Lula faz 79 anos em outubro e já sente o peso da idade
Roberto Nascimento
Um assunto de extrema importância, trazido à baila pelo jornalista Carlos Newton – Lula precisa encontrar urgentemente um sucessor para se contrapor ao crescente poderio da extrema direita no Brasil, que avança de Norte a Sul. Já existem três sucessores de Bolsonaro, trabalhando a todo vapor, olhando 2026 com luva de pelica: Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Romeu Zema. No PT, o único com chances de suceder o presidente é o atual ministro Fernando Haddad, como muito bem pontuou Carlos Newton.
O Partido dos Trabalhadores parou no tempo, literalmente. Um exemplo fático – não elegerá prefeitos nas capitais do Rio, São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. É fato que Sul e Sudeste são, hoje, cidadelas da Direita. Não é diferente no Centro Oeste.
PT NAS ÚLTIMAS – Quando Lula se aposentar, o PT acaba, como o PSDB acabou após a aposentadoria de FHC. Ulysses Guimarães, o timoneiro do MDB, partiu e o partido diminui cada vez mais. Considerei um erro de Lula a aposta em Gleisi Hoffmann para presidir o PT. A atual dirigente não tem estatura política para enfrentar os desafios impostos pela extrema direita.
Por exemplo, não existe uma estratégia para uma necessidade evidente – aumentar a bancada do PT no Senado nas eleições de 2026. No Rio de Janeiro e em São Paulo, consideram caso perdido. Na eleição passada, conseguiram perder para o desconhecido astronauta Marcos Pontes, que no Senado é um zero à esquerda.
O Rio de Janeiro é o Estado com menor representação política na Câmara Alta, porque Flávio Bolsonaro, Carlos Portinho (assumiu como suplente de Arolde de Oliveira) e o jogador Romário, esses três senadores nada fazem pelo Rio de Janeiro. Mostram ser políticos que agem segundo seus próprios interesses, mas o eleitor não consegue visualizar esse cenário.
EXEMPLO DE ERRO – Em 2020, um erro crasso e estúpido do PSB e do PT, que se dividiram com candidaturas próprias ao Senado – de Alexandro Molon (PSB) e André Ceciliano (PT). Sabia-se que Ceciliano não tinha a mínima chance de vencer Romário, ao contrário de Molon. O tesoureiro do PSB, Márcio França, que não se elegeu em São Paulo e conseguiu virar ministro no governo Lula, chegou a negar recursos para a campanha de Molon, dando um tiro no pé do próprio partido.
Diante desses erros, o PL de Jair Bolsonaro e Valdemar agradece penhoradamente, fortalecendo-se para disputar as eleições deste ano e se prepararem para as eleições gerais em 2026.
Nesse cenário, estou pessimista em relação às eleições municipais, que devem ser vencidas pela direita e serão um belo termômetro para as eleições presidenciais e de governadores, deputados e senadores em 2026, quando tudo começa de novo.
PESO DA IDADE – No artigo desta quinta-feira, Carlos Newton acertou mais uma vez. O Poder não rejuvenesce; pelo contrário, envelhece. A presidência é uma máquina de moer o sujeito que senta naquela cadeira do Planalto.
Lembro de um, que sofreu mais do que todos: o general João Figueiredo. Um atleta forte e sadio, que em sua gestão teve sérios problemas de saúde. Sofreu um enfarto e fez pontes de safena em Cleveland. nos EUA. Ele mesmo disse que uma jamanta sentou no peito dele, depois, foi perdendo a visão.
Antes dele, o general Costa e Silva. O presidente foi tão pressionado, quando anunciou daria fim ao AI-5, que sofreu em 1969, um derrame avassalador. E logo partiu. Também o general Geisel, que teve uma tentativa de golpe dentro do golpe, não estava muito bem de saúde no final do governo. Numa solenidade passou mal e quase foi. Durou pouquíssimo tempo, após passar a faixa para Figueiredo.
O poder é mesmo uma carga pesada, um legado do qual ninguém escapa.