Esquerda tem menor votação do século e está perdida num mato sem cachorro

Esquerdas sobem na opinião pública; e a direita recua - por Pedro do Coutto  - Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Duke (O Tempo)

Vinicius Torres Freire
Folha

Declínio começou em 2016, com choques políticos e econômicos e mudança social e cultural. Nesta eleição de 2024, a esquerda teve a menor votação para prefeito deste século, a menor pelo menos depois de 1996. Por esquerda entendem-se aqui PT, PSOL, PCdoB e partidos que estiveram, não raro, associados de alguma forma ao PT, como PSB, PDT, PV e Rede.

Não se recorreu a um “esquerdômetro” para classificar as legendas. Trata-se de partidos que podem ser chamados de “comunistas” por pastores furibundos e outras lideranças estridentes e militantes digitais da direita.

DIREITIZAÇÃO – Na eleição de 2000, os candidatos a prefeito da esquerda tiveram 26,6% do total dos votos. Essa proporção foi a 37,4% em 2012. Minguou para 27,2% em 2016, desidratação devida à queda dos votos no PT. A míngua continuou até os 19,6% deste ano.

Além da ascensão das direitas, houve também direitização profunda dos partidos desse espectro e daquilo que, por comodidade ou geografia espectral, se chama de centro. O PSD, o vitorioso desta eleição, tenta ocupar a vaga ociosa do centro e até recolhe espólios do PSDB (o centro que o PT chamava de direita). A julgar pelas lideranças, o PSD parece um PFL algo mais ameno.

A direita agora se orgulha de dizer seu nome, explicita programas ditos conservadores; associa-se de corpo, alma e bolso a nomes como Jair Bolsonaro (PL). De resto, para muito eleitor, esquerda passou a ser anátema. Além da “polarização”, mais circunstancial, grandes mudanças culturais, sociais e econômicas parecem ter criado eleitorado mais ideológico, por assim dizer.

PROPORÇÃO DE VOTOS – Note-se que os números acima se referem à proporção de votos, não de candidatos eleitos. A tendência para o número de prefeituras conquistadas é a mesma, embora a proporção de prefeitos seja menor. A esquerda, o PT em particular, tinha grandes votações em grandes cidades, como São Paulo, onde, claro, poderia eleger apenas um nome.

Em 2000, a esquerda elegeu 11% dos prefeitos. No pico de 2012, 27,2%. Agora, deve ficar com menos de 14%. Em 2004, 2008 e 2012, o PT teve quase 17% do total nacional dos votos para prefeito. Os demais partidos de esquerda cresceram mais, nestes anos. Neste 2024, o PT teve 7,8%, ligeira recuperação do fundo do poço de 2016 (6,6%).

A tendência do total de votos da esquerda nas eleições para deputado federal é também a mesma, embora a baixa tenha sido bem menos pronunciada: 21,2% dos votos em 1998, pico de 36,6% em 2010 e 25,5% em 2022.

ACEITAÇÃO – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou o poder em 2010 com cerca de 80% de nota “ótimo/bom” nas pesquisas. Pouco antes do junho de 2013, Dilma Rousseff tinha mais de 60% de nota máxima, recorde-se.

A Lava Jato, a campanha pela deposição de Dilma e a Grande Recessão (2014-2016) são marcas do começo da queda esquerdista. A disseminação de internet e mídias sociais, especialidade da ultradireita, e a nova classe média que ascendeu sob Lula ajudaram a formar um novo espírito antiesquerdista, que tomou parte da crescente, mas minoritária, população evangélica também (mas não só). Até o sucesso econômico e cultural do agro e o poder de novas elites econômicas do comércio e dos serviços devem ter pingado nesse caldo.

Com escassas novas lideranças, sem mote novo, alheia aos espíritos do tempo, com capilaridade ainda menor no Brasil profundo dos centrões, estigmatizada, sem novas articulações, bases ou redes sociais, a esquerda está em um mato sem cachorro. Sobra Lula.

Após a eleição, o Congresso já começa a mandar recados diretos ao Supremo

Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprova proposta que limita decisão  monocrática no STF

Comissão de Constituição e Justiça da Câmara saiu na frente

Francisco Leali
Estadão

De volta ao Congresso depois de dedicar o último mês à tentativa de eleger aliados nas eleições municipais, os deputados inauguraram a retomada das votações na Câmara dando prioridade a alvo particular: o Supremo Tribunal Federal. A mais importante comissão da Casa legislativa aprovou nesta quarta-feira duas Propostas de Emenda Constitucional (PEC) e dois projetos.

A primeira PEC impede ministros do STF de concederem liminar para barrar a eficácia de leis aprovados pelo Parlamento. A nova regra chancelada pela Comissão de Constituição e Justiça estabelece que não pode haver decisão de apenas um magistrado para se contrapor a projeto referendado por deputados e senadores. As chamadas decisões monocráticas também não poderão anular atos dos presidentes da Câmara e do Senado. O texto ainda tem caminho a percorrer na Casa e não se sabe se será a passo de lebre ou cágado.

TEM LÓGICA – O olhar leigo pode até ver alguma lógica na PEC. Afinal, como um ministro sozinho da Corte Suprema pode se sobrepor ao Congresso inteiro? Na balança entre pesos e contrapesos, liminar monocrática pode soar como um direito do Judiciário que desequilibra a relação entre os Poderes.

Embora no discurso oficial, quem propõe essa mudança queria dar a aparência de que busca o reequilíbrio, a intenção aqui é bem outra. Boa parte dos congressistas faz fila para colocar um freio na atuação do Supremo. Veio da Corte a decisão de pôr fim ao esquema do orçamento secreto, secando a fonte de distribuição de recursos sem transparência que irriga as bases eleitorais dos parlamentares, como revelou o Estadão.

No ímpeto de dar o troco, outras propostas foram aprovadas. Há outra PEC, também votada nesta quarta-feira. E ela parece oficializar o desbalanceamento na relação entre Legislativo e Judiciário. Dá aos parlamentares o direito de ser a última voz e anular, com votação de 2/3, decisões do plenário do Supremo. A proposta inverte a lógica do que se entende da repartição dos poderes, quando se admite que aos magistrados é concedido o direito de fazer o último ajuste, quando todo mundo erra.

SURGEM DÚVIDAS – Haverá, claro, quem pergunte: “E quando o STF erra, quem corrige?”. O texto da Constituição, aprovado em 1988, não concedeu esse direito aos congressistas. Na época não era imaginável que o Supremo seria protagonista da política, como ocorre hoje, e o tribunal está sendo cobrado.

A mesma CCJ da Câmara aprovou também dois projetos. Esses têm alvo ainda mais específico: o ministro Alexandre de Moraes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Os textos criam uma nova regra para pedidos de impeachment de magistrados do Supremo. Moraes já tem um lote contra si. E Pacheco segue sem despachar. Os projetos ditam que o presidente do Senado terá 15 dias para decidir. Se negar, o caso pode ser votado por quorum mínimo de senadores, para forçar a abertura de processo.

Na CCJ, a oposição manda. Mas o Centrão entrou como fiador das propostas. O interesse contrariado de parlamentares, seja ele relacionado ao bolso ou a motivos republicanos, tenta dizer aos ministros: “daqui vocês não passam”. O recado pode receber em troca resposta jurídica com magistrados considerando projetos que avançam em seus poderes inconstitucionais.

Esses ministros do Supremo fazem por merecer algum respeito da sociedade?

Nesta quarta, o STF pode expedir desastrada decisão contra o combate à  corrupção - Flávio Chaves

Charge do Bier (Arquivo Google)

Conrado Hübner Mendes
Folha

Ministros do STF têm nos submetido a uma relação abusiva. Pedem adesão ao seguinte contrato: “Eu, ministro do STF, ignoro restrições éticas à minha conduta. Aberto a convites para novas amizades, ignoro ideias de imparcialidade objetiva e de conflito de interesses. Frequento a feira livre dos desejos e afetos. Ignoro colegialidade e institucionalidade e uso de meus poderes individuais pelos critérios que, sozinho, defino. Ignoro críticas, injustas implicâncias”.

Também sozinho, escolho se e quando o país vai decidir uma urgência constitucional. Escolho até se prefiro negociar a julgar. Sempre que do meu gosto, sonego o plenário e denego explicação à cidadania. Não presto contas da minha inércia, minha agenda ou minha eventual promiscuidade. Respeite minha vontade monocrática. Não devo publicidade dos meus rendimentos extras. Respeite minha privacidade.

Eu e minha coragem viabilizamos as eleições de 2022. Salvamos a democracia, portanto. Mas podemos não estar a fim de salvá-la na próxima. Depois dessa façanha, mais abusado ainda vou ficar. Se me cortejar e me chamar para reuniões no além-mar, recompenso com minha companhia, meu tempo e minha palestra improvisada sobre o Brasil. Meus impressionismos sociológicos valem o quanto pesam.

Concedo escuta a todes —indígenas, ativistas, trabalhadores. Mas janto e socializo, mesmo, só com os empregadores. Ou você está comigo ou é meu inimigo. Meu inimigo não, inimigo do STF. Assine aqui.

NINGUÉM ACEITA – Enquanto isso, do outro lado da Praça dos Três Poderes, extremistas e o centrão esperam a primeira oportunidade para fechar o STF. Sabemos haver muitas formas de fechar o STF sem fechar a porta do prédio.

No Congresso Nacional, tramitam projetos para que o legislador se dê o poder de revogar decisões do STF e a interpretação constitucional dissonante configure crime de responsabilidade. Dois caminhos para um único destino: impedir que um STF forte e legítimo possa controlar leis e práticas que violem a Constituição e perpetuem violência e sofrimento. Como o orçamento secreto e a usurpação de terras indígenas, por exemplo.

O Congresso não quer aperfeiçoar o STF. Apenas ameaçar e receber deferência em contrapartida. Ainda que haja outros arranjos possíveis de proteção da Constituição em democracias, as propostas quebram o modelo constitucional brasileiro de separação de poderes.

OUTRAS REAÇÕES – Os mesmos legisladores propõem também restringir decisões monocráticas. Inadvertidamente, justo por limitar poder individual de ministros, podem contribuir para fortalecer a instituição do STF. Sem querer, ajudariam o STF a fazer mais e melhor.

A liberdade monocrática, contudo, ao fragilizar a corte, agrada interesses. Um ministro sozinho é mais capturável. Argumentam que o STF não responderia a urgências sem liminares monocráticas. Afirmação empiricamente falsa. Houvesse suficientes ministros do STF comprometidos com a instituição do STF, o plenário conseguiria responder a urgências de modo mais inteligente.

A conduta anti-institucional de ministros está do jeito que o diabo gosta. O centrão, que joga a democracia brasileira numa relação abusiva desde sempre, emplacou representantes lá dentro. De Roma a Londres, de Lisboa a Nova York, o lobby empresarial, político e advocatício os hospeda.

Malafaia rebate filhos de Bolsonaro e diz que não tem “roupa suja” com eles

VÍDEO: Furioso, Malafaia cobra Bolsonaro e faz exigência a ele | Revista  Fórum

O problema é que Malafaia acaba se empolgando demais

Mônica Bergamo
Folha

O pastor Silas Malafaia rejeita a crítica feita pelos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL) à entrevista que ele deu a coluna afirmando que o ex-presidente foi omisso, covarde e “porcaria” de líder nas eleições municipais. Ao responder ao religioso, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que “roupa suja se lava em casa”.

“Eu não lavo roupa suja em casa —primeiro, porque não tenho casa com Bolsonaro para lavar roupa. Segundo, porque eu sou o maior apoiador do Bolsonaro. Nas horas difíceis, estive ao lado dele. E concedi a entrevista para dar um choque de realidade, para ele acordar. Por isso eu expus publicamente a minha opinião”, diz Malafaia.

VIÚVAS DE MARÇAL – “E sabe o que eles não entendem? Que, como eu critico, na hora em que eu apoio, a minha voz tem força e crédito muito maiores. As pessoas sabem que eu não sou bolsominion nem bajulador. Por isso a minha voz se torna poderosa para ajudá-los”, afirma, referindo-se à família Bolsonaro.

Ele afirma ainda que as maiores críticas que recebeu foram de “bolsominions viúvas de Pablo Marçal, que agora querem tirar proveito em cima da minha fala para bajular o Bolsonaro”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O problema é que Malafaia pegou pesado demais. Foi ficando empolgado, passou da conta e elevou as críticas ao que se pode considerar como limites do rompimento. No dia seguinte, reduziu a intensidade, mas já era tarde e o mal estava feito. E a política brasileira continua cada vez mais surrealista. (C.N.)  

Lula e Bolsonaro terão que sair do anonimato neste segundo turno

Charge do Benett (folha.uol.com.br)

Pedro do Coutto

A atuação do presidente Lula nesta fase final das eleições em muitas cidades estará em jogo, sobretudo em São Paulo, onde o seu candidato, Guilherme Boulos, obteve a segunda colocação no primeiro turno. Durante a primeira fase encerrada no dia 6, o apoio não foi explícito, mas todos sabem que Boulos é o candidato do Palácio do Planalto num embate que pode colocar frente a frente Lula e Bolsonaro.

Curioso é que enquanto Lula hesita em seu posicionamento, de outro lado, Bolsonaro também vacila ao não apoiar intensamente Ricardo Nunes.Parece que tanto Lula quanto Bolsonaro temem ainda definir as suas preferências no turno final. Mas isso é difícil, pois Boulos representa Lula de qualquer forma, implicando-o na corrida eleitoral. E Nunes é apoiado pelo partido de Bolsonaro.

DESFECHO – O resultado é incerto, tanto para Lula quanto para Bolsonaro que se enfrentam na cidade de São Paulo. Um desfecho difícil de prever. Não se trata apenas de transferência de votos de Pablo Marçal para Boulos ou para Nunes, mas na capacidade que podem ter os candidatos de arrebatar votos dos que esperam um titular eleito.

Por mais que Lula e Bolsonaro queiram se ocultar, não conseguirão, pois todos sabem que num desfecho favorável, Lula capitalizará a vitória. Se Boulos perder, o temor é que a vitória de Nunes seja transformada em ganhos para Bolsonaro. O jogo se complica, e quem vai faturar o resultado final?

Admitindo-se que Ricardo Nunes fique com a mesma votação e Boulos absorva todos os votos de Tabata Amaral e de outros seis deixados de fora, partirá de 42%. Para chegar aos 50%, terá que buscar mais de 600 mil votos no estoque de Marçal. Como 2,5 milhões não foram votar no domingo, essa conta só fechará na noite da próxima eleição. No final das contas, uma coisa é certa: em matéria de votos, ninguém pode se eximir atrás de uma cortina de silêncio. Há sempre um comprometimento.

Essa coisa louca e bela chamada “amor”, na poesia de Tanussi Cardoso

III Ode ao Poeta homenageia Carmen Moreno e Tanussi Cardoso » Recanto do Poeta

Tanussi Cardoso, grande poeta carioca

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, crítico literário, contista, letrista e poeta carioca Tanussi Cardoso expõe a sua visão sobre o amor no poema “Cilada”.

Aparentemente trágico, o poema exibe um humor latente e a ironia final fulmina toda a esperança de que um dia saibamos o que é essa coisa louca e bela chamada “amor”, segundo Tanussi Cardoso.

###
CILADA
Tanussi Cardoso

O amor não é a lua
iluminando o arco-íris
nem a estrela-guia
mirando o oceano

O amor não é o vinho
embebedando lençóis
nem o beijo louco
na boca úmida do dia

O amor não é a angústia
de se encontrar o sorriso
nem o vermelho
do coração dos pombos

O amor não é a vitória
dos navios e dos barcos
nem a paz cavalgando
cavalos alados

O amor é, sobretudo,
a faca no laço do laçador
O amor é, exatamente,
o tiro no peito do matador

Silas Malafaia informou à classe política que os evangélicos não aceitam ter dono

O pastor Silas Malafaia ataca a Justiça e a desafia a prendê-lo | Metrópoles

Malafaia começa a desembarcar do bloco de Bolsonaro

Carlos Newton

O polêmico e destrambelhado pastor Silas Malafaia, que comanda a igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, causou uma revolução nesse período eleitoral, ao dizer algumas verdades sobre as indecisões de Jair Bolsonaro na condução da ala política que o ex-presidente ainda lidera.

Com a sinceridade e a aspereza que caracterizam seus pronunciamentos, o líder evangélico deu entrevista à Folha de São Paulo, falando à colunista Mônica Bergamo para acusar Bolsonaro de ser covarde e ter se omitido na eleição da capital paulista, por medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB), caso o ex-coach vencesse o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB).

BOLSONARO – Malafaia ultrapassou todos os limites da amizade que diz ter com Bolsonaro e levou-o ao ridículo, ao revelar que o ex-presidente chorou durante cinco minutos ao conversarem por telefone, quando teve medo de ser preso, porque o ministro Alexandre de Moares já mandara prender vários auxiliares de seu governo.

As porradas de Malafaia foram tão bem dadas que nem coube resposta. Bolsonaro ficou calado sobre as críticas. “Meu Posto Ipiranga não tem gasolina, só tem água”, afirmou o ex-presidente, em rápida conversa por chamada de vídeo com o colunista Igor Gadelha, do portal Metrópoles, quando Bolsonaro confirmou não ter respondido às várias mensagens de WhatsApp enviadas a ele por Malafaia no final da campanha eleitoral.

Seus filhos parlamentares, sempre tão valentes, também se pronunciaram com a maior cautela. Mais cedo, o senador Flávio e o deputado Eduardo Bolsonaro já tinham emitido notas evitando confronto com Malafaia e dizendo que “roupa suja se lava em casa, e não em público”.

DIZEM OS FILHOS – “O presidente Bolsonaro fez o que tinha que ser feito, no momento certo, e foi decisivo para o cenário em São Paulo. Se não fosse Bolsonaro, Ricardo Nunes não estaria no segundo turno. Assim como foram decisivos Tarcísio e Malafaia, cada um na sua função, como um time de futebol, que não ganha só com atacantes. A fase agora é de distensionamento e, sem orgulho e vaidade, vamos juntos vencer a extrema esquerda em São Paulo. 2026 já começou e precisamos ser mais racionais que emotivos”, disse nota assinada por Flávio.

Eduardo, por sua vez, afirmou que Malafaia “é uma pessoa que eu considero e tem muita importância para diversas pautas conservadoras, notoriamente a anistia dos presos políticos”.

“Sem ele, muito disso não teria ido adiante. Se ele nos critica hoje por algum motivo, ainda que eu possa entender absurdas certas palavras usadas por ele, cabe a mim ter a maturidade de interpretar e resolver com ele internamente. Sigo desejando saúde e tudo de bom a ele”, disse o deputado.

MALAFAIA RESPONDE – Após a entrevista, Malafaia afirmou à coluna de Igor Gadelha, que permanece sendo aliado e apoiador de Bolsonaro, mas ressaltou que não é “bolsominion” nem “alienado”.

“Continuo apoiando o Bolsonaro, o maior líder da direita. Não vou julgá-lo definitivamente por um ato errado. Ele tem uma história. Ele continua tendo meu apoio. Só que eu não sou bolsominion. Só que eu não sou alienado, sou aliado de primeira hora. Ninguém, nesses dois últimos anos, defendeu tanto Bolsonaro e se arriscou tanto por ele quanto eu. Tenho muita moral para falar”, afirmou o pastor paulista.

Em tradução simultânea, Malafaia está anunciando que ele e os outros líderes evangélicos não estão a serviço de nenhum partido. Do mesmo jeito que já apoiaram Lula e Bolsonaro, os pastores estão livres para aderir a outro candidato, que, no caso, poderia ser o governador paulista Tarcísio de Freitas, que Malafaia tanto exaltou na entrevista incendiária.

###
P.S. –
Esse é o tom da estratégia dos evangélicos. Eles ainda não têm um candidato próprio, mas vão escolher um para chamar de seu na eleição de 2026, que já está quase chegando. O resto é folclore, como dizia nosso amigo Sebastião Nery. (C.N.)

Defesa de Marçal diz que laudo falso foi só “‘livre manifestação do pensamento”

Marçal em coletiva. — Foto: Reprodução/ TV Globo

Marçal nem sabe o que significa liberdade de expressão

Thiago Bronzatto
O Globo

A defesa de Pablo Marçal (PRTB), candidato derrotado na disputa pela prefeitura de São Paulo, deu explicações à Justiça eleitoral sobre a divulgação de um laudo falso associando Guilherme Boulos (PSOL) a um suposto uso de cocaína. Os advogados do ex-coach disseram que o influencer “não fabricou nem manipulou o conteúdo veiculado, limitando-se a divulgá-lo da forma como foi expedido”, exercendo o “direito à livre manifestação do pensamento”.

A manifestação dos advogados de Marçal, protocolada nessa segunda-feira no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, diz ainda que o ex-coach não prejudicou a integridade do processo eleitoral com a publicação do laudo falso dois dias antes das eleições. “Se a propaganda veiculada tivesse causado danos ao equilíbrio do pleito, fatalmente o representante (Boulos) não teria avançado para o segundo turno”, escreveram os defensores do ex-coach.

TESE FURADA – A estratégia de defesa de Marçal vai na contramão do entendimento adotado tanto pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para essas Cortes, “não se confunde liberdade de expressão com impunidade para agressão” nem há imunidade para divulgação de notícias falsas.

Além disso, as condições em que o cidadão deve formar as suas convicções no processo eleitoral precisam ser “isentas de artificialismos”, sem utilização irregular das plataformas digitais para a produção de desinformação.

Os advogados de Marçal pediram a suspensão do andamento de uma das ações em trâmite no TRE-SP até a conclusão da investigação criminal em andamento no mesmo Tribunal. O ex-coach é alvo de um inquérito da Polícia Federal que apura a suposta prática de calúnia, difamação e injúria durante a propaganda eleitoral contra Boulos. Ele nega ter praticado qualquer irregularidade. 


HISTÓRICO DO ATAQUE – Às vésperas da votação, na sexta-feira, Marçal publicou em seu Instagram um receituário médico falso descrevendo um atendimento em que Boulos estaria “com um quadro de surto psicótico grave, em delírio persecutório e ideias homicidas” e ligou o fato a um suposto uso de cocaína, o que foi negado pelo candidato do PSOL.

Diante do indício de fraude, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo determinou na manhã do sábado a exclusão imediata de vídeos publicados nas plataformas Instagram, TikTok e Youtube que faziam referência ao laudo médico falso divulgado por Marçal.

A decisão foi dada em resposta a contestações protocoladas no TRE paulista pela campanha de Boulos. A defesa do psolista apresentou uma notícia-crime pedindo a prisão de Marçal e outras medidas como apreensão e quebra de sigilo telefônico e telemático. Nas redes sociais, o candidato que foi alvo de ataque do ex-coach desmentiu o teor do documento forjado.

ARMAÇÃO — O dono da clínica do documento que ele publica tem vídeo com Pablo Marçal, é apoiador dele. Ele falsificou um documento com um CRM de um médico que faleceu há dois anos para que ninguém fosse responsabilizado — disse Boulos em uma live na sexta-feira.

Ao analisar o caso, o magistrado do TRE de São Paulo entendeu que “há plausibilidade nas alegações [da acusação de Boulos], envolvendo não apenas a falsidade do documento, a proximidade do dono da clínica em que foi gerado o documento com o requerido Pablo Marçal, documento médico assinado por profissional já falecido e a data em que divulgados tais fatos, justamente na antevéspera do feito”. Com isso, mandou excluir o post com notícia falsa publicado por Marçal — que, em seguida, também teve as suas contas nas redes sociais bloqueadas.

A eleição na cidade de São Paulo foi a mais acirrada desde a redemocratização. O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o candidato Guilherme Boulos avançaram em direção ao segundo turno com uma diferença de 0,41 ponto percentual, o equivalente a 25.012 votos. Já a distância entre o psolista e Marçal foi 0,93 ponto percentual, ou seja, 56.853 votos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Com esse tipo de defesa, Marçal ficará oito anos inelegível, com toda certeza. Ele é idiota e seu advogado é pior, ainda. Se tropeçar no Aterro do Flamengo, sai comendo grama. (C.N.)

McDonald’s processa JBS, Cargill etc. por inflacionarem os preços da carne bovina

Wesley e Joesley Batista: os campeões nacionais do calote

Wesley e Joesley estão na mira da Justiça da matriz USA

Deu em O Globo

O McDonald’s está processando nos Estados Unidos alguns de seus fornecedores por supostamente conspirarem para vender carne bovina à cadeia de fast-food a preços artificialmente inflacionados, aumentando seus lucros e fazendo com que a empresa pagasse preços muito mais altos, em violação às leis antitruste federais, de acordo com uma nova ação judicial apresentada no último dia 4.

O McDonald’s alega que os fornecedores coordenaram ações para fixar, aumentar, estabilizar ou manter o preço da carne bovina em “níveis superiores aos considerados competitivos”. Os nove fornecedores citados, que incluem empresas como Tyson Foods, JBS e Cargill, violaram a Lei Sherman por meio de sua conduta, afirmou o McDonald’s em sua queixa no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Leste de Nova York.

DENÚNCIA – “Os réus e seus cúmplices implementaram sua conspiração reduzindo de forma conivente o fornecimento de gado pronto para abate e carne bovina, o que, ao longo do tempo, elevou artificialmente o preço da carne que venderam ao Autor e a outros”, disse o McDonald’s.

O McDonald’s deseja um julgamento declaratório que afirme a existência da conspiração, indenizações três vezes superiores ao valor dos danos que sofreu, além de juros pré e pós-julgamento, de acordo com a queixa. Também pede ao tribunal distrital que emita uma liminar permanente para proibir indefinidamente os réus de continuar com sua conduta.

Um representante da JBS se recusou a comentar sobre o assunto. Nenhum dos demais réus respondeu imediatamente a um pedido de comentário feito no dia 4.

O gigante do fast-food afirma que a conspiração começou em 2015, depois que alguns dos réus enfrentaram margens de lucro em declínio nas vendas de carne bovina após anos de seca, de acordo com a queixa. Os réus responderam concordando em reduzir e gerenciar coletivamente seus volumes de abate, o que resultou em uma diminuição na oferta de carne bovina.

ALTA ARTIIFICIAL – Ao reduzir seus volumes e restringir o mercado, os réus criaram preços de carne bovina artificialmente inflacionados para auxiliar suas margens de lucro, diz a queixa. O McDonald’s alega que alguns réus até fecharam intencionalmente fábricas de produção e se abstiveram de expandir sua capacidade de processamento durante esse período.

“Apenas os frigoríficos coniventes esperariam se beneficiar com a redução de seus preços e compras de gado abatido, porque saberiam que sua conspiração os protegeria da dinâmica de um mercado competitivo”, disse o McDonald’s.

Ao comparar a capacidade de abate e a produção entre os produtores de carne bovina não conspiratórios e os réus, os primeiros estavam aumentando em ambas as categorias durante o mesmo período, de acordo com a queixa.

INTIMAÇÕES – Em 2020, a Tyson Foods, a JBS e a Cargill receberam intimações do Departamento de Justiça dos EUA para investigar a suposta fixação de preços, afirmou o McDonald’s.

Na investigação subsequente, o McDonald’s disse que documentos não lacrados revelaram depoimentos de pecuaristas admitindo a existência da alegada conspiração.

Durante o período da conspiração, os réus tiveram lucros recordes, com a JBS USA reportando uma receita líquida de US$ 27,18 bilhões em 2021, o que representa um aumento de 25,8% em relação aos seus lucros em 2014, segundo a queixa.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Duarte Bertolini envia uma matéria da maior importância. Mostra que na matriz USA existem leis e regras de mercado que são respeitadas na defesa da livre concorrência. Aqui na filial Brazil reina a esculhambação jurídica e o compadrismo, num quadro simultâneo de promiscuidade e impunidade. Nos Estados Unidos a Justiça tem problemas semelhantes aos do Brasil em âmbito municipal e estadual. Na Justiça Federal americana, porém, praticamente não há influência externa. Assim, se a JBS e a Cargill tiverem procedido de forma legal, basta provar em juízo. Mas se tiverem repetido lá na matriz USA as malandragens que cometem na filial Brazil, o couro vai comer. (C.N.)

Múcio constrange governo dizendo que ideologia atrapalha decisões militares

Governo barrou compra de blindados israelenses por “questões ideológicas”

Múcio perdeu uma boa oportunidade de ficar calado

Tales Faria
do UOL

Em palestra na Confederação Nacional da Indústria nesta terça-feira (8), o ministro da Defesa, José Múcio, disse que “questões ideológicas” causaram retrocesso na área militar do país. Múcio citou vários casos, entre os quais a compra de blindados de Israel pelo governo brasileiro. Ele disse: Houve agora uma concorrência, uma licitação, e venceram os judeus, o povo de Israel. Por questão da guerra, do Hamas, os grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta. Mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar.

Eu falei com o ministro e ele disse que a culpa é da direita que divulgou suas falas como se fossem uma crítica ao governo. “Não foi uma crítica ao governo, tanto que quem está repercutindo é a direita, de forma distorcida. Foi uma crítica ao ambiente no país, marcado por questões ideológicas, preconceito e desconhecimento sobre o papel das Forças Armadas”, disse.

CONSTRANGIMENTO – Mas pelo que eu pude apurar, isso na verdade se tornou mais um motivo de constrangimento entre o ministro e o Palácio do Planalto. É que, na palestra, Múcio também reclamou de cortes de verbas na área militar. Disse que há um “absoluto desconhecimento” no Brasil sobre os objetivos na área militar. “Nos últimos anos, nós tivemos um retrocesso nos investimentos de defesa da ordem de 47%. Por quê? Por componentes ideológicos, por queixas políticas, por variações programáticas, que acham que a Defesa não funciona.”

De fato, ele tem razão quanto à repercussão nas redes sociais de políticos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonarro. Estão mesmo dando grande repercussão ao assunto. Até o Irmão da deputada Carla Zambelli, Bruno Zambelli, uma figura que eu não conhecia, publicou no Instagram: Ministro de Lula joga tudo no ventilador e desmascara o governo.

Em sua palestra, o ministro também citou um outro caso do que chamou de “embaraço diplomático”, desta vez envolvendo a guerra na Ucrânia. “Temos uma munição aqui no Exército que não usamos. A Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição. Fizemos o negócio, um grande negócio. Não faz porque senão o alemão vai mandar para a Ucrânia, a Ucrânia vai usar contra a Rússia e a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes”.

GOLPISMO – Outra fala polêmica de Múcio, sobre os golpes de 1964 e de 2023. “A esquerda achava que eles [Forças Armadas] haviam projetado aquele golpe e a direita ficou zangada porque não se deu golpe. Então, nós ficamos sem ter com quem conversar, com quem discutir. Por quê? Porque, se muita gente debita às Forças Armadas o golpe de 64, precisava ser creditado às Forças Armadas não ter havido golpe em 2023. Foram as Forças Armadas que preservaram e seguraram a nossa democracia, mas a sociedade sabe disso? Não”.

Sobre a exploração mineral em terras indígenas, disse o ministro: “Nós, por exemplo, importamos potássio do Canadá quando temos a segunda maior reserva de potássio aqui, mas, por questões ideológicas, como está embaixo da terra dos indígenas, nós não podemos explorar o nosso potássio”;

Por fim, afirmou José Múcio: “O nome do Ministério da Defesa não é porque a gente vive defendendo o país. A gente vive se defendendo da sociedade, da imprensa, dos políticos, dos governos, pelo absoluto desconhecimento do que é Ministério da Defesa no Brasil”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ministro falou coisas importantes, porém de uma maneira equivocada.  Poderia ter feito os mesmos comentários de um modo menos serviçal e com a coluna mais ereta. Os militares não estão com essa bola toda e falharam grotescamente no governo passado, quando apoiaram um ridículo golpe de estado, mas se arrependeram na chamada undécima hora e acabaram impedindo o desenlace. Ministro não tem de ser puxa-saco de militar, deveria ser demitido na hora, se houvesse algum governo no Brasil. (C.N.)

Influência de Lula diminui com o tempo e o PT está perdendo espaço na política

Lula reúne ministros para discutir gastos e alta do dólar, e auxiliares defendem moderação em falas

O tempo voa, Lula está nitidamente cansado e desgastado

Vicente Limongi Netto

As urnas foram ingratas com o PT. O partido quase passa vergonha no primeiro turno das eleições deste ano. Antes de ser preso, acusado de corrupção, Lula era imbatível. Craque nas urnas. Colocava o PT nas nuvens. Nos píncaros da glória. Lula elegia até poste. Lula e o PT não tinham adversários. Hoje, o quadro mudou. A buchada salgou. A pinga virou vinagre.

Viagens internacionais de Lula, muita conversa fiada, críticas a Israel e a ONU, não deram votos para o PT e filiados. O PT parece mais um quadro amarelado na parede. O partido murchou. Lula não convence mais o povo com a facilidade de antes. Tem que fazer tudo praticamente sozinho. Bater o corner e correr para cabecear no gol adversário. O desgaste físico é visível.

RISCO ENORME – Boulos bota os bofes para fora, implorando que Lula não saia de perto dele, no segundo turno. Mas o risco de Lula colar em Boulos no segundo turno é imenso. Nunes vencendo de Boulos, quem mais vai sofrer em 2026, é Lula. Para Boulos, por sua vez, vida segue mansa. Reassume o mandato de deputado federal. Numa boa.

Cresceu muito, por sua vez, o PSD, de Gilberto Kassab. Passou o MDB em prefeituras. São 882 contra 856 do MDB. Kassab é mago dos bastidores da política. Discreto e eficiente secretário do governador paulista Tarcisio de Freitas. Com o trator de Kassab também contra o PT, mais uma razão para Lula colocar de molho as barbas brancas.

Bolsonaro, também comendo as urnas pelas beiradas, é outro aliado forte de Nunes, no segundo turno. Quem gosta de política acirrada, com chutes na virilha e acusações de corar anjos, esperem 2026. Terá de tudo, bastante.

DIA DA CRIANÇA – Criança nasce anjo. Coração estrelado. Olhos cativantes. Cabelos embalando ventos. Criança veio alegrar o mundo. O sorriso ingênuo da criança é clarão do céu.  Restabelece a calma. Criança espanta a desesperança. Doçura da criança é comovente.  Criança alimentada satisfaz a alma. Eleva espíritos.

Criança com fome, sem comida em casa, insulta esperanças. Agride sentimentos. Criança orienta caminhos. Enxerga desigualdades. Criança sofre com indiferenças. Com a falta de carinho e atenção. Criança veio para brilhar.

Criança maltratada fere o coração. Envergonha a cidadania. Ultraja a Constituição. Criança feliz aniquila tristezas. Má vontade e impaciência com as aflições das crianças envergonha e humilha o país que sonha crescer com dignidade. Vem aí o Dia das Crianças, tão massacradas pela desumanidade das guerras que jamais terminam…

Abusos da PF levam Justiça a suspender a investigação contra Anderson Torres

TRF-1 suspende processo disciplinar da PF contra Anderson Torres por  irregularidades | Brasil 247

Torres estava sendo massacrados por seus colegas da PF

Eduardo Barretto
Metrópoles

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) suspendeu o processo disciplinar da Polícia Federal (PF) que investiga o delegado e ex-ministro Anderson Torres por sua atuação no 8 de Janeiro. A decisão, assinada na noite da terça-feira (8/10), apontou que a PF cometeu irregularidades e ignorou o devido processo legal na investigação interna.

A PF abriu, no ano passado, um processo administrativo disciplinar para apurar duas supostas transgressões de Torres em relação ao 8 de Janeiro: negligência e omissão. Segundo a decisão do TRF-1, Torres não deveria ser investigado pela PF, seu órgão de origem, mas pelo governo do Distrito Federal, onde era secretário de Segurança Pública na época do 8 de Janeiro, no início de 2023. Como mostrou a coluna no último dia 20, a PF mudou de entendimento ao abrir o processo disciplinar contra o ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

JULGAMENTO PRÉVIO – Ainda de acordo com a decisão, a PF aparentou ter feito um julgamento prévio de Torres antes de concluir as apurações regularmente e, por isso, deixou o processo sob suspeita. A corporação também violou o direito de defesa de Anderson Torres, conforme a decisão judicial. A partir de agora, a Corregedoria da PF terá de prestar explicações ao TRF-1 sobre o processo, que passa a ficar suspenso.

A defesa do ex-ministro afirmou à Justiça que não obteve sucesso ao pedir o afastamento do presidente da comissão da PF à frente do caso, o delegado Clyton Eustáquio Xavier. Ele tinha sido foi demitido de um cargo por Torres em 2021, na época em que Anderson Torres era ministro da Justiça. A demissão diminuiu em R$ 14 mil o salário de Xavier.

Torres ficou preso preventivamente por quatro meses em 2023, por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, que apontou omissão no 8 de Janeiro. Desde então, o ex-ministro segue usando tornozeleira eletrônica. O caso ainda não foi julgado. No início deste ano, em outra frente, o Ministério Público Federal arquivou um inquérito contra Torres por improbidade nos atos golpistas.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Já tínhamos comentado, há duas semanas, sobre essas ilegalidades nos inquéritos do ex-ministro Anderson Torres, e não deu outra… O advogado Eumar Novacki, que comanda a defesa de Anderson Torres, não dá entrevistas. Diz que a defesa de Torres atua de forma técnica e não faz comentários fora dos autos. Que diferença para os pirotécnicos ministros do Supremo, que não podem ver um microfone e saem logo dando declarações… Talvez Freud explique esse furor uterino dos ministros midiáticos, digamos assim. (C.N.)

Resultados das eleições vão determinar reorganização na direita e na esquerda

Essas eleições começam a preparar o terreno para 2026

Essas eleições começam a preparar o terreno para 2026

Bruno Boghossian
Folha

As eleições devem empurrar a direita e a esquerda para um ciclo de reorganização. Mais que um teste de força de líderes nacionais, a disputa marcada pela fratura do bolsonarismo e pelos resultados modestos esperados pelo PT torna inevitável uma revisão de métodos, plataformas e alianças nos dois blocos, ainda que em graus diferentes.

A esquerda entrou na campanha com uma dose razoável de realismo. Estabeleceu como meta uma recuperação pouco pretensiosa após o mau desempenho em duas eleições municipais e fez concessões importantes a partidos aliados. Isso não evitou dissabores e sinais de resistência em parte do eleitorado.

SEM NOVIDADES – A influência duradoura do antipetismo e o distanciamento de eleitores das periferias apareceu em centros urbanos considerados estratégicos. Nenhum dos dois fatores é novidade, mas a falta de remédios foi relatada com alguma preocupação em diversas regiões ao longo da campanha.

Tentativas de reeditar apelos ao antibolsonarismo também apresentaram efeitos limitados, ao menos no primeiro turno, tanto pela lógica localista como pela mudança de patamar da ameaça representada por um ex-presidente fora do poder e inelegível.

A reavaliação que estará na mesa da esquerda será trivial perto da ruptura na direita. Seja qual for o placar do segundo turno, a campanha deste ano representa mais um sismo neste campo político depois da desorganização provocada pela ascensão de Jair Bolsonaro.

OUTRA REALIDADE – A contestação interna à liderança do ex-presidente se deu na esfera local, em cidades como Goiânia e Campo Grande, e principalmente com o pano de fundo das pretensões nacionais de Pablo Marçal. O influenciador não desafiou apenas a escolha eleitoral ou a hesitação de Bolsonaro em São Paulo. Ele transformou essa divisão numa questão existencial para a direita.

O caminho mais provável é o reagrupamento do grupo sob a esperada bandeira da unidade, com o objetivo de enfrentar a esquerda. Pode ser uma trégua temporária ou uma aliança estratégica.

Qualquer cenário deixará o domínio da direita muito mais próximo da agressividade de Marçal e Bolsonaro do que de personagens vendidos como moderados.

Nem tudo é como parece nessas eleições municipais; a política tem suas nuances

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) após almoço em que deram um passo em direção à escolha de um vice bolsonarista, na prefeitura, em junho

Bolsonaro se omitiu, mas agora decidiu apoiar Nunes

Míriam Leitão e Ana Carolina Diniz
O Globo

Esta eleição municipal está derrotando muitas teses. A direita ganhou a eleição? Sim, mas que direita e que centro venceram? A maioria das prefeituras vai ser controlada pelo PSD, MDB, PP, União Brasil e PL. Em geral, são partidos pragmáticos que ora fazem coalizão à esquerda, ora à direita, mas não houve um fortalecimento da direita antidemocrática.

Mesmo o PL não é todo fechado com Bolsonaro. Porém, o problema é que o avanço desses partidos foi turbinado pelas emendas parlamentares. Primeiro distorceram a execução do Orçamento, depois interferiram nas tendências eleitorais. É aí que mora o perigo.

CONTAS A PAGAR – O falsário Pablo Marçal teve parcela relevante dos votos? Sim, mas ficou fora do processo eleitoral e agora terá contas a acertar com a Justiça Eleitoral e a Criminal. É um fenômeno que pode se esvanecer como é natural após as derrotas. O caso precisa ser estudado para a compreensão do sentimento dos eleitores e para se criar antídotos ao veneno que ele tentou injetar na democracia brasileira.

Antes de jogar uma bomba de mentiras na reta final da campanha, Marçal deu todos os sinais de que agia de má-fé. A Justiça, muita acusada de ativismo, pecou desta vez por inação ao deixar de atuar preventivamente. Mas os eleitores de São Paulo nos deram uma nova chance para aprender como lidar com fraudulentos e manipuladores nesse grau extremado.

Jair Bolsonaro se fortaleceu? Ele teve vitórias importantes, porém localizadas. Em algumas cidades, candidatos tiveram desempenho surpreendente diretamente pelo apoio dele, como Goiânia com Fred Rodrigues, Curitiba com Cristina Graeml, e Belo Horizonte com Bruno Engler, mas em algumas delas instalou-se uma guerra entre duas direitas.

DOIS EXEMPLOS – Na capital de Goiás, será ele contra Ronaldo Caiado a quem chamou de “covarde” recentemente. Em Campo Grande, ele traiu a promessa que havia feito à sua ex-ministra Tereza Cristina e não apoiou a candidata do PP, Adriane Lopes que, mesmo assim, está no segundo turno. Seu candidato foi derrotado.

Onde Bolsonaro mais precisava demonstrar poder eleitoral, o Rio de Janeiro, seu reduto, o candidato escolhido não chegou ao segundo turno. Em São Paulo, deu sinais dúbios e foi atropelado pelos fatos. Na extrema-direita, ele foi desafiado e se mostrou acuado. A parcela da direita mais ligada ao ex-presidente tem hoje muitas divisões.

O governador Tarcísio de Freitas se fortaleceu por ter sido o grande fiador da campanha do prefeito Ricardo Nunes? Pode ser. Por outro lado, Nunes teve também R$ 8 bilhões para investir, a máquina da prefeitura, o maior tempo de TV e um exército de candidatos a vereador pedindo votos para ele. E ainda assim ficou com menos de 30% dos votos. Mesmo na frente nas pesquisas de segundo turno, tem ainda um caminho até o dia 27.

E TARCÍSIO? – Se o prefeito Nunes vencer, Tarcísio passa a ter cacife para disputar a presidência? Disputar sim, vencer é mais difícil. Um ex-governador de São Paulo para chegar ao Planalto tem que atravessar um Everest.

Tentaram Orestes Quércia, Mário Covas, Paulo Maluf, José Serra e Geraldo Alckmin. Todos foram parados no caminho. Nada na política é automático e é isso que torna a análise política tão desafiadora e instigante. São Paulo é o maior colégio eleitoral do país, portanto quem o governa, sai de casa carregando estatísticas favoráveis. Deveria ser o favorito natural, mas seus ex-governadores nunca chegaram ao Planalto, desde a redemocratização.

Partidos no poder aumentam suas bancadas e suas prefeituras? Sim, mas nessa eleição municipal isso não aconteceu. Há uma desconexão da esquerda com as transformações da sociedade em tempos de rupturas tecnológicas e de mudança no mundo do trabalho. A esquerda precisa de novas lideranças e de novas propostas.

O centro também precisa se renovar, porque os velhos métodos fisiológicos do centrão podem ser eficientes para alguns propósitos, mas não para um novo projeto para o Brasil.

GRANDE VENCEDOR – É preciso ressaltar que o grande vencedor é o processo eleitoral em si. A urna, atacada por quatro anos com disparos diretos da presidência da República, chegou com sua credibilidade intacta à primeira eleição pós-Bolsonaro.

Tudo funcionou perfeitamente e, mesmo na mais renhida das disputas, a paulistana, o resultado estava oficializado quatro horas após o fechamento das urnas.

Sim, o Brasil tem uma eficiente e confiável tecnologia de registro da vontade popular. Revoguem-se as teses em contrário.

Brasil veta a Nicarágua no Brics, mas grupo poderá incluir Bolívia, Cuba e outros

09.07.24 - O presidente Lula (PT) encontra com o presidente boliviano Luis Arce em Santa Cruz de la Sierra

Lula está apoiando o presidente boliviano Luis Arce.

Jamil Chade
Do UOL

Ganham força as candidaturas de Bolívia e Cuba para serem membros associados do Brics, numa expansão que está causando uma corrida diplomática nos bastidores. No final do mês, o presidente russo, Vladimir Putin, será o anfitrião da cúpula do bloco e quer anunciar a criação de um grupo de países associados.

Em 2023, o Brics teve maior adesão formal de novos membros desde sua criação. Naquele momento, porém, o Brasil defendeu que critérios deveriam ser estabelecidos. Um deles era que os novos membros teriam que reconhecer as aspirações de Brasil, Índia e África do Sul por vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

O pacto foi aceito e, quando aderiram, governos como o do Irã, do Egito e outros tiveram de chancelar essa postura do Itamaraty.

ASSOCIADOS – Agora, a ideia da Rússia não é a de ter uma expansão dos membros plenos do Brics, e sim criar uma nova categoria de países, que seriam “associados” ao bloco. Participariam de muitas das reuniões, mas não teriam poder de veto ou voto nas decisões dos membros plenos.

Cerca de 20 países concorrem para fazer parte dessa lista de membros assinados. A estimativa do bloco, porém, é que a adesão se limitará a dez membros.

Fontes do alto escalão do Itamaraty indicaram que, inicialmente, a aposta na adesão de Colômbia e Angola, dois governos com afinidades aos interesses brasileiros. No entanto, Bogotá e Luanda não formalizaram os pedidos para fazer parte do bloco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a fazer declarações públicas nesse sentido, durante uma viagem para Colômbia — mas não convenceu o governo de Gustavo Petro a seguir com a candidatura.

ORTEGA E MADURO – De outro lado, o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua, e a Venezuela, de Nicolás Maduro, tinham o apoio de russos e chineses, e vinham fazendo intensa campanha. Para o Brasil, não faria sentido a adesão dos nicaraguenses. Além de diminuto, o país expulsou o embaixador brasileiro e fez ataques diretos a Lula. Para o Brasil, portanto, a condição dos novos membros é que mantivessem relações amistosas com todos os países do Brics. A Nicarágua não cumpre essa condição e foi vetada pelo Itamaraty.

No caso da Venezuela, a resistência do lado brasileiro também é importante, e o Itamaraty insistia que uma adesão apenas poderia ocorrer com o consenso de todos.

A avaliação da diplomacia brasileira era que Caracas, depois de romper relações diplomáticas com diversos países latino-americanos e não ter a eleição presidencial reconhecida pelo Brasil, teria sérias dificuldades de se apresentar como um representante regional dentro do bloco.

BOAS RELAÇÕES – Assim, a opção que ganha força é da adesão de bolivianos e cubanos, ambos com boas relações hoje com o Brasil e uma aceitação dos demais países do Brics. Para o Itamaraty, era fundamental que uma expansão respeite um equilíbrio geográfico, impedindo também que o Brics se transforme simplesmente em uma aliança que sirva aos interesses da China.

Lista ou critérios? O Brasil argumenta que, antes de escolher os nomes dos novos membros, critérios precisam ser estabelecidos para definir quem entra ou não na aliança.

O governo russo enviou aos demais membros do Brics uma comunicação na qual pedia que cada um deles apresentasse uma lista de países que gostariam de ver numa expansão.

RÚSSIA COBRA – Em junho, numa reunião ministerial em Novgorod, os russos voltaram a cobrar a apresentação de listas.

O governo brasileiro, porém, se recusou a apresentá-la, afirmando que a questão não era o nome dos países, mas os parâmetros que seriam usados para a seleção. O mesmo comportamento foi adotado pela Índia.

Entre esses critérios estariam as boas relações com todos os países do Brics e o reconhecimento das candidaturas dos emergentes ao Conselho de Segurança da ONU.

X está de volta, diz que cumprirá leis e defenderá a liberdade de expressão

Charge do Jônatas (Política Dinâmica)

Constança Rezende
Folha

A rede social X começou a voltar a funcionar no Brasil na noite desta terça (8). O retorno da plataforma ocorre após autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que reverteu a suspensão da plataforma, em decisão também nesta terça. O retorno acontece de forma gradual para os usuários, uma vez que envolve diferentes operadoras de internet espalhadas pelo país.

Em mensagem publicada na própria rede social, a plataforma disse que tem orgulho de estar de voltar ao país. “Proporcionar a dezenas de milhões de brasileiros acesso à nossa plataforma indispensável foi prioridade durante todo este processo. Continuaremos a defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei, em todos os lugares onde operamos.”

TUDO CERTO – Moraes destacou na decisão desta terça que todos os requisitos necessários para o retorno da plataforma foram comprovados documentalmente e certificados pela secretaria judiciária do tribunal. Ele havia determinado que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) adotasse todas as providências necessárias para o cumprimento da medida e informasse ao tribunal em 24 horas.

Moraes afirmou que a volta da rede foi condicionada, unicamente, ao cumprimento integral da legislação brasileira e da “absoluta observância às decisões do Poder Judiciário, em respeito à soberania nacional”.

A determinação pela volta do X aconteceu pouco mais de um mês após Moraes determinar, em 30 de agosto, a derrubada “imediata, completa e integral” do funcionamento da plataforma no país, sob a justificativa de descumprimento de decisões judiciais. Para voltar a funcionar, a plataforma de Elon Musk teve que cumprir as decisões, indicar uma representante em território nacional e pagar as multas determinadas pelo ministro.

UNANIMIDADE – Moraes destacou que a decisão pela suspensão da plataforma foi referendada por unanimidade pelos ministros da Primeira Turma do STF, “presentes os requisitos legais necessários”.

Também afirmou que ela foi baseada nos “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais e no inadimplemento das multas diárias aplicadas”. Além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico do Poder Judiciário brasileiro, “para instituir um ambiente de total impunidade e terra sem lei nas redes sociais brasileiras, inclusive durante as eleições municipais de 2024”, segundo o ministro.

Nesta terça, a PGR (Procuradoria-Geral da República) havia se manifestado favoravelmente à retomada do acesso ao X no país. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse não verificar a existência de motivo que impedisse o retorno das atividades da empresa. Após o posicionamento da PGR, Moraes liberou a volta do X.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Resta saber se o Capitólio (Congresso dos EUA) agora vai diminuir a pressão ou se vai continuar pesquisando as ilegalidades cometidas por Moraes no caso do X, de fazer punições sem o devido processo legal e sem direito de defesa, conforme reclamava a então diretoria do X. Por enquanto, não é preciso comprar pipocas. (C.N.)

Nunes x Boulos: quem herdará os votos de Pablo Marçal?

Charge do Cláudio (folha.uol.com.br)

Pedro do Coutto

O segundo turno das eleições na cidade de São Paulo, após o primeiro turno, apresenta uma situação atípica. Em reportagem nesta terça-feira, O Globo afirma que o candidato Ricardo Nunes não deseja o apoio de Pablo Marçal. O atual prefeito e candidato à reeleição participou de um encontro com mulheres. Questionado se aceitaria que Marçal fizesse campanha ao seu lado, Nunes negou: “No meu palanque, não”.

Após o resultado das urnas, o ex-coach afirmou que poderia apoiar o atual prefeito caso algumas de suas propostas fossem incorporadas. “Tomara que o Ricardo leve em consideração algumas das nossas propostas, porque o eleitorado dele é exatamente do tamanho do meu eleitorado, espero que ele leve em consideração”, afirmou.

ERROS – Nunes afirmou que não irá procurar o candidato do PRTB. “Não vou procurar [Marçal]. Se for procurado, eu vou dizer a ele que espero que tenha aprendido com os erros e possa fazer uma reflexão de tudo aquilo que cometeu de erro e que siga o caminho dele e eu sigo o meu”, afirmou. Ele destacou que precisa dos eleitores de Marçal “que entendem que estamos em uma batalha contra a extrema-esquerda”, mas que não conversaria com o ex-adversário.

Já Guilherme Boulos disse ontem que os eleitores que votaram em Pablo Marçal votaram pela mudança. A fala rebate Ricardo Nunes que afirmou que o perfil do eleitorado do ex-coach é semelhante ao seu. Sobre como irá dialogar com os eleitores de Marçal, Boulos afirmou que quer falar com todos que votaram insatisfeitos com a situação atual de São Paulo.

DIÁLOGO – Disse ainda que o atual prefeito não tem pulso para governar a cidade por ser “um pau-mandado do centrão, sem identidade, vindo do Governo Dória”. “Vamos dialogar não só com os eleitores do Marçal, mas com o conjunto dos eleitores da cidade, 70% dos eleitores que votaram pela mudança”, acrescentou.

O fato é que os votos de Marçal foram muito numerosos e devem ser divididos entre Nunes e Boulos. No fundo da questão, esses são pontos fundamentais que podem ser decisivos para a vitória. Se Nunes não conseguir conquistar os votos de Marçal, estará jogando o eleitor do ex-coach no colo de Boulos. Política é assim, contradições que se estabelecem e se desfazem com o andar dos interesses em jogo.

A importância de preservar a lembrança do romance, na visão de J. G. de Araújo Jorge

Veredas da Língua: J.G. DE ARAÚJO JORGE - POEMASPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, político e poeta acreano José Guilherme de Araujo Jorge (1914-1987) ou, simplesmente, J. G. de Araújo Jorge, foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra romântica como no poema “Romance” que trata do mais velho e o mais belo dos temas, renovado sempre na poesia e no sonho de um poeta, segundo o próprio J.G. de Araújo Jorge, em seu livro “No Mundo da Poesia”.

ROMANCE
J.G. de Araújo Jorge

“Venha me ver sem falta… Estou velhinha.
Iremos recordas nosso passado;
a sua mão quero apertar na minha
quero sonhar ternuras ao seu lado…”

Respondi, pressuroso, numa linha:
“? Perdoe-me não ir… ando ocupado.
Ameia-a tanto quanto foi mocinha
e de tal modo também fui amado.

Passou a mocidade num relance…
Hoje estou velho, velha está… Suponho
que perdeu da beleza os vivos traços.

Não quero ver morrer nosso romance…
– Prefiro tê-la, jovem no meu sonho,
do que, velha, apertá-la, nos meus braços!

Para enfrentar as fakes news, nada melhor do que a velha e boa imprensa

Saiba como explorar imagens e charges... | Guia do Estudante

Charge do Laerte (Folha)

Carlos Newton

A plataforma X já voltou ao ar no Brasil, o empresário americano Elon Musk está prestes a se tornar na matriz USA o primeiro trilionário do mundo e agora poderá dormir melhor, depois de terminada essa humilhação que sofreu ao ser enfrentado por esse fenômeno tropical chamado Alexandre de Moraes, um ministro de Supremo pró-ativo e sem limites, dotado de alta criatividade e capaz de criar suas próprias leis e ritos processuais.

Em meio a essa milagrosa volta do X, que chegou a descabelar o ministro brasileiro, as eleições municipais aqui na filial Brazil intensificaram a discussão sobre o futuro das redes sociais, com seus sensacionais influencers e coachs de toda sorte, enfrentando-se em disputa daqueles 15 minutos de fama do artista multimídia Andy Warhol, que acaba de se tornar criador da pintura mais valiosa da História (excluindo, é claro, as Monas Lisas e outras preciosidades, que não podem pertencer a ninguém, nem mesmo a figuras exóticas como Elon Musk.

TERCEIRA GUERRA – Por causa dessas malditas redes sociais e de fenômenos como o farsante Pablo Marçal, o pastor paulista Silas Malafaia praticamente declarou a Terceira Guerra Mundial contra Jair Bolsonaro, que morreu de véspera e nem conseguiu esboçar reação.

Nestas horas, é preciso tranquilidade e bom senso. Realmente, houve muitos vereadores e até prefeitos que se elegeram surfando na onda das redes sociais, mas outros experimentados fenômenos tiveram um retrocesso brutal, como a ex-deputada Joice Hasselmann, derrotada com menos de 2 mil votos, e o ator Alexandre Frota, que só conseguiu virar vereador em Cotia (SP), vejam a que ponto decaem os fenômenos das redes sociais.

Em meio a essa confusão, destaque-se que nada abala a velha e boa imprensa. Está destinada a ser cada vez mais importante, porque é o melhor antídoto contra as fakes news e a desinformação. Mais alguns anos e a sociedade perceberá que só é notícia se sair na grande imprensa – ou seja, nos portais da grande imprensa na internet.

NADA MUDARÁ – É claro que a imprensa estará cada vez mais sujeita a ser manipulada por grandes grupos e interesses econômicos. Em contrapartida, sempre existirá a imprensa alternativa, que funcionará sob o signo da liberdade, para colocar as coisas em seus devidos lugares e fazer as traduções simultâneas.

Por isso, agradecemos muito aos amigos e amigas que se unem a nós nessa utopia de manter uma imprensa livre, que seja mais confiável e respeite realmente o direito das minorias, como a democracia propõe. Mas essa posição de absoluta neutralidade nem sempre é entendida assim.

“É preciso respeitar a lei que protege nossos inimigos”, dizia Ruy Barbosa, argumentando: “Quando houver alternância e nossos inimigos assumirem no poder, são essas leis que nos protegerão”.

BALANÇO DO MÊS – Vamos agora ao balanço do mês de setembro. De início, os depósitos na Caixa Econômica Federal:

DIA  REGISTRO    OPERAÇÃO              VALOR
03    031044        DP DIN LOT …………100,00
25    000001        CRED TED……………..35,00
30    281306        CRED TEV…………….200,00

Agora, as contribuições no banco Itaú/Unibanco:

02   PIX TRANSF JOSÉ FR………………..150,00
03   PIX TRANSF PAULO R……………….100,00
06   TED 001.5977.JOSE A P J…………306,09
16  TED 001.4416.MARIO A C R………300,00
16  PIX TRANSF JOAO NA ………………..50,00
25  PIX TRANSF DUARTE ………………..205,00
30  TED 033.3591.ROBERTO S N…….200,00

Por fim, no banco Bradesco:

24  DEP. AGEN. 1042 134……………….100,00

Agradecendo muitíssimo a todos que participam dessa utopia, vamos em frente, como diz o Pedro do Coutto.

É incrível! Bolsonaro ficou com medo e não deu resposta ao pastor Malafaia

Malafaia detona pastores que não se manifestaram sobre operação da PF  contra Bolsonaro: 'Covardes' - ContraFatos

Malafaia cantou de galo e ridicularizou Jair Bolsonaro

Roberto Nascimento

O pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, soltou o verbo, acionou a metralhadora giratória para cima de Jair Bolsonaro. O X desse processo de autofagia no campo da direita bolsonarista tem um nome: Pablo Marçal.

Malafaia se tornou um inimigo mortal do Marçal por duas razões: 1) A pregação do ex-coach contra o pagamento do dízimo. 2) Marçal expôs os supostos problemas conjugais do pastor, sem apresentar nenhuma prova, assim como ele fez com Ricardo Nunes, num suposto caso de agressão à esposa do prefeito, por fim, falsificou um atestado de um médico falecido, segundo o qual Guilherme Boulos tinha problemas com drogas, insinuando que ele era “cheirador de pó”.

MAIS IDENTIFICADO – Então, Malafaia ficou incomodado, com o apoio de Bolsonaro a Pablo Marçal, que é mais identificado com os ideais do Bolsonarismo, tais como: negação da ciência, desleixo com as leis ambientais, diminuição do Estado até que não exista mais, esse Poder Moderador entre os ricos e os pobres, e ataque sem tréguas a tudo que diz respeito ao ideário comunista.

O Clã Bolsonaro dá sinais de medo do pastor Silas Malafaia. Não é o estilo deles, que se refere a tiro, porrada e bombas, contra quem crítica a família.

Desta vez, demonstraram medo e covardia, temendo saírem chamuscados, se partirem para o confronto com o líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

ABAIXAR AS ARMAS – Bolsonaro não vai contar mais nenhum segredo para Malafaia. Isso, Bolsonaro faz muito bem. O amigo, quando o trai, se torna inimigo para sempre. Malafaia expôs os segredos de Bolsonaro, principalmente no quesito: macho que não chora nunca.

Vão abaixar as armas e esperar a poeira abaixar, depois da porrada do Malafaia na testa do Bolsonaro e tentar um acordo. Porém, nunca será como antes. Quando o cristal quebra, se torna impossível colar os pedaços.

A galera, que segue o líder, não suporta a fraqueza do comandante. Desse jeito, Pablo Marçal poderia herdar o espólio de Bolsonaro, isso ficou claro na eleição municipal de São Paulo, mas a Justiça Eleitoral o deixará inelegível.