Tom e Chico, vitoriosos no Festival
Paulo Peres
Poemas & Canções
Os compositores e amigos Tom Jobim (1927-1994) e Chico Buarque de Holanda deixaram a sua genialidade invocar inspiração para fazer a letra de “Sabiá”, que fala sobre o amor à pátria e dialoga com a famosa “Canção do Exílio” (Gonçalves Dias), tanto que ambas apresentam palavras como “sabiá”, “palmeiras”, “noite”, “flor” etc.
Quanto à ideia principal, mostra a paixão que temos pela nossa terra e a vontade de voltar para ela, mesmo que já não seja mais como antes (o que é mostrado nos trechos: Vou deitar à sombra/ De um palmeira/ Que já não há/ Colher a flor/ Que já não dá).
Chico Buarque e Tom Jobim receberam uma vaia ao ganharem o III Festival da Canção com essa música. 1968. Isso porque a população, em plena ditadura, queria que a música “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores” de Geraldo Vandré, (na qual é explícita a aversão à ditadura) fosse a vencedora.
A música “Sabiá” foi gravada pelo MPB 4 no LP III Festival Internacional da Canção Popular – Vol. III, em 1968, pela Philips.
SABIÁ
Tom Jobim e Chico Buarque
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De um palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queira
E anunciar o dia
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
E é pra ficar
Sei que o amor existe
Não sou mais triste
E a nova vida já vai chegar
E a solidão vai se acabar
E a solidão vai se acabar