Rui Costa e a Casa Civil ganharam apelidos nada amigáveis no governo Lula

O presidente Lula e o ministro da Casa Civil, Rui Costa

Lula confia em Rui Costa, que não confia em ninguém

Rafael Moraes Moura
O Globo

À frente da Casa Civil, o ministro Rui Costa tem acumulado desgastes na relação com integrantes do governo ao longo de um ano e sete meses de administração petista. A fama de centralizador, intransigente e de ter um “difícil temperamento” já rendeu a ele – e por extensão, à própria pasta– uma série de apelidos por parte de seus colegas, insatisfeitos com a atuação do homem de confiança do presidente Lula.

Uma das principais queixas nos bastidores é a de que Costa teria privilegiado na sua rotina de trabalho audiências com o chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e ministros da área econômica, como Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão e Inovação) – e relegado a segundo plano ministérios de baixo orçamento ou menor projeção. Esses acabam despachando com a secretária-executiva, Miriam Belchior.

PRIMEIRO-MINISTRO – Tanto poder nas mãos de Costa, que despacha no quarto andar do Palácio do Planalto, um piso acima do gabinete de Lula, lhe deu o apelido “primeiro-ministro”, “reizinho” e “Rui Corta” entre autoridades do primeiro escalão do poder Executivo.

No governo e no Congresso, o ministro é responsabilizado pela paralisação de projetos como a reabertura da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e do programa das passagens aéreas a R$ 200.

No caso da comissão, que tem entre suas funções emitir pareceres sobre indenizações a familiares e mobilizar esforços para localizar os restos mortais das vítimas do regime militar, a Casa Civil exigiu uma nova manifestação da Justiça, mesmo após o ministério já ter o dado o sinal verde à reinstalação do grupo, em outubro do ano passado.

RESISTÊNCIA  – A alegação era a de que, com a saída de Flávio Dino e a posse de Ricardo Lewandowski, era necessário que a nova gestão também opinasse sobre a medida, que enfrentou resistência dentro do governo por conta do potencial de tensionar a relação com as Forças Armadas.

A manobra foi interpretada como forma de ganhar tempo e adiar uma definição sobre o retorno do grupo, que só foi oficializado no início deste mês, após mais de um ano de impasse.

Já o programa “Voa Brasil”, que previa passagens a R$ 200 para aposentados, servidores públicos e estudantes, virou um problema para o Planalto, e acabou não sendo lançado até hoje.

FALTA DINHEIRO – Nesse caso, o temor de Costa é que, como não há dinheiro do governo federal para subsidiar as passagens, também não há garantias de que a oferta de passagens mais baratas vai mesmo se concretizar, conforme informou o Globo.

A questão foi informada ao presidente Lula, que alfinetou o então ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, na reunião ministerial em que ele lançou o projeto.

“Qualquer genialidade que alguém possa ter, é importante que antes de anunciar faça uma reunião com a Casa Civil. Para que a Casa civil discuta com a presidência da República e que a gente possa chamar o autor da genialidade e a gente então anuncie como se fosse uma coisa do governo”, disse o presidente em março do ano passado.

MUITAS CRÍTICAS – Apesar de Costa contar com a ampla defesa e a confiança de Lula, as críticas a ele se multiplicam.

“O problema é que o Rui Costa não cobra. Na verdade, o que os ministros reclamam é de uma falta de coordenação e de comando por parte da Casa Civil, que só sabe dificultar o acesso ao presidente e embarreirar de forma injustificada e até grosseira iniciativas dos colegas. É a Casa Funil”, resumiu um integrante do governo ouvido reservadamente pela equipe da coluna.

“Ele não tem paciência para ouvir”, disse outro interlocutor que pediu para não ser identificado, e que reclama de ver o ministro da Casa Civil distraído com o celular nas audiências privadas.

Uma das principais lideranças petistas na Bahia, Costa governou o estado de 2015 a 2023 e pretende disputar o Senado em 2026.

DESABAFO – “Quando cheguei em Brasília, me incomodava com esse tipo de observação e aí um assessor meu, que tem muitos anos aqui, disse ‘Não se incomode com isso, não, não tem nada de pessoal, é a função, o ministério’. Todos vão sempre responsabilizar a Casa Civil, mesmo que não seja responsabilidade…”

Em meio ao fogo cruzado nos bastidores do governo, Lula recorreu às suas tradicionais metáforas futebolísticas:  Rui Costa e Miriam Belchior formam, na Casa Civil, uma dupla muito melhor do que Romário e Bebeto. Eles não deixam nada escapar, nenhum ministro conta uma mentira para mim sem que eles me falem. Por isso, às vezes, vocês ouvem que o Rui Costa tem divergência com ministros do governo. Isso é muito importante porque a presença do Rui Costa na Casa Civil é a certeza de que ninguém vai tentar me dar uma rasteira”, discursou Lula em Feira de Santana.

Outra certeza é a de que não faltam caneladas do próprio time petista no “capitão” da Casa Civil.

Lira defende o parlamentarismo sem responsabilidades, que ele implantou

Jornal fala de processo contra Lira, mas deputado já foi absolvido

Lira defende o sistema de emendas, agora do tipo Pix

Carlos Andreazza
Estadão

Arthur Lira tomou gosto pela aclamação. Não aprecia concorrência. Eleição franca no condomínio produz riscos. “Nunca é bom.” Ele quer dirigir, esvaziar (como fez às comissões), a própria sucessão. Construir “tranquilidade para a Câmara”. Para si. À Coluna do Estadão, Elmar Nascimento, na dúvida sobre se poderá ser aclamado, divulgou o lema de sua candidatura: “Palavra dada é palavra cumprida”.

Sabe pelo que peleja e a quem fala. Concorre – não à sucessão de Lira – a lhe ser o sucessor. É um perfil. Vale o pacto corporativista. Ganha quem tiver mais coragem de bancar esculachos como a PEC da Anistia.

AUTORITARISMO – O corajoso referencial Lira, aquele em cuja gestão o orçamento secreto foi institucionalizado, deu entrevista ao Globo. Questionado sobre o autoritarismo com que opera a distribuição de emendas parlamentares, abriu o coração:

“Talvez aqui os meus amigos não gostem, mas sou muito crítico… E eu defendo as emendas. Mas eu não uso o Pix.”

Defende a forma de sua própria existência concentradora; o modelo que aperfeiçoou e com o que – bom para os amigos também – impera: a disfunção à República por meio da qual os senhores do Parlamento controlam fundos orçamentários crescentes. Donde a autonomia pervertida fundadora desse parlamentarismo sem responsabilidades.

APRIMORAR O PIX – Diz o pai – fez para as crianças – da modalidade de emenda com a qual dinheiros públicos são disparados a municípios e Estados sem o mais mínimo vínculo a aplicação específica. A grana apadrinhada chega, rapidamente, à ponta – e lá é gasta como se quiser. “Mas eu não uso o Pix, porque acho que o Pix vai ter que ser aprimorado agora para ter o objeto.”

Lira, cuja marca do poder é a altivez via orçamento secreto, ora militando por transparência e eficiência – para que bilhões despejados Brasil adentro sejam atrelados a uma licitação ou obra em curso. Presidente da Câmara desde 2021, o patriota propõe o aperfeiçoamento do bicho a poucos meses de passar a cadeira.

“De onde nasceu a emenda Pix? Da burocracia do governo. A turma fez uma emenda de transferência direta.”

EMENDA PIX – A turma, essa indeterminação… A emenda Pix, evolução natural do orçamento secreto, admitida como nova reação aos filtros exigentes de que empenhos tenham origem e destino conhecidos.

“Podemos avançar? Podemos. Vamos fazer a emenda Pix com um objeto determinado. Então, ela vai para a construção de uma ponte, para a construção de uma escola, de um sistema de água.”

Ousado! Avançar para fazer a emenda Pix – vão-se os anéis, ficam as Codevasfs – regredir à condição já acomodada de orçamento secreto. O bagulho ficara excessivo mesmo. E o Parlamento é conservador.

Pesquisa mostra que o eleitor de perfil conservador é majoritário no país

Charge - Angelo RigonElio Gaspari
O Globo/|Folha

O Instituto da Democracia pôs na rua uma pesquisa que mostrou a superposição de algumas agendas entre os eleitores de Lula e os de Jair Bolsonaro. Com grande felicidade, ela se chama “A Cara da Democracia”. Para cabeças polarizadas, a cara da democracia brasileira não é boa. Nenhum radical seja de qual credo for gostará dos resultados do trabalho, compilado pelo pesquisador João Féres Júnior, da Uerj, e mostrado pelo repórter Bernardo Mello.

Um em cada dois eleitores de Lula é contrário às saidinhas de cidadãos encarcerados, e 57% são contrários à proibição de vendas de armas de fogo. Em 2005, o país levou esse assunto a um referendo e a restrição foi derrubada por mais de 60% dos votos, mas virou falta de educação lembrar esse resultado. Legalização do aborto? 69% são contra.

SINTONIA FINA – No campo de Bolsonaro, esses números são obviamente mais robustos, mas na sintonia fina voltam a surpreender: se 83% dos eleitores do capitão defendem a militarização das escolas públicas, são acompanhados por 61% dos eleitores de Lula. Mais: 55% dos eleitores de Bolsonaro defendem a pena de morte. Parece pouco, porém no campo de Lula essa percentagem é de 42%.

Opiniões desse tipo podem chocar os bem-pensantes, mas o que a pesquisa pretende mostrar é como o povo da amostra pensa. Aceita-se isso, ou segue-se o conselho do professor Antônio Delfim Netto em 1985, quando Jânio Quadros derrotou Fernando Henrique Cardoso na disputa pela Prefeitura de São Paulo: “Vão precisar mudar de povo”.

A cepa conservadora do eleitorado brasileiro está aí. O Brasil tem um eleitorado conservador em relação à segurança pública e aos costumes.

Os eleitores de Bolsonaro e Lula não são semelhantes em relação a alguns temas: 23% de um são contra o Bolsa Família, já no outro lado, só 9% (14% não opinaram.)

OUTROS RESULTADOS – De certa maneira, criaram-se dois estereótipos. O do sujeito que votou em Bolsonaro ficou previsível. Já o de Lula deveria levar seus explicadores do Brasil a calçar as sandálias da humildade.

A “Cara da Democracia”, compilada por Féres, mostrou que mais de 20% dos eleitores de Lula são favoráveis à prisão de mulheres que interrompem a gravidez (36%), à privatização da Petrobras (37%) e contrários à punição de militares que participaram do 8 de janeiro (29%).

Depois de dez anos da demonstração das virtudes das cotas raciais nas universidades, 35% dos eleitores de Lula são contra. Do lado de Bolsonaro são 52%.

PERDAS E GANHOS – Colocando-se esses números ao lado do 1,8 ponto percentual que deu a vitória a Lula, percebe-se o vigor de uma das Leis de Heitor Ferreira: “Muitas vezes, não é um candidato que ganha, só outro que perde”.

Bolsonaro perdeu em 2022, como o PT perdeu em 2018. Num exercício de passadologia, qual teria sido o resultado da eleição se Bolsonaro não tivesse pronunciado as palavras “vacina” ou “cloroquina”?

A agenda progressista tem virtudes, até porque a do regressismo amarrou o Brasil à escravidão e ao contrabando de negros. Mesmo assim, não é assim que marcham as sociedades.

Quem ouvia Martin Luther King em 1963 jamais imaginaria que, em 2024, Donald Trump estivesse de novo com um pé na Casa Branca.

Kamala Harris já tem número suficiente de delegados para ser candidata à Casa Branca

Levantamento da AP ouviu delegados democratas

Pedro do Coutto

Com a desenvoltura e o estilo afirmativo que a caracteriza, Kamala Harris já fala como candidata dos Democratas disposta a enfrentar Donald Trump nas urnas de novembro. A vice-presidente dos Estados Unidos tem o apoio inicial de 2.668 delegados democratas, segundo levantamento da Associated Press.

O número é superior aos 1.976 necessários para ela ser nomeada candidata à Casa Branca. No domingo, Joe Biden desistiu de concorrer à reeleição e Kamala se posicionou como a principal candidata da legenda para enfrentar o ex-presidente Donald Trump.

APOIO – Em seu perfil no X, Biden declarou: “Minha 1ª decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E essa foi a melhor decisão que tomei. Hoje, quero oferecer meu total apoio e endosso para que Kamala seja a candidata do nosso partido este ano”.  

Além dos 2.668 delegados democratas que apoiam a vice-presidente, a pesquisa indicou que há 54 indecisos. A AP disse que o levantamento seguirá sendo feito até a abertura da Convenção Nacional Democrata, marcada para começar em 19 de agosto.

Apesar de não ser uma contagem oficial, Kamala celebrou a conquista dos delegados. Em seu perfil no X, a vice-presidente afirmou que está “orgulhosa  de ter garantido o amplo apoio necessário” para se tornar a candidata do Partido Democrata.

COALIZÃO  – “Estou ansiosa para aceitar formalmente a nomeação em breve”, disse. “Estou grata ao presidente Biden e a todos no Partido Democrata que já depositaram fé em mim”, continuou. “Nos próximos meses, viajarei por todo o país conversando com os norte-americanos sobre o que está em jogo. Tenho toda a intenção de unir o nosso partido, unir a nossa nação e derrotar Donald Trump em novembro”, completou.

Democratas investiram US$ 81 milhões de dólares (cerca de R$ 451 milhões) em doações na campanha presidencial de Kamala Harris desde que Joe Biden desistiu da disputa à reeleição. É a maior arrecadação num período de poucas horas de campanha na história presidencial americana. Mais de 888 mil doadores fizeram contribuições de menos de US$ 200 (ou R$ 1,1 mil) no dia seguinte à saída de Biden. “Os apoiadores estão entusiasmados e animados em apoiá-la como candidata democrata”, disse no X a ActBlue, plataforma que reúne e consolida as doações.

O aumento das doações sinalizam que o nome de Kamala foi aceito. Disposição não a falta também, como se verifica. Vai para as urnas contra Trump, combatendo-o na essência das questões. Ela demonstra não temer os debates, com enfoque firme para apontar as fragilidades de Trump, a começar pela invasão do Capitólio em janeiro de 2021. Veremos agora como a campanha se desenrolará na medida em que os democratas homologuem Kamala Harris como a sua candidata. Acho que tenha sido a melhor solução.

Na poesia de Ariano Suassuna, há de pulsar o amor na escuridão

Dr. Damião - Vamos iniciar a terça-feira com a frase do saudoso conterrâneo Ariano  Suassuna. Ter esperança é ser realista e acreditar em dias melhores. |  FacebookPaulo Peres
Poemas & Canções

O escritor e poeta paraibano Ariano Suassuna exalta a mulher amada, revolta-se contra a razão e imortaliza o amor. Confira este poema dele.

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A MULHER E O REINO
Ariano Suassuna

Oh! Romã do pomar, relva esmeralda
Olhos de ouro e azul, minha alazã
Ária em forma de sol, fruto de prata
Meu chão, meu anel, cor do amanhã

Oh! Meu sangue, meu sono e dor, coragem
Meu candeeiro aceso da miragem
Meu mito e meu poder, minha mulher

Dizem que tudo passa e o tempo duro
tudo esfarela
O sangue há de morrer

Mas quando a luz me diz que esse ouro puro
se acaba pôr finar e corromper
Meu sangue ferve contra a vã razão
E há de pulsar o amor na escuridão

Lula pressionou TSE a enviar servidores para chancelar as eleições na Venezuela

Charge do JCaesar | VEJA

Rafael Moraes Moura
O Globo

O Itamaraty pressionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a enviar servidores para acompanhar in loco a tumultuada eleição presidencial na Venezuela deste domingo, segundo apurou a coluna com duas fontes que acompanham de perto as discussões.

A decisão marcou uma guinada na posição do TSE, que já havia informado por uma nota divulgada em 30 de maio, sob a gestão de Alexandre de Moraes, que não mandaria ninguém para a Venezuela.

EM CIMA DA HORA – Com a troca de comando no tribunal, que passou a ser presidido pela ministra Cármen Lúcia em 3 de junho, a posição do tribunal mudou. O TSE anunciou na semana passada que enviaria representantes para acompanhar a votação, faltando pouco mais de dez dias para o pleito.

Internamente, a decisão é atribuída à pressão do Itamaraty de Lula, embora fontes próximas ao chanceler Mauro Vieira neguem qualquer forma de pressão.

A Nicolás Maduro interessa a chancela do Brasil ao processo eleitoral venezuelano, depois que Lula e seu assessor especial, Celso Amorim, patrocinaram um acordo em Barbados para garantir a plena participação da oposição, transparência e confiabilidade na apuração dos resultados, para que sejam reconhecidos por todos.

OBSTÁCULOS – Desde então, porém, Maduro já descumpriu o acordo, criando obstáculos para o registro da principal candidata de oposição, Maria Corina Machado, e retirando o convite para a atuação de observadores da União Europeia. Na semana passada, o ditador afirmou que a Venezuela pode enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” caso ele não seja reeleito.

As pesquisas apontam como favorito da eleição o diplomata Edmundo González Urrutia, candidato de consenso da oposição para enfrentar Maduro nas eleições presidenciais, mas o líder chavista tem tentado intimidar tanto o adversário quanto a própria população.

Em reação à fala de Maduro, o presidente Lula afirmou ontem ter ficado “assustado”, e disse ter escalado Amorim para ir à Venezuela conferir a realização do pleito, com os dois servidores do TSE.

EXPERIENTES – Os técnicos escolhidos para a missão são experientes e respeitados no TSE, mas não serão enviados ministros e, de acordo com o próprio tribunal, eles não terão muita liberdade de movimentação, já que vão acompanhar as atividades propostas pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, de acordo com o cronograma disponibilizado pelas autoridades daquele país.

Por isso, a decisão de Cármen Lúcia provocou mal-estar dentro do TSE e levantou o temor de que o envio de servidores do corpo técnico do Poder Judiciário brasileiro seja interpretado como um endosso a um pleito marcado por ameaças do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

“É um risco que pode afetar a credibilidade do tribunal”, afirma um ministro ouvido reservadamente pela equipe da coluna e que soube da pressão. “O TSE não pode se submeter ao interesse do governo Lula.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É só um jogo de compadrio. Os especialistas do TSE, o assessor internacional Celso Amorim e o senador Chico Rodrigues (PSB-RR), que também irá, não terão acesso a nada. Portanto, serão obrigados a declarar que não encontraram irregularidades eleitores. Ou seja, vão coonestar a eleição, atendendo ao objetivo de Maduro, que é mais do que evidente. (C.N.)

Após o Supremo inventar a “presunção de culpa”, a Justiça ficou imune a erros

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

A defesa de Filipe Martins, ex-assessor do presidente Bolsonaro, encaminhou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas um pedido de libertação, novamente baseado no fato de “esvaziamento do motivo alegado para a prisão preventiva”.

Como se sabe, o motivo para decretar a prisão preventiva foi o fato de o ex-assessor de Bolsonaro ter fugido do Brasil, para evitar ser investigado. Bem, logo no início da investigação, ficou provado que Martins não havia viajado com o ex-presidente para os Estados Unidos a 30 de dezembro de 2022, ante da posse de Lula da Silva.

Apesar de a defesa ter encaminhado provas abundantes de que Filipe Martins não havia saído do Brasil, o ministro Alexandre de Moraes, com uma determinação verdadeira insana, manteve o suspeito na prisão, sem qualquer motivo relevante, salvo a “presunção de culpa”, uma situação inexistente no Direito Universal, desde os primórdios consagra um tipo exatamente contrário – “presunção de inocência”, consagrado pela Constituição (artigo 5º, inciso 57), pois ninguém é culpado sem condenação definitiva em contrário.

NOVA JUSTIÇA – O fato inconteste é que o Supremo Tribunal Federal vem adotando práticas jurídicas verdadeiramente medievais desde 2019, quando tornou o Brasil o único país do mundo que não prende criminoso após condenação em segunda instância, quando se esgota o exame do mérito da questão.

Lula da Silva foi solto mediante esse absurdo retrocesso judicial, mas o Supremo não ficou satisfeito. Dois anos depois, cancelou todas as condenações do petista mediante outra teratologia processual, ao criar a “incompetência territorial absoluta” em questão criminal, um absurdo total, porque em todos os demais países só existe essa possibilidade em questões imobiliárias.

Depois desses dois julgamentos à la carte, digamos assim, esperava-se que o Supremo se contivesse e voltasse à obedecer às leis, aos princípios, às doutrinas e às jurisprudências, mas surgiria uma distorção ainda maior.

“PRESUNÇÃO DE CULPA” – Sem condições de condenar o deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), que havia sido inocentado em primeira instância e no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná, foi necessário encontrar mais solução criativa – e ilegal – no Tribunal Superior Eleitoral, à época presidido por Alexandre de Moraes.

O relator foi o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, que jamais poderia atuar no caso, por ter sido investigado por Dallagnol na Lava Jato, devido a suas ligações com empreiteiros e empresários que foram réus em processos por ele julgados.

E foi justamente Guimarães quem inventou a “presunção de culpa” usada para cassar Dallagnol, num dos julgamentos mais sujos e nauseantes do Direito Moderno, afrontando a jurisprudência do próprio TSE apenas seis meses antes, quando o senador Sérgio Moro fora inocentado.

VIROU MODA – A ilegal e imoral “presunção de culpa”, fez sucesso no Supremo e passou a ser usada em todos os réus do 8 de Janeiro, considerados “terroristas” na visão distorcida de Alexandre de Moraes.

Para condená-los a 17 anos de prisão e pagamento de multa milionária, não é necessário haver provas nesses julgamentos Tabajaras, porque a “presunção de culpa” resolve tudo, não há inocência que consiga suplantá-la.

Estamos numa era das trevas, em termos jurídicos. Deveria estar havendo uma comoção nacional, mas não há nada de novo no front ocidental, que vive sob novo regime autoritário, em que prevalece a Lei de Murici, e quem quiser que cuide de si.

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P.S. 1 –
Mais alguns dias e o ex-assessor Filipe Martins chegará a seis meses de prisão por um erro do ministro Moraes. Êpa! Falei em erro? Desculpem a minha falha. Como todos agora sabem, ministro do Supremo jamais erra. Quem às vezes erra é a própria lei. Porém, isso não é mais problema, porque o STF logo arranja um jeito de adaptá-la, mediante uma presunção qualquer…

P.S. 2 – Quanto ao ex-assessor Filipe Martins, quando será libertado? Bem, isso nem Deus sabe, porque depende de Alexandre de Moraes. (C.N.)

Arcabouço fiscal é um finado exausto, e o governo culpa o mercado e a mídia

Charge do Eurico examinando o novo arcabouço fiscal com uma lupa

Charge do Eurico (Sind. Bancários SP)

Carlos Andreazza
Estadão

O arcabouço fiscal – presunto difícil de carregar – foi criado pelo governo Lula. Idem a ficção-base do orçamento. As metas fiscais – inclusive as já adulteradas, vilipendiado o corpo natimorto – são fabulações do governo Lula. De modo que: o governo Lula terá inventado – faz parecer herança – um problema para si. Põe a culpa, porém, em quem lhe cobra – o maldito mercado, a mídia vendida – o cumprimento do contratado.

“Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la, se você tiver coisas mais importantes para fazer” – disse o presidente; que tem, segundo Alexandre Padilha, “compromisso fiscal inegociável”.

SEM MENTIRAS – Não mente o ministro. “Compromisso fiscal inegociável” pode ser com o incremento da arrecadação. Já não bastou.

Tampouco mente Lula. Ninguém é obrigado a estabelecer meta. Nem a cumpri-la. Se estabelece e não cumpre, haverá custo. Pagará o mais pobre; aquele que, tendo dinheiro sobrante, “compra comida e não dólar” – como se o dólar mastigando o real não encorpasse o preço do trigo e encarecesse a migalha do pão.

Todo mundo tem coisas mais importantes a fazer do que exercitar a responsabilidade fiscal. O presidente aprecia cultivar o dilema entre gasto e investimento. Ele pergunta: o patrão que dá aumento a jornalista gasta ou investe? Gasta. Talvez faça investimento. Sempre gasto. Não raro mau gasto.

TUDO É IMPROVISO – Gastos, incluídos os bons, montam dívida. Que afronta a meta. Que está no finado arcabouço. Que foi improvisado por este governo.

Para que seja considerado zero o déficit de 2024, a regra permite buraco de até R$ 28,8 bilhões. Para que seja cumprido o objetivo de se acomodar no piso da banda inferior, Lula determinou bloqueio e contingenciamento de R$ 15 bilhões. Será preciso muito mais, talvez mais que o dobro, se mantida for mesmo a meta para este ano.

As metas fiscais de 25 e 26 já foram alteradas, donde o vilipêndio – quando se mexe num morto. Em abril deste 2024, pedalou-se para antecipar a fabricação de grana e rolar a imposição do mundo real, Planalto e Congresso concertados pela mudança fácil num dispositivo do natimorto fiscal. Vilipêndio. Ainda se enrola e rola o corpo, morto muito louco – a ver até quando terá forma para morrer tantas vezes.

MAIS CORTES? – Haddad informa que o presidente autorizou estudos para corte de quase R$ 26 bilhões no Orçamento de 2025. Cosquinha ante o que será a necessidade real.

Cosquinha a ser alcançada (ode à fé) contando os tostões da varredura sobre fraudes/erros em pagamentos de benefícios previdenciários.

Exercício – pela repetição da meta zero no ano que vem – que a ministra do Planejamento, Simone Tebet, chamou de “ginástica um pouco difícil”. Exausto o finado.

Tucanos renegam a origem e tentam decolar com um candidato antipolítico

Notícias sobre charge | VEJA

Charge do JCaesar (Veja)

Dora Kramer
Folha

O PSDB já foi um partido voltado ao conteúdo das questões nacionais. Sustentou o Plano Real e fez aliança à direita para emplacar mudanças estruturais de peso na economia, nas comunicações, no funcionamento das estatais, em avanços institucionais. Isso há coisa de 30 anos.

Ancorados na liderança de Fernando Henrique Cardoso, em figuras como Franco Montoro e Mário Covas, ministros do calibre dos antagonistas José Serra e Pedro Malan, os tucanos contribuíram para levar o Brasil ao futuro em decisões de bons resultados.

DECADÊNCIA – Por várias razões dentre as quais se destaca a incapacidade de dialogar com a população e a inabilidade no ofício de oposição, fora do poder o partido não conseguiu se manter relevante.

O tucanato esvaiu-se ao longo do tempo e hoje busca se reerguer por uma via diversa daquela que motivou os fundadores da nova sigla em 1988.

Na visão dos atuais dirigentes, a primeira e essencial medida para a recuperação é a retomada do berço, São Paulo. Ocorreu-lhes a ideia de investir na fama de um jornalista que, dono de credenciais como apresentador de televisão, não prima por lastro na política nem detém certificados de eficácia no ramo.

UM ANTIPOLÍTICO – Em suas manifestações iniciais José Luiz Datena renega a atividade, diz que político nenhum é digno de sua confiança, ameaça nova desistência se o aborrecerem, passa raso por questões administrativa e, assim, veste o figurino da antipolítica.

Tal roupagem já rendeu êxitos a Jair Bolsonaro e Fernando Collor. Isso para ficar nos exemplos mais recentes e não precisarmos ir a Jânio Quadros e demais populistas.

Não se pode descartar a hipótese de que essa inflexão produza o ganho imediato imaginado por esse PSDB repaginado. Mas, ainda assim, ficará no ar a dúvida sobre que partido é esse e que capacidade terá de conversar a sério com a sociedade para se reabilitar.

Lula contina a dizer que “o Brasil voltou”, mas não indica para onde está indo

Tribuna da Internet | Lula prometeu acabar com o sigilo de 100 anos e muita  gente acreditou…

Charge do Duke (O Tempo)

Tainá Falcão
CNN Brasil

Desde que assumiu o poder pela terceira vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem diante de si dificuldades evidentes: olhar para o futuro e indicar um caminho. Sob o slogan “O Brasil Voltou’” – criado pela Secretaria de Comunicação para elencar os programas e investimentos –, Lula e seus 39 ministros demonstram se preocupar mais com o passado do que com o futuro.

Os petistas continuam a falar sobre um desmonte promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em quase todas as áreas: saúde, educação, meio ambiente e cultura. E o futuro, nada. Após um ano e meio de governo, no entanto, o governo Lula 3 patina para consolidar uma marca para garantir e conquistar eleitores.

FRACASSOS EM SÉRIE – Programas como o novo PAC, por exemplo, ainda não emplacaram como nas gestões anteriores. Não à toa, o presidente tem feito pressão, com direito a puxada pública de orelhas de ministros.

Há poucos dias, por exemplo, Lula reclamou das viagens internacionais de subordinados e pediu foco para agendas dentro do país.

No que diz respeito à economia, no entanto, a bronca se inverte. No primeiro ano do mandato, o foco foi dizer que o governo aprovou uma agenda econômica robusta no Congresso, a despeito das divergências com a maioria conservadora. Mas o fato é que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pena para sustentar de pé uma das principais propostas que o governo conseguiu aprovar no Congresso: o arcabouço fiscal.

CULPA DE LULA – O impasse ocorre porque o presidente insiste em questionar o corte de gastos. Na terça-feira (17) mesmo, Lula voltou a falar se há necessidade de se cumprir a meta fiscal. “Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la se você tiver coisas mais importantes para fazer”, disse em entrevista à TV Record.

Na quarta e na quinta-feira, a mesma conversa. E sua insistência em críticas ao mercado financeiro também é foco constante de incêndio a ser apagado.

Por tudo isso, fica a sensação de que Lula, em muitos momentos, desorganiza o governo e acaba deixando ao sabor do vento a dúvida: o Brasil voltou, mas para onde está indo?

Piada do Ano! Lula volta a exigir que Milei “peça desculpas ao Brasil”

Ele tem que pedir desculpas ao Brasil e a mim", diz Lula sobre Milei |  Política: Diario de Pernambuco

“Sem Milei pedir desculpa, a situação complica”, diz Lula

Victor Aguiar
CNN São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cobrar um pedido de desculpas do presidente argentino Javier Milei ao Brasil, em entrevista concedida a correspondentes de agências internacionais de notícias na segunda-feira (22).

Ao ser questionado sobre já ter falado com Milei em alguma ocasião, Lula disse que não, reforçando o desejo de um pedido de desculpas para não tornar “complicada” a relação entre os países.

DE COSTAS – “Eu não falei com ele. Ele passou por mim na reunião do G7 e me cumprimentou. Eu estava até de costas. Eu estava conversando com o meu pessoal”, recordou Lula.

“Eu vejo que eu não tenho muito problema. Agora, é o seguinte, eu já falei isso, ele tem que pedir desculpas ao Brasil, senão a relação é complicada. Você pode falar a bobagem que você quiser falar desde que você respeite o direito dos outros”, concluiu.

Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Milei fez uma série de ataques a Lula durante sua campanha à Presidência da Argentina, chamando o brasileiro de comunista, ladrão e corrupto.

SEM DESCULPAS – Lula já havia afirmado, em entrevista ao portal UOL no final de junho, que não conversou com Milei porque considera que o argentino deve desculpas a ele próprio e ao Brasil. O pedido foi rebatido pelo argentino, que afirmou apenas ter falado a verdade.

O presidente brasileiro comentou, ainda, a presença de Milei no CPAC, cúpula conservadora que foi realizada em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, no começo de julho.

O evento, que contou com a presença de figuras conservadoras de diversos países, reuniu o chefe de Estado argentino e Bolsonaro. Apesar da visita ao país, Milei não se encontrou com Lula e deixou de comparecer a uma reunião do Mercosul em Assunção, no Paraguai, no dia seguinte ao evento em SC.

DIZ LULA – “Se ele [Milei] achou que ganhou não indo ao Mercosul para ir a uma reunião lá em [Balneário] Camboriú, se ele achou que é esse o papel do presidente, tudo bem”, disse Lula. “Quem vai julgá-lo não sou eu, é o povo argentino.”

Durante a entrevista, Lula reforçou a importância dos dois países um para o outro, e afirmou que deseja apenas respeito pelo Brasil. “A Argentina é um país muito importante para o Brasil. Eu tenho certeza que o Brasil é importante para a Argentina”, avaliou.

“Não cabe a mim escolher o presidente da Argentina, ficar preocupado com o discurso dele. Ele seja o que ele quiser. Eu só quero que ele tenha respeito pelo Brasil, da mesma forma que o Brasil tem respeito pela Argentina.” O presidente afirmou, ainda, que espera uma “relação civilizada, crescente” da Argentina, e que isso “vai depender muito do comportamento do governo da Argentina com relação ao Brasil”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Do ponto de vista de Milei, quem deveria pedir desculpas à Argentina seria Lula. Foi ele quem tentou intervir na política argentina, pedido votos para os adversários de Milei, enviando os marqueteiros do PT para ajudá-los e tudo o mais, abertamente, como se a Argentina fosse filial do Brasil. O pior é a desfaçatez, com Lula dizendo agora que não cabe a ele escolher o presidente da Argentina. Ora, se isso não cabia a ele, então, porque tentou fazê-lo? (C.N.)

Maduro convida senador do dinheiro na cueca para ser fiscal das eleições

Imagem

Charge do Céllus (Arquivo Google)

Gustavo Zucchi
Metrópoles

O senador Chico Rodrigues (PSB-RR), que chegou a ser vice-líder do governo Bolsonaro no Senado, foi convidado pelo PSVU, partido do ditador Nicolás Maduro, para acompanhar as eleições na Venezuela no dia 28 de julho.

O convite foi enviado para Rodrigues na terça-feira (16/7). O senador é o atual presidente do Grupo Parlamentar Brasil – Venezuela do Senado. Ele comunicou a mesa que aceitou o convite e viajará entre 26 e 29 de julho.

DIZ O CONVITE – Quem assina o convite é vice-presidente de assuntos internacionais do PSVU, Rander Peña. No texto, ele chama Maduro de “candidato da esperança e dignidade” e fala que o pleito é de “transcendente importância” para “Revolução Bolivariana”.

“Nesta eleição, o presidente Nicolás Maduro Moros é o candidato da esperança e da dignidade da Pátria de Bolívar e Chávez, com quem garantimos a estabilidade e felicidade no futuro, o fortalecimento da unidade latino-americana e a construção de um mundo mais humano e multipolar. Neste sentido, estendemos nosso convite para que o senhor acompanhe nosso povo durante o desenvolvimento do referido evento eleitoral”, diz o convite.

OBSERVADORES – Até o momento, Rodrigues foi o único senador que avisou a Casa que viajará para acompanhar as eleições da Venezuela. O governo deverá mandar o assessor para assuntos internacionais da Presidência, Celso Amorim.

O Tribunal Superior Eleitoral, que tinha descartado participar da eleição, também decidiu enviar dois observadores para acompanhar o pleito.

 Já o PT mandará o ex-deputado José Geraldo Silva (PT-BA) e Monica Valente, ex-secretária de Relações Internacionais do partido.

Humberto Costa - DESVIO DE DINHEIRO PÚBLICO - O senador Chico Rodrigues, ex-líder do governo Bolsonaro, estava afastado desde outubro do ano passado, quando foi alvo de operação da Polícia Federal. Durante###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Poucos lembram que o ilustre senador Chico Rodrigues foi flagrado pela Polícia Federal em outubro de 2020 com R$ 33 mil na cueca. O dinheiro foi encontrado em operação de busca e apreensão na casa do parlamentar, na apuração de desvio de recursos públicos para o combate à Covid-19 em Roraima. Segundo um relatório da PF, Rodrigues vestia short de pijama azul e uma camisa amarela quando os policiais da operação Desvid-19 chegaram à residência dele. Durante as buscas pessoais, parte do dinheiro foi encontrado “no interior de sua cueca, próximo às suas nádegas”. Foi afastado das atividades parlamentares, depois reconduzido e inocentado pelo Supremo. E como se vê, o governo de Maduro escolhe a dedo os observadores, embora o cheiro possa ser nauseabundo. (C.N.)

Políticas públicas para salvar a Amazônia estão tendo efeito exatamente contrário

Cheia e chuva arrastam resíduos e formam 'tapete' de lixo em igarapé de  Manaus | Amazonas | G1

Em Manaus, a poluição dos igarapés já é revoltante

José Luiz Alquéres
Diário de Petrópolis

Em 1964, fui pela primeira vez a Manaus. Era uma cidade isolada. Fiquei hospedado no Hotel Amazonas, que conhecia de anúncios pitorescos na revista Reader’s Digest. Lá, ele aparecia como algo no meio da floresta, ao lado de uma arara, sugerindo um ambiente exótico e primitivo. Era um anúncio tão convincente que o pessoal do hotel costumava dizer que era comum turistas desembarcarem com aquela indumentária de ingleses a caminho de um safári.

A realidade era diferente: o hotel ficava numa rua central de Manaus, tipicamente um edifício urbano. O que ainda era primitivo era o interior do estado, como pude comprovar viajando numa “gaiola”, visitando comunidades ribeirinhas.

BRASIL GRANDE – Logo depois, começou aquela febre de Brasil grande. O asfaltamento da Belém-Brasília, rodovia Transamazônica, Perimetral Norte, Suframa, Basa, Zona Franca de Manaus, Sudam, agrovilas e um festival de iniciativas e alocação de subsídios que, desde então, vêm incessantemente destruindo os ambientes naturais.

Como era de se esperar, o subsídio, ao injetar dinheiro barato em uma economia frágil, atrai contingentes populacionais com custos de produção gravosos e alto potencial de destruição de ambientes naturais para a região que recebe tais subsídios.

Em 1970, seis anos após aquela primeira visita, lembro de ter constatado uma degradação perceptível nos ambientes urbanos, naturais e na própria população. No censo daquele ano, a região Norte já respondia por cerca de cinco por cento da população nacional.

SALVAR A AMAZÔNIA – Nos 50 anos subsequentes, o processo de degradação se acelerou, pois a sanha de direcionar subsídios para aquela região, cristalizada na Constituição de 88 e recentemente expandida, hoje já faz detectar mais de 25 milhões de habitantes na Amazônia legal, conforme tem apregoado o presidente da república e os políticos locais, muito animados em atrair, com a realização da COP 30 da ONU, recursos para “salvar a Amazônia”.

A Amazônia que receberá a conferência da ONU é, portanto, o mostruário de tudo que não se deve fazer em matéria de desenvolvimento ambiental. Certamente é a maior destruição já vista em uma época que, supostamente, a consciência ecológica deveria prevenir tal tipo de desastre.

Hoje, vivem na região cerca de 12,5% da população brasileira, um ganho estrutural muito significativo nos últimos 50 anos, mostrando que para lá se dirigem correntes migratórias internas do país.

CONTRABANDO – Por outro lado, isso em nada auxilia na inviolabilidade das nossas fronteiras, pois por essa região flui contrabando de toda sorte. As Forças Armadas, que nos últimos séculos haviam garantido nosso território, têm sido profundamente penalizadas por cortes de verbas.

O grande fotógrafo Sebastião Salgado, um dos maiores conhecedores da Amazônia e autor de um incomparável acervo fotográfico da natureza e das populações indígenas, costuma apontar em suas palestras que o mais importante trabalho de assistência às populações e controle de fronteiras é efetuado pelas Forças Armadas.

POLÍTICAS ERRADAS – É lamentável, por fim, constatar que esses males aos quais se somam o garimpo ilegal, a poluição dos rios, a escandalosa exportação de madeiras e tantos outros são consequências diretas ou indiretas de políticas públicas.

Essas políticas continuam vigentes, enriquecendo políticos locais e outros atores que concentram essa renda transferida através de subsídios, dos quais o mais recente capítulo é a sucessão de coincidências: Eletrobras vendendo térmicas para empresa Âmbar, medida provisória três dias após concedendo subsídios para a energia produzida por estas usinas e, na semana seguinte, a Âmbar compra a Amazonas Energia, destino final de mais de 10 bilhões de subsídios para indenizar energia e combustíveis pagos à Petrobras.

Essa conta recairá em todos nós, consumidores de energia do resto do país. Como vemos, em matéria de “greenwashing”, podemos ser campeões mundiais.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGImpressionante artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas, demonstra como os sucessivos governos erram na gestão da Amazônia. E alegam que a estão salvando, igual à democracia. Reina a desfaçatez. (C.N.)

Bancada Agro tem viés de oposição, não importa quem esteja no governo

A agrônoma que venceu o preconceito na política e virou ministra da  Agricultura - Revista Globo Rural | Agro É Delas

Tereza Cristina diz que MST atrapalha a atuação do governo

Renata Agostini e Lauriberto Pompeu
O Globo

 Uma das principais lideranças do agronegócio no Congresso, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) reconhece que o governo Lula mudou o tom com o setor. Em entrevista ao Globo, a ex-ministra de Jair Bolsonaro pondera, contudo, que a proximidade do PT com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e a postura hostil no debate ambiental ainda são obstáculos para um maior aproximação com o setor.

A relação do governo Lula com o agronegócio segue difícil. Por quê?
A postura inicial do governo foi ruim. Houve falas hostis. Lula ter colocado o MST na pauta prioritária dele, voltando com negócio de invasão, dando uma conotação de que o MST era um movimento legal. Os produtores rurais não aceitam a insegurança que a invasão em terra produtiva traz. Mas tenho de reconhecer que eles (o governo) têm feito um esforço.

Foram dois Plano Safra com valores recordes. Isso ajudou
É um esforço que a bancada reconhece. Agora, é um setor que vem puxando a economia. O agro tomou uma dimensão que não tinha nos governos anteriores do presidente Lula. O governo se esforçou para colocar mais recursos.

O governo vê a bancada ruralista com predisposição para criticá-lo.
A bancada realmente tem viés de oposição maior. Eu tenho esse perfil do equilíbrio, do diálogo. Quando vou no ministro Fávaro (Agricultura) ou no ministro Haddad (Fazenda), sou muito bem recebida. Agora, algumas pautas precisamos alinhar. Temos um problema sério de invasões. Não é culpa do governo, mas ele também não se mexeu. O produtor do Brasil é o único que tem reserva legal privada compulsória, uma obrigação do Código Florestal. Ainda assim, vemos parte do governo atacando os produtores. Só 2% cometem crimes ambientais e colocam todos na mesma cesta. Os produtores se sentem mal com isso. Não vemos defesa lá fora do produtor rural.

Falta defesa do próprio presidente Lula?
Não sei dizer. Ele tem se esforçado ultimamente, ele mudou um pouco o tom dele.

Por que a senhora acredita que isso ocorreu?
Ele vê que para aprovar qualquer projeto na Câmara hoje é preciso a FPA. São mais de 300 deputados e eles têm votado de forma muito coesa. O senador é mais individualista que o deputado, mas (a frente) vem crescendo no Senado também. É uma questão de sobrevivência, o governo precisa estar mais junto.

As novas revelações da PF no caso das joias e da ‘Abin Paralela’ mudaram a imagem que a senhora tem de Bolsonaro?
Esse processo ainda está sendo analisado. Prefiro aguardar o encaminhamento da defesa do presidente. O presidente é um homem probo. Fui ministra dele. Ele nunca me pediu para nomear uma pessoa que não fosse boa. Então, não posso fazer ilações. Lula há algum tempo estava na cadeia. Não foi inocentado, mas os processos caíram e ele é hoje o presidente.

As revelações colocam em xeque a posição de Bolsonaro como principal líder da direita?
Para o eleitor bolsonarista, não. Eles confiam nele e acham que ele está sendo perseguido.

A senhora apoia o projeto de anistia para quem participou do 8 de Janeiro?
Tem muita gente que não ia fazer golpe nenhum. Claro que os que praticaram a quebradeira precisam ser punidos. Prenderam um monte de gente sem saber. Há injustiças e vamos ter de corrigir isso.

Essa PEC pode abrir espaço para blindar Bolsonaro de persecuções penais.
No 8 de Janeiro. Não estou falando de inelegibilidade.

Se Bolsonaro seguir inelegível, quem deve ocupar esse espaço?
Hoje, o nome mais falado é do governador Tarcísio de Freitas. Mas aparecem outros: Ratinho Júnior, Romeu Zema, Ronaldo Caiado. Lá na frente, precisaremos ter a maturidade para ver o melhor nome.

A senhora era opção de vice para Bolsonaro em 2022, mas Braga Netto foi escolhido. Em 2026, se for chamada, participará da chapa presidencial?
Está muito cedo, tudo isso ainda são conjecturas, mas se eu puder contribuir… Seja como candidata ou no processo, quero contribuir com o país. O nome mais consolidado (como candidato a presidente) é do Tarcísio de Freitas.

Michelle Bolsonaro está dentre as possibilidades?
Ela é super bem avaliada, carismática, tem apelo muito grande na direita. Está no páreo, sim.

O nome da direita em 2026 terá de passar pela bênção de Bolsonaro?
Sim, ninguém escapa disso. O apoio dele é fundamental para o nome se eleger.

Muitos falam que a corrida pela sucessão de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no Senado já está definida a favor de Davi Alcolumbre (União-AP). Qual a sua avaliação?
Até agora não surgiu outro candidato.

A oposição vai apoiá-lo?
Tem a possibilidade.

A senhora é relatora da PEC que propõe mandatos para ministros do STF. Vai avançar?
Meu grupo técnico já fez um apanhado, olhamos vários países, as mais diferentes configurações. Já fiz um plano de trabalho. A ideia é votar antes do final do ano.

Pacheco se comprometeu a votar nesse prazo?
Sim, se comprometeu. Não tem afronta (ao STF). É uma modernização. Precisamos ter voto, meu relatório tem que ser bom, mas isso vai caminhar. Se vai parar na Câmara, eu não sei.

Kamala consolida candidatura, e o debate se volta para escolha de seu vice

A imagem mostra Kamala em pé atrás de um púlpito, fazendo gestos com as mãos enquanto fala. Ela está vestindo um blazer escuro e tem cabelo castanho. Ao fundo, há bandeiras dos Estados Unidos e um painel com a inscrição 'HARRIS for PRESIDENT'. Um fotógrafo está capturando a cena.

Aumento das doações demonstra o apoio dos democratas

Fernanda Perrin
Folha

Kamala Harris se consolidou nesta segunda (22) como a substituta de Joe Biden na disputa pela Casa Branca contra Donald Trump. Nenhum outro nome relevante do Partido Democrata veio a público desafiar sua candidatura, endossada pelo próprio presidente e pela maior parte da legenda.

O clima de triunfo era visível em seu primeiro discurso de campanha, feito no início da noite desta segunda no local onde até o último domingo (21) era a sede da campanha Biden-Harris. “O bastão está nas nossas mãos”, disse Kamala, que foi introduzida ao som de “Freedom”, de Beyoncé.

PELO TELEFONE – Joe Biden, isolado em Rehoboth Beach em razão da Covid-19, participou por telefone. O presidente agradeceu a equipe e disse que continuará “totalmente engajado” na campanha. “Eu estou de olho em você, menina. Eu amo você”, disse ele a Kamala.

Todos os 23 governadores democratas, incluindo cotados para a vaga de Biden como J.B. Pritzker (Illinois) e Gretchen Whitmer (Michigan), declararam apoio a Kamala. No Congresso, 181 dos 212 deputados e 41 dos 47 senadores fizeram o mesmo, segundo monitoramento feito pelo New York Times.

Um dos nomes mais importantes a vir a público apoiá-la nesta segunda foi a ex-presidente da Câmara Nancy Pelosi. A lendária líder democrata operou nos bastidores para que Biden desistisse, mas havia permanecido em silêncio no domingo sobre quem endossaria. “Tenho plena confiança de que ela nos levará à vitória em novembro”, afirmou em nota divulgada nesta segunda.

DOADORES DISPARAM – Tão importante quanto o apoio do partido é o de doadores: foram US$ 81 milhões nas 24 horas após Kamala lançar-se candidata – um recorde, segundo a campanha. A equipe diz que contribuíram com esse montante 888 mil pequenos doadores, sendo que 60% deles fizeram uma doação pela primeira vez neste ano.

A esse montante se somam os US$ 150 milhões levantados de grandes doadores pelo comitê de arrecadação (conhecido como PAC, na sigla em inglês) Future Forward, de acordo com o site Politico.

A demonstração de união dos democratas sucede semanas de conflitos internos em torno da candidatura de Biden, em que a imagem dividida do partido contrastou negativamente com o domínio total de Donald Trump sobre os republicanos na convenção nacional do partido, realizada na semana passada.

FALTA O VICE – Conforme Kamala se firma como a candidata democrata, a discussão se volta para quem será o vice na chapa do partido. Seguindo a estratégia clássica de alguém com perfil complementar, as apostas são um homem branco –preferencialmente de um estado-pêndulo.

Os principais cotados para vice, por ora, são os governadores Andy Beshear (Kentucky), Roy Cooper (Carolina do Norte), Josh Shapiro (Pensilvânia) e Pritzker. Outro nome citado é o senador Mark Kelly (Arizona), cujas credenciais de militar e astronauta reluzem aos olhos democratas.

“Eu quero que o povo americano saiba o que é uma pessoa do Kentucky e como ela se parece, porque deixa eu eu te dizer, J.D. Vance não é daqui”, afirmou Beshear em entrevista à MSNBC nesta segunda, em um ataque ao vice de Trump nascido em seu estado.

Não precisamos de políticos imbrocháveis nem que tenham tesão de 20 anos…

“Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para a Janja”, diz Lula

Lula continua a ser o rei das declarações com baixarias

Becky S. Korich
Folha

Em 1991, o então presidente Fernando Collor de Mello declarou que tinha nascido com “aquilo roxo”, para enfatizar sua força e masculinidade. Sua “macheza” não foi suficiente para impedi-lo de ser triturado em um processo de impeachment.

Passados mais de trinta anos, nada mudou. Em 2022, Jair Bolsonaro repetiu cinco vezes o termo “imbrochável” para afirmar sua virilidade, em um discurso na Esplanada dos Ministérios durante a celebração do 7 de Setembro, sugerindo uma suposta potência sexual inabalável. Em maio de 2021, ele tinha ido ainda mais longe: “Fique tranquilo. Já falei que sou imorrível, imbrochável e também sou incomível”. Só faltou o inelegível nessa lista.

LULA TESUDO – Quando pensávamos que estaríamos livres do palavreado chulo e da retórica sexualizada, o Presidente Lula não se conteve: quis ser tão potente e viril quanto o seu antecessor. Recentemente, em um evento em São Paulo, fez questão de declarar que dispõe de uma tenacidade (sexual) de um jovem de vinte anos e ainda cometeu a indelicadeza de expor sua mulher:

“Quem achar que o Lulinha está cansado, pergunte para Janja. Ela é testemunha ocular. Quando eu falo que eu tenho 70 anos de idade, energia de 30 e tesão de 20, eu estou falando com conhecimento de causa”.

Em setembro do ano passado, antes mesmo do efeito Biden, Lula fez uma declaração no mínimo capacitista depois de passar por uma cirurgia: “O Ricardo Stuckert [fotógrafo oficial da Presidência] não quer que eu ande de andador. Ele já falou: ‘Não vou filmar você de andador’. Então significa que vocês não vão me ver de andador, de muleta. Vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado.”

CORINTIANO – A gafe mais recente, em tom de piada com o que não se brinca, foi sobre a violência contra as mulheres que aumentam depois dos jogos de futebol, “se o cara é corintiano, tudo bem”. Isso está mais para uma conversa de bar entre machos do que uma declaração presidencial.

Ninguém precisa de garanhões insaciáveis no governo. Não precisamos de presidentes imbrocháveis, joviais, viris, imbatíveis; não são essas as “forças políticas” que vão fazer um país melhor.

Não nos interessa saber o nível de testosterona dos nossos dirigentes, não temos mais paciência nem estômago para as autoproclamações de virilidade – que mais nos dão a sensação de falta do que de plenitude.

EMPODERADOS – Homens “do poder” precisam aprender a ser homens “empoderados”. Aprender a não diminuir as mulheres para se sentirem grandes; a ficar calados quando o silêncio é mais precioso; a ser fortes a ponto de não precisar agredir para demonstrar força; a ser corajosos para assumir suas próprias falhas e, por que não, suas brochadas.

Homens públicos empoderados pensam antes de falar; não precisam gritar para serem ouvidos; conseguem ouvir vozes mais fracas; fazem de tudo para que as mulheres tenham as mesmas oportunidades, sem se sentirem ameaçados. Homens empoderados torcem por mais mulheres empoderadas.

O macho de verdade respeita as escolhas sexuais não só das mulheres como de todas as pessoas; não expõe sua intimidade (principalmente quando envolve a de outra pessoa); não precisa publicar no jornal suas peripécias sexuais; não tem medo de pedir ajuda quando precisa, de falar “eu não sei” ou “eu errei”.

PODE BROCHAR – Macho de verdade não tem medo de brochar. A política não é um palco para os homens reafirmarem sua masculinidade.

 Mas, infelizmente, o cenário político se tornou um campo especialmente atraente para os homens reforçarem seu status de masculinidade. Nesse contexto, as posturas e políticas masculinas refletem qualidades que podem ser consideradas relevantes nos domínios da segurança nacional e da política no geral.

Isso faz com que alguns homens se sintam impelidos a seguir um padrão implacável de masculinidade, para não correrem o risco de perder seu status de “homens de verdade”. É aqui que reside a masculinidade frágil.

OUTRAS QUALIDADES – A masculinidade real não se caracteriza pela agressividade e força, ela necessariamente inclui qualidades como civilidade, respeito e cuidado. Na política, que ainda é predominantemente composta por homens e onde o “mais forte vence”, os líderes masculinos devem reunir todas as suas forças para modelar essa versão mais positiva da masculinidade.

Para merecer o cargo, um líder precisa se adaptar às mudanças na mesma velocidade em que elas acontecem. Por mais que tente se superar, Lula se mantém como um homem de seu tempo, moldado por uma sociedade estruturalmente machista. Suas falas infelizes provam a dificuldade que tem para atualizar as referências sobre as mulheres e sobre o papel do homem de hoje.

Não é questão de idade, muito menos de virilidade. Para esse tipo de derrapada, não há Viagra que resolva.

Renúncia de Biden muda a dinâmica da eleição norte-americana

Harris sai à frente como favorita para assumir a candidatura

Pedro do Coutto

Sentindo a reação dos democratas, inclusive com o pronunciamento de Barack Obama ao New York Times, para que retirasse a sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos, Joe Biden se afastou deixando um vazio a ser preenchido por Kamala Harris. Biden anunciou neste domingo a sua desistência à reeleição e apoio à vice-presidente. A decisão muda totalmente a dinâmica da eleição e pode representar um novo momento para o Partido Democrata.

Em um comunicado no X, Biden anunciou que cumprirá o seu mandato até janeiro de 2025. “Foi a maior honra da minha vida servir como seu presidente. E embora tenha sido minha intenção buscar a reeleição, acredito que é do melhor interesse do meu partido e do país que eu me afaste e me concentre exclusivamente em cumprir meus deveres como presidente pelo restante do meu mandato”, escreveu.

DEBATE – A crise na campanha de Biden começou no fim de junho, quando ele teve um mau desempenho em um debate contra Donald Trump. À época, a capacidade cognitiva do presidente foi colocada em dúvida. A decisão de Biden também pode ter sido influenciada pelo comportamento dos doadores de campanha, que começaram a se retrair após o debate.

Apesar de Biden não ser um homem dado a desistir dos obstáculos que surgem pela frente, nesse caso teve que ceder às fortes pressões. É um momento sem precedentes e a atenção se volta totalmente para o Partido Democrata. Kamala Harris é a favorita e a campanha de Trump já se prepara para essa possibilidade..

Pelo fato de ser vice-presidente, Kamala desfruta de uma legitimidade maior nesse momento. Mas o Partido Democrata não é homogêneo e uma coisa que o Biden tinha era que ele conseguia unir o partido inteiro.  Agora a bola está de novo com os democratas e este pode se tornar um momento de força para o partido.  Assim se escreve mais um capítulo da nação americana, símbolo da democracia e do compromisso com a realidade que se coloca novamente como um desafio a ser preenchido por uma candidata apta e capacitada.

Na poesia de Adélia Prado, está sempre amanhecendo na casa de seu pai

Não tenho tempo pra mais nada, ser... Adélia Prado - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A mineira Adélia Prado, vencedor dos principais prêmios de literatura em língua portuguesa neste ano, mostra neste poema que podemos sentir, a qualquer hora, um novo amanhecer que servirá para perpetuar os acontecimentos felizes daquele dia ou, caso contrário, para esquecermos o dia anterior.

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IMPRESSIONISTA
Adélia Prado

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Entenda por que Obama não endossou Kamala ao saudar decisão de Biden

Obama faz piada e chama Biden de 'vice-presidente' durante visita à Casa  Branca | Jovem Pan

Obama sabia que Joe Biden não tinha mais condições

Glenn Thrush
The New York Times/Folha

Muitos dos principais políticos democratas endossaram a candidatura à Presidência dos Estados Unidos da atual vice, Kamala Harris, já no domingo (21), após o presidente Joe Biden anunciar que havia desistido da corrida pela Casa Branca. Mas uma presença imponente no partido estava visível e propositadamente ausente entre esses nomes: Barack Obama.

O ex-presidente ainda não apoiou publicamente Kamala. Na verdade, ele não a mencionou nenhuma vez no tributo afetuoso e cuidadosamente escrito a Biden publicado em sua conta no Medium logo após o presidente afirmar que não tentaria uma reeleição.

QUERIDO AMIGO – “Joe Biden tem sido um dos presidentes mais influentes da América, além de um querido amigo e parceiro para mim”, escreveu Obama. O ex-presidente escolheu Biden como vice em 2008 porque queria um companheiro de chapa mais velho, mais experiente, com “cabelos grisalhos” e ambições presidenciais futuras limitadas, disse ele na época.

“Navegaremos por águas desconhecidas nos próximos dias”, escreveu Obama na publicação. “Mas tenho uma confiança extraordinária de que os líderes do nosso partido serão capazes de criar um processo do qual surgirá um candidato excelente.”

Republicanos interpretaram isso como um desprezo. Mas pessoas próximas a Obama, que se posiciona como um estadista imparcial acima de esquemas partidários, disseram para não dar muita importância a isso —e afirmaram que ele não tinha nenhum candidato alternativo em mente quando decidiu não endossar Kamala imediatamente.

MESMA POSTURA – Obama adotou uma postura idêntica há quatro anos, quando os assessores de Biden o pressionaram por apoio nas primárias democratas antes que Bernie Sanders desistisse. A frase favorita de Obama na época era “Eu não quero influenciar a balança”.

Segundo pessoas próximas a Obama, endossar muito cedo agora também seria um erro político —alimentaria críticas de que a indicação de Kamala, caso aconteça, foi uma coroação em vez de um consenso possível já feito sob circunstâncias apressadas, já que as eleições são em novembro.

Em vez disso, Obama vê seu papel como o de ajudar a unir o partido rapidamente, assim que tiverem um candidato, disse uma pessoa familiarizada com o assunto.

OUTROS ASPECTOS – Há, no entanto, outras considerações pessoais que deixam mais visível a típica cautela de Obama.

Biden é um homem profundamente orgulhoso, e ele nunca perdoou completamente Obama por apoiar silenciosamente a ex-secretária de Estado Hillary Clinton na campanha de 2016. O atual presidente ainda acredita que poderia ter vencido o republicano Donald Trump naquele ano se tivesse tido a chance. Biden também não ficou satisfeito quando Obama lhe aconselhou a considerar ficar de fora em 2020, disseram pessoas de seu círculo.

Por fim, Obama queria que o domingo fosse sobre Biden, uma celebração de suas conquistas — e não se sente pressionado a agir precipitadamente, de acordo com um ex-funcionário da Casa Branca que fala regularmente com o ex-presidente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. Em todas as relações humanas sempre há arestas e desentendimentos. Na política, então, o que há de controvérsias entre correligionários não está no gibi, como se dizia antigamente. (C.N.)

Generais mentiram ao depor sobre golpe, para não sujar as suas carreiras

Tribuna da Internet | Receio de golpe militar é patologia grave, da qual o Brasil não se livra

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Carlos Newton

Comentamos, aqui na Tribuna da Internet, que a Polícia Federal está tendo dificuldades para fechar a investigação sobre o golpe de estado que o então presidente Jair Bolsonaro e o general Braga Netto pretendiam concretizar. O ponto fora da curva refere-se aos depoimentos dos principais chefes militares envolvidos – os generais Marco Antonio Freire Gomes, comandante do Exército, e Estevam Theofilo, que detinha o controle efetivo das tropas, como chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter), o mais importante e estratégico cargo do Exército.

Até agora, a Polícia Federal não descobriu quem está mentindo ou se os dois generais estariam mentindo, o que seria mais grave ainda. E o que causa maior estranheza é que Freire Gomes e Estevam Theofilo ainda não tenham sido chamados a depor novamente.

REUNIÃO NO PLANALTO – As investigações sobre as articulações mostram que o golpe quase chegou a se concretizar, quando os três comandantes militares foram chamados ao palácio, para serem consultados pelo presidente Bolsonaro sobre a posição das Forças Armadas, caso houvesse a assinatura de uma medida drástica (estado de emergência, estado de sítio ou garantia da lei e da ordem) que anulasse a eleição de Lula.

0 comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, mostrou-se totalmente favorável, mas o comandante da Aeronáutica, Baptista Júnior, posicionou-se contra. A questão foi decidida pelo general Freire Gomes. Além de responder negativamente quanto à medida de emergência, aventou a possibilidade de o presidente Bolsonaro ser preso, caso tentasse anular a eleição de Lula. Tudo isso é conhecido e verdadeiro.

A posição do general surpreendeu Bolsonaro, porque ele e o general Braga Netto tinham escolhido a dedo e  nomeado para comandar as Forças Armadas justamente os oficiais mais inimigos do petismo. Assim, esperava que eles apoiassem incondicionalmente o golpe, como fez o almirante Garnier.

ALTO COMANDO – Acontece que nenhum oficial-superior manda no Exército Brasileiro. Quem decide essas situações-limites é o Alto Comando, formado por 16 generais, e a grande maior foi contra o golpe.

As investigações indicam, mas não provam, que o comandante Freire Gomes e o general Estevam Theofilo inicialmente eram a favor do golpe, caso as urnas estivessem fraudadas. O comandante levou o assunto ao Alto Comando, que não aceitou como argumento a suspeita às urnas eletrônicas, e fim de papo.

Assim, tudo indica que os dois generais estão mentindo, porque não querem sujar as biografias. E as posições deles favorecem Bolsonaro e Braga Netto, porque tumultuam o inquérito e evitam que as investigações tenham um desfecho.

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P.S. –
Não há explicação para o fato de o general Estevam Theofilo ter ido se reunir com Bolsonaro  sozinho, sem pedir autorização a seu comandante. E também não há explicação para o fato de o general Freire Gomes não lembrar se Theopilo depois foi à sua casa, à noite, para relatar o que acontecera na reunião com Bolsonaro. Em tradução simultânea, está claro que os dois generais estão mentindo descaradamente. E assim fica cada vez mais difícil concluir a investigação do inquérito do fim do mundo, aquele que começou há cinco anos e não acaba nunca.
(C.N.)