Kamala terá de enfrentar a insatisfação dos norte-americanos com os rumos do país

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Charge do Baggi (Jornal de Brasilia)

Bruno Boghossian
Folha

Kamala Harris abriu de maneira idêntica os três discursos que fez até agora como provável candidata à Casa Branca. A vice-presidente enalteceu o legado de Joe Biden, descreveu o governo do qual faz parte como um dos mais importantes da história e assumiu a inevitável bandeira da continuidade para disputar esta eleição.

O Partido Democrata precisava desesperadamente de um candidato que não fosse Biden para enfrentar Donald Trump. Kamala larga como uma candidata de situação que tem a vantagem de não ser um político de 81 anos cuja capacidade de liderança é alvo de questionamentos. Para vencer, ela terá que ir muito além.

OUTROS RISCOS – A idade de Biden não era o único risco dos democratas. A despeito de um cenário econômico positivo, a taxa de aprovação do presidente indica que os americanos não se mostram satisfeitos com o país.

A candidatura de Kamala depende de sua capacidade de vender algo mais do que um retrospecto dos últimos anos.

Em seus primeiros dias na arena, a vice-presidente falou em futuro e buscou uma contraposição ao que seria uma volta ao passado com Trump. Disse que sua prioridade será o fortalecimento da classe média, que vem se mostrando mais distante dos democratas, e alertou para a ameaça que os republicanos representam para os direitos reprodutivos.

TESTE DIFICIL – A credibilidade do discurso econômico de Kamala passará por um teste difícil nos meses que restam até a eleição. O que é inegável é que ela dispõe de uma energia maior do que Biden para enfrentar Trump e apresentá-lo como uma ameaça, numa estratégia capaz de ampliar a participação de mulheres e negros, além de levar às urnas eleitores independentes que rejeitam o republicano.

A investida precisa ser suficiente para cobrir flancos que tornam sua candidatura potencialmente vulnerável. Kamala é tratada pelo populismo conservador como a vilã progressista perfeita e se tornou alvo preferencial de trumpistas que apontam para a falta de um plano democrata para a imigração.                                                                                                                  

Deputado que se julga importante entrou falando grosso e saiu falando fino

Ignorância e arrogância são duas irmãs insepar... - Giordano Bruno - FrasesVicente Limongi Netto

A arrogância e a ignorância são armas torpes e desprezíveis, muito usadas por patéticos homens públicos, para pisar nas demais pessoas. Algumas vezes o feitiço volta-se contra o feiticeiro, porque ele não tem como escapar de um certeiro tiro no pé. Foi o que aconteceu com um poderoso deputado, autêntico cancro da política alagoana.

Insatisfeito com o tratamento do noticiário do Metrópoles, o figurão marcou encontro com o dono do portal de notícias. Data marcada, foi à sede do Metrópoles.

DONO DA VERDADE – Com a habitual nariz empinado, antipático e dono da verdade de meia pataca, o insolente engomado teve a audácia de fazer críticas a linha editorial do Metrópoles, desacatando alguns de seus profissionais.

Prontamente recebeu o troco duro e merecido do anfitrião, que exigiu respeito e devolveu as ofensas do pretensioso parlamentar. Alinhou algumas verdades ao leviano visitante, levantou-se e foi embora.

Ao sair, sugeriu para o deplorável deputado se queixar, caso desejasse, à editora-chefe do portal, presente na reunião que durou apenas alguns minutos. Dizem que o castigo vem a cavalo. Mas, para o asqueroso deputado, veio na lata. 

MADURO DEMAIS – O desprezível Nicolás Maduro continua debochando do mundo civilizado. Pisa na democracia. Humilha adversários. Despreza o resultado das urnas. Desrespeita e agride a vontade popular. 

Antipático, cretino e repugnante, continuará impune. Enxovalhando o judiciário e direitos do povo. Mandando quem esteja indignado e insatisfeito, tomar chá de camomila. A começar por Lula. 

Inacreditável que ninguém tenha poder, força e coragem para expulsar o patife Maduro da presidência da Venezuela.

RECORDE INDECENTE – O excelente Cláudio Humberto revela, no Diário do Poder, que o indecoroso e patético Davi Alcolumbre (União-AP) é senador recordista absoluto em gastos de dinheiro público. São despesas a título de “divulgação da atividade parlamentar”.

Essa vestal grávida do Amapá ainda pretende voltar à presidência do Senado e do Congresso. É o fim da picada. O finório Davi ganha fácil a medalha do cinismo e cara de pau. Desde 2015, recorda Cláudio Humberto, quando entrou no senado, Alcolumbre já torrou 2,35 milhões de reais apenas com a famigerada “divulgação da atividade parlamentar”.

O colunista salienta,  por fim, que na presidência do senado, Alcolumbre ignorou a lei de acesso à informação e tornou secretas as notas de senadores. Depois, teve que recuar na estupidez.

Governo Lula dedica-se ao velho delírio que pode levar a Petrobras à ruína

O presidente Lula durante solenidade na sede da Petrobras no Rio de Janeiro. Foto: Pedro Kirilos / Estadão

Lula tem obsessão e faz o que pode para explorar a Petrobras

J.R. Guzzo
Estadão

O atual vice-presidente Geraldo Alckmin, numa outra encarnação, disse que o atual presidente Lula queria “voltar à cena do crime” com o seu projeto de retorno à presidência. Hoje diz o contrário, mas o que falou continua valendo cada vez mais – pode ter sido, até, a coisa mais acertada que declarou em toda a sua carreira política.

Nenhuma confirmação dessa volta ao crime, e exatamente no lugar em que foi cometido, poderia ser mais clara do que o governo está fazendo neste preciso momento na Petrobras. Nos 14 anos das administrações Lula-Dilma, a maior empresa do Brasil foi colocada na porta da vara de falências.

REPETIR A DOSE – Corrupção provada, maciça e confessa, negócios ruinosos para a empresa e decisões suicidas do ponto de vista empresarial se juntaram para levar à Petrobras à bacia das almas – e muitos dos seus diretores à cadeia. Querem, agora, repetir o que fizeram, peça por peça, e com a tranquilidade de saber que ninguém vai ser incomodado pela justiça criminal.

Em apenas um ano e meio de governo Lula, já está tudo errado outra vez – e está errado precisamente nos mesmos lugares onde erraram de 2003 a 2016. A Petrobras, em qualquer avaliação racional, é uma empresa petroleira – e não uma árvore de Natal onde Lula vai pendurando todo tipo de atividade na tentativa, provadamente fútil, de gerar produção industrial, “criar empregos” e ter um “papel social”.

Onde a Petrobras tem competência, talento tecnológico e capacidade de competir é na produção de petróleo em alto mar. É aí que está a sua força e o seu valor para o interesse público.

OBJETIVO MAIOR – Por conta da Petrobras o Brasil deixou de ser, há anos, dependente de importações de petróleo – o País produz hoje acima dos 3 milhões de barris de óleo por dia e tornou-se um exportador mundial importante. É nisso, logicamente, que deveria se concentrar e investir.

Mas o governo Lula, assim que “o Brasil voltou”, atirou-se outra vez ao delírio que levou a companhia à ruína. Em vez de investir naquilo que a Petrobras faz de melhor, está socando bilhões em tudo o que ela faz de pior – mas onde as oportunidades de negócio para os amigos, e os amigos dos amigos, são uma maravilha.

É o caso das refinarias. Depois da Abreu e Lima, que deveria custar 2 bilhões de dólares, já custou mais de 20 bi e ainda não está pronta, e da assombrosa compra da refinaria de Pasadena, que entrou para a história universal da corrupção, querem voltar exatamente à mesma cena, “investindo” de novo no refino – sua atividade mais obsoleta e sem esperança. Querem fabricar adubo, construir navios e jogar, cada vez mais, dinheiro bom em cima de dinheiro ruim. É puro Lula.

Ex-presidente argentino cobra posição de Lula sobre as eleições na Venezuela

Justiça argentina decreta falência do carro-chefe das empresas da família  Macri | Internacional | EL PAÍS Brasil

Todos esperam um posicionamento de Lula, diz Macri

Anna Bustamante
O Globo

Após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) reconhecer, na madrugada desta segunda-feira, a reeleição de Nicolás Maduro à presidência, com 51% dos votos, líderes mundiais se posicionaram acerca da falta de transparência na contagem de votos, e da virada extraordinária do chavista em cima da oposição de Edmundo González.

No entanto, o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o assunto chamou a atenção de figuras importantes, como o ex-presidente da Argentina, Maurício Macri, que cobrou que Lula “não fique calado”:

DISSE MACRI – “Espero que o Presidente Lula, que considero um democrata, apesar das nossas diferenças ideológicas, não fique calado”, disse Macri, na rede social X.

A vitória questionável de Maduro nas eleições venezuelanas despertou uma segunda-feira de críticas e posicionamentos. Nas redes sociais, alguns internautas se incomodam com o silêncio do governo federal e cobram a fala de Lula a respeito dos resultados das urnas, fortemente rejeitados pela oposição, que denuncia uma fraude na contagem de votos, visto que pesquisas anteriores previam vitória avassaladora de González Urrutia.

No Brasil, a falta de posicionamento também é criticada. O deputado federal Mario Frias (PL-SP), ex-secretário especial da Cultura no governo de Jair Bolsonaro, disse no X, que Lula endossou a fraude eleitoral da Venezuela.

ENDOSSO DE LULA – Para muitos, o posicionamento de Lula sobre a reeleição do chavista, além de dizer muito sobre como o presidente enxerga o pleito, também colocará sua credibilidade em jogo, visto que não questionar o suposto “golpe” contra a democracia pode manchar sua imagem. E Maduro, na reta final, disse que as eleições no Brasil eram inauditáveis, aderindo à tese do ex-presidente Bolsonaro.

“Se Lula validar Maduro, irá contrariar todo o seu discurso de ‘defensor da democracia’, e será oficialmente um mentiroso antidemocrático. Se ele condenar a farsa, Maduro fala o que sabe sobre as eleições brasileiras e muito mais”, expressou a usuária @AndreiaPrate, no X.

Costa Neto alega à Justiça dos EUA que é perseguido político por Moraes

Valdemar Costa Neto deixa Superintendência da PF a... | VEJA

Costa Neto explicou que seu passaporte foi apreendido

Marcela Mattos
Veja

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, fez relatos de perseguição política e disse que o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de um ministro, faz oposição a seu partido. O posicionamento consta em uma ação de difamação apresentada pelo dirigente contra a sua ex-mulher, Maria Christina Mendes Caldeira.

O processo tramita na Justiça da Flórida, nos Estados Unidos. Isso porque Maria Christina se mudou após uma separação conturbada com o dirigente, em 2004. Recentemente, ela foi processada por Valdemar Costa Neto  após ter feito uma publicação em uma rede social na qual comentou o passado do ex-marido, que foi condenado e preso no esquema do mensalão. Em reação às postagens, o político cobrou uma indenização de 50.000 dólares, alegando ter uma reputação ilibada.

INQUÉRITO NO STF – A confusão familiar, no entanto, acabou se misturando ao inquérito sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que apura se houve uma tentativa de golpe no país após a derrota de Jair Bolsonaro.

Valdemar foi alvo de busca e apreensão em fevereiro deste ano e outros membros do seu partido, como o próprio Jair Bolsonaro e o ex-ministro Walter Braga Netto, foram alvos da ação. Na ocasião, Valdemar Costa Neto acabou preso em flagrante depois de os investigadores encontrarem uma arma de fogo com o registro vencido – ele foi solto dois dias depois.

A operação também culminou na apreensão do passaporte do político. Por isso, ele ficou impedido de comparecer presencialmente à audiência nos Estados Unidos. Em ofício encaminhado à Corte americana, ele relatou a operação da PF e tentou minimizar seu envolvimento no caso alegando que a Justiça brasileira é oponente ao seu partido.

DIZ COSTA NETO – “Em fevereiro de 2024, houve uma investigação iniciada por um membro do STF (que é conhecido por estar em oposição ao Partido Liberal – PL) contra aproximadamente 30 pessoas relacionadas ao partido por causa de alegações de que elas estariam envolvidas na conspiração de um suposto golpe após as últimas eleições presidenciais”, afirmou Valdemar.

Ele acrescentou que, para a sua “surpresa”, acabou preso na operação, muito embora por um motivo que nada tenha a ver com as investigações em andamento.

“Dada a natureza trivial das acusações, eu acredito, e é de conhecimento geral no Brasil, que essa prisão teve motivação política”, acrescentou.

SEM LEGITIMIDADE – As declarações de Valdemar foram anexadas ao inquérito do golpe depois que a ex-mulher do dirigente acionou o ministro com um pedido de informações sobre a situação do passaporte dele e alegando que o juizado local questionava o fato de ele não ter se apresentado presencialmente à Corte.

Moraes, depois, acabou enviando o caso para uma ação em separado por causa da ausência de legitimidade de Maria Christina em fazer pedidos junto à petição sobre a tentativa de golpe e porque o requerimento “não guarda qualquer relação com os fatos objetos desta investigação”.

Ele, porém, não fez nenhum comentário sobre as críticas diretas de Valdemar Costa Neto.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Costa Neto cometeu um erro grosseiro. Ter dito à Justiça da matriz USA que é perseguido político pode ser encarado como piada. No entanto, ao mencionar claramente o ministro Alexandre de Moraes, mesmo sem ter citado o nome dele, ultrapassou os limites e agora passará a ser tratado realmente como criminoso político, com perseguição garantida por Moraes. Por muito menos, aquela família paulista Mantovani, que não aceitou a prioridade a Moraes na Sala VIP do Aeroporto de Roma, está incriminada num processo sem qualquer prova material, inteiramente baseado em “presunção de culpa”, uma situação jurídica ridícula, que só existe no Brasil. (C.N.)

Entenda que a fraude de Maduro deve ter ocorrido na recontagem do voto impresso

O presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, durante coletiva de imprensa em Caracas, Venezuela

Elvis Amoroso, do Conselho Eleitoral, anunciou o resultado

Deu na CNN

O problema na eleição venezuelana foi na recontagem do voto impresso. É exatamente nesta etapa que a oposição venezuelana afirma ter havido uma fraude. O grupo liderado por María Corina Machado diz que não pôde ter acesso aos votos em papel em grande parte dos colégios eleitorais, o que teria impedido a auditoria efetiva do pleito, ainda segundo a oposição.

Na madrugada desta segunda-feira (29), as autoridades eleitorais venezuelanas se apressaram em confirmar a vitória de Nicolás Maduro na disputa pelo Palácio de Miraflores, sede do governo do país. A decisão estava cercada de polêmica e não foi reconhecida por boa parte da comunidade internacional. Mas, afinal, como funciona a eleição na Venezuela?

O VOTO IMPRESSO – Assim como no Brasil, o sistema de votação do país conta com uma urna eletrônica. O mecanismo, no entanto, possui algumas diferenças do aparelho utilizado nacionalmente, assim como o processo de votação.

Na Venezuela, ao chegar no local de votação, o eleitor deve apresentar sua identidade e realizar o reconhecimento biométrico através da impressão digital. Em seguida, vai até a urna eletrônica para computar seu voto.

Efetuado o voto, a urna realiza uma impressão em papel da escolha feita pelo eleitor, que pode confirmar se as informações estão corretas. Após a checagem, ele se dirige para uma outra urna, na qual deposita o voto impresso.

TOTALIZAÇÃO – Os votos computados eletronicamente são enviados para uma central que totaliza os resultados. O sistema que faz o envio é próprio, como o brasileiro, e não possui conexão com a internet.

Em seguida, é feita uma verificação, por amostragem, para saber se os votos enviados pela urna eletrônica são os mesmos depositados, em papel, na urna que fica ao lado da máquina.

É exatamente nesta etapa que a oposição venezuelana afirma ter havido uma fraude. O grupo liderado por María Corina Machado diz que seus fiscais não puderam ter acesso aos votos em papel em grande parte dos colégios eleitorais, o que teria impedido a auditoria efetiva do pleito, ainda segundo a oposição.

O Poder Eleitoral é responsável por organizar e fiscalizar as eleições para cargos públicos no país, através do sufrágio universal, direto e secreto, segundo o seu órgão de governo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O sistema eleitoral da Venezuela é melhor do que o brasileiro e deveria ser adotado por nós. A fraude só pode ocorrer na recontagem do sistema do voto impresso, na urna em separado. No final da votação, quando os pontos eleitorais foram fechando, a Oposição já tinha denunciado que os fiscais não conseguiram entrar, embora o acesso tivesse de lhes ser garantido ainda durante o período da votação. Agora já era, e o mais curioso é o resultado de 51,21%, para mostrar que Maduro tem maioria absoluta. Outro detalhe: o resultado foi anunciado quando ainda faltava contar 20% dos votos, numa pressa que evidenciou o serviço sujo que manterá Maduro por mais seis anos.
(C.N.)

Transparência nos olhos dos outros é refresco e Lula exagera nos cem anos

Tribuna da Internet | Lula prometeu acabar com o sigilo de 100 anos e muita gente acreditou…

Charge do Duke (O Tempo)

Bernardo Mello Franco
O Globo

Tema de debate na última eleição presidencial, o sigilo de cem anos voltou ao noticiário. Desta vez, é o governo Lula que insiste em esconder documentos oficiais, porque transparência nos olhos dos outros é refresco.

O Executivo negou acesso à Declaração de Conflito de Interesses do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. O ofício precisa ser entregue antes da posse de cada ocupante do primeiro escalão.

NA CASA CIVIL – A decisão pelo segredo foi da Comissão Mista de Reavaliação de Informações, chefiada pela Casa Civil. No início do mês, o órgão alegou ao UOL que a declaração de Silveira conteria dados de acesso restrito, “que se referem a aspectos da vida privada e intimidade do titular e, portanto, não publicizáveis”.

A conversa repete um artifício muito usado pelo governo de Jair Bolsonaro: usar a Lei de Acesso à Informação para dificultar o acesso à informação.

De acordo com a lei, o Estado deve preservar informações pessoais que envolvam “a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem” dos cidadãos. Nesses casos, é previsto o sigilo máximo de cem anos. A regra foi estabelecida para valer em situações excepcionais. Numa interpretação distorcida, virou arma para encobrir o que deveria ser revelado.

NORMA AVILTADA – A transparência deve ser a norma no serviço público. Quem aceita virar ministro precisa estar pronto para ser submetido a escrutínio. É o que prevê a Lei de Conflitos de Interesses, sancionada em 2013 pela então presidente Dilma Rousseff. O texto afirma que os ocupantes de altos cargos na administração pública devem informar patrimônio, participações societárias, atividades econômicas e profissionais. Se Silveira preencheu o questionário para virar ministro, não há por que esconder essas informações da sociedade.

No início do governo, Lula bateu bumbo para a derrubada de sigilos impostos por Bolsonaro. É no mínimo incoerente repetir a prática que condenava na gestão passada.

OUTROS CASOS – A aversão à transparência é suprapartidária. Na última semana, o governo de São Paulo impôs cem anos de sigilo a processos disciplinares contra o coronel Mello Araújo, ex-comandante da Rota. O policial será candidato a vice-prefeito na chapa de Ricardo Nunes, que concorre à reeleição na capital paulista. A decisão de esconder os documentos beneficia o prefeito, aliado do governador Tarcísio de Freitas.

Ao tratar informações corriqueiras como segredos de Estado, governantes também se arriscam a cair no ridículo. Na quarta-feira, a Casa Rosada se negou a fornecer informações sobre os cachorros do presidente da Argentina, Javier Milei. Alegou que os dados seriam “de natureza privada e familiar”.

Desde que o dono da matilha tomou posse, a imprensa pede informações sobre os cães, que ele chama de “filhos de quatro patas”. Uma das excentricidades de Milei é que ele acredita se comunicar por telepatia com seu primeiro mastim inglês, morto anos atrás. Os repórteres tinham perguntas mais simples: quanto se gasta em ração, quem cuida dos animais, quanto custou a construção de canis na residência oficial de Olivos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, fica claro que, em determinados países, a transparência é do tipo vacina que não pega, muito usada em campanhas eleitorais, De resto, não serve para nada. (C.N.)

Contagem relâmpago dos votos aumenta a suspeita de fraude na Venezuela

Maduro, presidente desde 2013, declarou-se vencedor

Pedro do Coutto

Os venezuelanos compareceram às urnas neste domingo para eleições presidenciais repletas de tensão para decidir entre a continuidade do chavismo, que está no poder há 25 anos, ou a mudança prometida por uma oposição unida e esperançosa.

Nicolás Maduro, de 61 anos, e na Presidência desde 2013, foi declarado vencedor de um terceiro mandato de seis anos no momento em que o país tenta sair de uma profunda crise econômica e humanitária que contraiu o Produto Interno Bruto em 80% e empurrou mais de sete milhões de pessoas para o êxodo.

Seu rival era o diplomata Edmundo González Urrutia, de 74 anos, relativamente desconhecido antes da campanha, que representa a carismática e popular líder opositora María Corina Machado, impedida de concorrer devido a uma inabilitação política. Maduro declarou neste domingo que os resultados seriam respeitados.

“GARANTIA” – “Reconheço e reconhecerei o árbitro eleitoral, os boletins oficiais e farei com que sejam respeitados”, disse Maduro após votar em Caracas. “Palavra sagrada a do árbitro eleitoral, e peço aos 10 candidatos presidenciais (…) a respeitar, a garantir o respeito e a declarar publicamente que respeitarão o boletim oficial do Conselho Nacional Eleitoral”, acrescentou.

Porém, há alguns dias, Maduro declarou “Paz ou guerra” ao definir o que, na opinião dele, estaria em disputa nesta eleição. Antes, o chavista alertou que uma vitória da oposição poderia provocar um “banho de sangue”, o que rendeu críticas dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Gabriel Boric, entre outros.

DENÚNCIAS DE FRAUDE – A contagem rápida demais dos votos aumentou as suspeitas de fraude, e a oposição não reconhece a derrota para Nicolás Maduro.

A contagem dos votos impressos é manual, o que dá margem a que, por exemplo, votos em branco sejam transformados em votos para Maduro.

Aliás, se tiver sido permitido o acompanhamento da contagem por fiscais oposicionistas, o preenchimento de votos em branco para qualquer candidato seria a única forma possível de fraude em eleições como as que ocorreram ontem na Venezuela.

Vamos aguardar o comportamento da oposição.

Mundo se divide quanto à fraude na “vitória” de Maduro em rápida contagem

Putin é reeleito presidente da Rússia e diz que mundo pode estar a um passo  da 3ª Guerra Mundial – Noticias R7

Putin se apressou em saudou a vitória de seu grande aliado

Da CNN

Depois de os resultados eleitorais terem sido conhecidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nesta segunda-feira (29) de madrugada, as reações foram imediatas com muitos políticos da região rejeitando estes resultados e pedindo auditorias independentes.

Segundo o órgão eleitoral, o presidente Nicolás Maduro obteve 51,2% e o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, obteve 44,2%.

RÚSSIA FELICITA -O presidente da Rússia, Vladimir Putin, felicitou Nicolás Maduro pela sua reeleição como presidente da Venezuela, informou nesta segunda-feira (29) o Kremlin no seu canal Telegram.

“As relações russo-venezuelanas têm o carácter de uma parceria estratégica. Estou certo de que as suas atividades à frente do Estado continuarão a contribuir para o seu desenvolvimento progressivo em todas as direções”, disse Putin.

“Isto responde plenamente aos interesses dos nossos povos amigos e está em linha com a construção de uma ordem mundial mais justa e democrática. Gostaria de confirmar a nossa vontade de continuar o nosso trabalho conjunto construtivo sobre questões atuais da agenda bilateral e internacional”, acrescentou Putin. “Lembre-se de que você sempre será um convidado bem-vindo em solo russo”.

BOLÍVIA E COLÔMBIA – O presidente da Bolívia, Luis Arce, felicitou Maduro pela “vitória eleitoral” e comemorou que “a vontade do povo venezuelano foi respeitada nas urnas”. Arce disse que a Bolívia continuará fortalecendo os laços de amizade com a Venezuela.

O ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, disse no X que “é importante esclarecer quaisquer dúvidas sobre os resultados” das eleições na Venezuela, depois que o Conselho Nacional Eleitoral proclamou vencedor o presidente Nicolás Maduro, resultado que a oposição não reconheceu.

E depois acrescentou: “Apelamos para que, o mais rapidamente possível, se proceda à contagem total dos votos, à sua verificação e à auditoria independente”.

CHILE AGUARDA – O presidente chileno, Gabriel Boric, disse que seu governo não reconhecerá “qualquer resultado que não seja verificável”. Acrescentou que os resultados publicados pela CNE “são difíceis de acreditar”, razão pela qual exigiu “total transparência das atas de votação e do processo”, e que “observadores internacionais não comprometidos com o governo prestem contas da veracidade dos resultados”.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, respondeu ao tweet de Boric dizendo que seu governo “não precisa de seu reconhecimento desvalorizado”. “Cuide dos seus problemas! Aqui vencemos, defendemos a vitória e comemoramos como verdadeiros revolucionários”, escreveu Gil a Boric.

CHINA PARABENIZA – O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, parabenizou Nicolás Maduro por sua reeleição, disse ele nesta segunda-feira em um briefing diário do ministério.

“A China e a Venezuela são bons amigos e parceiros que se apoiam. Este ano marca o 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e a Venezuela. A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações China-Venezuela e está disposta a trabalhar com a Venezuela para enriquecer continuamente a conotação da parceria estratégica e beneficiar melhor os povos dos dois países”, disse o porta-voz Lin Jian.

COSTA RICA REJEITA – Num comunicado, o governo da Costa Rica disse que não reconhece a eleição de Maduro, que chamou de “fraudulenta” e disse que a “repudia”. O governo de Rodrigo Chávez disse que trabalhará em conjunto com os “governos democráticos” do continente e organizações internacionais para garantir que a vontade do povo venezuelano seja respeitada.

Mas o presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel felicitou Nicolás Maduro por esta “vitória histórica” nas eleições.

“Hoje a dignidade e a coragem do povo venezuelano triunfaram sobre as pressões e manipulações”, escreveu o líder cubano, que acrescentou que “o povo bolivariano… derrotou de forma limpa a oposição pró-imperialista de forma inequívoca”.

ESPANHA QUER CONFERIR – O Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, disse que é necessário que os registos de votação das assembleias de voto sejam apresentados para “garantir resultados totalmente verificáveis”.

Já o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expressou “sérias preocupações” sobre os resultados eleitorais anunciados nesta segunda-feira pelo Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que declarou Nicolás Maduro vencedor.

“Temos sérias preocupações de que o resultado anunciado não reflita a vontade ou os votos do povo venezuelano. É essencial que cada voto seja contado de forma justa e transparente, que as autoridades eleitorais compartilhem imediatamente informações com a oposição e os observadores independentes, sem demora, e que o as autoridades eleitorais publiquem a apuração detalhada dos votos”, declarou.

GUATEMALA DUVIDA – O Presidente Bernardo Arévalo disse que o seu governo recebe os resultados emitidos pela CNE “com muitas dúvidas”, razão pela qual solicitou que sejam recebidos relatórios das missões de observação eleitoral que “devem defender o voto dos venezuelanos”.

Já o presidente de Honduras, Xiomara Castro, felicitou Maduro por sua “vitória incontestável que reafirma sua soberania”.

Mas o ministro das Relações Exteriores do Peru, Javier González Olaechea, disse que seu país “não aceitará a violação da vontade popular do povo venezuelano”. Em sua conta X, o chanceler peruano informou que “diante de anúncios oficiais muito graves das autoridades eleitorais venezuelanas”, como a vitória de Nicolás Maduro, o Peru convocou o embaixador peruano em Caracas para consultas.

REINO UNIDO CONTESTA – O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido não aceitou a legitimidade da eleição de Nicolás Maduro e atualizou nesta segunda-feira as suas recomendações de viagens para a Venezuela, aconselhando os cidadãos britânicos no país sul-americano a “ficarem em casa, se possível” após as eleições presidenciais do país.

“O Reino Unido não aceita a legitimidade da atual administração estabelecida por Nicolás Maduro”, afirmou o Gabinete de Relações Exteriores no seu último conselho de viagem.

E o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse que “não se pode reconhecer uma vitória se não confiar na forma e nos mecanismos utilizados para alcançá-la”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O mundo se divide, como sempre, mas está óbvio que a eleição foi fraudada, com uma contagem feita rápida demais para votos impressos. Maduro entregou as riquezas do país aos militares, que administram as estatais, e fez acordo com o Judiciário, criando uma democracia de simulacro, ao gosto de Putin, Jinping e outros líderes ditatoriais. Um dia de tristeza para a democracia. (C.N.)

Para conquistar Sulamita, Rubem Braga se dizia um poeta cristão

Sentiu uma coisa boa dentro de si, uma... Rubem Braga - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

Considerado o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, o capixaba Rubem Braga (12/01/1913 – 19/12/1990), sempre afirmou que a poesia é necessária, tanto que escreveu vários poemas, entre eles, esse bem-humorado “Poeta Cristão”.

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POETA CRISTÃO

Rubem Braga

A poesia anda mofina,
Mofina, mas não morreu.
Foi o anjo que morreu:
Anjo não se usa mais.
Ainda se usa estrela
Se usa estrela demais.

Poeta religioso
Mocinha não pode ler:
Pecará em pensamento,
Que o poeta gosta do Novo,
Mas pilha seus amoricos
É no Velho Testamento.

Ai, o Velho Testamento!
Eu também faço poema,
Ora essa, quem não faz:
Boto uma estrela na frente
E um pouco de mar atrás.

Boto Jesus de permeio
Que Deus, nos pratos de amor,
É um excelente recheio.
E isso bem posto e disposto
Me vou aos peitos da Amada:
Sulamita, Sulamita,
Por ti eu me rompo todo,
Sou cavalheiro cristão.
Minh’alma está garantida
Num rodapé do Tristão
E o corpo? O corpo é miséria,
Peguei doença, mas Jorge
de Lima dá injeção!

O badalo está chamando,
Bão-ba-la-lão.

Amada, não vai lá não!
Eu também tenho badalos –
Bão-ba-la-lão
Eu sou poeta cristão!

PL refaz pesquisa para testar Michelle, Bolsonaro e Tarcísio contra Lula, em 2016

Lula, Michelle, Tacísio e Bolsonaro

Até agora, as pesquisas indicam preferência por Michelle

Bela Megale
O Globo

Nesta semana será divulgada uma nova pesquisa encomendada pelo PL, que testa nomes da direita contra Lula na disputa pela Presidência. O levantamento vem sendo feito pela Paraná Pesquisas, que testa cenários com Michelle e Jair Bolsonaro e os governadores de direita, como Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Ratinho Júnior (Paraná), em uma eventual disputa contra Lula.

Na pesquisa feita pelo instituto em maio, a ex-primeira-dama apareceu empatada, tecnicamente, com Lula. Tarcísio ficou cerca de cinco pontos atrás do petista nas intenções de voto.

Integrantes do PL relataram à coluna que o partido chegou a avaliar a suspensão da pesquisa nacional no segundo semestre, devido às eleições municipais, mas a opção foi seguir com os levantamentos. O partido vem fazendo pesquisas de nomes para a Presidência desde janeiro, de olho em 2026.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A pesquisa é cada vez mais necessária, porque a nova apreensão de documentos de Alexandre Ramagem mostra que ele e Bolsonaro atuavam juntos na campanha contra as urnas eletrônicas, sem haver qualquer prova de que sejam suscetíveis a fraudes. Como diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Ramagem se comportava como um espião de péssima categoria, ao conduzir Bolsonaro por caminhos tortuosos, que o levaram a ser inelegível. Agora, é preciso saber qual será melhor substituto para enfrentar Biden da Silva aos 80 anos em 2026, completando 81 anos dias antes do segundo turno. (C.N.)

Moraes enfim tem provas materiais para prender Bolsonaro, mas terá coragem?

Charge do Jota : Prisão do Bolsonaro | Momentos do Reunião de Pauta

Charge do Jota Camelo (Reunião de Pauta)

Carlos Newton

Há pessoas que verdadeiramente dão sorte na vida. Veja-se o exemplo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. Acaba de ser agraciado por um surpreendente golpe de sorte justamente quando estava sofrendo as mais duras críticas de sua carreira, devido ao rigor excessivo com que apimenta suas decisões, inclusive as que são claramente errôneas, como a insustentável prisão preventiva de Filipe Martins, ex-assessor internacional do presidente Jair Bolsonaro.

Moraes acusa Martins de ter fugido para os Estados Unidos, porém já está mais do que provado que ele não saiu de Brasil. A explicação chega a ser comovente – apaixonou-se por uma jovem paranaense, pediu-a em casamento e foi morar em Ponta Grossa, onde foi preso pelos federais na casa do sogro, vejam que é um drama familiar digno de novela das oito.

NO DESESPERO – Moraes e sua força-tarefa policial estavam entrando em desespero, sem provas concretas para processar o ex-presidente Bolsonaro e sua entourage, principal objetivo do Inquérito do Fim do Mundo, aquele que não acaba nunca.

A equipe do Supremo então resolveu fazer mais uma investida da operação Última Milha, que apura compra e uso de software israelense de espionagem pela Agência Brasileira de Inteligência, a Abin. Imitando o chefe de polícia do filme “Casablanca”, Moraes mandou prender os suspeitos de sempre e fazer buscas.

O resultado foi surpreendente, porque os federais descobriram que Alexandre Ramagem guardava provas que poderiam incriminá-lo, ao invés de destruí-las.

PROVAS MATERIAIS – Agora, acabou chorare, como dizia Bebel Gilberto. Enfim, há provas materiais de que o delegado federal Alexandre Ramagem integrava um complô junto com o então presidente da República.

O mais incrível é que Ramagem não participava como subalterno, e sim como mentor, atiçando o então presidente Bolsonaro a comprar aquela briga feia com o TSE e o Supremo, que inicialmente acabou lhe custando uma multa e a inelegibilidade, mas agora pode conduzi-lo à prisão.

Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos”, argumentou irresponsavelmente Ramagem, em mensagem a Bolsonaro, como se tivesse alguma prova de fraude eleitoral. E não tinha nenhuma.

MUDOU TUDO – Com essas novas provas, o ministro Moraes enfim tem condições de prazerosamente enquadrá-los como autores de atentado contra o Estado Democrático de Direito (Lei nº 14.197), uma legislação promulgada pelo próprio Bolsonaro, em 1º de setembro de 2021.

Como todos sabem é a lei preferida do ministro Moraes, que revela um prazer inexcedível em aplicá-la, tendo conseguido transformar o Supremo numa verdadeira fábrica de falsos “terroristas”.

Resta saber se Moraes vai realmente tocar isso em frente. Há claras evidências de que diversos oficiais-generais apoiavam entusiasticamente as maluquices de Bolsonaro e Ramagem, inclusive permitindo e incentivando aqueles acampamentos em áreas dos quartéis.

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P.S.
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E aí, o ministro vai prender os líderes civis do golpe e deixar os militares à solta, incluindo o grande mentor Braga Netto? Aliás, Moraes tem problema até para prender Ramagem, que é deputado federal e só pode ser preso com autorização da Câmara. No meio dessa confusão institucionalizada, vida que segue, como dizia João Saldanha. (C.N.)

Peter Schjeldahl mostra que nada é banal quando a morte bate à porta

Peter Schjeldahl, New Yorker's Head Art Critic, Dies at 80

Peter Schjeldahl era crítico de arte da New Yorker

Mario Sergio Conti
Folha

O comediante Mel Brooks deu certa vez um sábio conselho a quem quer viver bastante: “Nunca corra para pegar o ônibus”. O diretor de “O Jovem Frankenstein” sabia do que falava; está com 98 anos.

Peter Schjeldahl não seguiu o mandamento e se deu mal. Ao correr como uma gazela para pegar o ônibus, tropeçou e tomou um tombo daqueles. Sangrando, com os óculos esfrangalhados, sem saber onde estava nem quem era, foi de ambulância para o hospital.

SEIS MESES – Fizeram-lhe uma tomografia para ver o estado da coluna vertebral. Ela não tivera danos, mas descobriram uma mancha no pulmão. Era um câncer em estágio avançado. O oncologista deu seis meses de vida.

Sua filha perguntou o que gostaria de fazer pela última vez. Revisitar Roma, Paris? Preferiu ir a um jogo de basquete. Começou um tratamento experimental, imunoterápico. Deu certo e viveu mais quatro anos.

Schjeldahl era estimado em Nova York. Foi crítico de artes plásticas por décadas, primeiro no Village Voice e depois na New Yorker. Mais jornalístico que teórico —mais Robert Hughes que Clement Greenberg— tinha um estilo límpido, idiossincrático, isento de jargões.

LIVRO PÓSTUMO – Essas virtudes são a espinha dorsal de “The Art of Dying”, seu livro póstumo. Elas convivem com a mancha do câncer que se espalha. A morte, diz, não é uma escultura, que se olha de todos os lados. É uma pintura, tem de ser encarada de frente porque o avesso nos é vedado.

Schjeldahl escreveu até o fim, morreu 11 dias depois de publicar o último artigo. A primeira parte do livro é um ensaio autobiográfico. A outra, com os derradeiros escritos para a New Yorker, dialoga com os retalhos da vida que contou. Nada fica banal quando o fim se aproxima.

Relata o que se lhe passou com leveza, mesmo os anos pesados como chumbo. Foi viciado em drogas e alcóolatra. Não terminou a faculdade. Empenhou-se em ser poeta e malogrou. Começou a escrever sobre arte porque gostava, mas com uma ignorância irrestrita do assunto.

DELEITE E TERROR – Não generaliza sua experiência. É subjetivo e cita Baudelaire: “cultivei minha histeria com deleite e terror”. Foi assim ao ser convocado para lutar na Guerra do Vietnã. Após três dias se drogando, sem dormir nem tomar banho, virou um pano de chão.

“Os encarregados do alistamento me descartaram como uma camisinha usada”, conta. O relato não acaba com essa nota bem-humorada; diz ainda: “Fiquei com remorso. Pensei que outro cara teria de ir no meu lugar. Fingi tão bem a psicose que minha sanidade bambeou durante meses.”

Não tem lições a dar sobre seus vícios. O LSD lhe permitia ver sua mente funcionando e “dissolvia o ego como Alka-Seltzer na água”. Acha que o álcool destrói a vida, enquanto o cigarro a encurta. Parou com as drogas e a bebida graças ao AAA e ficou 27 anos sóbrio.

CIGARRO, NÃO! – Não parou de fumar porque o cigarro é imbatível, relaxa e excita ao mesmo tempo. Calcula ter fumado 1 milhão de cigarros, e curtiu cada um deles. Fumou até morrer para não passar pela “tragicomédia da fissura por nicotina” durante o tempo de vida que restava.

Schjeldahl faz abstrações sobre seu ofício, a crítica: a atenção é crucial, tudo pode ser arte quando se põe uma moldura em volta; estou aberto ao novo, sem ser prescritivo nem prospectivo; quanto menos arte se vê, mais tolo se fica; a originalidade é superestimada, mas não pelos realmente originais.

Ele foi amigo de diversos artistas, de Anselm Kiefer a Willem de Kooning, que lhe deu uma pintura cuja venda lhe pagaria o aluguel por uns dez anos, e nunca a leiloou. Veio a se afastar de todos por incompatibilidade de objetivos: os artistas queriam reconhecimento e ele, sagacidade. “Éramos aspiradores, um sugando o outro”, diz.

AFASTAMENTO – Pouco depois de saber do câncer, veio o confinamento causado pela Covid, e com ele o inferno para críticos de artes plásticas —não poder ir a exposições e museus. Mesmo assim, seguiu resenhando, mas catálogos e mostras online.

Passada a pandemia, foi a Madri com amigos, entre eles o humorista Steve Martin, autor do prefácio de “The Art of Dying”. Queria ir ao Museu do Prado rever “o melhor quadro do melhor dos pintores”, “As Meninas”, de Velázquez. Até aí, nada de mais. Reconhece que “a única maneira de não ver Velázquez é ser cego”.

Para além do esplendor da pintura, o que o crítico vê nela são “as sombras no ambiente, os desastres e mortes que virão”. Falava de “As Meninas”, óbvio, mas sobretudo da indesejada das gentes, que logo o levaria. Schjeldahl morreu em 2022, aos 80 anos.

Um mistério profundo envolve a repentina ida de Lula a São Paulo, fora da agenda

Palácio voador: de tão luxuoso, novo Aerolula passará por ajustes |  Metrópoles

Com Janja em Paris, Lula decidiu ir a São Paulo 

Deu no Estadão

O presidente Lula da Silva (PT) viajou para a capital paulista neste domingo para “compromissos pessoais”, segundo a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto. A agenda é privada e não se trata de compromissos relacionados à saúde, completou a assessoria.

Mais cedo, o Planalto divulgou que o presidente embarca para São Paulo às 16h30 deste domingo, com chegada prevista às 17h50. Também de acordo com a assessoria, Lula deve retornar a Brasília amanhã à tarde ou fim do dia.

Hoje à noite, será transmitido um pronunciamento de Lula em rede nacional de televisão e rádio. O assunto não foi divulgado, mas a expectativa é que ele apresente um balanço de sua gestão até aqui neste terceiro mandato. O comunicado do presidente deve durar 7 minutos e a geração das imagens ficará a cargo da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esse sigilo e essa falta de transparência na agenda do presidente são altamente negativos, porque dão margem às mais criativas especulações. Tem de haver alguma explicação. Será que foi dar uma bronca pessoal no filho caçula Luís Cláudio, que já ofendeu Janja da Silva duas vezes, chamando-a de oportunista e de etc. e tal? Ou terá indo se consultar com aqueles médicos que o mantêm nessa magnifica forma física perto de completar 79 anos, com energia de 30 e tesão de 20 anos, conforme suas próprias palavras, “Perguntem à Janja”, acrescentou. Ou terá ido visitar um dos grandes amores de sua vida, a secretária Rosemary Noronha, que o presidente amava tanto, a ponto de criar um emprego de alto salário para ela, com escritório luxuoso, carro blindado, motoristas, assessores etc.? Afinal, Janja da Silva está se divertindo lá em Paris, abriu a guarda, e com tesão de 20 anos tudo é possível. Ou será que aconteceu alguma coisa com a filha de Rose, que Lula também empregou com cargo DAS e que nasceu no período do romance, ninguém sabe se é filha dele ou não. Espero não estar exagerando, mas são dúvidas que realmente têm procedência, pois ninguém sabe direito como é a vida do Barba, aquele informante do regime militar, uma espécie de Cabo Anselmo que deu certo. (C.N.)

Eleições na Venezuela: por que o rosto de Maduro aparece 13 vezes na cédula?

Cédula com 13 vezes Maduro, falta de transparência: eleição na Venezuela é  projetada para confundir eleitores, diz oposição | Mundo | G1Genevieve Glatsky
(NYT/Estadão)

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, apareceu repetidamente na cédula de votação das eleições presidenciais da Venezuela neste domingo, 28. Os seus adversários, incluindo o principal candidato da oposição, estão mais abaixo e aparecem menos vezes.

Maduro enfrenta um adversário sério: o ex-diplomata Edmundo González, que lidera as pesquisas de intenção de voto. González aparece 3 vezes na cédula, enquanto Maduro aparece 13.

38 PARTIDOS – A votação apresenta 38 partidos políticos diferentes. Fazem com que as eleições pareçam legítimas e democráticas, embora o processo eleitoral já tenha sido considerado longe de ser justo.

A cédula da votação é apenas uma das maneiras pelas quais Maduro tentou inclinar a balança a seu favor. “Jamais vimos nada semelhante a isto”, apontou Staffan Darnolf da Fundação Internacional para Sistemas Eleitorais, um grupo com base em Washington que aconselha mais de 30 países em operações eleitorais. O layout da votação, acrescentou ele, parece dar a Maduro uma clara vantagem.

“É uma vantagem estar no topo da cédula de votação, porque normalmente é para isso que as pessoas estão olhando”, disse.

CLARAS ARMAÇÕES – Para muitos críticos do governo, o formato do boletim de voto é outra medida do governo autoritário para distorcer a votação a seu favor, mesmo quando as sondagens sugerem um apoio esmagador à oposição.

“À medida que as eleições se tornam cada vez menos competitivas, os instrumentos de votação tornam-se mais confusos”, disse Eugenio Martínez, diretor da Votoscopio, uma organização de monitorização eleitoral.

Não é incomum em alguns países que vários partidos indiquem o mesmo candidato, segundo vários especialistas eleitorais. Esse tem sido o caso na Venezuela há muito tempo, e o fato de um candidato aparecer mais de uma vez nas urnas não é por si só um sinal de uma eleição falha, avalia Carlos Medina, diretor do Observatório Eleitoral Venezuelano, um grupo independente.

HOUVE COOPTAÇÃO – O que é preocupante, acrescentou, é que muitos dos partidos nas urnas foram cooptados pelo governo Maduro para nomear Maduro ou candidatos aprovados pelo governo. “No caso da Venezuela, é uma tradição que as opções de voto sejam assim”, disse ele. “O problema está na origem dos partidos políticos que neste caso apoiam Nicolás Maduro 13 vezes.”

Há cerca de seis anos, o governo começou a visar alguns dos partidos políticos mais antigos e estabelecidos do país e a substituir os seus líderes por partidários do governo.

Ao mesmo tempo, aprovou a criação de uma série de novos partidos para preservar uma fachada de democracia, nomeando candidatos que não são vistos como adversários legítimos pelos especialistas políticos e por muitos eleitores venezuelanos. Catorze dos 38 partidos eleitos foram criados nos últimos seis anos.

FAVORITISMO – Na Venezuela, oposição chega às eleições como favorita pela primeira vez em 25 anos. Segundo a lei venezuelana, o partido que obteve mais votos nas eleições anteriores tem a primeira escolha de colocação na cédula eleitoral, e outros partidos aliados que apoiem o mesmo candidato são colocados juntos.

Mas os três partidos que apoiam González não estão juntos porque quando a configuração da votação foi determinada, esses partidos não apoiavam o mesmo candidato. Portanto, suas três imagens não aparecem consecutivamente.

“Eles estão tentando manter a fachada de uma eleição, mas gradualmente limitam a capacidade das pessoas de votarem no que querem”, disse Tamara Taraciuk Broner, especialista em Venezuela do Diálogo Interamericano, uma organização de pesquisa em Washington. “E a votação é um exemplo claro disso.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A contagem dos votos já começou, até agora nada… Mas é compreensível. Deve dar muito trabalho fraudar uma eleição desse porte. (C.N.)

Como não está nos planos de Lula, governo descarta mudar a Previdência

13 charges sobre a reforma da previdência – blog da kikacastro

Charge do Cícero (cicero.art.br)

Vera Magalhães
O Globo

A defesa que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), passou a fazer da necessidade de uma nova reforma da Previdência ainda neste mandato não encontra nenhuma adesão no governo. Ministros de Lula dizem que promover uma nova mexida ampla nos critérios de aposentadoria, inclusive de militares, não está nos planos até 2026.

O horizonte traçado no Planalto para os dois anos e meio que restam de mandato para Lula é cumprir a meta fiscal com medidas pontuais de controle de gastos, combate a fraudes que drenem recursos e ganhos localizados de arrecadação com o fim de políticas de benefícios ineficientes (que Fernando Haddad vem atacando desde o começo da gestão), entregar um crescimento acima de 2% nos quatro anos (algo que não acontece desde Dilma 1), emprego e renda em alta. Com isso, a expectativa é que Lula consiga se reeleger, vencendo o indicado por Jair Bolsonaro.

HÁ CONTROVÉRSIAS – Economistas de bancos, gestoras de recursos e fundos não são unânimes em acreditar que esse “arroz com feijão” seja suficiente.

Alguns, inclusive, duvidam de que, no atual ritmo, Lula e Haddad consigam sequer entregar o cumprimento da meta fiscal a que eles mesmo se propuseram.

E apontam que, sem reformas mais profundas no gasto, incluindo Previdência e outros benefícios sociais, vinculações constitucionais e o Orçamento, ainda que se reeleja, Lula 3 entregará um déficit crescente e uma dívida explosiva.

SEMPRE NO PODER – Lira passou a defender uma nova reforma da Previdência para ter uma bandeira econômica capaz de cacifar seu final de mandato e reforçar junto aos agentes econômicos uma imagem de promotor de grandes pautas econômicas que acredita ter construído com a reforma tributária e sua regulamentação, neste ano, e a aprovação do novo marco fiscal, entre outras medidas.

Isso o ajudaria na travessia de volta à planície, na qual planeja não só eleger o sucessor de forma consagradora como manter influência sobre a pauta da Casa, além de indicar o ministro da Saúde.

Acredite se quiser! Na pequenina Bélgica existem mais de mil marcas de cerveja…

A Bélgica é um dos países mais tradicionais para cerveja! | Viajando com Sergio Motta

Qual será a melhor cerveja? Ninguém consegue saber…

 

Antonio Rocha

Passei nove dias na Bélgica, visitando filha, genro e duas netinhas, uma de quatro anos e outra de nove. Minha família mora em Woluwe (rio estreito) de Saint Pierre, uma cidadezinha, 42 mil habitantes, a 15 minutos da capital Bruxelas, de carro, ônibus ou trem.

A Bélgica é uma espécie de capital do Ocidente, lá fica o Parlamento Europeu e a sede da Comunidade Econômica Europeia. É um reino, nos moldes da Social Democracia europeia, pouco mais de 11 milhões de almas.

NEOCAPITALISMO – O regime político do capitalismo parece humanizado. Os trabalhadores recebem décimo terceiro e décimo quarto salários. Isso não quebra a nação, ao contrário, ajuda a economia, o comércio, a indústria etc.

Lá tem também a Otan e o belga sabe que , se começar uma Terceira Guerra Mundial, um foguete nuclear russo em 7 minutos alcança a capital Bruxelas. Por falar em russos, foi dito aqui nesta TI, inclusive eu escrevi algo na época: o gás que aquece a Bélgica no rigoroso inverno é da Rússia, mas a tubulação, os canos do gasoduto, são de uma empresa indiana.

A ameaça de fechar as torneiras do gás russo no início da guerra com a Ucrânia não deu em nada, há contratos milionários empresariais com a distribuidora de gás, que é da Índia…

E O PALADAR? – Falemos de coisas mais amenas: dizem os belgas que a melhor batata frita do mundo vem de lá, eles fazem batata frita com batata doce e a tradicional batata inglesa.

Robota é um robô que aspira a casa toda sozinha, a presença humana é só apertar o botão e pronto. Com isso, as chamadas faxineiras e similares cobram por hora ou meio dia de trabalho. Geralmente quem faz esse tipo de serviço são imigrantes: brasileiras e de outros países da América do Sul.

A seleção nacional de futebol da Bélgica tem como símbolo, mascote, o Diabo Vermelho. As crianças tem um boneco de pano simbolizando o Satanás Encarnado e nem pó isso houve comoção dos religiosos, que entram na brincadeira esportiva.

E HAJA CERVEJA… – E o país tem mais de 1000 (mil) marcas de cerveja. A tradição vem da Idade Média quando os frades nos conventos preparavam o produto.

Apesar de tanta cervejada, a criminalidade e a violência parecem ser pouquíssimas. Cheguei no começo do verão, termômetros apenas marcavam 17 graus.

Com estas temperaturas os ladrões não se mostram motivados a agir, principalmente no inverno quando cai neve.

Se vencer, a oposição venezuelana terá de se entender com os militares

Maduro entregou aos militares o controle das riquezas

Celso Rocha de Barros
Folha

A Venezuela elege seu presidente neste domingo. Há uma chance razoável de Nicolás Maduro perder a eleição. Daí em diante, só há cenários difíceis. Maduro não dá o menor sinal de que aceitará a derrota pacificamente. Seu governo cassou candidaturas de oposição. Impediu a entrada de observadores da União Europeia. Desconvidou o ex-presidente (de esquerda) da Argentina Alberto Fernández, que estaria em Caracas como observador para vigiar a lisura do pleito.

Respondendo a críticas de Lula, Maduro abraçou seus irmãos brasileiros de militarismo e ladroagem, mentindo que as urnas brasileiras não são auditáveis. Em resposta, o TSE cancelou a ida de seus observadores à Venezuela.

FUGINDO DO PAÍS – Na semana passada, conversei com a jornalista venezuelana Paula Ramón, autora do ótimo “Mãe Pátria”(Companhia das Letras, 2020), que conta histórias da vida de sua família sob o regime bolivariano.

Paula Ramón me chamou atenção para um problema sério desta eleição: nos últimos dez anos, cerca de 7,8 milhões de venezuelanos deixaram o país, fugindo da crise econômica e do autoritarismo. É cerca de 20% da população venezuelana, que o resto do continente tem tido muita dificuldade em absorver.

Maduro fez o que pôde para impedi-los de votar: por exemplo, exige que tenham um análogo de residência permanente nos países em que estão, o que a maioria dos refugiados venezuelanos não tem. A multidão de venezuelanos nos Estados Unidos não votará, porque os dois países não têm relações diplomáticas.

INDUZIR A ERRO – Essa é a única esperança de vitória para Maduro hoje: que o eleitorado tenha ido embora a ponto de induzir as amostragens das pesquisas eleitorais a erro. Se as pesquisas estiverem corretas, Maduro perderá feio.

Se Maduro tentar melar a eleição, não terá vida fácil. Mesmo os governos de esquerda da América Latina, inclusive o brasileiro, devem condenar o golpe. A China não vai se meter nisso, a Rússia tem problemas maiores com que lidar, e ambos parecem confortáveis com uma ordem internacional em que cada potência faça o que quiser na sua vizinhança.

E se a oposição vencer e levar? Bom, aí começa uma transição dificílima, até porque Maduro ainda terá vários meses de mandato. E a Venezuela é uma ditadura militar.

EXÉRCITO FORTE – Para se manter no poder, o chavismo entregou toda a riqueza do país para seu Exército: militares controlam a produção de petróleo, a mineração no arco do rio Orinoco, tudo que o governo tem de lucrativo. É mais ou menos como o centrão faz no Brasil, mas à mão armada. O Exército venezuelano tem seu próprio banco.

De longe, a melhor esperança da oposição venezuelana conseguir assumir em caso de vitória é um acordo com os militares. Qualquer acordo desse tipo certamente preservará muitos dos privilégios concedidos pelo chavismo. Não é um acordo fácil de fazer, não será um acordo sob o qual será fácil governar.

Torço para que a Venezuela inicie sua transição de volta à democracia com a menor turbulência possível e que volte a experimentar a alternância de poder que lhe faltou nesses 25 anos de chavismo. E torço para que toda a energia que parte importante da esquerda latino-americana gastou defendendo Maduro seja usada em lutas mais justas e com maior probabilidade de sucesso.

Chances de Kamala vão além do fato de não ser Biden, mas precisa inovar

O fator Kamala Harris - por Leonardo da Rocha Botega - Claudemir Pereira

Kamala Harris sabe que tem muito trabalho pela frente

Bruno Boghossian
Folha

Kamala Harris abriu de maneira idêntica os três discursos que fez até agora como provável candidata à Casa Branca. A vice-presidente enalteceu o legado de Joe Biden, descreveu o governo do qual faz parte como um dos mais importantes da história e assumiu a inevitável bandeira da continuidade para disputar esta eleição.

O Partido Democrata precisava desesperadamente de um candidato que não fosse Biden para enfrentar Donald Trump. Kamala larga como uma candidata de situação que tem a vantagem de não ser um político de 81 anos cuja capacidade de liderança é alvo de questionamentos. Para vencer, ela terá que ir muito além.

INSATISFAÇÃO – A idade de Biden não era o único risco dos democratas. A despeito de um cenário econômico positivo, a taxa de aprovação do presidente indica que os americanos não se mostram satisfeitos com o país. A candidatura de Kamala depende de sua capacidade de vender algo mais do que um retrospecto dos últimos anos.

Em seus primeiros dias na arena, a vice-presidente falou em futuro e buscou uma contraposição ao que seria uma volta ao passado com Trump.

Disse que sua prioridade será o fortalecimento da classe média, que vem se mostrando mais distante dos democratas, e alertou para a ameaça que os republicanos representam para os direitos reprodutivos.

TESTE DIFÍCIL – A credibilidade do discurso econômico de Kamala passará por um teste difícil nos meses que restam até a eleição. O que é inegável é que ela dispõe de uma energia maior do que Biden para enfrentar Trump e apresentá-lo como uma ameaça, numa estratégia capaz de ampliar a participação de mulheres e negros, além de levar às urnas eleitores independentes que rejeitam o republicano.

A investida precisa ser suficiente para cobrir flancos que tornam sua candidatura potencialmente vulnerável.

 Kamala é tratada pelo populismo conservador como a vilã progressista perfeita e se tornou alvo preferencial de trumpistas que apontam para a falta de um plano democrata para a imigração. Ainda assim, ao menos agora há uma disputa aberta.

Se a oposição venezuelana ganhar, toma posse? Se tomar posse, poderá governar?

Ex-motorista de caminhão, Maduro não sabe dirigir o país

Dora Kramer
Folha

Criaturas do naipe autoritário de Donald Trump e Nicolás Maduro só respeitam quem os enfrenta; tratam com desdém os que os adulam. O americano não fazia a menor questão de dar moral a Jair Bolsonaro quando ambos eram presidentes.

O venezuelano fez questão de menosprezar o apreço que Luiz Inácio da Silva sempre lhe devotou ao receitar chá de camomila a quem, como Lula, tenha se assustado com as referências a “banho de sangue” e “guerra civil” em caso de derrota neste domingo (28).

URNA ELETRÔNICA– Não satisfeito, ainda avalizou a versão bolsonarista de que a eleição no Brasil foi fraudada, ao levantar suspeita sobre a lisura do nosso sistema de votação.

Em boa hora, o Tribunal Superior Eleitoral reagiu à mentirosa ilação do ditador ao cancelar o envio a Caracas de dois técnicos para observar de perto a ignomínia liberticida que, a distância, se pode perfeitamente observar.

O presidente Lula não escalou a provocação. Foi criticado, cobrado aqui e ali por uma reação. Mas, desta vez, ao contrário de outras ocasiões em que se submeteu a situações constrangedoras para dar respaldo ao, agora se vê, “mui amigo”, agiu com prudência.

IMPREVISÍVEL – A despeito dos vícios impostos ao processo eleitoral, o resultado é dado como imprevisível, pois agora a oposição se organizou e resistiu às pesadas restrições. Resistência que não puderam exercer os milhões de cidadãos refugiados pelo mundo e impedidos de votar. Se fugiram da miséria e da opressão, por óbvio na urna não dariam guarida ao opressor.

De nada adiantariam condenações nesta altura dos acontecimentos; melhor mesmo esperar o que será do amanhã para se posicionar. Queira o bom senso, contudo, que se for materializada uma vitória fraudulenta de Maduro, o governo brasileiro não insista na fantasia de que a eleição prova a existência de uma democracia consolidada na Venezuela, pois aí sim ter-se-á escancarado de vez a ditadura.