Lula ainda está longe da aprovação necessária para garantir reeleição

Governo Lula planeja força-tarefa para conter alta nos preços dos alimentos  - UGT - União Geral dos Trabalhadores

Lula quer parar a inflação para conseguir se reeleger

Gustavo Uribe
da CNN

A mais recente pesquisa Datafolha revelou que Lula está com 29% de aprovação, um número significativamente inferior aos 46% considerados historicamente como o “número mágico” para garantir uma reeleição no Brasil.

De acordo com análises baseadas na série histórica das pesquisas eleitorais desde a redemocratização, quando um líder possui aprovação inferior a 33% na categoria “bom ou ótimo”, especialistas consideram a derrota nas urnas como um cenário praticamente certo, indica Gustavo Uribe, âncora da CNN Brasil.

SEM PROJETOS – Uma das principais críticas ao atual governo é a ausência de projetos inovadores que possam estabelecer uma marca distintiva para as eleições de 2026. As iniciativas apresentadas até o momento são, em sua maioria, reformulações de programas anteriores, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família.

Análises internas indicam que é necessária uma reconexão com a população brasileira. Entre as sugestões está a redução das viagens internacionais em favor de uma presença mais forte em território nacional, buscando uma maior aproximação com o eleitorado.

Um dos desafios significativos é alcançar o eleitor que anteriormente dependia da CLT e dos benefícios sociais, mas que agora se encontra no mercado informal. O governo federal já reconhece a necessidade de desenvolver programas específicos para atender a este segmento da população, que se distanciou das políticas tradicionalmente associadas ao partido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A euforia nacionalista já declarava Lula reeleito, os institutos de pesquisas faziam as contas do faturamento antecipado, mas o Datafolha veio colocar ordem na zona. Ao contrário do que se festejava, o crescimento de Lula nas pesquisas tinha sido decepcionante, nada havia a ser comemorado. Por enquanto, é claro. Quem sabe se Lula se recupera até a eleição? (C.N.)

Não existe nada pior do que um bilionário com consciência social

A ilustração de Ricardo Cammarota foi executada em técnica manual com pincel em nanquim aguado e, posteriormente, scaneada e colorizada digitalmente.  Na horizontal, medindo 13,9 cm x 9,1 cm, a Ilustração artística de uma multidão, composta por silhuetas humanas em preto com detalhes em vermelho, alinhadas horizontalmente sobre um fundo de pinceladas verticais em tons de vermelho, marrom e cinza claro. As figuras não possuem detalhes faciais, sendo representadas apenas por contornos simplificados. Ao fundo, há grandes pinceladas verticais em tons de vermelho, marrom e cinza claro, que evocam a imagem de prédios ou edifícios estilizados, sugerindo um cenário urbano abstrato.No canto superior direito, há um círculo vermelho, semelhante a um sol, parcialmente sobreposto pelas pinceladas. Uma linha horizontal laranja atravessa a imagem de ponta a ponta, cortando a composição ao nível da cintura das figuras

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé

A tradição de ricos e aristocratas serem de esquerda e apoiarem movimentos socialistas desde o século 19 não é, evidentemente, coisa nova. Entre os bolcheviques e anarquistas russos figuram grandes heróis da aristocracia de então, entre eles, por exemplo, o geógrafo, anarquista e príncipe Piotr Kropotkin e o nobre Mikhail Bakunin. Ricos e aristocratas também se envolveram e se envolvem até os dias de hoje com a direita, obviamente.

No Brasil recente, nomes entre os empresários que se tornaram conhecidos por serem bolsonaristas são esculachados com frequência. Já os ricos apoiadores do PT, entre banqueiros e empresários, são mais discretos e nunca esculachados. Pelo contrário, são elevados à categoria de santidade ideológica e empregam capachos no mundo da cultura em geral.

RICOS E CHIQUES – Esses agentes de repressão política estão entre os mais perigosos, hoje em dia, no Brasil. Esses ricos, chiques e famosos povoam as colunas sociais e o imaginário da esquerda.

Seja para que lado for do espectro político, quando bilionários apoiam ideologias políticas, o risco é enorme por razões óbvias. O dinheiro continua sendo a força maior de todas, mesmo entre aqueles atores políticos e financeiros que juram de pé junto que suas vidas são dedicadas à causa dos humilhados e dos ofendidos. Humilhados e ofendidos são usados como commodity política há muito tempo.

Esta é uma das marcas da democracia em sua vocação irresistível ao populismo: humilhados e ofendidos votam e são em grande maioria, principalmente em países como o Brasil. Lula e o PT têm sido os grandes especialistas em populismo, justamente por seu discurso de voto de cabresto em troca do Bolsa Família e de outros quebrantos.

FALSIDADES DE LULA – O bilionário de esquerda hoje no Brasil tem prestado um grande desserviço à cultura em geral, na medida em que destrói a diversidade de opiniões, alijando setores do pensamento público que não lambem as suas botas.

Uma das ideias mais falsas que atravessam o discurso de Lula é a de que seu governo e sua história implicam combate aos ricos. Mentira: os governos do PT convivem e conviverão muito bem com certos setores da alta elite econômica brasileira, garantindo que ela fique ainda mais rica, em troca de que esses setores alimentem o projeto petista de transformar o Brasil no seu quintal.

Os jovens egressos desses impérios muitas vezes sofrem de uma culpa barata, de que devem ser petistas e similares, para combater a desigualdade social, da qual eles mesmos são a prova cabal. Tendo suas vidas ricas em dividendos que garantem no mínimo cinco encarnações com dinheiro suficiente para viajar e produzir conteúdos audiovisuais que sustentem o discurso autoritário do PT e similares, esses jovens formam uma casta à parte com vocação natural a divas e divos da cultura nacional.

MISÉRIA DA CULTURA – Qualquer produção que brote de suas cabeças já nasce premiada e com unanimidades a seu serviço. Este é um dos fatores que continua a garantir a miséria da cultura nacional, pois esta, passo a passo, se torna o clubinho da mesmice intelectual e artística dos ricos, chiques, famosos e seus capachos.

No Brasil, a cultura só pode ser produzida pela casta sacerdotal abençoada por Lula e seu séquito. E, quando poderosos segmentos da elite econômica financiam tal forma de destruição do pensamento público, respira-se stalinismo.

Como sempre, quando os ricos decidem eliminar “concorrências”, o fazem de forma extremamente competente. O dinheiro nunca perde uma batalha.

E COMPRAM TUDO… – A maior prova do equívoco marxista é achar que a alta elite econômica jamais compraria seus agentes revolucionários. No Brasil, a quase totalidade desses supostos agentes revolucionários estão na “folha de pagamento” dos bilionários de esquerda.

Ao contrário das narrativas equivocadas que circulam por aí, a história prova que muitos profissionais dos setores envolvidos com arte, cultura e letras estão entre os mais baratos da praça. Qualquer troca

do garantirá a fidelidade canina e confessa a quem pagar melhor. Muitas vezes, essa fidelidade é dada em troca, simplesmente, da segurança de que terá seu emprego por mais algum tempo.

SECOS E MOLHADOS – Gente de dinheiro devia ficar concentrada em vender e comprar tomates, ovos, dólares e bolsas de marca. Quando adentra o mundo da cultura, o faz para produzir lacaios.

Nada pior do que um bilionário com consciência social. Pela sua própria condição determinada de bilionário, ele tenderá a esmagar quem se colocar à sua frente como obstáculo.

A intenção deles hoje em dia é eliminar todos que se opuserem a eles e transformar a cultura numa terra arrasada.

Lula tem 39% e Bolsonaro 33% em cenário para 2026, mostra Datafolha

BTG/FSB: Lula tem 41%, e Bolsonaro, 34%; diferença entre eles cai 6 pontos  | Metrópoles

Pesquisa sobre a eleição presidencial não tem novidade

Isabela Mendes e Renata Pedini
Estadão

Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado, 2, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem agora vantagem de seis pontos porcentuais sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está atualmente inelegível, no cenário eleitoral para a disputa presidencial de 2026.

Lula lidera com 39% das intenções de voto, enquanto Bolsonaro tem 33% no primeiro turno. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

OUTROS CENÁRIOS – Com o filho do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro (PL), Lula marca 39% e o deputado, 20%. Com o filho mais velho de Bolsonaro, Flávio, o petista registra 40%, enquanto o senador tem 18%. No cenário de disputa com Michelle Bolsonaro, por sua vez, a ex-primeira-dama tem 24% de intenções de voto na primeira etapa do pleito. Já Lula tem 39%.

Em eventual disputa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o presidente lidera com 38% a 21%. O cenário muda um pouco quando o petista é desconsiderado na corrida pela reeleição.

Contra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), Tarcísio empata — ambos marcam 23% de intenção de voto. Já com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), Tarcísio fica na igualdade técnica, com 24% do ex-governador paulista contra 22%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Aliados de Bolsonaro vão às ruas Brasil afora em atos pró-anistia

São Paulo (SP), 03/08/2025 Fotos geral feito de drone do ato "Reaja Brasil", organizado pelo Pastor Silas Malafaia, na Avenida Paulista em São Paulo, neste Domingo, 03 de Agosto de 2025. Sem a presença de Jair Bolsonaro (PL), por determinação de medidas cautelares do STF

Fotos em drones mostram a adesão ao alto na Paulista

Deu no Metrópoles

Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) saíram às ruas, neste domingo (3/8), em 62 cidades de todo o país. A pauta das mobilizações também inclui o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os atos ocorreram em todas as regiões do país, no contexto da imposição de medidas cautelares a Bolsonaro, como o uso de tornozeleira eletrônica. Devido às restrições, o ex-presidente não pode sair de casa aos fins de semana e, por isso, não participou presencialmente de nenhuma das manifestações convocadas para este domingo, mas fez algumas videochamadas e assistiu aos atos em Brasília, transmitido por uma assessora, no Rio, pelo filho Flávio Bolsonaro (PL-SP), e em Belém, pela mulher, Michelle.

GOLPE DE ESTADO – O ex-presidente é réu no processo relacionado a uma suposta tentativa de golpe de Estado, que teria ocorrido em 2022 para mantê-lo no poder, mesmo após a vitória do presidente Lula da Silva (PT). A ação penal é conduzida por Moraes no STF.

A anistia em pauta visa livrar Bolsonaro de uma possível condenação que pode levá-lo à cadeia. O perdão se estenderia, ainda, aos demais réus no processo que trata da trama golpista e aos condenados pelo 8 de Janeiro.

Em Brasília, o grupo se reuniu no Eixão Sul, em frente ao Banco Central, a partir das 10h. Tradicionalmente, a rodovia fica fechada aos domingos para o lazer dos moradores da cidade, o que facilitou o encontro.

BANDIDO É LULA – A deputada Bia Kicis (PL-DF) subiu ao carro de som por volta das 10h, logo no início dos protestos, e discursou. “A gente sabe que o nosso presidente é um homem inocente, limpo, honesto, patriota. Ele não é bandido para usar tornozeleira. Bandido é o Lula. Essas mulheres e esses homens perseguidos do 8 de janeiro, que estão de tornozeleiras, sofrendo ou até mesmo presos”, disse a parlamentar

“Hoje é o dia de a gente mostrar a nossa garra e o nosso coração. Hoje é o dia de a gente mostrar que o brasileiro tem coragem, é patriota e solidário. Nós estamos juntos. Viva o Brasil”, finalizou.

Após a fala da deputada, tocaram o Hino Nacional no carro de som, que foi cantado efusivamente pelos manifestantes. Segundo os organizadores do evento, 12 mil pessoas estiveram no ato.

ATAQUE A MORAES – Outros políticos, como o senador Izalci Lucas (PL-DF) e os deputados distritais Thiago Manzoni (PL) e Pastor Daniel de Castro (PP), também marcaram presença no local. O desembargador Sebastião Coelho, aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) aproveitou para dizer que a direita pretende pressionar o Congresso Nacional “em busca de medidas”. “Alexandre de Moraes, você não é um juiz, você é um criminoso”, atacou.

A deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) questionou “que crime Bolsonaro cometeu?”. A parlamentar disse, ainda, que a oposição pretende pautar no Congresso o pedido de anistia aos réus do 8/1, bem como uma solicitação de impeachment de Moraes.

EM COPACABANA – As ruas de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, também foram ocupadas por manifestantes, na manhã deste domingo (3/8). O ato em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro está previsto para começar as 11h. A estação de metrô do Cantagalo ficou lotada de bolsonaristas, que se dirigiam ao ato.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, esteve na manifestação e conversou com o Metrópoles pouco antes de subir no trio elétrico.

“A gente é muito grato pelas pessoas que, mais uma vez, estão nas ruas para lutar pelo país. O que tem acontecido no Brasil é fruto de toda perseguição de Alexandre de Mores, que, para a vergonha brasileira, é uma autoridade sancionada pela maior democracia do mundo. As pessoas não podem fingir que o Brasil está em normalidade, porque não está. E quem está aqui hoje, em Copacabana, e quem está nas ruas de todo o Brasil está vindo nos ajudar. Esse é o momento de resgatar nossa liberdade e buscar a normalidade no Brasil”, disse.

LÍDER MUNDIAL – O governador Cláudio Castro (PL-RJ) foi ao protesto e discursou de cima do trio. “E esse grito, meus irmãos. está sendo gravado e vai ecoar pelo Brasil e pelo mundo inteiro. Porque o único líder mundial hoje que outras nações param o que estão fazendo para defender é Bolsonaro. Por isso, temos de começar hoje uma grande campanha. Não há plano B ou plano C. Nós queremos Bolsonaro para presidente da República. Viva a democracia. E viva a Bolsonaro”, gritou.

APOIO A EDUARDO – A Praça da Liberdade, em Belo Horizonte virou palco da manifestação de apoiadores, neste domingo. Um dos nomes mais lembrados pelo público foi o do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), alvo de gritos efusivos de “obrigado” ao longo do ato.

Mesmo ausente, Eduardo foi citado por manifestantes em razão de sua atuação nos Estados Unidos, onde está desde março. De acordo com declarações anteriores do próprio parlamentar, sua permanência no país tem dois objetivos: articular apoio com aliados do ex-presidente Donald Trump para uma possível anistia aos investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, e pressionar por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Na última quarta-feira (30/7), Moraes foi oficialmente sancionado pela Lei Magnitsky, norma americana que permite punições a indivíduos acusados de envolvimento em violações de direitos humanos. A medida foi celebrada por bolsonaristas nas redes sociais e também durante o ato na capital mineira.

OUTROS ESTADOS – De acordo com a Polícia Militar de Minas Gerais, a manifestação ocorreu de forma pacífica e não houve registro de confusões ou confrontos no local.

Pré-candidato ao Senado por Santa Catarina , o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) escolheu a cidade de Criciúma (SC) para participar dos atos pró-anistia ao pai e contra o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Carlos foi visto no protesto realizado no município. Em uma das imagens, ele aparece cumprimentando o deputado federal Daniel Freitas (PL-SC), que tem base eleitoral na região.

EM SALVADOR – Pelo terceiro domingo seguido, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foram às ruas de Salvador. O ato “Reaja, Brasil” ocorreu no Farol da Barra, com bandeiras do Brasil e trio elétrico.

A manifestação foi organizada por aliados de Bolsonaro na Bahia, como os deputados estaduais Diego Castro, Leandro de Jesus e deputado federal Capitão Alden, todos do PL-BA. Os parlamentares convocaram o público pelas redes sociais. O protesto começou às 9h e integrou a série de atos simultâneos pelo país.

Nos dois domingos anteriores, os bolsonaristas se reuniram na orla do Costa Azul, no bairro do Stiep, e também no Farol da Barra. As manifestações pedem anistia aos investigados dos atos de 8 de janeiro e criticam decisões do STF.

MICHELLE EM BELÉM – A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou do ato em apoio ao marido e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Belém (PA). A manifestação começou às 8h, na avenida Assis de Vasconcelos.

Michelle optou por não comparecer ao ato principal do dia, na Avenida Paulista, em São Paulo, o que gerou incômodo entre aliados. A ex-primeira-dama já havia se ausentado de outras mobilizações organizadas pelo pastor Silas Malafaia, como em Copacabana (em março) e na Paulista (em junho).

Em São Paulo, onde a manifestação começou às 14h, bolsonaristas começaram a chegar à Avenida Paulista no final da manhã. Organizado por Malafaia, o palco montado para os bolsonaristas contou com dois trios elétricos estacionados na esquina com a rua Peixoto Gomide.

NUNES PRESENTE – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou da manifestação. Ele não foi ao último ato bolsonarista em São Paulo, em 29 de junho. No entanto, na manifestação anterior, em abril, Nunes chegou a discursar no palanque e foi tratado como “anfitrião” pelo principal organizador do evento, pastor Silas Malafaia.

Sem o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que faz um procedimento no Hospital Albert Einstein, na zona oeste da capital, a ida de Nunes à Paulista é mais um gesto de aproximação do prefeito paulistano ao bolsonarismo.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi a principal atração entre políticos que fizeram o uso da fala no ato deste domingo em SP. No discurso, o parlamentar atacou o ministro Alexandre de Moraes, criticou a diplomacia do governo Lula e cobrou os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Jair Bolsonaro continua a ser o principal líder da direita. Tem grande chance de derrotar Lula, mas depende do Congresso, que terá de aprovar a anistia, sem que o Supremo derrube o projeto por inconstitucionalidade. Além disso, há a inelegibilidade no TSE, o que é ainda mais complicado, a não ser que também conste na anistia. (C.N.)

Fracasso brasileiro é o novo estilo administrativo adotado pelos EUA

Trump declines witness stand as testimony in his first trial concludes •  Oregon Capital Chronicle

Sem perceber, Trump repete os mesmos erros do Brasil

Vinicius Mota
Folha

A liberdade invocada pelos representantes dos vândalos que destruíram palácios em Washington e Brasília é praticada no Brasil há séculos. Trata-se da escassez de limites para infligir danos e sofrimento aos outros em nome da autenticidade e da sacralidade do interesse e do desejo próprio.

Se é possível extrair uma teoria desse emaranhado, ela opera sob o pressuposto de que os grupos humanos são diferentes nas suas capacidades materiais e intelectuais —por uma condição natural ou histórica ou porque apenas alguns teriam sido abençoados pela graça divina— e predica que não deve haver barreiras psicológicas, sociais nem legais para obstar o atropelo dos mais fracos pelos mais fortes.

ASPIRADOR DE RENDA – Seria como colocar Hobbes do avesso, tirar o Leviatã da sala e deixar o couro comer, mas nem tanto. O Estado tem essa característica de servir como porrete e aspirador de renda nas mãos de alguns e desse elemento não se abre mão. O poder político se torna um meio para proteger e enriquecer quem o conquista e para cooptar, perseguir e enfraquecer adversários. Eis o Brasil de anteontem, ontem e hoje.

Sobre o aspecto de deixar o couro comer, poucos fatores são mais típicos de uma sociedade civilizada do que a proteção da esfera íntima, a começar do corpo. Abster-se de ferir alguém cristaliza-se numa interdição tão enraizada como as regras que inibem o incesto em comunidades tribais.

Era dessa fronteira invisível e impenetrável que Sérgio Buarque de Holanda se ressentia ao identificar e criticar a “cordialidade” brasileira. Cordialidade também quer dizer violência.

TODOS MATAM – O cotidiano brasileiro é violento. A polícia mata, os civis matam e os motoristas matam. Comemora-se a tendência de queda generalizada dos crimes violentos no país, o que é um fato. Ainda assim foram assassinadas mais de 45 mil pessoas no Brasil em 2023 e outras quase 35 mil morreram no trânsito.

São mais de 80 mil em 12 meses, cerca de 40 mortes violentas para cada grupo de 100 mil habitantes e 1 milhão de óbitos de 2013 a 2023. Ucrânia, Síria e Gaza são aqui.

Sociedades civilizadas também instruem a totalidade das crianças e dos jovens como se educação fosse alimento vital. Outras coisas podem faltar, mas não aluno na sala aprendendo com a aula mais eficiente, o horário marcado, o professor preparado, durante vários milhares de horas desde a primeira infância.

ENSINO FALHO – Aqui isso funciona apenas para os filhos da elite e olhe lá. Nove milhões de jovens de 15 a 29 anos nem sequer completaram o ensino básico. O que deveria ser denunciado como crime contra o futuro da população mais vulnerável passa como elemento da paisagem.

A “liberdade” de extrair renda dos outros à custa do bem-estar da maioria também é longeva e disseminada. Não há saneamento, tecnologia do século 19, para todos por causa disso.

A conta de energia de mansões com placas solares é subsidiada pelos mais pobres, grupos profissionais têm privilégios na aposentadoria, na tributação e nos salários custeados pela camada mal remediada da população, mercadorias e serviços encarecem porque a lei atende a lobbies influentes. O descontrole dos orçamentos públicos compromete programas sociais e eleva os juros que remuneram o andar de cima.

PROFECIA DE RICUPERO – Vem do ex-ministro Rubens Ricupero uma profecia incômoda sobre a aspiração civilizatória no Brasil, onde décadas e gerações se sucedem sem nenhuma hecatombe bélica ou natural, mas também sem que o país alcance o bem-estar material e espiritual das nações ricas. É o que ele chamou de suave fracasso.

A novidade que agora vem do norte é a elite política que conquistou a Casa Branca pretender transformar os EUA num grande Brasil.

Famílias e oligarquias se apossam do poder de Estado para defender seus interesses e negócios particulares, proscrevem adversários, desmontam burocracias de mediação, sabotam o cânone acadêmico e educacional, fecham a economia e desestabilizam as relações internacionais motivadas pelo próprio fígado e pelo próprio bolso.

Não há saída brilhante para a crise criada por Trump, diz Francisco Rezek

FRANCISCO REZEK – Academia Líbano Brasil

Resek não vê solução para problemas que Trump cria

Vicente Limongi Netto

A jornalista Ana Dubeux (Correio Braziliense- 03/08) brindou os leitores e assinantes com expressiva entrevista com o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-ministro das Relações Exteriores, Francisco Rezek.

Voz firme, competente e respeitada na luta do bem contra a crescente e avassaladora intolerância dos poderosos mundiais de plantão. Para Rezek, “Donald Trump não entende por que seu devoto Jair Bolsonaro enfrenta aqui consequências que ele próprio não teve que enfrentar perante a justiça norte-americana”.

A seu ver, “não há como imaginar uma saída brilhante para o impasse em que Trump coloca o Brasil de caso pensado e com dolo intenso”.

Trump acha que pode dirigir o mundo, sem ter o suco de laranja do Brasil?

Krugman: Trump acha que governa o mundo, mas não tem o suco do Brasil |  Metrópoles

Krugman aponta as idiotices que Trump está fazendo

Aline Bronzati
(Broadcast)

O economista americano Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de 2008, afirmou que a isenção ao suco de laranja do Brasil é um sinal de que os Estados Unidos precisam do País. Ele voltou a tecer críticas à nova política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quando entraria em vigor a cobrança das taxas ao mundo. A tarifação acabou sendo adiada para a próxima semana.

Para Krugman, a taxação do chefe da Casa Branca ao Brasil é um “flagrante” ao querer influenciar sua política interna e ilustra a “ilegalidade” do tarifaço. “Trump pode achar que pode governar o mundo, mas ele não tem o suco de laranja ou de outro tipo”, afirma, em análise divulgada nesta sexta-feira.

LIÇÃO AO MUNDO – Trump está, sem querer, dando ao mundo uma lição sobre os limites do poder dos EUA, diz Krugman. O economista diz que as negociações de Trump com o Brasil são “excepcionais” e suas exigências são “diferentes” do que as feitas a qualquer outro país, cuja taxação de 50% é “consideravelmente mais alta”.

“Trump vinculou explicitamente as tarifas ao Brasil à ousadia da nação em julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentar reverter uma eleição que ele perdeu”, destaca.

O Nobel acusa Trump de ser um “inimigo da democracia e da responsabilidade de aspirantes a autoritários”. “Mas nós sabíamos disso”, afirma.

TOTALMENTE ILEGAL – O economista americano também observa que é “totalmente ilegal” os EUA usarem tarifas para tentar influenciar a política interna de outro país. “Praticamente tudo o que Trump tem feito em termos de comércio é ilegal, mas no caso do Brasil é completamente flagrante”, reforça.

Conforme ele, as razões para a imposição de tarifas são limitadas, como, por exemplo, uma situação de emergência econômica, mas esse não é o caso dos EUA, que “estão indo muito bem”, nas palavras do chefe da Casa Branca.

“Portanto, o confronto com o Brasil ilustra de forma especialmente clara a ilegalidade da onda de tarifas de Trump”, afirma.

LIMITE AO PODER – Por outro lado, a taxação aos produtos brasileiros, na sua visão, também ilustra a “diferença entre a quantidade de poder que Trump aparentemente pensa que tem e a realidade”. Um sinal claro é a isenção ao suco de laranja fresco, 90% do qual é fornecido pelo Brasil.

“Aparentemente, precisamos do que o Brasil nos vende. E isso é uma admissão implícita de que, ao contrário das constantes afirmações de Trump, os consumidores dos EUA, e não os exportadores estrangeiros, pagam as tarifas”, avalia.

O Nobel cita ainda o café, que ficou fora da lista de cerca de 700 isenções dos EUA ao Brasil. “O que alguns de nós queremos saber é por que o suco de laranja, do qual as pessoas podem viver sem, está recebendo uma folga, enquanto o café, um nutriente absolutamente essencial, não está”, questiona.

EFEITOS CONTRÁRIOS – Já na política, Krugman observa que a taxação de Trump ao Brasil está tendo “efeitos contrários”, com a melhora da aprovação do governo petista no País.

“Em um eco do que aconteceu no Canadá, onde a pressão de Trump claramente salvou o governo Liberal de perdas eleitorais massivas, as ameaças contra o Brasil fizeram maravilhas pela popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva, o atual presidente”, diz.

E discorda do critério que aponta os EUA como o segundo parceiro comercial mais importante do Brasil. Quando considerados todos os países europeus somados, a China segue na liderança isolada, respondendo por 28% das exportações do Brasil, mas a União Europeia (UE) sobe para a segunda posição, com uma fatia de 13,2%, enquanto que os EUA cairiam para a terceira, com 12,1%, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Disse Krugman: “Trump e seus assessores realmente acham que podem usar tarifas para intimidar uma nação de mais de 200 milhões de pessoas a abandonar seus esforços para defender a democracia, quando ela vende 88% de suas exportações para países que não são os Estados Unidos?”. Bem, vê-se por que Krugman foi Nobel de Economia aos 61 anos. (C.N.)

Em seis meses, Trump abalou a democracia e agora desfaz o ‘mito’ americano

CRÉDITO: STEVE SACK_CAGLE CARTOONS

Charge do Steve Sack (Revista piauí)

Jamil Chade
do UOL

Poucas semanas depois de Donald Trump iniciar os ataques contra as instituições americanas, chantagear o mundo e tentar, na força, inaugurar uma nova ordem mundial, um dos maiores especialistas em democracia no mundo, Staffan Lindberg, chefe do V-Dem – um programa da Universidade de Gotemburgo – avisou:

“Se isso continuar assim, os EUA não serão mais considerados como uma democracia em 2026”, disse, numa referência ao informe e mapeamento que sua instituição realiza e que serve de parâmetro no mundo.

MITO EM CRISE – Não era um exagero. O ‘mito’ americano de ser uma experiência democrática que serve de suposto modelo ao mundo está em risco. Em seis meses, o governo Trump proliferou ordens executivas para desmontar o estado de direito, promoveu um ataque deliberado contra a Constituição, prendeu e pediu o impeachment de juízes e deu ordens explícitas para que seus funcionários descumprissem ordens legais.

Dentro da Casa Branca, foram borradas as linhas que separam interesses particulares e públicos, com empresários, parentes e o conglomerado Trump usando os símbolos nacionais para vender telefone, criptomoeda, perfume, bíblias e mais de 150 outros produtos.

O presidente ainda agiu para apagar as fronteiras entre fé e religião, um dos pilares da república. Trouxe para dentro do Salão Oval “tele-evangelistas”, ordenou investigação sobre a suposta perseguição contra cristãos e falou abertamente sobre princípios religiosos como base para políticas públicas.

RACISMO E XENOFOBIA -Em sua ofensiva contra imigrantes, transformou o processo de deportação em um reality show de racismo e xenofobia.

Trump desmontou o Departamento de Educação e institucionalizou a censura, retirou programas sociais dos mais pobres, atacou universidades e enfraqueceu ou inviabilizou os órgãos de controle.

A corrosão da democracia veio ainda na forma de um ataque minuciosamente organizado contra a imprensa, seja pedindo publicamente a demissão de jornalistas como abrindo processos milionários contra meios de comunicação. O objetivo é intimidar e causar um clima de auto-censura entre todos os demais.

RÁDIO E TLEVISÃO -Ao cortar recursos para a NPR e PBS, o sistema público de rádio e televisão, Trump deve ainda levar ao fechamento de 1,5 mil estações pelo país e que dependiam dos programas produzidos pela agência.

O impacto é também no exterior. Os cortes de Trump na ajuda externa e o desmantelamento da US Agency for Global Media significaram o fim do apoio à mídia independente no exterior, provocando a alegria dos regimes autoritários que estão aproveitando a oportunidade para preencher o vazio deixado para trás. Basta ver como a mídia estatal russa elogiou o fechamento da Voice Of America como uma “decisão fantástica”.

Para a entidade Repórteres Sem Fronteira, Trump está ao mesmo tempo “imitando e inspirando regimes autoritários e quase autoritários em todo o mundo”.

ANTIJORNALISMO – “Donald Trump tornou-se uma figura importante em um movimento político global antijornalismo que contribuiu para o recente declínio da liberdade de imprensa em todo o mundo e que atualmente está em plena exibição nos Estados Unidos, apenas seis meses após o início de seu segundo governo”, alertou a organização.

“Desde que assumiu o cargo, há seis meses, Trump tem correspondido a anos de ataques verbais a jornalistas com ações novas e concretas para limitar a liberdade de imprensa. Muitas dessas táticas não são novas – é a mesma cartilha que vimos os predadores da liberdade de imprensa empregarem em todo o mundo. Mas está claro que Trump ampliou esse fenômeno, encorajando e inspirando outros líderes a reprimir sua própria mídia doméstica. O resultado é um desastre para a liberdade de imprensa em nível global”, alertou Clayton Weimers, diretor-executivo da RSF.

Entre acadêmicos e analistas americanos, o mito de que suas instituições eram sólidas o suficiente para conter ofensivas autoritárias se desmanchou nos últimos seis meses. Trump cavalga com a certeza de que não tem limites para suas ações e não descarta nada. Nem mesmo mais um mandato, hoje ilegal.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Trump é exagerado em tudo o que faz. Sempre foi assim e não vai mudar. Acredito que em breve as coisas vão se acomodar, porque ele perceberá que muitas teses suas são inviáveis. É preciso ter muita serenidade para negociar com Trump, todos os países estão discutindo as tarifas e o mundo não parou se girar. É só uma freada de acomodação, como dizem os motoristas de ônibus. (C.N.)

A melhor forma de governar é dar força à família, mas ninguém pensa sobre isso

Grande família feliz almoçando juntos na ilustração dos desenhos animados  de sala de estar | Vetor Premium

Ilustração reproduzida do Arquico Google

Vicente Limongi Netto

A família é o significado da vida harmoniosa. Nutrida e alimentada por tristezas, alegrias, pressões, sonhos, conquistas, diálogos e emoções. A família repudia excessos. Não convive em harmonia com desvarios de agressões e ofensas. A família sublima a união. Não se deixa vencer pelo desânimo.

A intolerância é inimiga visceral do amor. Família agrega. Quem desagrega são os pobres de espírito. Marcados pela covardia, pelo ódio e pela maldade. Sórdidos forjados na criminalidade.

Família não esmorece diante da dor. É grandiosa e cultiva os dadivosos. Família é a pedra preciosa que precisa ser lapidada com fervor, perseverança e firmeza. Bestas humanas são indignas da convivência familiar. Destroem lares e sentimentos. Quem mata a mãe, o filho ou a ex-esposa, é expoente da infinita crueldade e covardia. Esterco repelido pelas sementes do bem.

BANCA DA NILDA – Brasília é dividida em quadras, e cada uma tem seu pequeno comércio e suas bancas de alimentação. Sabores, preços camaradas e aromas da Banca da 103-Sul fazem a alegria dos moradores. Agradável e tranquilo ponto de encontro. Visitante que passa para conhecer,  gosta e volta sempre.

Terça-feira, a acolhedora banca da Nilda e do filho, João, recebeu grupo de ruidosas vovós. Vinte e duas joviais rainhas. Com idade entre 60 e 80 anos.  Colegas que viraram amigas, graças a saudável convivência no SESC da 504-Sul. Entidade do Sistema S comemorando 54 anos de existência. Lá elas desfrutam de pilates,  hidroginástica, musculação, biblioteca, dentista, natação e médico.

TERNURA E ALEGRIA – Gostam de viver.  Escolheram a banca da Nilda para lanchar e preencher a tarde com ternura e alegria.  Juntaram as mesas e as amizades.  Prontas para o banquete. Guardaram os celulares. Para aproveitar as delícias do lugar. Provaram um pouco de tudo. Quitutes variados. Feitos com esmero. Para todos os gostos.

Pastel, pão de queijo, salada de frutas, caldo de cana, bolo,  café, quibes. Chegaram às 16 horas e foram embora às 19 horas. Felizes e altivas. Saudando a luz do céu.  Diversão majestosa que alimenta o coração e o cérebro. Estimula viver. Prometeram retornar. Para repetir a algazarra e o tempero da felicidade.

“Vão-se sonhos nas asas da Descrença, voltam sonhos nas asas da Esperança”

A mão que afaga é a mesma que... Augusto dos Anjos - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, professor e poeta paraibano Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (1884-1914), mostra neste soneto que “A Esperança” serve de panaceia para todos os sentimentos e momentos da vida.

A ESPERANÇA
Augusto dos Anjos

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro – avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!

União Brasil abandona governo Lula e expulsará ministro que quiser ficar

Presidente do União Brasil, Antonio Rueda, é advogado contratado por  magnata da mineração

Rueda constata que não há condições para apoiar o Lula

Andreza Matais
Metrópoles

A cúpula do União Brasil bateu o martelo e vai entregar dois dos ministérios que ocupa no governo Lula. O desembarque deve ocorrer já em setembro. Dos três ministros indicados pelo União, apenas Celso Sabino (Turismo) é filiado à sigla. Nesse caso, a coluna apurou que ele será expulso da legenda se permanecer no governo como cota pessoal de Lula.

Outro que terá que entregar o cargo é Frederico Siqueira (Comunicações). Ele não tem filiação partidária, mas só está no ministério por imposição do União.

COTA DO DAVI – A determinação partidária, contudo, não deve alcançar Waldez Góes (Integração Nacional). Embora filiado ao PDT, o ministro só está no posto porque o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), quer. E ninguém no União Brasil mexe com os cargos de Alcolumbre — nem mesmo o poderoso presidente da sigla, Antonio Rueda.

Sem base de apoio no Congresso, a saída do União Brasil do governo significa ainda mais dificuldades para o governo Lula aprovar medidas que possam ajudar Lula na reeleição. A sigla elegeu 59 deputados, terceira maior bancada da Câmara, atrás do PL (99) e do PT (67).

A coluna apurou que o partido não quer mais estender sua permanência no governo, diante da decisão de que não irá apoiar a reeleição de Lula em 2026. Isso, contudo, já era um fato desde abril, quando o União formou uma federação com o PP — um dos maiores opositores do governo Lula. A federação obriga os dois partidos a apoiarem o mesmo candidato ao Planalto em 2026.

CRÍTICAS DE RUEDA – O que precipitou a saída do União foi uma reportagem da coluna que mostrou críticas do presidente da sigla, Antonio Rueda, ao governo Lula, durante evento da XP, em São Paulo, que reuniu os maiores empreendedores do país, investidores e CEOs de grandes empresas.

Ao lado do presidente do PT, Edinho Silva, Rueda disse que falta “coragem” e “seriedade” ao governo Lula e defendeu a substituição do petista em 2026.

“Acredito que o governo Lula, o terceiro governo, não está conseguindo entregar à sociedade o que ela realmente precisa. Precisamos de um enfrentamento com coragem. Eu não consigo enxergar essa mudança. Não vejo uma sociedade equilibrada onde não se consegue fazer cortes de gastos e investir com seriedade em saúde e educação.”

DESEMPREGO – “Estamos às portas de um impacto forte provocado pela inteligência artificial. Imagine a quantidade de empregos que vão desaparecer nos próximos três, quatro, cinco anos. E não estamos nem debatendo isso ainda. O Brasil precisa se modernizar, e para isso precisamos de uma candidatura que leve o país a um rumo certo, de prosperidade. E não consigo enxergar metas no governo atual. Está tudo muito solto“, disse.

No evento da XP, Rueda também responsabilizou Lula pelo tarifaço de Trump, enquanto o petista coloca a culpa em Jair Bolsonaro:

“A primeira pessoa que tem que dialogar é o presidente da República. Ele tem que pegar o telefone, ligar para o Trump e dizer: “Eu quero dialogar.” Ao invés de hoje estar correndo atrás e vivendo em função da eleição. Eu acho que essa postura é muito danosa para o país. A gente conhece o Trump porque ele já foi presidente. E a gente tem que ter racionalidade e entender o que aconteceu. O presidente [Lula] sim, ele provocou, instigou essa situação. Não tem como dizer que isso não aconteceu”, acentuou Rueda.

CASO DA UCRÂNIA – “Quando o mundo ocidental defendia a Ucrânia, o presidente foi lá e defendeu a Rússia. Foi lá bater palma, fazer aceno e outras coisas. Isso vai ter um custo. A gente não pode achar que isso vai passar batido. Agora, no BRICS, ele defendeu o diálogo para extinguir o dólar da comercialização. Não tem como o Trump ficar calado”, disse, acrescentando:

O presidente do União Brasil e da federação União-PP escancarou ainda que não irá apoiar a reeleição de Lula. “O que a gente imagina é que esse campo, da centro-direita, vai se unificar em torno de uma candidatura. Hoje você já ouve falar muito do Tarcísio, do Ratinho, do Zema e do próprio Caiado, que é o nosso pré-candidato. E eu enxergo que esse movimento vai ser mais eficaz”.

O presidente Lula não gostou do que leu e, cinco dias depois, convocou os três ministros para cobrar explicações sobre as críticas de Rueda, como mostrou o colunista Igor Gadelha. Em reunião fora da agenda, o presidente condicionou a permanência no governo ao apoio do partido no Congresso.

Trump, Lula e o tarifaço: um telefonema entre a farsa e a diplomacia

Trump: ‘Lula pode falar comigo quando quiser’

Pedro do Coutto

A diplomacia é feita tanto de gestos quanto de silêncios. E, no momento, o silêncio do presidente Lula da Silva diante do convite informal de Donald Trump para um telefonema tem mais força do que palavras. Em entrevista recente nos jardins da Casa Branca, Trump afirmou que está pronto para conversar e que Lula pode ligar “quando quiser”.

Mas esse gesto aparentemente amigável soa, no mínimo, contraditório. Afinal, o mesmo presidente impôs, sem qualquer aviso prévio, tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros como aço, alumínio, carne, café e etanol. Como confiar em um interlocutor que age unilateralmente, punindo um parceiro comercial de forma tão agressiva, e depois diz estar “aberto ao diálogo”?

GESTO POLÍTICO – Esse é o cerne da hesitação de Lula. O presidente brasileiro sabe que não se trata apenas de uma ligação telefônica. Trata-se de um gesto político com implicações amplas. Um telefonema, nesse contexto, poderia ser interpretado como submissão, como uma tentativa desesperada de reverter uma punição que nunca deveria ter existido.

Trump tem se caracterizado por um estilo errático e performático, onde decisões extremas são tomadas de forma impulsiva e revertidas com igual velocidade, dependendo do cálculo político do momento. Um dia impõe tarifas draconianas, no outro, insinua que pode recuar — sem explicar quanto, quando ou como.

A dúvida central é: até onde Trump estaria disposto a recuar? O tarifaço foi amplo e agressivo. Um recuo parcial não resolveria o problema. Mas Trump não é conhecido por oferecer concessões completas. Lula, por sua vez, mede com cuidado os prós e contras de aceitar o contato.

SOBERANIA – Não se trata apenas de economia — é também uma questão de soberania e dignidade nacional. Falar por falar pode alimentar a narrativa de que o Brasil aceitou calado uma punição e agora se submete a um jogo de cena.

Nos bastidores, cresce também a suspeita de que figuras ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, como seu filho Eduardo Bolsonaro, estejam articulando pressões junto ao governo Trump para dificultar a vida do atual governo brasileiro. Seria uma espécie de sabotagem diplomática, feita em silêncio, mas com repercussões concretas.

RUÍDOS – Não é coincidência que, ao mesmo tempo em que as tarifas são impostas, surgem ruídos na relação entre os dois países e se multiplicam ataques velados à condução da política externa brasileira.

A situação coloca Lula diante de uma escolha delicada: manter-se firme e esperar que os Estados Unidos ofereçam um gesto concreto de recuo — o que reforçaria sua posição interna e internacional — ou aceitar o diálogo em condições desfavoráveis, correndo o risco de ser usado como figurante em mais um episódio do espetáculo trumpista. Não é uma decisão simples. A balança entre a diplomacia estratégica e a defesa da soberania nacional é sempre sensível.

Por ora, o telefone permanece no gancho. E talvez esse silêncio diga mais do que qualquer conversa apressada. Se Trump quer, de fato, negociar, precisa demonstrar isso com medidas reais, não com frases de efeito. O Brasil não pode ser tratado como um parceiro de segunda categoria, sujeito a humores e cálculos eleitorais. A confiança, nesse caso, é uma via de mão dupla — e quem quebrou esse vínculo primeiro não foi Lula.

Onda de soberania não reduziu a elevada avaliação negativa de Lula

 — Foto: Criação O GLOBOFernanda Alves
O Globo

Mesmo após Lula sair em defesa da soberania nacional após críticas do presidente dos Estados Unidos Donald Trump ao sistema financeiro brasileiro e impor sobretaxas de importação que chegam a 50%, a popularidade do presidente permanece no patamar dos últimos meses. Pesquisa Datafolha divulgada neste sábado mostrou que 40% dos entrevistados consideram a gestão do petista ruim ou péssima, enquanto 29% avaliam como ótima ou boa.

Ainda no levantamento, 29% avaliam o governo como regular e 1% não souberam responder. Os dados mostram poucas alterações para a rodada de perguntas anterior, aplicada em junho, quando o governo de Lula tinha 28% de ótimo e bom e os mesmos 40% de ruim e péssimo. O regular passou de 31% para 29%, e 1% não deu opinião.

50% DE REPROVAÇÃO – A pesquisa foi realizada entre os dias 29 e 30 de julho e ouviu 2.004 brasileiros com mais de 16 anos, em 130 cidades do país. A margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos.

O levantamento mediu também diretamente a aprovação da gestão de Lula, com 50% dos entrevistados respondendo que reprovam o governo. O patamar é o mesmo da pesquisa de junho. Outros 46% disseram aprovar a administração do petista e outros 3% não souberam responder.

Havia uma expectativa que o discurso de soberania pudesse contribuir para uma melhora na popularidade do presidente. Um aliado com assento no Planalto, inclusive, relativiza a importância da pauta à melhora da avaliação do governo na pesquisa da Quaest de julho. O levantamento mostrou que a taxa de desaprovação do governo recuou de 57% para 53%, enquanto a aprovação passou de 40% para 43%.

ONDA PASSAGEIRA – A pesquisa de julho também mostrou que, para 44%, o governo federal fez o que é “mais certo” no embate com o governo americano ao responder o tarifaço com a Lei da Reciprocidade, enquanto 29% avaliam o mesmo sobre Jair Bolsonaro e aliados, que incentivaram as sanções.

Apesar de reconhecerem que o discurso da soberania foi importante para dar um norte para o governo, auxiliares de Lula não acreditam que o tema possa se manter em evidência até a eleição do ano que vem e assim sustentar a popularidade do petista.

O presidente americano Donald Trump não ligou para a reação de soberania e na quarta-feira assinou uma ordem executiva implementando uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, somando-se aos 10% anunciados em abril e elevando o total da tarifa para 50%. Somente após a assinatura é que começaram a haver negociações de fato.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Depois de duas semanas de euforia nacionalista, com Lula e o PT em estado de êxtase, já comemorando a vitória na eleição presidencial de 2026, mesmo com o mito petista ostentando validade vencida e mais quebrado do que arroz de terceira, de repente cai-se na real. A reprovação do governo Lula manteve-se a mesma. Em compensação, a rejeição de Bolsonaro também é muito alta, animando os defensores da chamada terceira viva. Comprem mais pipocas. (C.N.)

Infarto mata aos 82 anos J.R. Guzzo,  grande mestre do jornalismo político

Jornalista José Roberto Guzzo morre aos 82 anos

J.R. Guzzo era um dos maiores jornalistas brasileiros

Adriano Ribeiro
Terra

Morreu na madrugada deste sábado (2), aos 82 anos, o jornalista José Roberto Dias Guzzo, conhecido como J.R. Guzzo. Ele sofreu um infarto e não resistiu. Segundo a família, Guzzo enfrentava problemas crônicos no coração, nos pulmões e nos rins.

Com mais de seis décadas de carreira, Guzzo começou no jornalismo em 1961, como repórter e subsecretário da edição paulista do jornal Última Hora, em São Paulo. Foi diretor de redação da revista Veja entre 1976 e 1991 e integrou o conselho editorial do Grupo Abril.

Teve passagens como correspondente internacional em Paris e Nova Iorque. Nos últimos anos, escreveu colunas para veículos como Veja, O Estado de S. Paulo, Gazeta do Povo, Revista Oeste — da qual foi fundador — e também para o jornal Zero Hora.

Leia a última crônica de Guzzo, enviada à revista Oeste:

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SOVA DOS EUA FOI A MELHOR COISA QUE PODERIA TER ACONTECIDO PARA LULA NA SUA TERRA DO NUNCA

Se a decisão fosse disponível neste momento para ele, Lula estaria vivendo com toda certeza na Terra do Nunca que a mídia brasileira criou. Nada do que acontece ali, ou muito pouco, tem alguma coisa a ver com a vida como ela é na realidade dos fatos. Em compensação, o presidente teria um mundo ideal por lá.

Tudo o que ele faz dá certo. Nas matérias do tipo “quem ganhou e quem perdeu”, está sempre nos “quem ganhou”. Só tem vitórias. Nunca perde nada: eleição municipal, pesquisa de opinião, arcabouço fiscal. Não é o chefe de um governo senil, desmoralizado e corrupto, com zero de resultados em dois anos e meio. É Peter Pan.

VITÓRIA CONTRA TRUMP – A miragem do momento é o que os comunicadores descrevem como a sua vitória no contencioso contra os Estados Unidos e Donald Trump. Levou 50% de imposto nas exportações do Brasil para lá, e não conseguiu punir os americanos em nada – mesmo porque não tem a menor condição para fazer isso.

Não conseguiu dar sequer um telefonema para Trump. A ficção de que Lula é um grande “negociador”, criada por ele próprio e aceita como verdade científica pela imprensa, não rendeu dois minutos de conversa com ninguém. Comprou uma briga com a maior potência do planeta sem ganhar nada em troca; não tinha, aliás, nada a propor.

Lula, dizem em peso os analistas, tornou-se o grande favorito nas eleições do ano que vem – que estavam indo para o saco. Enfim, a sova que o Brasil acaba de levar foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para Lula na sua Terra do Nunca

ANÕES DIPLOMÁTICOS – Seu único contato no exterior foi com Colômbia, Chile e outros anões que lhe deram apoio verbal, desejaram boa sorte e foram cuidar da vida.

Seus imensos aliados no Brics, a China e a Rússia, continuaram imaginários; não lhes passou pela cabeça criar nenhum problema novo com os americanos para ajudar o Brasil na briga.

Muito pelo contrário: a China, mais uma vez sem dar vantagem alguma ao Brasil, está desfrutando de uma inédita licença para entupir o mercado brasileiro com a importação de carros elétricos, que a propaganda lulista apresenta como fabricados “em Camaçari”. Festejaram a vitória da “soberania”, da “honra” e da “firmeza” do Brasil, mas ganhar alguma coisa de útil que é bom, nada.

ÊXITO HISTÓRICO – Na mídia, porém, esse balanço miserável foi transformado num êxito histórico para Lula. Trump, por essa visão, deu “um tiro no pé”; não se explica o que ele perdeu, mas e daí? A popularidade de Lula, que vinha derretendo nas pesquisas, ressuscitou de um dia para outro.

A “população”, supostamente indignada com os Estados Unidos, se juntou em apoio decidido ao presidente. O fracasso do seu governo se desfez sem que ele tenha tido de entregar um único mata-burro a ninguém. As sanções não terão efeito na economia; algum probleminha aqui ou ali, mas nada de sério.

Lula, dizem em peso os analistas, tornou-se o grande favorito nas eleições do ano que vem – que estavam indo para o saco. Enfim, a sova que o Brasil acaba de levar foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para Lula na sua Terra do Nunca.

MORAES ACLAMADO – Patriotismo fajuto do PT é pura hipocrisia e oportunismo grosseiro. Como em jogo de futebol ruim, comemora-se até lateral. O ministro Alexandre de Moraes, com quem o governo Lula mantém um pacto de morte, foi acusado pelos Estados Unidos de violar a Lei Magnitsky, que até outro dia ninguém sabia o que é, mas hoje é mais conhecida que a Lei do Inquilinato.

É uma humilhação mundial inédita e arrasadora, que coloca um ministro do órgão máximo da Justiça brasileira na companhia de assassinos em massa, torturadores, terroristas, genocidas e outros criminosos hediondos. É o Brasil que se vê lançado ao rol das nações-bandidas, como violador dos direitos humanos. É o “Processo do Golpe” exposto ao mundo como a farsa que sempre foi.om ele. Está mais forte do que estava. Em suma: nada como ser exposto perante o mundo como um criminoso de país subdesenvolvido. É nisso que estão querendo que você acredite.

Brasil e Estados Unidos perdem juntos no choque entre os dois países

Presidente dos Estados Unidos assinou nesta quarta-feira a medida que determina uma tarifa de 50% aos produtos brasileiros

Na briga Trump X Lula não há vencidos nem vencedores

William Waack
Estadão

A marcha da insensatez não é um acontecimento inevitável. Mas, quando ocorre, como é o caso agora entre Brasil e Estados Unidos, é incontornável e produz consequências de longo prazo. Destruidoras para os participantes.

O que levou os dois “gigantes” do hemisfério das Américas à rota de colisão foi a profunda degradação dos respectivos sistemas políticos. Nos dois países estão no timão dirigentes políticos de horizontes extraordinariamente estreitos, e dispostos a tomar decisões estratégicas idem.

IMBECILIDADE – Trump simboliza o triunfo da imbecilidade em geopolítica típica de um eleitorado ressentido abandonado por elites às quais escapa a noção do que é a América “real”. Aplaude-se um projeto político que promete tornar os Estados Unidos um perdedor na monumental disputa por hegemonia com a China.

No Brasil o sistema político, dominado pelo patrimonialismo, mantém um círculo vicioso no qual a política deixou de enfrentar qualquer dos grandes desafios do País (defesa, demografia, produtividade). Carece de lideranças genuinamente nacionais e, por parte das elites dirigentes, de qualquer senso estratégico ou de projeto de nação.

A marcha da insensatez é uma obra conjunta de um presidente americano que acha que vai triunfar contra adversários chutando quem foi seu amigo. De um presidente brasileiro cujo foco exclusivo sempre foi a permanência de seu grupo político no poder (seja como for, como demonstra nossa história). E cuja visão de mundo, em termos de política internacional, é completamente anacrônica.

GRUPOS DIREITISTAS – Papel especial possui a visão de mundo dos grupos ideológicos “direitistas” lá e aqui. Steve Bannon, o ideólogo chefe das posturas recentes de Trump, considera que a essência do MAGA é mesmo aplicar pontapés. No Brasil, o bolsonarismo raiz, dirigido por um clã que só pensa em si mesmo, acredita na profunda estupidez de que uma potência estrangeira possa interferir decisivamente na política brasileira – e livrar seu chefão da cadeia.

Como se podia prever facilmente, uma agressão dessas ao Estado brasileiro vai fortalecer, e não enfraquecer, a própria instituição do STF (não importa o quanto seja deplorável seu papel político e a postura de alguns de seus integrantes).

Favorece um governo, como o de Lula, sem projeto, impopular e agora presenteado com uma bandeira. E joga na confusão as forças de oposição.

INSENSATEZ -É imprevisível até onde vai a marcha da insensatez entre Brasil e Estados Unidos, que não começou apenas ontem. Trump passa, mas o “excepcionalismo” americano acabou.

No Brasil a crise tem o potencial de produzir o tipo de situação política na qual Lula e Bolsonaro, cansativos cada um à sua maneira, acabem sendo vistos como incapazes de levar o País a um futuro melhor.

Mas, tal como a marcha da insensatez, não é inevitável.

Prisão de Bolsonaro divide brasileiros, e 51% ainda duvidam que vá ocorrer

Datafolha: 55% aprovam tornozeleira em Bolsonaro e acham que ex-presidente  pretendia sair do Brasil | Política | G1

Maioria acha que Bolsonaro continuará em liberdade

Igor Gielow
Folha

Nova pesquisa do Datafolha mostra que 48% dos brasileiros querem ver Jair Bolsonaro (PL) preso no julgamento da trama golpista de 2022, empatados com os 46% que o desejam livre. Mas 51% acreditam que o ex-presidente vai escapar da cadeia.

O levantamento foi feito à luz da crise entre Estados Unidos e Brasil, com Donald Trump tendo encampado a tese de que Bolsonaro é vítima de perseguição e usado isso como justificativa para impor tarifas de importação mais altas a produtos brasileiros.

APOIO DE EDUARDO – A movimentação do presidente americano é apoiada e municiada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Bolsonaro que se mudou para os EUA para tocar a campanha em favor da anistia do pai.

Dos 2.044 ouvidos na terça (29) e na quarta-feira (30), 6% disseram não saber opinar sobre a prisão do ex-mandatário. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Em comparação com um levantamento de abril em que as mesmas perguntas foram feitas, houve uma oscilação no limite dessa margem, indicando uma inversão ao menos momentânea de

COMPARAÇÃO – Na rodada anterior, 52% achavam que o ex-presidente merecia ir à prisão, ante 42% que diziam o contrário. Já a avaliação do que deve ocorrer no julgamento previsto para setembro no Supremo Tribunal Federal segue estável: 52% achavam que ele ia escapar, ante 41% que previam o contrário —são 40% agora.

Nos recortes setoriais, nenhuma surpresa. Aderem mais à tese de que Bolsonaro não é culpado eleitores de classe média mais baixa, evangélicos, sulistas, bolsonaristas. Na via inversa, os que mais querem vê-lo preso são aqueles que ganham até 2 salários mínimos, nordestinos e petistas.

Bolsonaro será julgado sob a acusação de ter fomentado um movimento para se manter no poder após a derrota para Lula (PT) no segundo turno de 2022. A trama envolvendo políticos e militares não funcionou, segundo a denúncia da Procuradoria-Geral da República, e desandou nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Trump está vencendo? Sim, mas haverá inflação e também perda de credibilidade

Os Impactos Globais das Tarifas de Trump: Consequências para o Mundo e os  EUA" Charge do: @AMARILDOCHARGES #TarifasTrump #ImpactoGlobal  #EconomiaMundial #Inflação #ComércioInternacional #PolíticaEconômica  #CriseFinanceira #EUA #ImpactoNosConsumidores ...

Charge do Amarildo (Arquivo Google)

Hélio Schwartsman
Folha

Donald Trump está vencendo? Por algumas contas, sim. Ele está conseguindo impor sobretaxas a seus parceiros comerciais sem encontrar resistência organizada. Nessa brincadeira, o Tesouro americano já arrecadou US$ 150 bilhões com tarifas, valor que deve pelo menos dobrar até o final deste ano.

A fórmula para lidar com valentões como Trump é não apenas conhecida como está inscrita em nossos DNAs de primatas gregários. É a reciprocidade, direta ou indireta. Na literatura de teoria dos jogos, as estratégias vencedoras ganham nomes como “tit-for-tat” e “win-stay, lose-shift”.

PRAGMATISMO – É claro que só funciona se os agentes tiverem poder de fogo comparável ou se atores mais fracos se unirem para dar uma resposta coordenada. E é aí que está o problema. Mesmo atores que teriam cacife para peitar o Agente Laranja, como a União Europeia, optaram por aceitar perdas para evitar uma escalada que poderia trazer prejuízos ainda maiores mais adiante. Prudência ou covardia?

A tática de Trump de alternar entre tratamentos relativamente benignos para quem se submete e ameaçar com o apocalipse para os que ensaiam resistência torna o pragmatismo tentador.

Devemos então reconhecer o presidente americano como gênio da estratégia e mestre das negociações? Não tão rápido. Como eu disse no início, Trump está se dando bem por algumas contas. E são contas que consideram só o curto prazo.

O JOGO MUDA – Se introduzirmos também o médio e longo prazos, o jogo muda. É muito difícil, para não dizer impossível, que as sobretaxas não gerem inflação, que costuma provocar danos eleitorais. No ano que vem Trump enfrenta as eleições de meio de mandato, que poderão custar aos republicanos o domínio de uma ou das duas Casas do Legislativo.

De forma mais dramática, Trump desfaz décadas de política de alianças, baseada em laços de confiança, soft power e ajuda externa, pela qual outros presidentes americanos tanto se empenharam.

Mesmo no pós-Trump, outros países não voltarão tão cedo a confiar nos EUA, cuja liderança sairá muito machucada.

Lindbergh propõe lei para enquadrar Eduardo Bolsonaro por traição à pátria

O novo alvo de Eduardo Bolsonaro direto dos Estados Unidos | VEJA

Enquanto não houver lei, Eduardo fica bem à vontade

Ester Cauany
da CNN

O líder do PT (Partido dos Trabalhadores) na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), protocolou nesta sexta-feira (1°) um projeto de lei que cria o crime de “alta traição à pátria”, com pena de prisão de 20 a 40 anos de prisão.

A proposta surge em meio a tensão entre Brasil e Estados Unidos, em decorrência da tarifa de 50% sobre importações brasileiras, anunciada pelo presidente Donald Trump. E as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), estabelecido nos EUA com o objetivo de “sancionar [o ministro do Supremo Tribunal Federal] Alexandre de Moraes”.

TRAIÇÃO FAMILIAR– No X, Lindbergh Faria declarou: “Claro que nós estamos apresentando esse projeto pela traição construída por Eduardo Bolsonaro e por Jair Bolsonaro.”

Além da prisão, condenados pelo crime poderão perder patentes, cargos públicos, mandatos eletivos e até a nacionalidade, de acordo com o texto, que pode ser inserido no Código Penal, se aprovado.

“A gravidade da pena reflete a natureza existencial do bem jurídico tutelado: a soberania do Brasil como entidade política autônoma e a fidelidade mínima exigida de qualquer cidadão brasileiro, especialmente os que exercem funções públicas”, diz o projeto.

LISTA DE TRAIÇÕES – O que poderá ser considerado como traição: negociar, propor ou estimular sanções econômicas, retaliações diplomáticas e restrições comerciais; compartilhar, fornecer ou transmitir dados sigilosos do governo brasileiro.

E também cooperar, instigar ou participar de planos para submeter o Brasil à tutela de um país estrangeiro.

O texto ainda considera como “hostis” governo e país que “por ato unilateral ou em aliança, imponha ou ameace impor medidas coercitivas com o objetivo de subordinar, ou limitar a autonomia política, econômica ou institucional do Estado brasileiro”.

EDUARDO ESCAPA – No entanto, segundo o Código Penal, se aprovada e sancionada pelo presidente da República, o PL não terá efeito retroativo e a lei não poderá ser aplicada às recentes falas de Eduardo Bolsonaro.

O advogado e doutor em Direito penal pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) Rodrigo Pardal explica que a lei só poderá ser aplicada a fatos que ocorram depois da entrada em vigor.

“Se após ela entrar em vigor ele [Eduardo Bolsonaro] praticar uma nova conduta, ainda que parecida com as anteriores e ela se encaixar na norma, ele pode ser processado por esse crime.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esse tipo de lei é que falta no golpe. Como se sabe, não é crime planejar conspiração, desde que não haja tentativa. No caso, Moraes alega que o 8 de Janeiro foi tentativa de golpe. É um piadista sem caráter. (C.N.)

Moraes ainda não autorizou entrevista de Filipe Martins a repórter americano

Michael Shellenberger – Wikipédia, a enciclopédia livre

Shellenberger espera “sentado” a autorização de Moraes

Stêvão Limana
da CNN

O jornalista americano Michael Shellenberger protocolou nesta quarta-feira (31) um pedido no STF (Supremo Tribunal Federal) para entrevistar o réu Filipe Martins, ex-assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, durante o governo Bolsonaro. A solicitação foi endereçada ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

A defesa de Shellenberger afirma que Martins manifestou interesse em conceder a entrevista, que seria feita de forma remota, com registro de áudio e vídeo. No pedido, o advogado do jornalista, André Marsiglia, argumenta que proibir a entrevista configuraria censura e violaria o direito à liberdade de imprensa.

LULA É EXEMPLO – A petição compara o caso ao do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que teve o direito de ser entrevistado quando esteve preso em 2018. “Privá-lo de toda e qualquer manifestação representa a imposição de censura prévia que, tantas vezes, este Supremo Tribunal Federal repudiou ao longo da história”, cita a peça assinada por Marsiglia.

Martins foi preso no início de 2024, apontado como autor de uma minuta golpista que foi apresentada ao então presidente Jair Bolsonaro. Ele ficou preso durante seis meses. Atualmente, está em liberdade provisória, cumprindo uma série de medidas cautelares.

Entre as restrições impostas pelo STF estão o uso de tornozeleira eletrônica, proibição de sair da comarca onde reside, entrega dos passaportes, suspensão de registros de armas e impedimento de uso de redes sociais — com multa diária de R$ 20 mil em caso de descumprimento.

INTERESSE PÚBLICO – No documento enviado ao STF, a defesa reforça que a entrevista tem “significativo interesse público” e não representa risco ao andamento da investigação.

O jornalista ganhou projeção em 2024 após ter divulgado documentos recebidos da empresa X (antigo Twitter), que sugeriam que autoridades brasileiras teriam solicitado a retirada de conteúdos e perfis da plataforma. Shellenberger é conhecido por atuar como jornalista investigativo em pautas sobre liberdade de expressão e redes sociais.

O ministro Alexandre de Moraes ainda deverá se manifestar sobre o pedido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Dificilmente Moraes aceitaria que essa entrevista fosse concedida. O ministro-relator-vítima-julgador está fugindo de jornalistas. Só faz declarações para jornalistas amestrados, escolhidos pela assessoria de imprensa do STF. Todos sabem que Filipe Martins jamais poderia se preso e processado. Não existe prova contra ele. Em qualquer país democrático, ele receberia indenização por estar sendo submetido a implacável perseguição judicial. (C.N.)

Apenas dois ministros manifestaram apoio a Moraes; os outros silenciaram

STF PERDEU A CONFIANÇA DO POVO BRASILEIRO E NECESSITA FAZER UMA AUTOCRÍTICA - Cariri é Isso

Charge do Duke (O Tempo)

Carolina Brígido
Estadão

Mais do que uma sessão de desagravo a Alexandre de Moraes e à própria Corte, o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou claro nesta sexta-feira, 1º, que as punições serão rígidas não apenas aos acusados de tramarem um golpe de Estado, mas também a quem tenta coagir o tribunal a enterrar as investigações. Apenas dois dos outros dez ministros discursaram na sessão em apoio ao colega.

Em mensagens duras, Moraes e Gilmar Mendes fizeram referência à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do blogueiro Paulo Figueiredo, que articulam com o governo dos EUA sanções aos ministros do Supremo e barreiras tarifárias ao Brasil. Os dois ministros avisaram que “pseudo-patriotas” terão resposta à altura do Judiciário.

NO MESMO PACOTE – Nos discursos, os ministros colocaram no mesmo pacote a trama golpista e a tentativa de coação ao Supremo no curso no processo. “O modus operandi golpista é o mesmo”, declarou Moraes.

O ministro também verbalizou o que já havia demonstrado na condução das ações penais sobre a tentativa de golpe: a tentativas de intimidação pelos EUA não mudarão o rumo investigações. Segundo ele, todos os acusados serão julgados neste semestre.

Primeiro a discursar, Luís Roberto Barroso fez a defesa institucional do tribunal e enfatizou que os réus serão julgados com base em provas concretas, ”sem qualquer tipo de interferência, venha de onde vier”. Mendes e Barroso elogiaram a atuação de Moraes à frente das investigações.

GONET E MESSIAS – Depois das manifestações dos ministros, entoaram o coro pró-Moraes o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. A sessão durou mais de uma hora. Não houve tempo para o plenário julgar os processos previamente pautados.

Apesar do apoio efusivo de Gilmar e Barroso, também ecoou o silêncio da maioria no plenário. O microfone estava aberto a todos os ministros que quisessem se manifestar, mas os outros oito integrantes da Corte não fizeram isso.

Nos dias anteriores à sessão, alguns dos ministros que optaram pelo silêncio chegaram a comentar, em caráter reservado, que gostariam de prestar apoio público a Moraes. Na hora da sessão, desistiram.

JANTAR NA VÉSPERA – Na noite anterior, todos os ministros do STF foram convidados para um jantar no Palácio da Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um sinal de desagravo a Moraes.

Seis compareceram — entre eles, Barroso e Mendes, que se pronunciaram na sessão de hoje, e Flávio Dino, que prestou homenagem ao colega em uma rede social.

Nos bastidores, nem todos os ministros do Supremo estão de acordo com a forma como Moraes conduz as investigações. Ainda assim, apesar de não terem levantado a voz para defender o colega, não o criticam publicamente, em nome da unidade institucional da Corte.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Boa matéria de Carolina Brígido. Muitas vezes, o silêncio é muito mais revelador do que esses discursos de fancaria, como se dizia antigamente. (C.N.)