosa, os olhos esbugalhados e o nariz grande e arredondado. É possível ver só uma parte da sua cabeça e um dedo da mão direita, que levanta o pano para esconder a boca. No lençol está escrita a frase: "Isso nunca me aconteceu antes na vida!".

Charge do Jaguar, publicada na Folha

Para enlouquecer a cabeça do leitor, Jaguar editava uma página de Política Nacional assinada por Carlos Newton e uma outra, de Política Internacional, redigida por nosso grande amigo Newton Carlos, que morreu antes da gente e não avisou para ninguém. Era casado com a bela Eliane, neta do Dr. Vital Brazil.

Prisão preventiva de Bolsonaro é inviável, não há elementos para sustentá-la

Marina Coelho Araújo no Migalhas

Prisão de Bolsonaro depende de julgamento, diz advogada

Da CNN

A advogada Marina Coelho Araújo, doutora em Direito Penal avaliou, durante sua participação no WW, que não há elementos suficientes para sustentar uma prisão preventiva fechada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo a especialista, as condições atuais de prisão domiciliar já atendem às necessidades de controle e minimização de riscos.

A análise baseia-se no conceito de cautelaridade, que exige elementos de contemporaneidade para justificar uma prisão preventiva.

SEM RISCO IMEDIATO – “É preciso haver algo acontecendo no momento presente, que coloque em risco a investigação ou processo, ou alguma medida de execução da pena.

Tem que existir essa necessidade de defender um risco imediato”, explica Marina Coelho.

A especialista destaca que a atual condição de prisão domiciliar permite um controle efetivo. “A situação dele é controlada, qualquer movimento será imediatamente repelido pelas autoridades competentes”, argumenta a criminalista.

PELO CELULAR – O relatório em questão menciona mensagens e acessos apreendidos do celular que sugeririam violações de medidas cautelares anteriormente impostas. No entanto, Marina Coelho considera que esses elementos não apresentam a contemporaneidade necessária para justificar uma prisão preventiva mais rigorosa.

A advogada conclui que as atuais restrições impostas pela prisão domiciliar são suficientes para garantir o controle necessário da situação, dispensando medidas mais severas no momento

Prisão de Bolsonaro ampliaria ataques ao STF e agravaria crise com EUA

bolsonaro lula

O mesmo STF que inocentou Lula condenará Bolsonaro

Carolina Brígido
Estadão

Quando o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, no último dia 4, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reagiram mal. Em caráter reservado, consideraram a medida desnecessária naquele momento. Com a previsão de julgamento do ex-presidente para setembro, o ideal, na visão de integrantes da Corte, seria o réu aguardar em liberdade.

Diante da revelação dos áudios em aparelhos celulares de Bolsonaro, Moraes deu prazo de 48 horas para a defesa do ex-presidente explicar o descumprimento de medidas cautelares e um rascunho de pedido de asilo político na Argentina, que pode configurar tentativa de fuga. A depender da resposta, o ministro pode decretar a prisão preventiva – dessa vez, numa cela.

HORA ERRADA – Assessores do STF e pessoas próximas de ministros afirmam que a avaliação interna é a mesma: prender Bolsonaro agora teria o condão de ampliar os ataques à Corte e a crise entre o Brasil e os EUA. Às vésperas do julgamento, a maioria dos ministros teria preferência por manter o caso em fogo baixo – ou seja, com Bolsonaro aguardando a data do veredicto em casa.

Assim como em outras ocasiões, Moraes não informou previamente os colegas que divulgaria as mensagens de Bolsonaro ontem, a menos de duas semanas do julgamento, agendado para começar no dia 2. Se mandar prender o ex-presidente, provavelmente o relator agirá da mesma forma.

Após a divulgação das novas provas, ministros do STF optaram pelo silêncio, na tentativa de diminuir a pressão pública contra a Corte. Sabem que, em setembro, vão precisar vir defender uma provável condenação de Bolsonaro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É a velha prática do morde e assopra, numa briga em que os dois lados não têm caráter, nenhum deles merece vencer.  E ficará para sempre no ar a pergunta que jamais será respondida: se Lula da Silva, um criminoso vulgar, foi libertado para disputar eleição, porque Jair Bolsonaro, outro criminoso vulgar, não pode fazer o mesmo?  (C.N.)

Veja como o Brasil é o país que cultiva mais gêneros musicais

Bira da Vila, grande cantor da Baixada Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, compositor e percussionista Ubirajara Silva de Souza nasceu no Bairro Vila São Luiz, Duque de Caxias (RJ), razão pela qual adotou o nome artístico de Bira da Vila. Em parceria com Serginho Meriti, ele aborda os diversos estilos populares da música brasileira na letra de “O Daqui, o Dali e o de Lá”. Este samba foi gravado por Bira da Vila no CD Canto da Baixada, em 2010, produção independente.

O DAQUI, O DALI E O DE LÁ
Serginho Meriti e Bira da Vila

É preciso mexer, misturar
O daqui, o dali e o de lá
Pois o nosso tempero tem samba, tem xote
Tem frevo e bolada, balada e ijexá
Bota a banda pra tocar
Que o povo vai curtir, a galera vai gostar
Nossa gente é isso aí
Vai, vai…

No embalo do maracatu
Vaquejada, jambo, caxambú
Carimbó, sertanejo, merengue, lambada
Forró pé de serra, côco, boi bumbá
Xaxado, calango, reisado e axé
Toca aí que a gente diz no pé
Toca aí que a gente diz no pé

Toca um bom samba de enredo
O samba de roda, pagode e baião
Toca de tudo que toca em nosso coração
Um coração verde e branco, azul, amarelo
É canto, é dança, é ritmo
Elo, firmando a corrente da nossa nação

Toca quadrilha, congada
Fandango, lundu e saravacuê
Bumba meu boi, caiapó, toca maculelê
Cateretê, moçambique, quilombo
Bigada, caboclinho lambe, surge o marujada
Muita timbalada e o tererê.

Governadores mostram união em Barretos e dizem que vão derrotar Lula

A imagem mostra um grupo de seis homens em um palco durante um evento político. Eles estão vestidos com camisas de diferentes cores, algumas com logotipos visíveis. O homem à direita usa um chapéu de cowboy. Ao fundo, há uma iluminação que sugere um ambiente festivo ou de celebração. Na frente, há uma câmera focada nos homens, indicando que o evento está sendo filmado ou transmitido.

Caiado, Tarcísio e Zema, com os organizadores da festa

Marcelo Toledo
Folha

Reunidos no estádio de rodeios de Barretos (SP) pela primeira vez, três governadores da direita criticaram o PT e a esquerda em relação ao segmento, disseram que um deles vencerá a eleição presidencial do ano que vem. E, fora do evento também de forma inédita desde 2017, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi defendido pelo governador paulista, Tarcísio de Freitas, na Festa do Peão de Barretos.

Tarcísio (Republicanos) e os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), se reuniram na noite deste sábado (23) com dirigentes de Os Independentes, associação que organiza a festa há 70 anos, e depois se dirigiram ao estádio, que estava lotado, com 35 mil pessoas nas arquibancadas, e fizeram breves discursos.

GRITOS E PALMAS – Tarcísio afirmou que Bolsonaro é vítima de injustiça e levantou um pequeno boneco inflável com a imagem do ex-presidente, gesto que foi respondido pelo público com gritos e palmas.

“Uma pessoa que fez tudo por mim, me abriu portas e que está passando por uma grande injustiça. Mas, se a humilhação traz tristeza, o tempo vai trazer justiça, eu tenho certeza que a justiça chegará. A justiça chegará. Eu tenho certeza que esse Brasil vai se encontrar com seu futuro, com a sua vocação. A vocação do Brasil é ser grande. Ninguém vai segurar esse país, ninguém vai segurar o Brasil, a gente não vai permitir isso”, afirmou o governador.

CAIADO E ZEMA – Caiado, o primeiro a discursar, criticou o PT e a esquerda, que segundo ele tentaram impedir a realização de vaquejadas e rodeios no país, e afirmou que “um de nós”, em relação aos governadores, vencerá a eleição presidencial de outubro do ano que vem e “ocupará o Palácio do Planalto”.

Já Zema afirmou que mais de 500 municípios mineiros realizam festas de peão e que apoia os eventos do gênero, além de afirmar que o agro tem sido o principal pilar econômico em Minas Gerais.

Bolsonaro esteve em Barretos em 2017, ainda como deputado federal, e retornou no ano seguinte, como candidato à Presidência da República. Em 2019, assinou decreto, também dentro do estádio de rodeios, que na prática flexibilizava a realização de eventos do gênero e dificultava a ação de entidades de proteção animal.

MICHELLE FALTOU – Entre 2022 e o ano passado, foi presença constante na cidade paulista. Cumprindo prisão domiciliar, a expectativa é que ele fosse representado neste sábado pela ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, mas a visita não se confirmou.

Depois de deixarem o estádio, os três governadores foram recebidos num jantar no rancho Ponto de Pouso, ao lado do estádio, onde comeram a Queima do Alho, prato típico que era consumido no passado pelos peões nos estradões. Ele é composto por arroz carreteiro, feijão gordo, paçoca de carne seca e churrasco.

No local, os governadores voltaram a fazer críticas ao governo federal e disseram que não há problemas em ter mais de um candidato da direita para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.

TODOS JUNTOS – “No segundo turno está todo mundo junto, unido, para devolvermos ao Brasil aos brasileiros de bem”, disse Caiado.

Zema afirmou que o peso de Bolsonaro no apoio a outros candidatos no próximo ano é grande e que ouviu do ex-presidente que o lançamento de mais nomes da direita fortalece o espectro político. Repetindo Caiado, disse que “quando chegar o segundo turno, todos [estarão] juntos”. Tarcísio, por sua vez, disse “ter certeza” que a direita tem excelentes nomes para o país.

Apresentador do ato com os governadores no estádio, o locutor de rodeios bolsonarista Cuiabano Lima afirmou que a associação organizadora da Festa do Peão é apartidária. A mesma afirmação foi feita à Folha pelo presidente de Os Independentes, Jerônio Luiz Muzetti, antes da edição comemorativa dos 70 anos do evento.

Projeto do governo para big techs é menos rigoroso do que decisões de Moraes

Segundo Marco Civil da Internet protege MoraesPatrícia Campos Mello
Folha

A versão final do projeto de lei de regulação das big techs do governo Lula, obtida pela Folha, usa critérios semelhantes aos adotados pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em decisão de junho que alterou o Marco Civil da Internet. O texto é uma versão legislativa do novo regime de responsabilidade civil para as big techs proposto pelo Supremo —só que, agora, na esfera administrativa. O projeto tem escopo mais amplo do que a decisão sobre o Marco Civil, porque prevê responsabilidade objetiva das plataformas, além de abordar também fraudes na internet e proteção das crianças no mundo digital.

A proposta não trata, em nenhum momento, de combate à desinformação, tema tabu para a oposição. O texto está pronto, mas o governo Lula deve enviá-lo ao Congresso só na semana que vem. Dessa forma, a entrega não coincidirá com a votação na Câmara do PL 2628, apelidado de ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) digital, prevista para esta quarta-feira (20).

FOCO DE LULA – A regulamentação das big techs está no foco de Lula desde o começo do mandato, mas ganhou prioridade nas últimas semanas depois da sobretaxa imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil e do vídeo do influenciador Felca sobre de crianças.

Um artigo que vem despertando controvérsia, a partir de versão anterior do projeto revelada pela Folha, determina que as plataformas de internet devem usar “mecanismos e sistemas para promover a detecção e a imediata indisponibilização de conteúdo ilícito de terceiros” quando houver determinados crimes contra crianças e adolescentes, atos de terrorismo, induzimento ao suicídio e à automutilação, dentre outros.

As plataformas que descumprirem essa determinação estarão sujeitas a sanções administrativas. Essas punições podem ser desde advertência, passando por multa de até 10% do faturamento do grupo econômico no Brasil, até suspensão do provedor por 30 dias, prorrogável por mais 30. Pode haver suspensão por prazo indeterminado, após ordem judicial.

PUNIÇÕES – No entanto, nenhuma empresa será multada ou sancionada se deixar escapar um ou dois posts que incidam nesses crimes ou descumpram a lei de alguma forma. Tal qual a decisão do STF, não há responsabilização por conteúdos esparsos ou únicos —é preciso haver descumprimento generalizado. Caso a empresa de internet consiga demonstrar que fez o melhor possível para mitigar esses riscos ou remover posts ilícitos, ela não recebe a multa nem é suspensa.

Mas o texto do governo vai além do STF ao determinar responsabilidade civil objetiva às empresas (independentemente de haver culpa) quando houver dano decorrente de conteúdo impulsionado ou remunerado. Se alguém se sentir lesado pelo conteúdo, pode processar a empresa, e ela pode ser julgada responsável, independentemente de ter culpa ou ter sido notificada anteriormente.

O STF afasta a possibilidade de responsabilidade objetiva para as plataformas. O PL do governo só prevê responsabilidade objetiva nos casos em que as plataformas deixarem de adotar “as providências necessárias para indisponibilizar ou desabilitar o acesso ao conteúdo danoso, ou cessar a atividade danosa, de forma célere, ao tomar conhecimento dos fatos”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO
O projeto tenta justificar alguns procedimentos de Moraes que revoltaram Elon Musk, parlamentares americanos e o próprio presidente Musk. Mas não adianta. As decisões de Moraes descumpriam as leis da época, que são as mesmas que ainda continuam em vigor. A Polícia chama isso de batom n cueca, não tem como justificar. (C.N.)

Bolsonaro entre a negação e o contra-ataque: a nova ofensiva no STF

Defesa de Bolsonaro ironiza Moraes: “WhatsApp não é rede social”

Da CNN

Charge: Brasil é o país que mais utiliza Whatsapp no mundo - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou, na última sexta-feira (22), suas considerações contestando o relatório da PF (Polícia Federal) sobre novas quebra das medidas cautelares impostas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

A analista de política Jussara Soares, da CNN, comentou durante o programa Prime Time a tese da defesa de que não havia restrições para uso do aplicativo de mensagens e conversas com familiares.

NÃO É REDE – A defesa ironizou a acusação de Moraes e alegou que o WhatsApp configura-se como um aplicativo de mensagens, e não se enquadra como rede social. Segundo os advogados, não havia restrições determinadas para o uso da plataforma de mensagens instantâneas.

A analista de Política da CNN Jussara Soares comentou durante o CNN Prime Time que, segundo a manifestação da defesa, as mensagens trocadas por Bolsonaro, mesmo tendo sido amplamente divulgadas pela imprensa, não configuram crime.

Os advogados afirmam que Bolsonaro nunca esteve proibido de usar o WhatsApp, trocar mensagens ou se manifestar, mesmo após a PF apontar o envio de mais de 300 vídeos e mensagens durante o período do inquérito.

LIBERDADE TOTAL – A defesa ressalta que, até 17 de julho, Bolsonaro tinha liberdade para conversar com seu filho Eduardo Bolsonaro, inclusive sobre temas relacionados a eleições.

Os advogados argumentam que as desavenças reveladas nas conversas entre pai e filho, incluindo críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), servem mais às manchetes dos jornais do que aos próprios autos do processo.

Em sua argumentação, a defesa critica fortemente o relatório da PF, classificando-o como um “manifesto político” e uma forma de perseguição. Os advogados sustentam que a divulgação das conversas, especialmente aquelas que mostram desentendimentos entre pai e filho, visa criar um espetáculo midiático em vez de contribuir para o processo legal.