Paulo Cappelli
Metrópoles
No auge da tensão após vitória de Lula em 2022, Bolsonaro e Alexandre de Moraes se reuniram secretamente, nos primeiros dias de dezembro, na casa do senador Ciro Nogueira, no Lago Sul, em Brasília. O encontro durou mais de duas horas e foi intermediado pelo anfitrião.
Passado o segundo turno, Ciro Nogueira, então ministro da Casa Civil, tentou convencer Bolsonaro a reconhecer publicamente a vitória de Lula. Foi o senador quem articulou para que o então presidente gravasse um vídeo pedindo que manifestantes anti-Lula desbloqueassem estradas em novembro. Alexandre de Moraes sabia dos movimentos de Ciro e aceitou o convite para se reunir com Bolsonaro.
EFEITO CONTRÁRIO – Contudo, se o objetivo era distensionar a relação do ministro do STF com Bolsonaro, pode-se dizer que a reunião provocou efeito reverso. Mesmo após a longa conversa, nenhum dos dois recuou e acenou com bandeira branca.
Em boa parte da reunião, Ciro Nogueira deixou o recinto e permitiu que Bolsonaro e Moraes conversassem a sós. Sem aperto de mãos, qualquer chance de reaproximação foi sepultada no 8 de Janeiro.
Bolsonaro, por sinal, não seguiu o conselho de Ciro Nogueira que poderia ter mudado o curso da história. Ainda presidente, ele foi convencido pela ala ideológica de que reconhecer a vitória de Lula desagradaria à boa parte de seu eleitorado que pleiteava uma intervenção militar.
FORAM CONTRA – Entre os que foram contra o discurso, estão Braga Netto, Onyx Lorenzoni, Filipe Martins e militares como Mauro Cid.
A revelação da reunião faz parte de áudios, obtidos pela revista Veja, nos quais Mauro Cid desabafou sobre suposta pressão que receberia da Polícia Federal para incriminar Bolsonaro e se enquadrar na sentença que Moraes já teria planejado.
Ao depor, não tocou no assunto.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A reunião já tinha sido noticiada, à época, não era nenhum segredo. O oportuno artigo de Paulo Capelli, enviado por José Guilherme Schossland, vai confirmando que Jair Bolsonaro – um completo idiota, como sempre o consideramos aqui na TI – aos poucos foi se tornando um joguete nas mãos do general Braga Netto, o verdadeiro mentor do golpe, que seria o principal líder e beneficiário, pois não há golpes sem as Forças Armadas e os militares já estavam por aqui com as maluquices de Bolsonaro. (C.N.)
Cá comigo penso e estrebucho: Legal ou ilegal, essa reunião mesmo ausente Juruna, com seu instrumento à tiracolo, não teria sido gravada e cujo conteúdo ainda poderá ser divulgado aos quatro ventos, por quem, à 7 chaves a retém?
Muito bem lembrado Schossland.
O famoso cacique Juruna, já naquela época, pedia dignidade.
Os embusteiros ficavam constrangidos,e tratavam de desqualificar o Juruna.
Será que é somente ele um idiota. O problema que todo nosso sistema político é um campo fértil para que vicejam os idiotas.
Insistindo:
Ao confirmar o que dissera anteriormente, Mauro Cid definitivamente confirma seu desabafo divulgado pela Veja. Só Carolina não viu.