Um erotismo avassalador vem dominar os poemas de amor do genial Castro Alves 

Bendito aquele que semeia livros e faz o... Castro Alves - PensadorPaulo Peres
Poemas & Canções 

O poeta baiano Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871), símbolo da nossa literatura abolicionista, motivo pelo qual é conhecido como “Poeta dos Escravos”, era um revolucionário também no amor. Em meados do século 19, mostrando ousadia para à época, escreveu “Boa-Noite”, para a mulher por quem estava apaixonado, um poema arrebatadoramente erótico.

BOA-NOITE
Castro Alves

Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde…é tarde…
Não me apertes assim contra teu seio.

Boa-noite!…E tu dizes – Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos…
Mas não mo digas descobrindo o peito,
– Mar de amor onde vagam meus desejos.

Julieta do céu! Ouve…a Calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?…pois foi mentira…
…Quem cantou foi teu hálito, divina!

Se a estrela d’alva os derradeiros raios
Derrama nos jardins do Capuleto,
Eu direi, me esquecendo d’alvorada:
“É noite ainda em teu cabelo preto…”

É noite ainda! Brilha na cambraia
– Desmanchado o roupão, a espádua nua –
O globo de teu peito entre os arminhos
Como entre as névoas se balouça a lua…

É noite, pois! Durmamos, Julieta!
Recende a alcova ao trescalar das flores,
Fechemos sobre nós estas cortinas…
– São as asas do arcanjo dos amores.

A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Lambe voluptuosa os teus contornos…
Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Ao doudo afago de meus lábios mornos.

Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Treme tua alma, como a lira ao vento,
Das teclas de teu seio que harmonias,
Que escalas de suspiros, bebo atento!

Ai! Canta a cavatina do delírio,
Ri, suspira, soluça, anseia e chora…
Marion! Marion!…É noite ainda.
Que importa os raios de uma nova aurora?!…

Como um negro e sombrio firmamento,
Sobre mim desenrola teu cabelo…
E deixa-me dormir balbuciando:
– Boa-noite! – formosa Consuelo!…

Gilmar pode recriar o marco temporal e resolver crise entre os Três Poderes

Em nova decisão, Gilmar Mendes reafirma inocência de Lula – CartaExpressa – CartaCapital

Gilmar sabe que o STF fez uma lambança e precisa consertar

Carlos Newton

Em pleno recesso, a crise institucional se complica cada vez mais com a decisão do PT, que está movendo ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a validade da lei que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas. O pedido foi protocolado pelo PT junto com PCdoB e PV, porque as três legendas integram uma única federação partidária.

A ação é repetitiva e desnecessária, porque o PSOL, a Rede e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já haviam questionado a lei no Supremo. Ou seja, a nova petição encabeçada por PT, PCdoB e PV serve apenas como uma provocação ao Congresso.

Para aumentar a crise, os três partidos de oposição ao governo (PP, PL e Republicanos) também recorreram ao Supremo, pedindo que seja reconsiderada a constitucionalidade do marco temporal, sob o argumento de que a última palavra deve ser do Legislativo.

ESCULHAMBAÇÃO – Durante 35 anos, o marco temporal esteve em vigor, sem contestação, mas a lei que o regulamentou só foi aprovada pelo Congresso em setembro, no mesmo dia em que o Supremo rejeitou a tese de que apenas as terras ocupadas por povos indígenas em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição, podiam ser demarcadas.

O presidente Lula da Silva vetou esse trecho, mas o Congresso derrubou o veto no mês passado e a norma foi promulgada no final de dezembro.

Agora, reina a esculhambação, porque não se sabe o que está em vigor nem se os indígenas podem reivindicar outras terras que já ocupavam antes de 1988, quando a Constituição foi aprovada.

DISPUTA DO RELATOR – As três ações têm como relator o ministro Gilmar Mendes, embora os partidos aliados do governo argumentassem que as petições deveriam ser distribuídas “por prevenção” ao ministro Edson Fachin, por ter sido relator da declaração de inconstitucionalidade do marco temporal.

Tanto Fachin como Gilmar votaram contra a tese do marco temporal, mas a grande diferença é que, enquanto Fachin atendeu integralmente aos indígenas e não quis discutir a indenização dos proprietários em caso de remoção, Gilmar fez ressalvas à amplitude das terras demarcadas e disse que “não falta terra”, mas “falta apoio”.

“É preciso que tenhamos essa dose de realidade no nosso raciocínio, sob pena de estarmos a oferecer soluções ilusórias. Pode ser revogado o marco temporal, e a dificuldade vai continuar”, ressalvou o ministro quando votou, em setembro.

APOIO A CONTRAGOSTO – A verdade é que Gilmar Mendes sabe que acabar com o marco temporal é uma irresponsabilidade, porque os índios poderão requerer a posse de cidades inteiras, caso não haja uma ressalva impeditiva.

Ele sabe que o marco temporal deve valer nos casos das terras que não estivessem sendo reivindicadas pelas tribos antes de 1988. Sabe também que, nas situações mais polêmicas, será preciso indenizar os produtores rurais.

Gilmar está corretíssimo ao dizer que há muita terra, porque nada impede que as tribos possam ganhar  áreas em outros locais, no caso de disputas que causem convulsão social.

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P.S. 1
Gilmar Mendes é uma figura paradoxal. O ministro domina o Supremo e cresce nos momentos de crise. Não será surpresa se ele encontrar uma saída conciliadora, que atenda a todos os envolvidos (indígenas, produtores rurais, governo e Congresso), como deveria ter acontecido lá atrás, ao invés de o Supremo fazer essa lambança de revogar um marco temporal sem substituí-lo por nenhuma outra regra. O Brasil já está cheio de crises, de vez em quando é bom encontrar soluções. (C.N.)

Piada do Ano! Diretor da PF diz que vai identificar os “enforcadores” de Moraes

O delegado da PF Andrei Passos

O diretor Andrei Passos faz suspense: “Saberemos em breve”

Deu em O Globo

O diretor-geral da Polícia Federal (PF), delegado Andrei Passos, afirmou nesta quinta-feira que a partir de mensagens aprendidas durante as investigações sobre os ataques terroristas de 8 de janeiro do ano passado será possível identificar os responsáveis pelo plano de enforcar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Moraes falou sobre a existência do plano em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo Globo.

— A partir dessas mensagens a gente tem a possibilidade de identificação dos responsáveis — afirmou Andrei, em entrevista à GloboNews.

EM BREVE – Indagado quem são os responsáveis, o chefe da Polícia Federal respondeu:

— Saberemos em breve.

De acordo com o diretor-geral, a PF já tinha conhecimento do plano revelado por Moraes ao Globo.

— Isso são informações extraídas de troca de mensagens, das prisões, de todo o trabalho que está sendo feito – resumiu Andrei Passos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vivemos tempos estranhos, em que as pessoas lutam para ser famosas por 15 minutos, como dizia Andy Warhol, famoso animador cultural e artista plástico norte-americano. As autoridades parecem não ter medo do ridículo. Esta declaração do diretor da Polícia Federal, por exemplo, conseguiu ser pior do que a entrevista do ministro Moraes. E já podemos antever a cena, com o diligente delegado federal reunindo a imprensa para exibir a corda em que o ministro seria pendurado e explicando se os perigosos terroristas iriam usar o sistema do cadafalso, preferiam o velho pontapé na cadeira ou iam proceder como o Exército no caso de Vladimir Herzog, fingindo suicídio com uso da “cinta do macacão que o preso usava”. (C.N.)

Crise faz governo argentino suspender salários que pagava a bispos católicos

Governo Milei suspende por um ano verbas de publicidade aos meios de  comunicação

Porta-voz de Milei anuncia a suspensão dos salários

Deu no MSN
(Agência EFE)

O Estado argentino deixou de pagar os salários mensais dos bispos da Igreja Católica, anunciou a hierarquia eclesiástica num comunicado divulgado esta quarta-feira que reflete uma decisão que começou a tomar forma em 2018, quando a lei do aborto foi aprovada.

Manuel Adorni, porta-voz presidencial de Javier Milei,  confirmou em coletiva à imprensa que a Conferência Episcopal Argentina realmente tomou a decisão de não mais pagar dotação mensal através da qual o Estado era responsável pelos salários de alguns bispos e arcebispos.

“Isso coincide com as diretrizes deste Governo: austeridade nos gastos e defesa da liberdade religiosa. Entendemos que o Estado não precisa dar tratamento desigual a uma religião ou culto em detrimento de outro”, comentou Adorni.

55 MIL DÓLARES – O subsídio financeiro, quantificado globalmente em cerca de 55 mil dólares por mês (R$ 275 mil), deixou de ser aplicado em 1º de janeiro. A ajuda vinha sendo paga em virtude do disposto no artigo 2º da Constituição da Nação Argentina, pelo qual “o Governo federal apoia o culto católico apostólico romano”.

Mas há mais de cinco anos, a Conferência Episcopal Argentina reuniu-se com o governo do então presidente Mauricio Macri (2015-2019), no meio de um clima político que exigia a separação entre Igreja e Estado.

As partes concordaram que a medida entraria em vigor no final do governo Alberto Fernández (2019-2023), conforme acaba de acontecer.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Boa matéria, enviada pelo José Guilherme Schossland. Perto dos penduricalhos das autoridades brasileiras, a ajuda de custo aos bispos argentinos é uma micharia. Perguntem ao bispo Macedo, ao RR Soares, ao Malafaia ou ao Waldemiro Santiago, que faliu mas já está novamente rico. (C.N.)

Polarização calcificada que divide o País é pior do que a antiga “luta de classes”

Iotti: polarização | GZH

Charge do Iotti (Gaúcha/Zero Hora)

William Waack
Estadão

Não há muitas chances de o Brasil escapar no ano que vem da armadilha que se fechou em 2023, a da calcificação da polarização política. Até aqui ela funciona como uma espécie de coleira de choque antilatido – que o digam o governador Tarcísio de Freitas ou o ministro Fernando Haddad.

As duas bolhas cobram dos políticos que delas fazem parte (ou são vistos como fazendo parte) uma espécie de disciplina de comportamento centrada na pessoa dos respectivos chefes, Lula e Bolsonaro. Faz sentido: a coleira antichoque tem como objetivo impor uma lealdade do tipo canina.

TRANSFERIR VOTOS? – Esse é o aspecto menos relevante no fenômeno da calcificação. Nem mesmo o razoavelmente bem organizado PT é capaz de impor condutas monolíticas. Bolsonaro, como é notório, nunca foi capaz de criar uma estrutura hierarquizada que transformasse comandos em ações.

Significa, no caso do grande evento político de 2024, o das eleições municipais, que as peculiaridades locais terão peso importante, não importa a “nacionalização” do pleito.

Por mais relevante que seja do ponto de vista do eleitor o grande embate nacional, Lula e Bolsonaro terão severas dificuldades em transferir votos automaticamente para seus ungidos nas grandes capitais.

DIVISÃO NACIONAL – Preocupante no fenômeno da calcificação das bolhas são seus aspectos políticos e sociais mais amplos, em termos de abrangência, profundidade e regionalização.

O fenômeno tomou conta do País inteiro e já tem características de divisão geográfica bem mais complexas do que a surrada divisão antiga “cidade-campo” ou “de classes”.

Numa simplificação grosseira, essa divisão geográfica abrange um grande arco mal descrito como “Centro Oeste” (pois vai do Sul até o interior do Piauí e Bahia) e que corresponde em parte a áreas dinâmicas ligadas à agroindústria. Sua expressão própria, porém, não é a da celebração de resultados econômicos da balança comercial, mas, sim, uma “cultura” e “valores” próprios.

CAIU NA ARMADILHA – Quanto ao grau de penetração na sociedade, a calcificação oferece aspectos graves abrangendo raça, religião, hábitos de consumo, esporte, educação, relações familiares e pessoais, descritas em detalhes preocupantes no recém lançado “Biografia do Abismo”, de Felipe Nunes e Thomas Traumann. Os dados sugerem um País que está aprofundando a armadilha.

É muito difícil prever a duração de um fenômeno tão amplo como a polarização calcificada, que tem na selvageria e virulência das redes sociais o principal componente dessa coleira antilatido.

Depende da capacidade de jovens lideranças, em todos os espectros políticos, aprenderem a livrar o próprio pescoço.

Moraes diz que queriam enforcá-lo, mas com 100 PMs ele dominaria a situação…

Revelação de Moraes ajuda a entender a gravidade dos atos de 8/1

Moraes deveria se declarar suspeito para o julgamento…

Mariana Muniz e Thiago Bronzatto
O Globo

Na estreia da série de entrevistas e reportagens do GLOBO sobre os ataques do 8 de Janeiro, que estão prestes a completar um ano, o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações sobre a investida golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), detalha, em entrevista, os desdobramentos das apurações sobre o episódio. O magistrado, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conta que a investigação desvendou três planos contra ele, que envolviam até homicídio.

Onde o senhor estava no dia 8 de janeiro?
Após a posse do presidente Lula, viajei com a minha família para a Europa e estava em Paris dia 8 de janeiro. Meu filho me mostrou imagens de pessoas invadindo o Congresso. Liguei imediatamente para o ministro Flávio Dino (Justiça). Perguntei a ele como tinham entrado, porque havia ocorrido uma reunião de órgãos de segurança em que tinha ficado proibida a entrada de manifestantes na Esplanada dos Ministérios. Num determinado momento, o presidente também falou comigo. Ele e o Dino conversaram sobre a possibilidade de intervenção federal ou GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Quem decidiu foi o Poder Executivo, mas eu relembrei que no tempo do presidente (Michel) Temer, houve a possibilidade de intervenção só na área da segurança, e talvez isso fosse melhor.

O que o senhor fez?
O que chocava era a inação da Polícia Militar. Fui secretário de Segurança Pública em São Paulo e ministro da Justiça. Afirmo sem medo de errar: não precisaria de cem homens do Batalhão de Choque para dispersar aquilo. O que precisávamos ver era qual gravidade e a sequência. Fiquei aguardando a provocação da Polícia Federal e da Advocacia-Geral da União (AGU) para decidir (no inquérito). Achei importantes três decisões: as prisões do então secretário (Anderson Torres) e do comandante geral da Polícia Militar (Fábio Augusto Vieira), para evitar efeito dominó em outros estados. Eu me certifiquei que as demais polícias militares estavam tranquilas, mas não podíamos arriscar. Ao mesmo tempo, o afastamento do governador (Ibaneis Rocha), para evitar que pudesse ocorrer algo extremista em outros estados, eventualmente outro governador apoiar movimento golpista. E a determinação de prisão em flagrante imediata de quem permanecesse em frente a quartéis pedindo golpe.

O que poderia ter acontecido?
Se tivéssemos deixado mais pessoas em frente a quartéis (no dia seguinte), poderia gerar mais violência, com mortes e distúrbios civis no país todo. Se não houvesse a demonstração clara e inequívoca de que o Supremo Tribunal Federal não iria admitir nenhum tipo de golpe, afastaria qualquer governador que aderisse e prenderia os comandantes de eventuais forças públicas que aderissem, poderíamos ter um efeito dominó que geraria caos no país.

Havia os acampamentos nos quartéis e outros episódios de violência, como a tentativa de atentado a bomba nos arredores do aeroporto de Brasília. Era possível prever o que houve?
Foi um erro muito grande das autoridades deixar, durante o ano passado, aquelas pessoas permanecerem na frente dos quartéis. Isso é crime e agora não há mais dúvida disso. O Supremo Tribunal Federal recebeu mais de 1.200 denúncias contra quem estava acampado pedindo golpe militar, tortura e perseguição de adversários políticos. No dia do segundo turno, também tivemos um problema grave com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), objeto de inquérito, que inclusive gerou a prisão do ex-diretor (Silvinei Vasques). Houve a greve dos caminhões tentando parar o país. A violência estava numa crescente. No dia da diplomação, 12 de dezembro de 2022, houve prisões após a (tentativa de) invasão da Polícia Federal. Como na posse não houve nada, infelizmente as pessoas da área de segurança talvez tenham ficado mais otimistas. O grande erro doloso foi permitir a entrada (dos golpistas) na Esplanada dos Ministérios. O 8 de Janeiro foi o ápice do movimento: a tentativa final de se reverter o resultado legítimo das urnas.

O que a investigação já delineou sobre o plano golpista?
Nas investigações e nos interrogatórios de vários desses golpistas, temos que os discursos nos quartéis onde estavam acampados diziam que deveriam vir para Brasília. De vários financiadores, (a ordem era que) deveriam vir, invadir o Congresso e ficar até que houvesse uma GLO para que o Exército fosse retirá-los. E, então, eles tentariam convencer o Exército a aderir ao golpe. O que mostra o acerto em não se decretar a GLO, porque isso poderia gerar uma confusão maior, e sim a intervenção federal. Não que o Exército fosse aderir, pois em nenhum momento a instituição flertou (com a ideia). Em que pese alguns dos seus integrantes terem atuado, e todos eles estão sendo investigados.

Os executores já foram condenados, os financiadores estão sendo denunciados e há outras linhas da apuração da participação de militares e dos autores intelectuais. Até onde a investigação vai chegar?
Não há limite. Todos aqueles que tiverem a responsabilidade comprovada, após o devido processo legal, serão responsabilizados.

Já se chegou a alguns financiadores, divulgadores e instigadores.
Obviamente, é possível chegar aos organizadores, inclusive intelectuais. Em menos de um ano, já temos mais de 30 condenados pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. Não poderíamos deixar que aqueles que tentaram romper com a democracia no Brasil continuassem achando que uma eventual impunidade pudesse encorajá-los a atentar novamente.

O ex-presidente Jair Bolsonaro fez uma série de ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral. Qual é a responsabilidade dele?
Todas as pessoas sobre as quais a Polícia Federal encontrar indícios serão investigadas, desde os executores até eventuais políticos. Mas isso a investigação é que vai demonstrar.

Qual foi a influência das plataformas no 8 de Janeiro?
A regulamentação das redes sociais vai ser uma bandeira importante do Tribunal Superior Eleitoral no primeiro semestre de 2024. Elas falharam e foram instrumentalizadas no 8 de Janeiro. Proliferaram o discurso de ódio, antidemocrático, permitindo que as pessoas se organizassem para a “festa da Selma”, que era o nome utilizado (para o 8 de Janeiro).

O senhor foi alvo desse discurso de ódio e se deparou na investigação com planos para prendê-lo.
Eram três planos. O primeiro previa que as Forças Especiais (do Exército) me prenderiam em um domingo e me levariam para Goiânia. No segundo, se livrariam do corpo no meio do caminho para Goiânia. Aí, não seria propriamente uma prisão, mas um homicídio. E o terceiro, de uns mais exaltados, defendia que, após o golpe, eu deveria ser preso e enforcado na Praça dos Três Poderes. Para sentir o nível de agressividade e ódio dessas pessoas, que não sabem diferenciar a pessoa física da instituição. Houve uma tentativa de planejamento. Inclusive, e há outro inquérito que investiga isso, com participação da Abin, que monitorava os meus passos para quando houvesse necessidade de realizar essa prisão. Tirando um exagero ou outro, era algo que eu já esperava. Não poderia esperar de golpistas criminosos que não tivessem pretendendo algo nesse sentido. Mantive a tranquilidade. Tenho muito processo para perder tempo com isso. E nada disso ocorreu, então está tudo bem.

O senhor precisou reforçar a sua própria segurança?
Ela continua a mesma desde o momento em que eu assumi a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (em 2014). Eu já recebia ameaças da criminalidade organizada. O esquema é o mesmo há quase nove anos. Em relação à minha família, aumentei a segurança. Esses golpistas são extremamente corajosos virtualmente e muito covardes pessoalmente. Então, chegam muitas ameaças, principalmente contra minhas filhas, porque até nisso eles são misóginos. Preferem ameaçar as meninas e sempre com mensagens de cunho sexual. É um povo doente.

Há críticas em relação às prisões feitas no dia 8 de janeiro. São justas?
Nunca vi alguém preso achar que a sua prisão é justa. Analiso as críticas construtivas, mas ignoro as destrutivas. Nenhum desses golpistas defende que alguém que furtou um notebook não possa ser preso. E eles, que atentaram contra a democracia, não podem? Os presos são de classe média, principalmente do interior, e acham que a prisão é só para os pobres. A Justiça tem que ser igual para todos.

Os críticos também dizem que as penas aos primeiros condenados foram altas.
Quem faz a pena não é o Supremo Tribunal Federal, é o legislador. O Congresso aprovou uma legislação substituindo a Lei de Segurança Nacional exatamente para impedir qualquer tentativa de golpe. Se as penas máximas fossem aplicadas em todos os cinco crimes, pegariam mais de 50 anos, mas pegaram 17 (no máximo). Se não quisessem ser condenados, não praticassem nenhum crime.

Qual é a lição que fica do 8 de Janeiro?
A primeira é impedir a continuidade dessa terra sem lei das redes sociais. Sem elas, dificilmente (os atos golpistas) teriam ocorrido de forma tão massiva. Na parte criminal eleitoral, todos os políticos, quando houver comprovação de participação, devem ser alijados da vida política, além da responsabilidade penal. Quem não acredita na democracia não deve participar da vida política do país.

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Moraes faz o estilo Cazuza, porque é muito exagerado em tudo o que faz ou que diz. E é contraditório. Na sua concepção, 100 soldados PM teriam resolvido a situação contra aqueles milhares de perigosos terroristas… Devia pensar melhor antes de dar declarações tolas, desse tipo. Na verdade, ele não correu o menor perigo de vida e nenhum militar será processado por ele, só o Mauro Cid. Nota zero para a entrevista. Moraes está envolvido demais com o assunto, deveria se declarar suspeito, porque vítima não pode julgar. (C.N.)

Quilombolas impedem exploração da maior localização de sal-gema da América Latina

empregos serão gerados na exploração de sal-gema no ES. Foto: Tawatchai/Freepik

A maior jazida de sal-gema foi descoberta pela Petrobras

Luis Nascimento
Portal Terra

A maior jazida de sal-gema na América Latina, localizada no norte do Estado do Espírito Santo, foi descoberta pela Petrobras na década de 1970 durante perfurações em busca de petróleo. Embora tenha sido leiloada, a jazida nunca foi explorada. De acordo com informações da Assembleia Legislativa do Espírito Santo, a descoberta ocorreu nos arredores de Conceição da Barra, revelando uma grande quantidade de sais, incluindo o sal-gema.

Desde sua descoberta, quilombos e ativistas vêm alertando os órgãos públicos do Estado sobre os impactos no meio ambiente da extração desse minério.

MOBILIZAÇÃO – Em entrevista ao Terra, o líder quilombola Domingos Firmiano, conhecido como Chapoca, relatou que, desde a descoberta do sal-gema na região perto dos quilombos, a comunidade vem se mobilizando para impedir a extração.

“A gente começou a realizar reuniões para discutir os impactos da extração de sal-gema nas proximidades das comunidades quilombolas com as 32 comunidades da região norte do Estado”, explicou.

Uma preocupação das lideranças quilombolas são as falas do atual secretário de Meio Ambiente, Felipe Rigoni, que é tido como um dos defensores da exploração de sal-gema no Espírito Santo.

CONTRA O PROJETO – “A gente vem batalhando contra a ‘PL da Destruição’ de Rigoni, como tem sido chamado o PLC 56/23. Não vamos deixar essa pauta avançar e atingir as nossas comunidades quilombolas. Não queremos que aconteça o que aconteceu com os nossos irmãos de Maceió, atingidos pela exploração da Braskem”, afirmou Chapoca.

Izabella Cardoso, uma das coordenadoras do Movimento Negro Unificado no Espírito Santo, relatou a preocupação do grupo com as pessoas que moram na região.

“Além dos impactos ambientais inerentes a essa exploração, nossa preocupação é primordialmente com a vida das pessoas que habitam aquela região, em sua maioria negras e já vulnerabilizadas por questões étnicas e esquecidas pelo poder estatal, tanto por serem negras quanto por serem quilombolas”, explicou ao Terra.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A reportagem enviada por Armando Gama mostra o Brasil de hoje, um gigante adormecido, deitado eternamente em berço esplêndido, que explora o sal-gema numa área urbana e provoca desastre ecológico, ao mesmo tempo em que despreza a exploração da maior área de sal-gema e outros sais em local ermo e desabitado, simplesmente para atender aos desinteresses dos quilombolas, que tentam viver no passado e evitar o futuro. O sal-gema tem múltiplas utilidades em produtos de higiene e fabricação de PVC. Assim, confirma-se a frase atribuída ao personagem Odorico Paraguaçu, de Dias Gomes: “A inguinorança é que astravanca o progressio”. (C.N.)

Bancada do PT na Câmara se reunirá em fevereiro para definir prioridades 

O deputado mineiro Odair Cunha será o novo líder do PT

Victoria Azevedo
Folha

A bancada do PT na Câmara dos Deputados deverá se reunir no próximo dia 5 de fevereiro em Brasília para traçar sua estratégia de atuação em 2024, ano de eleições municipais. Historicamente, a Casa fica esvaziada durante o processo eleitoral, por isso parlamentares avaliam que a agenda do primeiro semestre será mais intensa.

A ideia do encontro no início do ano legislativo é discutir as prioridades dos deputados, assim como tratar da atuação da bancada em relação ao partido e ao governo e da conjuntura política atual do Brasil.

“O desafio do seminário é identificar qual é a agenda que interessa a bancada neste primeiro semestre, independente da agenda do governo”, diz ao Painel o deputado federal Odair Cunha (PT-MG), que será líder do PT na Câmara no próximo ano.

Cunha irá substituir Zeca Dirceu (PT-PR) no posto. Ele afirma que uma das prioridades da bancada será a apreciação dos projetos do Executivo que irão regulamentar a reforma tributária.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Salvo engano, a grande prioridade do PT em 2024, para atender ao presidente Lula da Silva, será combater a política econômica do ministro Fernando Haddad, com vistas a eliminar a meta do superávit zero e deixar o governo gastar à vontade, seguindo as novas teorias criadas pelo próprio Lula, que considera superados os atuais fundamentos da chamada Economia Política. É claro que isso não vai dar certo, porque a dívida pública ficará descontrolada e o Banco Central terá de aumentar os juros, para financiá-la. Mas quem se interessa? (C.N.)

Governo e PT vão aproveitar recesso para negociar (?) nova base aliada na Câmara

A última porta antes do inferno | VESPEIRO

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Augusto Tenório e Roseann Kennedy
Estadão

Após “comer mosca” na formação de blocos parlamentares na Câmara, no início de 2023, o PT agora vai tentar negociar, durante o recesso legislativo, a montagem de um novo grupo para 2024, com a ajuda do Palácio do Planalto. A avaliação, nos bastidores, é a de que o partido do presidente Lula da Silva poderia ter criado uma base sólida de apoio na Casa, se tivesse conseguido unir seus aliados mais próximos, como o PSB e o PDT.

Essas legendas, no entanto, integram o chamado “blocão do Lira”, nome informal dado ao grupo composto pelo PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), com União Brasil, PDT, PSB, Solidariedade, Avante e Patriota, além da federação PSDB-Cidadania. Trata-se do maior bloco partidário, com 176 deputados.

SUCESSÃO DE LIRA – A janela de oportunidade está aberta porque os demais partidos, durante o recesso legislativo, também estão interessados em renegociar os blocos, já de olho na eleição para a presidência da Câmara, que ocorrerá em fevereiro de 2025. O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), é hoje o principal cotado para disputar o comando da Casa com o apoio de Lira, expoente do Centrão.

Pelo lado do PSB e do PDT, as conversas sobre mudança envolvem divergências com outras siglas. É que o União Brasil, o PP e a federação PSDB-Cidadania, por exemplo, costumam impor derrotas ao governo Lula no plenário.

A atitude chegou a provocar constrangimento quando o deputado Felipe Carreras, do PSB, era líder do “blocão” e orientava a votação no plenário. Hoje, o grupo é liderado pelo deputado Dr. Luizinho (PP-RJ).

PRÉ-CANDIDATOS – Com 144 integrantes, o outro bloco da Câmara reúne MDB, PSD, Republicanos e Podemos. Dessa parceria saíram, até agora, dois pré-candidatos à sucessão de Lira: o líder do PSD, Antônio Brito (BA), e o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP).

Em conversas reservadas, ministros e dirigentes do PT avaliam que essa aliança pode ganhar nova configuração no ano eleitoral de 2024.

No atual cenário, o PT de Lula e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro não participam de nenhum grupo de representação parlamentar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O dirigente partidário mais esperto da atual safra é Gilberto Kassab, dono do PSD, um partido que só faz crescer, de uma maneira sólida e consistente. Kassab opera o milagre de apoiar qualquer presidente que estiver no poder, mas não se entrega inteiramente a ele e deixa o outro pé na oposição. Na eleição passada, não apoiou Lula nem Bolsonaro. Com essa tática, ganhou dois ministérios importantes (Agricultura e Minas e Energia) e um desprezível (Pesca).  Agora, está fechado com o governador Tarcísio de Freitas, em São Paulo, mas isso não significa que vá apoiá-lo para presidente em 2026. Pessoalmente, Kassab não tem voto, mas sabe distribuir com sabedoria os votos do seu partido, pois o PSD pertence a ele – é uma legenda pessoal, digamos assim. (C.N.)

Paixão tórrida de Barroso pelo microfone apresenta um conceito errado de Justiça

Nós derrotamos o bolsonarismo", diz Barroso na UNE

“Nós derrotamos o bolsonarismo”, disse Barroso na UNE

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, que parece viver uma paixão tórrida com os microfones, o som da sua própria voz e a celebração das virtudes que imagina ter, virou o mais ativo orador político do Brasil. Não poderia ser assim. Como juiz, ele tem a obrigação de ser juiz – e um juiz não pode passar o tempo todo falando como um animador de auditório na defesa das suas ideias, convicções e interesses.

Como o público que lhe paga o salário pode esperar que seja imparcial nas suas sentenças, se está todo dia dizendo que é contra isso e a favor daquilo? Mas aí é que está: no Brasil de hoje o comando da discussão política não está no Congresso Nacional, que foi eleito pelo povo brasileiro, nem entre os governantes que os eleitores puseram nos cargos executivos, mas no STF – que não tem o voto de ninguém. É uma degeneração.

AUTOELOGIOS – A última homilia do ministro Luís Roberto Barroso mostra, mais uma vez, o quanto o STF afundou na sua própria anomalia. Eles não percebem mais que o respeito pela instituição só pode ser conquistado como consequência dos seus atos, da sua seriedade e da sua isenção.

Acham outra coisa: o Supremo só será um grande tribunal se as suas “lideranças” ficarem fazendo elogios a si mesmas. Barroso, em seu discurso mais recente, disse que “o STF fez muito bem ao Brasil” e enumerou as dádivas que nos foram fornecidas por Suas Excelências.

Quem teria de falar disso não é ele, e sim os supostos beneficiários das bondades do STF – mas pelos padrões de conduta vigentes hoje neste país a autolouvação é não apenas aceita como aplaudida.

MUITAS VITÓRIAS – Ficamos sabendo, assim, que o STF nos salvou de uma ditadura, venceu o “golpe de estado” do 8 de janeiro, impediu que a Covid destruísse o Brasil etc. etc. Tudo bem: quem quiser acreditar nisso tem o direito de acreditar. O que não está certo é dizer que quem critica o STF são os “bolsonaristas”, e que os “ataques” ao tribunal só acontecem porque suas decisões causam desagrado a certas pessoas.

É falso. Os que criticam as ações do STF incluem muito mais gente que os “bolsonaristas” – basta verificar, com um mínimo de serenidade, quem são os autores das críticas.

Mais que isso, o que se condena no STF não é o teor jurídico das decisões; ninguém ignora o fato de que uma sentença judicial sempre agrada o vencedor e desagrada o perdedor. O problema, e aí o presidente do STF não dá um pio, é que as mulheres de ministros advogam em causas julgadas pelos maridos.

PENA DE 21 ANOS – Além disso, cidadãos estão sendo condenados a até 21 anos de cadeia por terem participado de um quebra-quebra em Brasília – e por terem supostamente praticado, ao mesmo tempo, os crimes de “golpe de estado” e de “abolição violenta do estado de direito”.

Um cidadão tem um bate-boca com um dos ministros no Aeroporto de Roma e se vê levado a julgamento no Supremo Tribunal Federal do país, no arrastão judicial dos “atos antidemocráticos”.

Ao mesmo tempo, a empresa J&F é dispensada de pagar os 10,3 bilhões de reais que devia ao Tesouro Nacional, em cumprimento ao acordo que fez para escapar de cinco ações penais por corrupção ativa. E as provas materiais de corrupção contra a Odebrecht são declaradas como “imprestáveis” e destruídas.

CONTRA A LEI – Nada disso ter alguma coisa a ver com “defesa da democracia”, ou com máscara para Covid, ou com “extrema direita” e outras assombrações.

Está errado porque é contra a lei. E é por isso, na verdade, que o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso,  age todos os dias como chefe de facção política.

Não está interessado em Constituição, processo legal e seu dever como juiz. Como ele mesmo diz, quer apenas “fazer História”.

Em 2024, Lula vai encarar um Congresso hostil e a complicada eleição municipal

charge-congresso-fundo-do-poco-sindicato-bancarios-bauru - Sindicato dos  Bancários e Financiários de Bauru e Região

Charge do Edra (Arquivo Google)

José Benedito da Silva
Veja

Diz o folclore político que todo governante ganha do eleitor – e eventualmente até dos adversários – uma espécie de trégua no primeiro ano de mandato, ainda mais se chegar ao cargo em um momento difícil. Foi o que ocorreu com o presidente Lula da Silva, que começou a sua gestão sob os escombros do 8 de Janeiro, o que lhe garantiu certa união política e institucional para encaminhar os seus assuntos mais urgentes.

Mas 2024 pode ser um tanto diferente. Primeiro, porque é ano de eleições municipais. E em ano de disputa nas urnas, a solidariedade política tende a diminuir. Lula já deixou claro, mais de uma vez, que a corrida pelas prefeituras é prioritária, não só para o PT, mas para o seu governo.

ELEGER PREFEITOS – Conquistar o maior número de prefeituras em cidades importantes pode ajudar a pavimentar o caminho para um bom desempenho na renovação do Congresso em 2026 e em uma eventual reeleição ao Planalto.

E isso não será fácil. Lula aposta no seu carisma e nas realizações de seu governo para alavancar candidatos aliados, como ocorreu em 2004, quando, logo após chegar pela primeira vez à Presidência, o PT conquistou nada menos que nove das 27 capitais na eleição municipal.

A estratégia de usar programas de bastante impacto eleitoral como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) esbarra na dificuldade com que o governo vem atuando para manter as contas públicas equilibradas.

FURAR OS TETOS – Lula e o PT já disseram mais de uma vez que podem deixar de lado parte dos compromissos fiscais para não colocar em risco os gastos públicos planejados para o ano que vem. O próprio Fernando Haddad, ministro da Fazenda, já foi avisado disso, tanto por Lula quanto por dirigentes do seu partido. Novas trombadas entre o ministro da área econômica e os cardeais do petismo na hora da eleição não serão nenhuma surpresa.

Outro ponto complicado para Lula será costurar as alianças nas principais cidades enquanto tem que liderar um governo que tem nada menos que dez legendas na Esplanada e uma base completamente instável no Congresso.

As cotoveladas entre os partidos nos grandes municípios tendeM a aumentar e, claro, azedar as relações tanto no governo quanto no Parlamento – e estas não foram um mar de rosas no primeiro ano de mandato.

A necessária regulamentação da Inteligência Artificial no país

Charge do rp.ilustrador(Arquivo do Google)

Marcelo Copelli

O Tribunal Superior Eleitoral nos bastidores já discute a necessidade da regulamentação do uso da inteligência artificial na campanha de 2024, quando candidatos concorrerão a cargos municipais. A grande preocupação dos ministros refere-se ao uso da ferramenta para a propagação da desinformação e das falsas notícias sobre adversários e o processo eleitoral.

O mau uso da inteligência artificial é uma preocupação mundial. Segundo Marcelo Graglia, doutor em Tecnologias da Inteligência, coordenador do grupo de pesquisa Transformação Digital e Sociedade e professor da PUC-SP,  “dentro de uma proposta de desinformação e manipulação da opinião pública, a IA começou a ser usada no campo da guerra. Basta lembrar da anexação da Crimeia pela Rússia, quando uma série de notícias falsas foram utilizadas para confundir a população da região e a opinião pública mundial em relação a invasão que acontecia ali.”

URGÊNCIA – O presidente do TSE, Alexandre de Moraes, inclusive, já defendeu a urgência de o Congresso Nacional agir nesse sentido como forma de combate às perniciosas fake news, uma vez que com o avanço das novas tecnologias é preciso responsabilizar firmemente quem desvirtua o uso desses instrumentos.

Arthur Lira, por sua vez, se antecipou e quer aprovar um projeto sobre o tema antes do início das campanhas eleitorais.  Evidentemente, tendo em vista as últimas eleições para a Presidência da República,  é imperativo que a Justiça Eleitoral concentre esforços nos veículos utilizados para disseminar as notícias propositalmente enganosas e que ferem o cenário democrático.

A questão tem caráter emergencial, pois há um grande risco de manipulação dos eleitores quando as notícias falsas são utilizadas durante o processo eleitoral. Em todos os países democratas, existe, atualmente, um grande ataque de desinformação em relação à vontade do eleitor. Além de divulgar discursos de ódio e antidemocráticos, as ações têm como objetivo captar o livre arbítrio do eleitor para, a partir disso, de forma fraudulenta, direcionar a sua vontade para determinado candidato ou candidata.

REGULAÇÃO – Conforme defendido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, é preciso que se tenha a regulação das plataformas digitais com “parcimônia necessária”.  Com o falso discurso de “liberdade de expressão”, criminosos se valem da democratização do acesso à informação, ao conhecimento e ao espaço público, para pavimentar espaços para a desinformação, as teorias conspiratórias e a destruição de reputações.

Faltam defesas  que coíbam a desinformação, com o agravante das “deepfakes”,  outra aplicação da inteligência artificial que manipula textos, imagens e vídeos, sendo possível usar o rosto, a voz e a entonação de uma pessoa para criar uma mensagem falsa. O balizamento da proposta regulamentação e a concretização de resoluções são essenciais para a orientação das futuras eleições.

Festa do 8 de Janeiro será conhecida como “Sessão Lexotan”, uma chatice monumental

Com seis discursos seguidos, a platéia vai dormir à vontade

Gustavo Maia
Veja

Rebatizado de “Democracia Inabalada“, como mostrou o Radar na semana passada, o evento que será realizado no Salão Negro do Congresso para marcar o primeiro aniversário dos ataques de 8 de janeiro às sedes dos Três Poderes em Brasília, terá seis pronunciamentos, na próxima segunda-feira.

A primeira a falar, segundo o planejamento da cerimônia, será a governadora do Rio Grande do Norte, a petista Fátima Bezerra, que representará as mulheres. Na sequência, haverá manifestações dos ministros Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal.

Os últimos três discursos serão dos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, do Congresso Nacional e do Senado, Rodrigo Pacheco, com fechamento a ser feito pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É mais um capítulo da série “Grandes Ideias que não deram certo”. O evento será uma chatice monumental, que terá efeito inverso ao pretendido. Vai provocar reações dos bolsonaristas contra a ilegalidade das intermináveis investigações conduzidas por Moraes, chamadas de “inquéritos do fim do mundo”, que desprezam a lei e não têm data para acabar. E os bolsonaristas também devem protestar contra as condenações irregulares de 17 a 21 anos de cadeia para réus suspeitos de vandalismo, mas sem existência de provas concretas. Comparados aos verdadeiros terroristas que assolam o mundo, como os facínoras do Hamas, os falsos terroristas brasileiros estão claramente sendo vítimas de justiçamento. Por fim, com seis discursos seguidos, e apenas o filme e propaganda do governo, o evento ficará conhecido como “Sessão Lexotan”, pois a plateia vai dormir a sono solto. (C.N.)

O medo e a insegurança do poeta diante da amada que lhe fulmina o coração

Desejo | Poema de Casimiro de Abreu com narração de Mundo Dos Poemas -  YouTubePaulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Casimiro José Marques de Timo Abreu (1839-1860) nasceu em Barra de São João (RJ) e foi um intelectual brasileiro da segunda geração romântica. Sua poesia tornou-se muito popular durante décadas, devido à linguagem simples, delicada, cativante e aos temas comuns do lirismo romântico: o amor impossível e platônico, o conflito entre o desejo e a pureza, a depressão e a morte. No poema “Amor e Medo”, sintetiza a insegurança adolescente frente ao sexo.

AMOR E MEDO
Casimiro de Abreu

Quando eu te vejo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, ó bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
— “Meu Deus! que gelo, que frieza aquela!”

Como te enganas! meu amor, é chama
Que se alimenta no voraz segredo,
E se te fujo é que te adoro louco…
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo…

Tenho medo de mim, de ti, de tudo,
Da luz, da sombra, do silêncio ou vozes.
Das folhas secas, do chorar das fontes,
Das horas longas a correr velozes.

O véu da noite me atormenta em dores
A luz da aurora me enternece os seios,
E ao vento fresco do cair das tardes,
Eu me estremeço de cruéis receios.

É que esse vento que na várzea — ao longe,
Do colmo o fumo caprichoso ondeia,
Soprando um dia tornaria incêndio
A chama viva que teu riso ateia!

Ai! se abrasado crepitasse o cedro,
Cedendo ao raio que a tormenta envia:
Diz: — que seria da plantinha humilde,
Que à sombra dela tão feliz crescia?

A labareda que se enrosca ao tronco
Torrara a planta qual queimara o galho
E a pobre nunca reviver pudera.
Chovesse embora paternal orvalho!

Ai! se te visse no calor da sesta,
A mão tremente no calor das tuas,
Amarrotado o teu vestido branco,
Soltos cabelos nas espáduas nuas! …

Ai! se eu te visse, Madalena pura,
Sobre o veludo reclinada a meio,
Olhos cerrados na volúpia doce,
Os braços frouxos — palpitante o seio!…

Ai! se eu te visse em languidez sublime,
Na face as rosas virginais do pejo,
Trêmula a fala, a protestar baixinho…
Vermelha a boca, soluçando um beijo!…

Diz: — que seria da pureza de anjo,
Das vestes alvas, do candor das asas?
Tu te queimaras, a pisar descalça,
Criança louca — sobre um chão de brasas!

No fogo vivo eu me abrasara inteiro!
Ébrio e sedento na fugaz vertigem,
Vil, machucara com meu dedo impuro
As pobres flores da grinalda virgem!

Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.

Depois… desperta no febril delírio,
— Olhos pisados — como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?…
Eu te diria: desfolhou-a o vento!…

Oh! não me chames coração de gelo!
Bem vês: traí-me no fatal segredo.
Se de ti fujo é que te adoro e muito!
És bela — eu moço; tens amor, eu — medo!…

Haddad sabe por que está sendo fritado por Lula e começa a responder à altura

O ministro Fernando Haddad faz um balanço de seu primeiro ano na Fazenda

Haddad deu uma entrevista elegante, sem citar nomes

Carlos Newton

A crise no governo é gravíssima, porque já está em jogo a sucessão presidencial de 2026, com uma antecipação provocada pela ansiedade do presidente Lula da Silva, que está preocupadíssimo com o prestígio que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem conseguindo junto ao mercado financeiro, aos empresários e à classe média.

Ao invés de aproveitar esse apoio consensual que pouquíssimos governantes conseguem, Lula está jogando tudo por terra, ao mandar o PT atacar diretamente o chefe da equipe econômica, lançando críticas ao arcabouço fiscal, ao déficit zero e à tentativa de Haddad evitar que o governo faça gastos demasiados, que possam reavivar a inflação.

HADDAD REAGE – Depois de vários ataques do presidente Lula e de seus porta-vozes políticos (Gleisi Hoffmann, presidente do partido, seu companheiro Lindbergh Farias e o líder do governo José Guimarães, aquele deputado dos dólares na cueca), Haddad enfim decidiu reagir e deu uma entrevista ao repórter Alvaro Gribel, de O Globo.

O jornalista foi direto ao ponto, ao dizer que aprovação de reformas, boa relação com lideranças do Congresso e números da economia acima do esperado são requisitos que colocam Fernando Haddad como possível sucessor do presidente Lula na visão de economistas, parlamentares e cientistas políticos.

Indagado sobre o tema, Haddad disse que o nome de Lula é consenso no PT para 2026, mas alertou que o partido precisa começar a se preparar para essa transição, porque o problema “vai se colocar” na eleição seguinte.

RESOLUÇÃO DO PT – O fato é que a corrente majoritária do PT, liderada por Lula e Gleisi, aprovou recentemente um documento de críticas a Haddad. que fala de ‘austericídio’ (suicídio econômico por políticas de cortes de gastos). Indagado a respeito pelo repórter de O Globo, disse o ministro:

“Olha, é curioso ver os cards que estão sendo divulgados pelos meus críticos sobre a economia, agora por ocasião do Natal. O meu nome não aparece. O que aparece é assim: “A inflação caiu, o emprego subiu. Viva Lula!” E o Haddad é um austericida. Então, ou está tudo errado ou está tudo certo. Tem uma questão que precisa ser resolvida, que não sou eu que preciso resolver. Não dá para celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala “está tudo errado, tem que mudar tudo”. Alguma coisa precisa ser pensada a respeito, mas não tenho problema com isso”.

Em tradução simultânea, Haddad está pedindo, educadamente, que parem a campanha contra ele, caso contrário irá reagir.

ARGUMENTOS POLÍTICOS – Até agora, o mnistro apresentou apenas argumentos econômicos. Já explicou que nas gestões anteriores de Lula, em que houve superávit primário de 2%, a economia cresceu, em média, 4%. Também já mostrou que “não é verdadeira a justificativa da resolução do PT (leia-se: resolução de Lula) de que déficit faz crescer.

“De dez anos para cá, a gente fez R$ 1,7 trilhão de déficit e a economia não cresceu. Não existe essa correspondência, não é assim que funciona a economia”, disse o ministro, ao responder aos ataques de Gleisi Hoffmann na reunião do Diretório Nacional do PT, em 8 de dezembro.

De lá para cá, ficou calado, mas as críticas petistas prosseguiram. Por isso aceitou dar entrevista ao repórter Alvaro Gribel, mas falou com muita cautela, em nenhum momento ultrapassou os limites nem fez críticas diretas a Lula, Gleisi, Lindbergh e Guimarães.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O mais incrível é que, nessa briga de cachorro grande, a economia é o que menos importa. Tudo gira em torno da reeleição de Lula, que já revelou o desejo de que todos votem nele para sempre. Bem. como já tivemos um presidente que se dizia “imbroxável”, é natural que agora apareça um “imorrível”, vejam a que ponto chega a desfaçatez desse tipo de político. Haddad está de férias, mas volta a Brasília dia 8, para participar da festa do 8 de Janeiro, na “Sessão Lexotan”, em que um discursa e todos os outros dormem.  Seis discursos seguidos, sem entrar no palco um palhaço, uma bailarina, um acrobata, uma equilibrista, realmente não há quem aguente esse circo dos horrores. Para amenizar eles vão exibir um filme sobre os estragos. Mesmo assim, vai ser uma disputa para ver quem vai roncar primeiro. (C.N.)

Militares fazem vaquinha para “ajudar” Mauro Cid, o delator de Jair Bolsonaro

Leitor afirma que Bolsonaro 'gourmetizou' a corrupção - 06/08/2023 - Painel do Leitor - Folha

Charge do Thiago Rodrigues (Folha)

Guilherme Amado e Eduardo Barretto
Metrópoles

Militares da reserva abriram uma vaquinha para o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e sua mulher, Gabriela Cid. A mensagem afirma que Cid tem cerca de R$ 600 mil em dívidas. O militar fez uma delação premiada que implica Bolsonaro e está em prisão domiciliar.

“O coronel Cid está precisando de nossa ajuda humanitária, já vendeu quase tudo que possuía”, diz a mensagem que circula em grupos de militares no WhatsApp, pedindo “misericórdia” dos “irmãos de farda”. A seguir, as chaves Pix de Mauro e Gabriela Cid são citadas.

O texto, assinado pela União Nacional dos Militares da Reserva e Reformados das Forças Armadas e Auxiliares do Brasil, afirma que a dívida de R$ 600 mil de Cid inclui despesas com advogados e medicamentos. Também menciona o “martírio” de Cid, que “sempre honrou a farda”.

PRISÃO DOMICILIAR – De maio a setembro do ano passado, Mauro Cid ficou preso, suspeito de ter fraudado dados de vacina da Covid. Ele foi solto depois que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, homologou a delação do militar firmada com a Polícia Federal. Desde então, está em prisão domiciliar, usa tornozeleira eletrônica e segue afastado de seu cargo no Exército. Cid manteve o salário de R$ 27 mil mensais.

A Polícia Federal investiga supostos crimes narrados na delação por Cid. O ex-auxiliar de Jair Bolsonaro acusou o ex-presidente de planejar um golpe militar com a ajuda dos comandantes militares, especialmente o almirante Almir Garnier Santos, então chefe da Marinha.

Cid também disse que Bolsonaro ordenou as fraudes nos certificados de vacina, e que o governo tinha um “gabinete do ódio” para atacar inimigos do bolsonarismo com informações falsas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A notícia é do tipo Piada do Ano. O tenente-coronel Mauro Cid não está atravessando dificuldades financeiras. Muito pelo contrário. Segundo as autoridades norte- americanas, o militar é sócio da empresa Cid Family Trust, junto com o pai, general Lourena Cid e o irmão Daniel Cid. Entre os bens, estão uma mansão na Flórida e uma propriedade hollywoodiana na California. Portanto, o problema deles não é falta de dinheiro, mas apenas falta de caráter e de hombridade. Cid não é um oficial de artilharia, infantaria ou cavalaria. Na verdade, é um militar de fancaria, que mostra a decadência das Forças Armadas. (C.N.)

Justiça suspende reforma trabalhista proposta por Milei no seu “Pacotão”

Javier Milei

Milei tinha esquecido que existe Justiça na Argentina

Deu no Poder360

A Justiça Trabalhista da Argentina suspendeu nesta 4ª feira (3.jan.2024) parte do pacote econômico do presidente Javier Milei, conhecido como DNU (Decreto de Necessidade e Urgência) e apelidado pelos opositores de “decretaço”. A decisão afeta as medidas relacionadas à proposta de reforma trabalhista do libertário e o imposto sindical argentino.

As informações são do Clarín. Os juízes da Câmara Nacional do Trabalho decidiram emitir uma medida cautelar no processo, suspendendo temporariamente a implementação do decreto de Milei sobre questões trabalhistas.

O texto agora vai passar pela Câmara de Apelações. Essa decisão permanecerá em vigor até que uma resolução definitiva seja alcançada. A ação foi iniciada pela Central Geral dos Trabalhadores (CGT), o maior sindicato do país.

IMPOSTO OBRIGATÓRIO – Entre outras medidas, o decreto acaba com as chamadas “taxas solidárias”, ferramenta de arrecadação para os sindicatos que estabelecem descontos obrigatórios para todos os trabalhadores de uma atividade, filiados ou não à organização sindical.

A proposta de Milei era fazer com que as empresas apresentassem aos trabalhadores a opção de contribuir ou não com os sindicatos. Com a decisão da Justiça, os salários voltam a ter o desconto do imposto sindical de forma provisória, até que a Câmara de Apelações discuta a medida.

Milei também estabeleceu o aumento do período de experiência para 8 meses, a participação em manifestações como motivo legal para demissões e mudanças no sistema de indenizações dos profissionais que saem de uma empresa.

O juiz da Câmara Nacional do Trabalho, José Alejandro Sudera, justificou a decisão alertando que não está claro como as reformas trabalhistas propostas por Milei, se aplicadas imediatamente e fora do processo normal de aprovação das leis, poderiam solucionar o problema relacionado à geração de emprego formal.

No dia do anúncio do superpacote na economia, manifestantes na Argentina fizeram panelaços em Buenos Aires e em outras cidades do país. Os protestos reuniram ⅕ do público esperado.

PACOTE DE MILEI – O pacote foi definido como o “1º passo para terminar a decadência” de décadas do país: “O país estava a caminho de um colapso com inflação de 15.000%. Assinei um DNU para desmantelar o quadro jurídico opressivo que trouxe a decadência ao nosso país”. Entre as leis revogadas estão:

Lei das Gôndolas – obrigava os supermercados a expor nas prateleiras os produtos fabricados pelas pequenas empresas e com menor preço nas categorias de consumo regular;

Lei dos Aluguéis – regulava as negociações de aluguel de imóveis, e na sua versão mais recente proibia contratos em dólares;

Lei do Abastecimento – permitia ao governo tomar medidas sobre os preços, como fixar valores máximos e sancionar empresas que aumentassem os valores praticados sem justificativa.

O decreto também converte todos os clubes argentinos em SAFs (Sociedades Anônimas do Futebol).

“É apenas o 1º passo, nos próximos dias convocaremos sessões extraordinárias do Congresso Nacional e enviaremos um pacote de leis pedindo colaboração ao Congresso para avançar neste processo de mudança”, disse Milei.

Petistas aplaudem a política econômica, mas criticam Haddad, e Lula assiste…

Haddad diverge do PT após críticas a “austericídio fiscal”

Gleisi faz ataques a Haddad um dia sim e outro também

Ricardo Rangel
Veja

O PT comemora o desempenho econômico sob o governo do PT — muito melhor do que o esperado. E xinga o mercado dia sim, o outro também. O PT desanca a política econômica do PT, que considera um “austericídio”. E xinga o ministro da Fazenda do PT dia sim, o outro também.

Parece orwelliano? Fernando Haddad também acha. “Não dá para celebrar bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala ‘está tudo errado, tem que mudar tudo’”, declarou o ministro.

LEMBRAM DE MANTEGA? – Ser orwelliano não é propriamente uma novidade no PT, por sinal. Quando Dilma Rousseff realizava sua política econômica expansionista, o PT aplaudia o ministro Mantega. Diante do resultado — a devastação — o PT xingava o mercado, os golpistas, Temer, o empresariado, os EUA, a CIA, o FBI e a elite branca de olhos azuis… e continuava a aplaudir a irresponsabilidade fiscal.

O PT segue acreditando que: 1) jogar dinheiro fora é um bom método para ficar rico; 2) se você tentar algo várias vezes e não der certo, continue tentando, porque mais cedo ou mais tarde vai dar. George Orwell teria algo a dizer a respeito…

Gleisi Hoffmann, presidente do PT, não gostou da entrevista do ministro da Fazenda do PT. Disse ela a respeito das críticas do partido à política econômica:

DIZ GLEISI – “É um direito do partido e até um dever fazer esses alertas e esse debate, isso não tem nada de oposição ao ministro e nem a ninguém. É da nossa tradição.”

Até aí, OK, é inegável que faz parte da tradição dos petistas brigarem com outros petistas. Mas Gleisi criticou Haddad porque, depois de fugir da pergunta três ou quatro vezes, o ministro acabou concedendo que — depois de 2026 — será preciso falar sobre a sucessão a Lula.

Pelo jeito, os petistas têm o direito de criticar o ministro petista, mas o ministro petista não tem o direito de admitir que o petista Lula não é imortal. Aí, é mais do que orwelliano. É fideliano. E freudiano.

Centrão usa máquina (por enquanto), mas não deverá apoiar Lula em 2026

Charge do Zé Dassilva: Ministério do Centrão - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Bruno Boghossian
Folha

Às vésperas da campanha de 2014, Aécio Neves lançou uma cantada indecorosa para os partidos que ocupavam ministérios de Dilma Rousseff. O tucano sugeriu que as siglas deveriam extrair o que pudessem e, depois, apoiar sua candidatura. “Eu digo para eles: façam isso mesmo, suguem mais um pouquinho e, depois, venham para o nosso lado.”

Lula tem alguns daqueles vampiros alojados na Esplanada dos Ministérios e em bancadas que, no papel, formam a base aliada de seu terceiro mandato. O Palácio do Planalto aceitou pagar um preço salgado pela ajuda do centrão em votações de interesse do governo, mas não comprou o apoio do grupo para 2026.

ADESÕES INCERTAS – Dentro da coalizão de Lula, é considerada certa apenas a adesão das siglas de esquerda à reeleição, mas dirigentes do MDB e do PSD já manifestaram interesse numa aliança em torno do petista para mais um mandato. Já União Brasil, PP e Republicanos, bem alimentados por acordos com o governo, têm simpatia inequívoca pelo campo adversário.

As preferências expressas por esses três partidos nas votações do Congresso estão distantes da agenda de Lula. Não foram poucas as vezes em que legendas da base aliada deram sustentação a posições vinculadas ao bolsonarismo. É um comportamento que, na prática, limita as ações que o governo espera apresentar ao eleitor.

Além disso, a operação política desse grupo nos ministérios, sem surpresas, é dedicada ao fortalecimento de seus próprios interesses eleitorais.

INCERTEZAS – O centrão pode manter o governo de pé, mas a rede de prefeitos e deputados beneficiados pela verba federal provavelmente estará a serviço de um candidato de oposição na próxima eleição presidencial.

A não ser que Lula chegue ao fim do mandato com uma popularidade arrasadora, sua base aliada corre risco considerável de sofrer uma desidratação em 2026.

Isso significa ter um ano final com instabilidade no Congresso e, pior ainda, ver uma máquina abastecida pelo governo trabalhar a favor de um rival.

2023 foi um grande exemplo dos erros que ocorrem nas previsões econômicas

O Momento Atual e o Cenário Político em 2022 e 2023 | Jornalistas Livres

Charge do Edu (Jornalistas Livres)

Vinicius Torres Freire
Folha

Os erros de previsão de crescimento do Brasil foram um assunto do Ano Velho. Neste 2024, conviria fazer uma rabanada desse pão dormido. A ideia aqui não é promover um seminário a fim de incrementar a precisão das estimativas, o que é válido, claro. Mas de refazer a pergunta de 2023: algo mudou na economia? O tamanho da mudança é relevante? Altera diagnósticos do que é preciso fazer no país?

Antes de prosseguir, segue um lembrete dos erros deste século, baseado nas estimativas recolhidas semanalmente pelo Banco Central, a profecia de “o mercado” —no caso, a previsão feita no final de um ano para o seguinte, comparada aos dados do PIB “da época” (sem revisões).

ERROS E ACERTOS – Desde 2000, a média aritmética do crescimento do Brasil foi de mísero 1,84% ao ano (2,3%, depois das revisões); a média do tamanho do erro foi de 1,91 ponto percentual (o valor absoluto de previsões menos o PIB divulgado à época). Enorme. É como tentar passar por uma porta e bater de cara na parede. Mesmo quando se eliminam anos de epidemia (2020-21), a média do crescimento fica em 1,98% ao ano; o erro, em 1,74 ponto.

Os erros não são um conluio da finança e seus economistas contra governos do PT. O crescimento foi superestimado em todos os anos de Dilma Rousseff, por exemplo. As previsões são historicamente otimistas. Se as estimativas do Focus estivessem certas, o Brasil teria crescido 82% desde 2000; cresceu 53% (pelos dados sem revisão, “de época”).

Os erros são recorrentes. Nos 22 anos para os quais há dados de extremos de previsões, o crescimento ficou fora do intervalo entre mínima e máxima em 15 deles. Isto é, foi maior do que a previsão mais otimista ou menor do que a mais pessimista.

2023 TEVE ERRO – O crescimento previsto para 2023 foi de 0,8%. Deve ter sido de 3%. Para 2022, previsão de 0,4%. O PIB cresceu 2,9% (depois revisado para 3%).

Projeções erradas são da natureza do métier, não é de hoje nem apenas aqui. Os erros recentes são mais incômodos porque parece haver um imprevisto desconhecido, talvez alguma força ignorada ou mal medida. Ressalva: ainda assim, a melhora não será grande coisa. Não nos transformamos nem mesmo em uma China de crescimento agora reduzido a 4,5% ao ano, claro.

“Imprevisto desconhecido”? Sim, há imprevistos que estão no catálogo sabido de choques e alterações.

SEM PREVISÃO – Por exemplo, podem sobrevir guerra, epidemia, secas ou chuvas exorbitantes, uma alta de preços do petróleo. Governos podem anabolizar brevemente a economia. Pode haver tumulto político (massa nas ruas, impeachments e afins) ou crises financeiras no mundo. Dados esses choques, é possível compreender o tamanho do erro. Em 2023, talvez tenha havido um imprevisto desconhecido.

Parte do povo que faz previsões alega que a agricultura cresceu muito (mas a grande safra estava prevista e, mesmo assim, o peso da agropecuária é pequeno para explicar o desvio). Diz que o aumento do gasto do governo foi grande, mas já sabíamos disso em dezembro de 2022. Sim, houve progresso extra nas exportações. Houve o trabalho: mais gente empregada, ganhando mais; desemprego baixo com inflação caindo. Há uma incógnita aí.

A economia teria se tornado mais produtiva, com “reformas de mercado” ou, sei lá, por mudanças de organização da produção pós-pandemia? Há controvérsia e os números disponíveis ainda não confessam a mudança. Houve alteração de comportamento dos agentes econômicos?

E PARA 2024? – A economia brasileira é volátil, dependente de preços e consumo de commodities (voláteis), sujeita a muita virada de política e de política econômica. Os modelos de previsão sempre têm problemas, que pioram com dados insuficientes e recentes, como é o nosso caso.

Haverá erros a perder de vista. Importante é saber o motivo deles, se por mais não fosse para nos ajudar a pensar o que é economia brasileira.

A previsão para 2024 é de alta de 1,5% do PIB, com estimativa máxima de 2,5% e mínima de zero. Ou seja, tudo pode acontecer.