Mais de 65 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho, aponta IBGE

Parcela da população inclui diferentes perfis

Deu no Terra

Enquanto a taxa de desemprego no Brasil é amplamente discutida nos noticiários, um outro dado chama atenção e revela uma realidade ainda mais complexa: mais de 65 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho. Isso significa que, embora tenham idade para trabalhar (14 anos ou mais), essas pessoas não estão empregadas nem procuram emprego — e, portanto, não entram na conta oficial do desemprego.

É importante destacar que o desemprego, ou melhor, a “desocupação”, como define o IBGE, não inclui todos os que estão sem trabalho. Apenas são considerados desempregados aqueles que não trabalham, estão disponíveis e tomaram alguma providência efetiva para conseguir emprego nos últimos 30 dias.

DESAFIO – Esse cenário dos 65 milhões fora da força de trabalho representa um desafio estrutural para o país. Entre os motivos estão a falta de oportunidades formais, barreiras sociais como o cuidado com filhos ou dependentes, dificuldades de mobilidade e até a informalidade, que muitas vezes abriga pessoas em situação vulnerável sem registro ou proteção trabalhista.

Outro ponto crítico é que, entre essas milhões de pessoas, muitas vivem à margem do mercado formal e da política pública de emprego. Em tempos de crise econômica, juros altos e baixa confiança, crescer a força de trabalho ativa e ocupada torna-se ainda mais difícil.

POLÍTICAS PÚBLICAS – Compreender quem está fora da força de trabalho é essencial para desenvolver políticas públicas de emprego mais inclusivas, que vão além da criação de vagas e avancem sobre as desigualdades de gênero, idade, território e escolaridade.

Segundo os dados do IBGE para o 2º trimestre de 2025, o Brasil possui 102,3 milhões de pessoas ocupadas, ou seja, trabalhando em alguma atividade remunerada. Já os desocupados, que estão sem trabalho mas em busca de uma ocupação, somam 6,3 milhões de pessoas.

Além disso, 65,5 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho, o que inclui estudantes, donas de casa, aposentados, entre outros que não estão procurando emprego. Por fim, 38,6 milhões de pessoas estão abaixo da idade mínima para trabalhar (menores de 14 anos), e portanto não fazem parte da população economicamente ativa.

Mercado aperta freio eleitoral e teme efeito Trump na sucessão bolsonarista

Empresariado busca evitar novos abalos na economia

Roseann Kennedy
Estadão

Enquanto o Centrão corre para definir logo o candidato presidencial da direita e pressionar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a anunciar seu sucessor, antes da prisão em regime fechado, interlocutores do mercado financeiro colocaram o “modo eleição” em stand by.

Parte do empresariado também defende um freio nas discussões públicas. O motivo é evitar novos abalos na economia, que ainda tenta prospectar todo o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

PREFERÊNCIA – Banqueiros e empresários mantêm a preferência pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Mas um dos interlocutores com forte presença na Bolsa de Valores disse à Coluna do Estadão temer que a indicação do governador como sucessor na chapa bolsonarista gere nova investida de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.

As articulações do deputado federal, filho zero três do ex-presidente, já provocaram danos ainda incalculáveis. Bancos e empresas estão apreensivos com novas sanções do presidente americano, Donald Trump, e de ampliação de alvos da Lei Magnitsky. Ressaltam que, até abril de 2026, prazo final de desencompatibilização, o País ainda pode ter muitas reviravoltas.

“Há muito tempo na política, precisamos nos concentrar em como vamos fechar as contas este ano e como a economia do País chegará até 2026”, afirma o representante de um dos maiores segmentos da indústria brasileira.

PEC da Blindagem une esquerda e até MBL contra o retrocesso político

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A Serra da Boa Esperança idealizada por Lamartine Babo

O CASO DE LAMARTINE BABO E A CANÇÃO SERRA DA BOA ESPERANÇA - Boa Esperança  Turismo

Lamartine escreveu belíssimas canções

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e compositor carioca Lamartine de Azeredo Babo (1904-1963) compôs “Serra da Boa Esperança” inspirado numa situação inusitada, conforme consta na “História da MPB, Grandes Compositores”, coleção da Abril Cultural.

Segundo o fascículo da  coleção, “ em 1935, Lamartine recebeu da cidade de Boa Esperança (MG) uma poética a apaixonada carta assinada por Nair Pimenta de Oliveira. Iniciou-se entre ambos uma correspondência que se prolongou por cerca de um ano. Depois, o adeus na última carta de Nair.

Meses mais tarde, outra correspondência da mesma cidade convidava o compositor para a festa de estreia de um conjunto musical. O remetente era o dentista Carlos Alves Neto. Sonhando encontrar sua antiga missivista, Lamartine rumou para Minas.

E não foi difícil encontrar Nair: uma menina sobrinha do dentista, que era também autor das cartas. Ele colecionava fotos de artistas e se valera daquele expediente para aumentar sua coleção. Desse episódio, nasceu o famoso e bucólico samba-canção Serra da Boa Esperança”, gravado por Francisco Alves, em 1937, pela RCA Victor.

SERRA DA BOA ESPERANÇA
Lamartine Babo

Serra da Boa Esperança,
Esperança que encerra
No coração do Brasil
Um punhado de terra
No coração de quem vai,
No coração de que vem,
Serra da Boa Esperança,
Meu último bem

Parto levando saudades,
Saudades deixando,
Murchas, caídas na serra,
Bem perto de Deus
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu luar
Adeus!

Levo na minha cantiga
A imagem da serra
Sei que Jesus não castiga
Um poeta que erra
Nós, os poetas, erramos
Porque rimamos, também
Os nossos olhos nos olhos
De alguém que não vem

Serra da Boa Esperança,
Não tenhas receio,
Hei de guardar tua imagem
Com a graça de Deus!
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus,
Vou-me embora
Deixo a luz do olhar
No teu olhar
Adeus!

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Lula erra feio ao tentar alinhamento do Brasil com a China, Rússia e Irã

Charge: as manchetes de Trump sobre guerra comercial levam os mercados à  loucura – ´pMoney Times

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton
Estadão

No Brasil e no mundo, a política está ficando cada vez tresloucada e surreal. Os conceitos de direita e esquerda, que vigoravam desde a Revolução Francesa, tornaram-se absolutamente superados, a tal da Inteligência Artificial não tem como explicar essa situação, porque não captam ironias, os robôs estão sendo levados à loucura.

Ao analisar essa situação, é fundamental nos debruçarmos sobre a disputa ideológica mais importante que está acontecendo no momento. Com toda a certeza, a situação mais grave é o enfrentamento entre o Supremo Tribunal Federal e o governo do presidente americano Donald Trump.

TEORIAS VÃS – Há quem acredite que o problema é causado pela “amizade” entre Trump e a família Bolsonaro, porém isso nunca existiu. O fato concreto é que a matriz USA despertou para o fato de que precisa manter a filial Brazil sob controle.

As excelentes relações entre China e Rússia e o crescimento do Bloco Brics, com a adesão da Venezuela e do Irã, significam a concretização da nova Rota da Seda, que dará enorme impulso à economia chinesa, podendo realmente alterar o equilíbrio da balança econômica mundial.

Os gênios de Washington jogam muito sujo e podem aturar muita coisa em matéria de política externa, mas não admitem perder a hegemonia mundial.

BASE JURÍDICA – É nesse quadro que se enquadra a disputa entre o governo dos EUA e a Suprema Corte brasileira. A assessoria de Trump encontrou base jurídica para sustentar seus ataques ao ministro Alexandre de Moraes e ao STF em geral.

Trump e seu governo não estão mentindo nem exagerando. É verdade que Moraes está descumprindo a Primeira Emenda, que é a norma jurídica mais perfeita sobre democracia. É uma soma de infrações absolutamente clara.

Notem que no “Tarifaço” o Brasil foi um dos países menos atingido, com imposto de 10%. Lula aproveitou para atrair eleitores incautos, em aparições performáticas de soberania e nacionalismo.

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P.S. 1
Em situação normal de temperatura e pressão, o Brasil tem de decidir se ficará ao lado dos Estados Unidos e da Europa ou se entregará seu futuro ao eixo Pequim/Moscou. É isso que interessa discutir. Se Lula realmente soubesse o que significam as palavras democracia e soberania, poderia manter o Brasil em sua política externa tradicional de não alinhamento. Mas não tem essa grandeza. Está optando pelo alinhamento com China, Rússia e Irã, países que nada têm a ver com a cultura brasileira.

P.S. 2 – Nesta terça-feira, Lula fala na ONU na presença de Trump. Comprem pipocas. (C.N.)

Deputados acionam o MPT contra Nikolas por perseguição política aos trabalhadores

Nikolas pediu a demissão de trabalhadores

Mônica Bergamo
Folha

Deputados acionaram o Ministério Público do Trabalho (MPT) para que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) seja investigado por promover uma cruzada contra pessoas que fizeram postagens sobre a morte do norte-americano Charles Kirk. Desde a semana passada, o parlamentar posta mensagens dirigidas a empregadores exigindo que os trabalhadores autores das publicações sejam demitidos. Em diversos casos, teve sucesso.

Segundo a representação, assinada por nove deputados do PSOL, “o constrangimento, a coação, a intimidação e a ameaça de demissão por motivos de convicção filosófica ou política, sejam os empregados de esquerda ou que simplesmente não compactuem com opiniões de direita ou de extrema-direita, configuram situações de evidente abuso de direito e assédio laboral, que não podem ser toleradas nem incentivadas, como ilicitamente vem fazendo” o parlamentar.

INVESTIGAÇÃO – Eles pedem também que seja aberta investigação contra o empresário Tallis Regence Coelho Gomes, que ajuda a divulgar a hashtag “DemitaExtremistas”. “Sob a desculpa de que estariam ‘perseguindo extremistas que apoiam a morte’, em referência às pessoas que se manifestaram nas redes sociais de forma crítica às opiniões do norte-americano Charlie Kirk, militante de extrema direita assassinado em 10/09 nos Estados Unidos, os denunciados têm levado à cabo uma verdadeira campanha de incentivo à perseguição de trabalhadores por suas convicções políticas, violando a liberdade de manifestação do pensamento (artigo 5º, IV, CF), liberdade de consciência (artigo 5º, VI, CF) e de convicção filosófica ou política (art. 5º, VIII)”, dizem os parlamentares.

“Trata-se de uma campanha orquestrada pela extrema direita, de perseguição e amedrontamento dos trabalhadores em razão de suas opiniões e convicções políticas não alinhadas às pautas da extrema direita”, seguem. Os parlamentares incluíram postagens de Nikolas para exemplificar o que consideram “ilícitos trabalhistas de abuso de direito e assédio laboral por motivos de convicção filosófica ou política”.

PERSEGUIÇÃO – Em dois deles, Nikolas pede a demissão de trabalhadores do Theatro Municipal de São Paulo e da Vogue Brasil. Em uma das postagens, ele afirma que vai entrar em contato com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para pedir o desligamento de um funcionário do espaço cultural por uma publicação sobre Kirk.

Em outra postagem no X, o deputado pressiona a Vogue Brasil a demitir Zazá Pecego, stylist sênior da revista por uma publicação dela interpretada como uma comemoração ao assassinato de Kirk —o que a profissional nega. Como mostrou a Folha, Zazá de fato foi desligada da empresa na sexta (12). Para celebrar, Nikolas Ferreira postou uma imagem dele mesmo dizendo “Caçar e Demitir. Gostoso demais”.

Em outra postagem, o deputado comemora a demissão de um médico de uma clínica em Recife pelo mesmo motivo —e elogia a empresa. “Espetacular posicionamento.” “Muitas denúncias interessantes hoje. Nós vamos atrás de você”, celebrou o parlamentar em outra mensagem, indicando que seguiria publicando e expondo trabalhadores.

REPRESENTAÇÃO – A representação é assinada pelos deputados Guilherme Boulos, Erika Hilton, Célia Xakriabá, Henrique dos Santos Vieira Lima, Ivan Valente, Luciene Cavalcante da Silva, Talíria Petrone Soares, Tarcísio Motta de Carvalho e Paulo Lemos. Nela, eles pontuam ainda que “o poder diretivo do empregador não contempla a imposição de convicções políticas e ideológicas. Assim, ao firmarem contrato de trabalho, os trabalhadores tem a expectativa de que suas convicções filosóficas e políticas sejam respeitadas no âmbito de suas individualidades. Vale dizer que o empregador compra as horas de trabalho do empregado, mas não suas convicções filosóficas e políticas”.

Procurado pela coluna, o deputado afirma que a única resposta que tem para a representação dos psolistas é “mandar eles caçarem um lote para capinar”. Já Tallis afirmou se sentir orgulhoso de ter uma representação contra ele por “estar lutando contra o extremismo”.

“Reitero a minha posição de que aqueles que celebram a morte de pessoas inocentes não merecem emprego. Se ainda vivemos em uma democracia e o Estado de Direito existe, estou amparado pela lei no meu pleito.”

MAU PROCEDIMENTO –  Em sua resposta, ele diz ainda que comemorar assassinatos se encaixa em mau procedimento e em ato lesivo da honra e da boa fama, o que são, em sua visão, suficientes para motivar a demissão por justa causa.

“Aristóteles dizia que a virtude está no equilíbrio dos extremos; o debate está sumindo no Brasil exatamente por atitudes como essas que eu e todo o empresariado sério brasileiro estamos lutando. Pergunto aos deputados do PSOL: Eles são a favor da celebração da morte de pessoas inocentes?, questiona.

Alcolumbre critica Eduardo Bolsonaro e ameaça bolsonarista

Alcolumbre disse que não irá aceitar “agressões calado”

Bela Megale
O Globo

Em seu desabafo durante a sessão do Senado, na última quarta-feira (17), o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou as ações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos pela primeira vez em público. Alcolumbre criticou o fato de “ver um deputado federal do Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, instigando um país contra o meu país”. O senador destacou que não dá para “aceitar todas as agressões calado”.

“Não dá para eu ver todos os dias um deputado federal pelo Brasil, eleito pelo povo de São Paulo, lá nos Estados Unidos, instigando um país contra o meu país. Nunca falei sobre isso, mas agora está na hora de começar a falar. Não dá, com todo o respeito, para eu aceitar todas essas agressões calado, então eu vou me organizar agora para começar a responder a todos os questionamentos, todas as perguntas, à altura”, disse.

“DESABAFO” – Aliados do presidente do Senado relataram que dois fatos pesaram para que ele fizesse seu “desabafo”, citando nominalmente o filho de Jair Bolsonaro. O principal deles foi a fala do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, sobre obstruir os trabalhos da Casa se uma anistia envolvendo o ex-presidente não for votada. A declaração foi dada por Valdemar ao site “Metrópoles” e encarada por Alcolumbre como mais uma ameaça dos bolsonaristas.

Outro ponto foram as ameaças mais recentes encampadas por Eduardo Bolsonaro e seu aliado, Paulo Figueiredo, após a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na ação da trama golpista.

Há dois meses, ambos mandam recados ao Judiciário e ao Legislativo brasileiro, afirmando que, se uma anistia ampla que beneficie Jair Bolsonaro não for aprovada, novas autoridades além de Alexandre de Moraes serão sancionadas. Segundo interlocutores de Alcolumbre, ele avaliou que, como presidente do Senado e do Congresso, precisava se posicionar de maneira clara e objetiva contra as intimidações.

Políticos que foram visitar Zambelli deviam ter ficado por lá, ao lado dela

charge de Thiago Lucas (@thiagochargista), para o Jornal do Commercio.  #CarlaZambelli #zambelli #prisão #italia #justiça #bolsonaro #moraes  #brasil #chargejc #chargejornaldocommercio #chargethiagojc  #chargethiagolucas #chargethiagolucasjc #digital

Charge de Thiago Lucas (Jornal do Commercio)

Vicente Limongi Netto

O Senado patrocinou a viagem inútil, demagógica, patética, injustificável, absurda, cretina, descarada, ridícula dos senadores Eduardo Girão, Damares Alves, Flávio Bolsonaro e Magno Malta, para visitar, na Itália, a deputada fujona, desprezível e condenada Carla Zambelli. É o fim da picada.

Mais uma vez o bom senso perde de goleada para o despudorado achincalhe da atividade pública. O quarteto de senadores poderia ter amenizado o espetáculo torpe e constrangedor, decidindo por uma solução que deixaria o povo brasileiro feliz: ficassem lá, não voltassem mais para o Brasil.

Não fariam falta. Poderiam dividir a cela com a infame deputada presa, para serem felizes para sempre. 

CABEÇA RASPADA – A cabeça raspada é parceira do sorriso aberto e coberto de fé. A energia da deputada Roseana Sarney cobre a alma de alegria e ternura. O altivo coração de Roseana se encanta. Eleva os olhos aos céus.  A cabeça raspada viaja pelo tempo. lembra as inúmeras batalhas que Roseana enfrentou e venceu.

A cabeça raspada avisa ao câncer de mama que ele não sabe com quem se meteu. A fibra e ânsia de viver da guerreira Roseana falam mais alto. Deputada Roseana, que foi governadora, que foi senadora, que foi secretária de Estado, não se abate diante dos obstáculos. Já está acostumada. Manda para a lona todos eles. Por mais severos que eles sejam.

O câncer de mama será mais uma vitória. Mais um troféu que Deus e Maria oferecerão para Roseana guardar e exibir na galeria do amor infinito.

Não há censura no Brasil? Posso citar dez casos nos últimos anos

A história está nos detalhes | Censura, censor e humor – Parte 1 – A  história está nos detalhes

Charge do Zé Oliveira (Arquivo |Google)

Fernando Schüler
Estadão

“No Brasil não existe censura”, disse o ministro Barroso, semana passada, na abertura de uma sessão do STF. A declaração me surpreendeu. Tenho apreço pelo ministro, de modo que dou uma resposta popperiana: listo dez casos de censura, no Brasil dos últimos anos. Se eles não existirem, está tudo bem. Mas se eles forem reais, quem sabe vale refletir sobre o que vem se passando, afinal, em nossa democracia.

O primeiro é o ato inaugural. Muita gente acha que os inquéritos surgiram para salvar a democracia, mas não. Foi para censurar uma revista, em 2019.

OUTROS CASOS – Depois vem o caso do PCO. Um tuíte que quase ninguém leu, um “ataque” ao STF, quem sabe em nome da justiça soviética, e o minúsculo partido comunista foi apagado.

O terceiro é o professor Marcos Cintra. Tuíte elegante sobre o resultado de algumas urnas. Nenhum “ódio”. Apenas o direito de questionar alguma coisa, na internet.

O próximo é o deputado Homero Marchese. Divulgou um protesto, em Nova York. Estava no Paraná. Mas foi a pique. Censurado durante meses, recorreu. Sua indenização foi anulada e, o juiz que a concedeu, investigado. Curioso caso em uma democracia onde “não existe censura”.

MAIS CENSURA – Depois vem a turma do WhatsApp. Grupo privado, papo-furado. Um sujeito diz que prefere uma ditadura à eleição de um candidato. Bobagem, não crime. Os demais, nada. Um deles, Luciano Hang. Dois anos de censura por dizer coisa nenhuma, no WhatsApp.

A lista segue com o Monark. Primeiro, censurado por achar que mesmo um partido nazista deveria ter direito à expressão. Princípio elementar da Primeira Emenda Americana. Crime? Foi censurado ainda uma segunda vez por críticas ao STF.

Ameaça nenhuma, apenas uma opinião ácida. Dessas a que estão sujeitos os que ocupam funções públicas.

ABERRAÇÕES – Censurar um documentário sobre o atentado a Bolsonaro, sem conhecer o conteúdo? Caso clássico, e algo ridículo, de censura prévia; Indiciar um deputado, Marcel Van Hatten, por uma denúncia de abuso de poder, na tribuna da Câmara? Um deputado não pode fazer uma denúncia, no Parlamento, se julgar relevante?

E as plataformas digitais obrigadas a apagar sua visão sobre o “PL das Fake News”? E uma autoridade, numa manhã de Brasília, dando ordens para “desmonetizar” revistas? E depois de ouvir que “não tem nada”, que há apenas “matérias jornalísticas”, mandar que se “use a criatividade” para incriminar veículos de comunicação?

COISAS DESAGRADÁVEIS – Desde que o mundo é mundo, liberdade de expressão é para ideias desagradáveis e controversas. Ideias que “odiamos”, como lembrou Oliver Holmes.

Liberdade só para ideias aceitáveis ao poder é democracia café com leite. Ou para as tantas formas do iliberalismo atual. Quero crer que o ministro concorde com isso. Muitos cidadãos foram agredidos, em seus direitos, e isto jamais deveria acontecer em nossa democracia.

Oxalá o tempo e a sabedoria nos ajudem a corrigir essas coisas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É por essas e outras que Musk e Trump conseguiram colecionar provas e argumentos sobre as deformações da democracia à brasileira. Respeitar as liberdades democráticas teria sido muito melhor e mais fácil, mas o Supremo ultrapassou os limites de uma forma ridícula – a pretexto de salvar a democracia, acabou enfraquecendo o próprio regime democrático, o único que funciona.
(C.N.)

Cientista político diz que Centrão e extrema direita firmam pacto de mediocridade

Temer afirma que Motta negocia anistia com STF e Planalto

STM enfim decide reforçar a presença feminina na corte militar

Verônica Sterman tomará posse em 30 de setembro

Bruna Rocha
Estadão

O Supremo Tribunal Militar (STM) realizará, no próximo dia 30 de setembro, a cerimônia de posse da ministra Verônica Abdalla Sterman no plenário da Corte. Ela será a segunda mulher da história a compor o tribunal desde sua criação, em 1808.

No último dia 15 de setembro,  Verônica foi formalmente apresentada como nova ministra em um evento interno do STM. Ela ocupará a vaga destinada à advocacia, aberta com a aposentadoria do ministro José Coêlho Ferreira, em abril deste ano.

INDICAÇÃO – A ministra foi indicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Dia Internacional da Mulher, em março deste ano, e teve seu nome aprovado pelo Senado Federal após sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e votação no plenário. Foram 51 votos a favor e 16 contrários.

Com a posse, Verônica se torna a segunda mulher a integrar o STM. A primeira foi a ministra Maria Elizabeth Rocha, empossada em 2007. Maria Elizabeth foi eleita presidente da Corte em dezembro de 2024, para um mandato de dois anos iniciado em março de 2025.

PRESENÇA FEMININA – Durante sua sabatina no Senado, Verônica defendeu a ampliação da presença feminina no Judiciário. “Mais mulheres na magistratura significam um Judiciário mais plural, capaz de compreender as múltiplas realidades que atravessam nossa nação”, pontuou.

“A presença de mais uma mulher neste tribunal histórico carrega este compromisso: a diversidade de olhares enriquece a Justiça e fortalece a legitimidade perante os jurisdicionados”, concluiu a ministra.

Governo minimiza saída do União Brasil e aposta em Alcolumbre

A Primavera de Cecilia Meireles chegava num poema em forma de prosa

Há pessoas que simplesmente aparecem em... Cecília Meireles - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções

A poeta, professora, pintora e jornalista carioca Cecília Meireles (1901-1964), tem na sua poesia uma das mais puras, líricas, bucólicas, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea. A Primavera que se inicia hoje no Brasil, neste poema em forma de prosa, é descrita numa linguagem “onipotente”, imune a quaisquer condições que impeçam a sua chegada, ainda que efêmera, e implanta seus principais dogmas, que fazem uma festa na natureza.

PRIMAVERA
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.