Deputado propõe que o governo pague em dobro aos aposentados pelas fraudes

Fraude no INSS | Charges | O Liberal

Charge do J. Bosco (O Liberal)

Gustavo Zucchi
Metrópoles

Um deputado federal do União Brasil — partido que, em tese, faz parte da base de Lula — apresentou na Câmara um projeto para obrigar o governo a pagar em dobro pelas fraudes do INSS, reveladas em uma série de reportagens do Metrópoles.

A proposta foi protocolada pelo deputado Zacharias Calil(União-GO) na terça-feira (6/5). Segundo o projeto, o Tesouro Nacional teria de ressarcir os beneficiários afetados pelas fraudes em até 90 dias após a confirmação da irregularidade.

TRÊS HIPÓTESES – O projeto prevê que os valores descontados indevidamente dos beneficiários “deverão ser restituídos em dobro, acrescidos de correção monetária e juros legais” em três casos, que englobam praticamente todo o escândalo da “farra do INSS”:

1) Não houver autorização válida do beneficiário registrada nos sistemas oficiais:

2) Houver ausência de contrato assinado ou simulação de vínculo associativo

3) For caracterizada a violação da boa-fé objetiva, ainda que sem demonstração de dolo ou culpa.

A proposta do deputado também estabelece que o governo federal pague uma indenização por danos morais aos beneficiários que sofreram descontos irregulares em suas aposentadorias, com valor que variaria de um a dez salários mínimos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A proposta do deputado está acertadíssima, mas é claro que hão haverá recursos para pagar as indenizações, que destruiriam de vez a Previdência, que já está em fase pré-falimentar.  Desculpem a franqueza. (C.N.)

“Preste atenção, o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho…”

Vento no Litoral: Cartola - 1908/1980

Cartola, um sambista magistral

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor carioca Agenor de Oliveira (1908-1980), mais conhecido como Cartola, considerado por diversos músicos e críticos como o maior sambista da história da música brasileira, ao compor “O Mundo é um Moinho” originou algumas discussões sobre o significado da letra.

Segundo alguns críticos, Cartola teria feito essa música para sua enteada, filha de Dona Zica, que teria o propósito de sair de casa para se prostituir. Ao ouvir os versos escritos pelo mestre, percebe-se o quão plausível pode ser essa versão da lenda. Contudo, há quem defenda que a letra seja mesmo para a enteada, mas motivada por uma decepção amorosa dela.

O samba “ O Mundo é um Moinho” foi gravado no LP Cartola, em 1976, pela RCA.

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O MUNDO É UM MOINHO
Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés

Juiz federal dá 48 horas ao governo Lula para explicar fraudes no INSS

Juiz federal do DF recusa pedido da defesa de Lula por mensagens da Spoofing - Justiça em Foco

Juiz Waldemar Carvalho exige explicações

Gabriela Boechat e Luísa Martins
da CNN

O juiz federal Waldemar Claudio De Carvalho deu ao governo Lula e ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) 48 horas para que se manifestem sobre as irregularidades em descontos na folha de pagamento de aposentados.

A determinação se deu no âmbito de uma ação popular contra a União movida pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e pelo vereador Guilherme Kilter (Novo), de Curitiba.

AÇÃO POPULAR – A ação pede explicações sobre as fraudes e questiona a atuação do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi.

Na determinação, o juiz determinou as 48 horas com base na “urgência da questão tratada”. Também determinou intimação do Ministério Público Federal para que se manifeste.

No processo, Nikolas e Kilter pedem que o governo, o INSS e o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi sejam condenados a ressarcir os cofres públicos em, no mínimo, R$ 6,3 bilhões, além de restituir os valores aos aposentados afetados.

OPERAÇÃO CONJUNTA – Em 23 de abril, uma operação conjunta entre a CGU e a PF mirou um esquema nacional de descontos associativos não autorizados em aposentadorias e pensões.

No total, as entidades teriam cobrado de aposentados e pensionistas um valor estimado de R$ 6,3 bilhões, entre os anos de 2019 e 2024.

De acordo com o ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Marques de Carvalho, comprovou-se que as entidades analisadas “não tinham nenhuma estrutura operacional para prestar os serviços que ofereciam”. A operação levou ao afastamento e posterior demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Carlos Lupi, que era ministro da Previdência, também pediu demissão, no início de maio.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na primeira instância, ainda há juízes em Brasília e a justiça funciona que é uma beleza. Mas no Supremo, a quarta instância, tudo continua de cabeça para baixo, ou ponta-cabeça, como dizem os paulistas. É o caos institucionalizado, sob comando de Alexandre de Moraes, com decisões perversas, baseadas em interpretações das leis que são altamente contestáveis. (C.N.)

Fraude em descontos de aposentados expõe rede de corrupção institucional

Charge do Clayton (claytoncharges)

Pedro do Coutto

Durante a Operação Sem Desconto, deflagrada no dia 23, a Polícia Federal apreendeu cadernos com anotações que, segundo os investigadores, detalham a divisão de propinas em um sofisticado esquema de corrupção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A investigação, conduzida em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), apura descontos indevidos aplicados em aposentadorias e pensões, que podem ter causado prejuízo de até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.

Os documentos foram localizados em Brasília, no escritório de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, apontado como lobista e articulador da rede de corrupção. Anotações como “Virgilio 5%” e “Stefa 5%” sugerem repasses percentuais a figuras-chave da instituição, entre elas o ex-procurador-geral Virgílio Oliveira Filho e o ex-presidente Alessandro Stefanutto, ambos afastados de seus cargos por determinação judicial.

ALEGAÇÃO – Embora a defesa de Stefanutto alegue que as menções não têm base factual nem valor probatório, os dados levantados pela PF indicam uma teia de favorecimentos. O mecanismo fraudulento consistia, essencialmente, na associação forçada de aposentados e pensionistas a entidades como sindicatos, sem o consentimento dos beneficiários. Em muitos casos, as assinaturas eram falsificadas, permitindo que fossem efetuados descontos mensais diretamente da folha de pagamento – prática legal apenas quando autorizada expressamente pelo titular do benefício, conforme legislação de 1991.

As investigações revelam a existência de uma rede empresarial voltada à ocultação dos recursos ilícitos. Entre 2023 e 2024, Antunes teria movimentado ao menos R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do INSS. Destacam-se repasses de R$ 7,5 milhões para empresas vinculadas à esposa do ex-procurador Virgílio Oliveira Filho e R$ 1,5 milhão para o escritório do filho do ex-diretor de Benefícios André Paulo Félix Fidelis. Outro ex-diretor, Alexandre Guimarães, teria recebido R$ 313 mil diretamente do lobista.

De acordo com o relatório policial, Antunes agia como intermediário técnico e financeiro entre entidades associativas e o INSS, sendo sócio de 21 empresas — 19 das quais abertas a partir de 2022. Pelo menos quatro delas estariam diretamente envolvidas no esquema, funcionando como canais para repasse de recursos desviados.

FRAUDE – A dimensão do caso coloca o INSS no centro de uma das maiores fraudes financeiras já apuradas em instituições públicas brasileiras. Estima-se que até quatro milhões de beneficiários tenham sido lesados. O governo federal, por sua vez, anunciou que prepara um plano para ressarcir as vítimas.

O caso revelado pela Operação Sem Desconto escancara não apenas a fragilidade dos mecanismos de controle interno do INSS, mas também a profundidade da captura institucional por interesses privados e redes de corrupção. A sistemática associação fraudulenta de aposentados e pensionistas a entidades, somada ao uso de estruturas empresariais para dissimular o repasse de propinas, aponta para um modelo de operação altamente organizado e difícil de detectar sem cruzamento intenso de dados financeiros e administrativos.

IMPACTO – Mais grave do que os valores envolvidos — estimados em bilhões — é o impacto direto sobre uma população vulnerável, que teve sua renda comprometida sem consentimento. O envolvimento de altos servidores e o uso de familiares e empresas de fachada para movimentar recursos mostram que o problema não se restringe a condutas individuais, mas evidencia falhas sistêmicas de governança, fiscalização e responsabilização no setor público.

Esse escândalo reforça a necessidade urgente de reformular os processos de controle sobre descontos em folha, revisar os critérios para acordos com entidades de classe e ampliar a transparência na gestão dos benefícios previdenciários. Sem medidas estruturais, o sistema permanecerá vulnerável à atuação de intermediários que exploram brechas legais e operacionais em detrimento dos direitos dos cidadãos.

Ressarcimento do desconto ilegal do INSS vira uma armadilha para governo

Procurador Gilberto Waller Júnior é nomeado presidente do INSS após  escândalo de fraudes bilionárias

Waller, do INSS, quer bloquear os bens dos criminosos

Caio Junqueira
da CNN

Quase duas semanas após o escândalo estourar e derrubar um ministro de Estado, o governo ainda não sabe como ressarcir, muito menos de onde virão os recursos para as vítimas do INSS.

A engenharia toda do ressarcimento é complexa. Envolve um emaranhado de minúcias técnicas, jurídicas e fiscais. Que, se ao final forem mal sucedidas, têm potencial de ampliar, em vez de resolver, o estrago político causado.

PRESSA DE LULA – O presidente Lula pediu pressa, pois teme o impacto do escândalo na sua popularidade e nas suas chances de reeleição em 2026. Ele quer mudar a agenda.

Mas o caso meteu o governo em um buraco grande, do qual ele ainda não sabe como sair. E pode sair pior do que entrou nele.

“Ressarcimento será rápido e sem burocracia”, disse o novo presidente do INSS, Gilberto Waller, acrescentando que ainda está em estudo a fonte de recursos para ressarcir os beneficiários prejudicados pelo esquema de fraudes na instituição. 

E OS RECURSOS? – “Isso está sendo estudado, por onde vem. O que a gente podia fazer para acelerar o processo de reparação do dano está sendo feito”, afirmou Waller em entrevista à CNN. 

O presidente do INSS garantiu, porém, que o ressarcimento será feito de forma “rápida” e “sem burocracia”, mas isso ninguém pode assegurar.   

Alertou ainda sobre a possibilidade de golpes financeiros, afirmando que o instituto não está realizando o ressarcimento dos valores, ainda. Waller pediu para que os beneficiários lesados não “assinem nada”, nem compartilhem senhas sob a justificativa de reaverem os valores no momento. 

DESCONTOS SUSPENSOS – Sob determinação do Ministério da Previdência, o INSS suspendeu na última semana os descontos de mensalidades associativas nas folhas de pagamento dos benefícios previdenciários. 

O governo federal anunciou a criação de um canal específico para que aposentados e pensionistas que sofreram descontos indevidos possam solicitar o ressarcimento diretamente. 

A medida faz parte de um plano de ressarcimento desenvolvido pelo INSS, com o apoio da Advocacia-Geral da União (AGU) e do Dataprev. 

EM FASE FINAL – Segundo a AGU, o projeto está em sua fase final de elaboração e será encaminhado ao Palácio do Planalto nos próximos dias.

A previsão é de que a União custeie inicialmente a restItuição, com o objetivo de recuperar os valores por meio de ações judiciais contra as entidades responsáveis pelos descontos ilegais. 

O Ministério da Fazenda indicou que a fonte de reembolso poderá vir de emendas parlamentares e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, não há nada decidido. E ninguém sabe de onde virão os recursos. Só falta alguém gritar barata voa, como se dizia antigamente. (C.N.)

O golpe do Banco Master está contido; falta evitar muitos outros em andamento

Bancos no Brasil têm lucro alto em qualquer situação, diz 'The Economist' – SINTEC-TO

Charge do Pelicano (Arquivo Google)

Carlos Newton 

Na semana passada, comentei aqui ter me tornado um jornalista descrente. Motivo: haver constatado que aqui no Brasil a imprensa pode denunciar o maior escândalo e isso não significa nada, raramente alguém é punido. Chega a ser frustrante.

E dei um exemplo, ao lembrar que recentemente noticiamos, com absoluta exclusividade, que a ONG espanhola OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos) não poderia estar funcionando aqui, porque nenhum presidente brasileiro assinou tratado ou acordo nesse sentido.

Outros escândalos explodem diariamente na imprensa, porém muitas vezes as denúncias não têm seguimento, as autoridades fingem que não leram. Era exatamente o que estava acontecendo com as denúncias de vários jornais e da revista “piauí”, sobre o Banco Master.

No caso do Master, nenhuma autoridade se interessava a fundo, nenhum político verdadeiramente corria atrás, mas o Ministério Público do Distrito Federal moveu ação popular e conseguiu suspender a assinatura do negócio.

QUEBRARAM AS REGRAS – A atitude do MPDF é coisa rara, um ponto fora da curva, mas nos dá muito alento e indica que estamos no caminho certo. Assim, toda vez que depararmos com a imobilidade do poder público, vamos manter nossa intenção de alertar diretamente as autoridades, para ver se elas acordam, até porque o almirante Barroso esperava que cada brasileiro cumprisse seu dever.

Como primeira experiência, tínhamos escolhido o caso do Banco Master, porque dispúnhamos de informações complementares que não saíram nas matérias da grande imprensa e seriam muito úteis.

Mas a ação popular do MPF-DF repôs as coisas em seus devidos lugares e a possibilidade de o Master sugar recursos públicos tornou-se remota.

SEGUNDO PASSO – Decidimos também abrir ações populares contra as irregularidades e três escritórios de advocacia já nos procuraram para trabalharmos juntos. O primeiro texto básico de ação popular, que é sobre a possibilidade compra do banco Master pelo Banco Regional de Brasília, que é estatal, já estava redigido e agora pode servir de base a uma nova ação popular, caso a irresponsável e ilegal negociação prossiga.

Sem dúvida, essa postura da Tribuna da Internet é uma nova maneira de obrigar que as autoridades e a própria imprensa levem suas investigações até o fim, para que os processos não prescrevam por decorrer de prazo, sem serem julgados, e haja impunidade de corruptos e corruptores.

Esperamos que os tribunários apoiem essa nova forma de fazer as coisas acontecerem, num momento em que a Justiça deixa muito a desejar na quarta instância.

BALANÇO DE ABRIL – Aproveitamos para divulgar o balanço de abril, com as contribuições que nos possibilitam levar adiante essa utopia de uma imprensa livre e independente. De início, agradecemos os depósitos na conta na Caixa Econômica Federal:

DIA  REGISTRO  OPERAÇÃO           VALOR
08    081330       DEP DIN LOT………100,00

10    101136       DEP DIN LOT………100,00
16    161307       DEP DIN LOT………100,00
30    281215       DEP DIN LOT………230,00

Agora, as contribuições no Banco Itaú/Unibanco:

01   PIX TRANSF   JOSE FR…………..150,00
01   PIX TRANSF   PAULO ROP………100,00
02   CEF TEF 6136.09413-0………….150,00
02   TED 001,5977 JOSE APJ…………302,04
15   TED 001.4416  MARIO ACRO…300,00
29   PIX DUARTE TRANSF 29/04……180,00
30   PIX TRANSF PAULO ROP…………100,00
30   TED 033.3591 ROBERSNA……..200,00

Agradecendo muitíssimo a todos que contribuem para que essa utopia do jornalismo independente continue no ar, sob o signo da liberdade, vamos em frente, sempre juntos, em defesa dos interesses coletivos. (C.N.)

BC aumenta os juros e não dá nenhum sinal de que um dia pretenda baixá-los

Juros

Charge do J.Bosco (O Liberal)

Vinicius Torres Freire
Folha

Nos últimos dois meses, disseminou-se a tese de que o Banco Central poderia deixar a Selic abaixo de 14,75% – no início do ano, se discutia se taxa básica chegaria perto de 16%. Qual a ideia? A economia do mundo perderia ritmo, preços de commodities cairiam, o dólar ficaria bem-comportado, graças em parte a Donald Trump.

“Então”. No comunicado em que anunciou a Selic em 14,75%, o BC não deu sinal de que vá encerrar a campanha de alta de juros. Não deu pista do que vai fazer. Disse que a incerteza é maior, assunto a que destinou trechos extensos do texto, que aliás ficou bem parecido com o do Fed, BC dos EUA.

TATEAR NO ESCURO – Logo, é possível mais um aumento de 0,25 ponto percentual, com Selic a 15%. O BC vai tatear no escuro sob céu turvo. Houve ligeiro indício de que Selic vá ficar alta por tempo mais prolongado, caindo talvez só passado o primeiro trimestre de 2026.

De mais diferente, o BC disse que os “riscos” de inflação mais alta ou mais baixa estão elevados (na reunião passada, o risco “altista” parecia maior).

No “mercado”, a projeção mediana de inflação para o fim de 2026 ainda é de 4,51% (a meta é de 3%). O modelo do BC dá inflação de 3,6% em fins de 2026, soube-se nesta quarta.

É INSUSTENTÁVEL – Além dessas discussões preciosistas sobre décimos de porcentagem de juros, talvez seja mais importante lembrar em que ponto estamos do arrocho. As taxas estão muito altas faz muito tempo e não há perspectiva de que vão cair tão cedo. É insustentável.

A taxa futura de juros de um ano está perto de 9% ao ano, em termos reais. No pânico de dezembro do ano passado, chegou a triscar os 10%. Em março de 2024, essa taxa estivera em média em 6% ao ano. Um salto mortal.

Em abril de 2024, o governo mudaria sua meta de superávit fiscal, o que detonou um início de descrédito. A seguir, a inflação corrente voltou a aumentar. A partir do terceiro trimestre, solavancos do mercado americano e a vitória de Trump deram mais impulso à alta do dólar. Em novembro, o caldo azedo entornou por causa do fiasco do anúncio do pacote fiscal.

TUDO PIORA – Taxa de juros reais a 9% ou a 8% a perder de vista exige providência drástica. Com dívida alta e crescendo sem limite, sem plano de arrumação das contas públicas, fica ainda pior a perspectiva para o governo que vai tomar posse em 2027.

As taxas de juros nos Estados Unidos eram muito baixas ou perto de zero na maior parte da década de 2010, o que é relevante para o nível das taxas no Brasil.

Ainda assim, interessa lembrar dos juros por aqui. Em dezembro de 2017, estavam em 2,9% (taxa futura real de um ano). Dezembro de 2018: 3%. Dezembro de 2019: 0,6%. Nesses anos, a taxa básica do Fed (nominal) ficou entre 1,5% e 2,5% (ora está perto de 4,5%).

CRESCIMENTO MÍSERO – Os anos de 2017 a 2019 foram também de economia deprimida no Brasil, com crescimento médio de mísero 1,4% ao ano e crise feia no emprego – também não presta. Mas havia o teto de gastos a limitar despesa. Era um outro arcabouço fiscal também insustentável, a seu modo, embora tenha contribuído para evitar que as contas do governo explodissem.

Quando a leitora pensar em discutir aquele 0,25 ponto percentual a mais ou a menos na Selic, considere essa história de solavancos, de juros baixos em depressões e controles de despesa insustentáveis ou de juros altos em tempos de porteira aberta para gastos, tudo também insustentável.

Em resumo, não sabemos o que é equilíbrio macroeconômico. Assim, não vai dar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não dá para entender esses especialistas do Copom. Cada vez que eles aumentam os juros, e só operam em unanimidade, a dívida pública automaticamente se eleva. E aonde é que vamos parar? Só Deus sabe. (C.N.)

EUA podem estar perto de um grave choque econômico, diz The Economist

O tarifaço de Trump e os limites do poder dos Estados Unidos – blog da  kikacastro

Charge do J.Bosco (O Liberal)

The Economist
Editorial

Há cinco anos, quando a pandemia fechou a economia global, os economistas recorreram a novas medidas, como dados de mobilidade e reservas em restaurantes e cinemas, para acompanhar o fechamento em tempo real. Agora, o mundo está desesperado para avaliar os danos causados pelas tarifas excessivas de Donald Trump sobre as importações chinesas, e os especialistas estão novamente usando técnicas inovadoras.

Suas descobertas sugerem que a maior economia do mundo ainda não está cambaleando. Mas os problemas estão chegando.

PREOCUPAÇÃO – Mesmo antes da implementação das tarifas recíprocas em 9 de abril, as pesquisas sugeriam que os consumidores e as empresas americanas estavam preocupados. De acordo com uma pesquisa da filial de Dallas do Federal Reserve, a produção industrial caiu para um nível recorde em abril.

E os números divulgados em 30 de abril mostraram que o PIB dos Estados Unidos contraiu 0,3% em termos anualizados. O déficit comercial aumentou à medida que as empresas correram para acumular estoques de produtos estrangeiros antes da entrada em vigor das tarifas.

Os dados em tempo real permitem que os economistas vejam o que aconteceu desde então. Alguns indicadores de alta frequência sugerem um impacto limitado da guerra comercial até o momento.

FATOR NAVEGAÇÃO – Na semana que terminou em 25 de abril, dez navios porta-contêineres, transportando 555 mil toneladas de mercadorias, chegaram aos portos de Los Angeles e Long Beach − os portões de entrada preferidos dos EUA para mercadorias da China.

Esse número é praticamente o mesmo de um ano atrás. Mas a navegação entre a China e a costa oeste dos Estados Unidos leva de duas semanas a 40 dias. Muitos navios de carga que chegam agora partiram antes do início das tarifas.

Outras leituras parecem mais assustadoras. As reservas para novas viagens entre a China e os Estados Unidos caíram 45% em relação ao ano anterior na semana que começou em 14 de abril, de acordo com a Vizion, uma empresa de dados. O número de viagens em branco, quando um navio pula um porto ou uma transportadora opera menos navios em uma rota para equilibrar o serviço, aumentou para 40% de todas as viagens programadas.

DESCE E SOBE – O custo da navegação entre Xangai e Los Angeles caiu em cerca de US$ 1 mil por contêiner no último mês, de acordo com a Freightos, uma empresa de logística, já que as empresas passaram a evitar as tarifas.

O preço do transporte de mercadorias do Vietnã para os Estados Unidos aumentou em um valor semelhante, o que sugere que os importadores têm procurado fornecedores alternativos.

Os choques comerciais demoram para se propagar pela economia, o que significa que a extensão total dos danos ainda pode demorar um pouco. As empresas podem contar com seus estoques por um tempo, por exemplo; a demanda por armazéns alfandegados, que permitem que as empresas armazenem mercadorias perto dos portos e paguem à alfândega somente quando elas forem liberadas, aumentou.

MANTER PREÇOS – Muitas empresas também estão optando por não aumentar os preços − o que, em teoria, deveriam fazer, para racionar seus estoques − porque estão vinculadas a contratos pré-existentes ou querem preservar o relacionamento com os clientes, caso Trump mude de ideia.

E uma pausa de 90 dias nas tarifas a outros países asiáticos dará aos importadores a chance de reorganizar a produção. A Apple planeja adquirir mais iPhones para o mercado americano na Índia, por exemplo.

No entanto, a flexibilidade das cadeias de suprimentos tem limites. Estudos sobre as tarifas, muito mais modestas impostas durante o primeiro mandato de Trump, mostram que elas acabaram sendo repassadas integralmente aos consumidores americanos. Demorou cerca de um ano para as empresas encontrarem fornecedores alternativos.

DE SURPRESA – No curto prazo, a incerteza criada pelas políticas erráticas de Trump pegou muitas empresas de transporte marítimo desprevenidas, diz Peter Sand, da Xeneta, uma consultoria de logística, mesmo depois de uma década de problemas causados pela pandemia, um bloqueio do Canal de Suez e ataques Houthi no Mar Vermelho.

Em uma reunião da diretoria em 24 de abril, o chefe do Porto de Los Angeles alertou que as concessões temporárias são muito breves para que muitas empresas adequem suas compras.

Isso afetará a economia, mesmo que os Estados Unidos acabem cancelando suas medidas mais punitivas. Os navios que não partiram a tempo chegarão com atraso, ou nem chegarão. Os estoques serão reduzidos. Muitas empresas terão congelado seus planos de investimento e contratação, que podem demorar a ser retomados.

RÁPIDO ACERTO? – Esses custos econômicos poderiam levar a um rápido acerto de contas político? Os comerciantes livres que esperam que isso aconteça podem se decepcionar.

Um artigo recente de David Autor, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e seus colegas constatou que a maioria dos lugares prejudicados pelas tarifas impostas por Trump durante seu primeiro mandato se tornaram republicanos desde então.

Os autores especulam que os eleitores podem ter pensado que era importante “confrontar” a China, apesar dos custos. Os Estados Unidos ainda não estão sofrendo com uma tempestade comercial autoinfligida. Mas a previsão para o transporte marítimo não é boa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG Outros indicadores mostram que a economia da China não está sendo tão duramente atingida como Trump esperava, devido ao colchão do gigantesco mercado interno, criado pela elevação de salários. Vamos deixar o tempo passar e as coisas se acomodarem, se Trump não continuar atrapalhando. (C.N.).

“Se Congresso aprovar anistia, ninguém tem que se meter”, afirma Bolsonaro

Bolsonaro descumpre orientação médica e sobe em trio no ato por anistia em  Brasília - Estadão

Bolsonaro, Michelle e Malafaia deram um recado ao Supremo

Guilherme Caetano, Weslley Galzo e Gabriel de Sousa
Estadão

Em ato na capital federal nesta quarta-feira, 7, o ex-presidente Jair Bolsonaro, descumprindo recomendação médica, subiu no carro de som e voltou a defender a anistia dos acusados de envolvimento no 8 de Janeiro. Bolsonaro afirmou que se o projeto que livra da punição os condenados pelos atos extremistas for aprovado no Congresso não poderá haver qualquer contestação dos demais Poderes.

“Anistia é um ato político e privativo do Parlamento brasileiro. Se o Parlamento votou, ninguém tem que se meter em nada, tem que cumprir a vontade do parlamento, que representa a vontade da maioria do povo brasileiro”, disse.

RECADO AO SUPREMO – A declaração vem como recado ao Supremo Tribunal Federal, corte em que ministros têm se pronunciado contra a anistia dos condenados.

No breve discurso em cima de um carro de som, Bolsonaro comemorou a adesão dos manifestantes numa quarta-feira em Brasília. “Quem esperava um público como esse, em Brasília, no meio de uma semana? Ninguém esperava. Pouca gente esperava isso. A presença de vocês aqui é a certeza de que estamos no caminho certo”.

Essa é a primeira manifestação bolsonarista em Brasília desde a que culminou na depredação dos prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. O mote do ato foi justamente o perdão aos condenados no STF pelo vandalismo em Brasília.

PROCESSO SUSTADO – Logo após a fala de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia anunciou que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara havia aprovado projeto que susta a ação penal aberta pelo Supremo Tribunal Federal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).

O projeto também beneficiaria Bolsonaro, também réu na ação penal. O texto ainda vai ser submetido ao plenário da Câmara.

Durante a caminhada dos manifestantes da Torre de TV até a pista na frente do Congresso, políticos se revezaram em discursos. A primeira-dama Michelle Bolsonaro aproveitou para citar dois ministros do STF: Gilmar Mendes e Luiz Fux.

MULHER DO BATOM – De Gilmar, Michelle citou voto em que liberou da prisão a ex-primeira-dama do Rio de Janeiro Adriana Ancelmo, presa por corrupção.

Michelle citou o exemplo para defender que a bolsonarista Débora dos Santos, condenada a 14 anos de detenção, também seja beneficiada e não corra o risco de voltar para a cadeia. Ela cumpre prisão domiciliar. Débora participou dos atos de 8 de Janeiro e usou um batom para pichar estátua na frente do STF.

“Gilmar Mendes argumentou que a prisão de mulheres grávidas ou com filhos sob os cuidados delas é absolutamente preocupante”, disse Michelle.

ELOGIO A FUX – Mais adiante, Michelle acrescentou: “Pois bem, meus amados, Débora pegou dois anos de prisão, está em casa, pode voltar para a cadeia, tem dois filhos pequenos. Por que a balança só pesa para um lado?”, disse Michelle. Sobre Fux, a mulher de Bolsonaro agradeceu pelo fato de o ministro do STF defender revisão do tamanho das penas.

Em uma fala rápida, Malafaia também distribuiu afagos a Fux. Segundo o pastor, o ministro “acabou com a farsa do golpe” e “desmascarou” Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe. No mesmo tom de Bolsonaro, o líder religioso disse que a anistia é privativa do Congresso e que o STF não pode “meter o bedelho”.

“Anistia é exclusiva do Poder Legislativo, STF não pode meter o bedelho. O STF pode condenar a 200 anos quem ele quiser. Acabou, a partir daí é Congresso Nacional”, disse Malafaia.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A coisa está crescendo e exibe um país tristemente dividido entre um presidente de passado nebuloso, com um currículo que mais parece uma folha corrida e que cumpriu 580 dias de prisão, e um militar reformado por má conduta, parlamentar rachadista de péssima categoria e negacionista da ciência. Como explicar às novas gerações este fracasso da política brasileira? (C.N.)

Quando Lula for escolhido Papa, seu irmão Frei Chico será indicado para carmelengo

Quem é Frei Chico, irmão de Lula e dirigente de sindicato alvo de operação  no INSS

Papa Tudo Lula e Frei Chico: cara de um, focinho do outro

Vicente Limongi Netto

Quando anunciei aqui na Tribuna que o novo Papa será brasileiro e atenderá pelo nome de Papa Tudo Lula, a repercussão foi enorme. Leitores cobraram o destino do irmão mais velho do presidente, Frei Chico, que aos 83 anos trabalha incansavelmente como sanguessuga de aposentados e pensionistas.

É certo que o piedoso Frei Chico também vai ter oportunidade de demonstrar sua sabedoria e seu profissionalismo. E o mais provável é que ganhe a função de carmelengo. Sem perceber do que se tratava, ficou furioso. Não sabia que carmelengo era o gerente do Vaticano, pensou que era carnegão ou mamulengo.

AIATOLÁS DO SUPREMO – Com o Brasil dando mal exemplo, em todos os setores, em detrimento da sociedade, estourando escândalos, fraudes e golpes toda hora, consultei meu precioso espelho, na frente do meu umbigo, para saber o que os impolutos e intocáveis ministros do STF estão achando da tensa quadra atual brasileira. Ouvi então suas santidades da Suprema Corte, autênticos e intocáveis “Aiatolás”, na notável definição do senador Ciro Nogueira (PP-PI) (Correio Braziliense – coluna Eixo Capital- 07/05). Foram taxativos: Estão com remorso e arrependidos de tirar Lula da cadeia, onde cumpria pena de 12 anos. 

ENDIVIDAMENTO CRESCE – A Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor registrou alta no endividamento das famílias brasileiras em abril. Segundo o levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77,6% dos lares declararam possuir algum tipo de dívida, patamar superior ao mês de março (77,1%). Ainda assim, o percentual é menor que em abril do ano passado, quando chegou aos 78,5%.

O dado mais preocupante, no entanto, é a elevação da inadimplência. O percentual de famílias com dívidas em atraso atingiu 29,1%, retornando ao nível observado em janeiro. 

FALSOS ANALISTAS – Sábios da Globonews, fantasiados de analistas, estão perto de atear fogo às vestes. O chefão da patota recalcada, o destrambelhado e valentão por correspondência, Otávio Guedes, admite cortar os pulsos. É o caminho mais curto para o inferno. 

Motivo do abissal desespero dos histéricos e das histéricas: não admitem que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha decidido pela prisão domiciliar ao ex-presidente Collor. É assim que toca a banca enferrujada do jornalismo capenga e rancoroso da Globonews. 

DIA DAS MÃES – Mãe é a semente divina germinando vidas. O porta-retrato da ternura. É o frescor cativante da solidariedade e do amor. Mãe é o acolhimento diário dos bons exemplos e da bondade. Mãe é aquela que reflete a alma amoroso e o carinho infinito. É a energia forjando o caráter. Mãe é a protetora nos obstáculos.

Mãe é quem alimenta esperanças e otimismo. É ela que abranda o coração nas aflições. Mãe é quem deixa de comer para dar aos filhos. Mãe só dorme quando o filho chega em casa. Quer saber se o filho está mesmo bem. É a sensatez fortalecendo atitudes. Mãe é a fortaleza que navega no espírito do filho. Mãe é o porto seguro da dignidade. 

Bolsonaro e Motta discutem sozinhos a anistia, mas não chegam a consenso

Já levei facada na barriga, e hoje foi nas costas', diz Bolsonaro após  decisão do TSE | Jovem Pan

Bolsonaro confirma a reunião com Motta, fora da agenda

Marianna Holanda
Folha

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), esteve na tarde desta quarta-feira (9), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para uma conversa sobre o projeto de lei que dá anistia aos presos no 8 de janeiro.

O encontro ocorre em meio à força-tarefa do PL para alcançar as 257 assinaturas do requerimento de urgência para levar o projeto direto para análise do plenário. Hoje há o apoio de 246 deputados, mas aliados de Motta dizem que isso por si só não é garantia de que ele coloque a proposta para votação.

CARA A CARA – Só os dois estiveram presentes na reunião, que não se sabe onde ocorreu. Bolsonaro confirmou o encontro no podcast Direto de Brasília.

“Desde a campanha, ele fala ‘a maioria dos líderes querendo priorizar uma pauta, nós vamos atender à maioria’. Ele não participa da votação, tanto é que o voto foi pela abstenção. Não precisa lembrá-lo disso aí, ele sabe bem o que está acontecendo. Se a gente conseguir assinatura, ele vai botar em votação, tenho certeza disso”, disse.

Como mostrou a Folha, o PL decidiu recuar da estratégia de emparedamento após uma semana de obstrução de votações na Câmara, do ato na avenida Paulista, em São Paulo, com discursos mirando o presidente da Casa e da promessa de divulgação dos nomes de indecisos.

LISTA DE APOIO – A mudança de rota teria ocorrido com o aval de Bolsonaro, que bateu martelo em reunião da oposição na última terça-feira (8). A lista de apoio seria uma forma de aumentar a pressão da militância em cima desses parlamentares —algo que desagrada muito os deputados.

Segundo relatos, o ex-presidente e os parlamentares receberam avaliações de que a obstrução da semana passada deixou contrariados muitos deputados que poderiam ter assinado o requerimento de urgência, sobretudo pela paralisação nas comissões. Os presidentes de colegiados também demonstraram muita irritação.

A obstrução consiste no uso de manobras regimentais para impedir ou protelar votações no Congresso.

PEDINDO APOIO – Assim, a leitura é de que é preciso adotar uma estratégia menos ostensiva e mais no varejo. Cada parlamentar tem feito um esforço de buscar deputados de sua bancada estadual que ainda não estão convencidos para pedir apoio.

Para isso, contam também com o apoio dos governadores que estiveram presentes no ato de domingo (6). Bolsonaro, no encontro, elogiou o discurso de Altineu Côrtes (PL-RJ), vice-presidente da Casa, que afirmou no ato que Motta “será pautado pela maioria da Câmara dos Deputados”.

Depois, o parlamentar chamou um a um dos sete governadores no carro de som para perguntar se os seus partidos apoiavam à pauta, ao que todos responderam “sim”. Em outra frente, o líder do PL, Sóstenes Cavalcanti (RJ), foi ao aeroporto recepcionar os parlamentares que chegavam a Brasília na terça para pedir apoio ao requerimento de urgência.

Faça como Ariano, seja contra a morte, não tenha medo de morrer e viva para sempre

Ariano Suassuna sabia viver bem-humorado

Paulo Peres
Poemas & Canções

O dramaturgo, romancista e poeta paraibano Ariano Vilar Suassuna (1927/2014), membro da Academia Brasileira de Letras e considerado um dos maiores intelectuais brasileiros, explicou, sob a forma de soneto, as razões que o levavam a nunca envelhecer.

ABERTURA SOB PELE DE OVELHA
Ariano Suassuna

Falso Profeta, Insone, Extraviado,
Vivo, Cego, a sondar o Indecifrável:
e, jaguar da Sibila – inevitável,
meu Sangue traça a rota desse Fado.

Eu, forçado a ascender, eu, Mutilado,
busco a Estrela que chama, inapelável.
E a pulsação do Ser, fera indomável,
arde ao Sol do meu Pasto – incendiado.

Por sobre a Dor, Sarça do Espinheiro
que acende o estranho Sol, sangue do ser,
transforma o sangue em Candelabro e Veiro.

Por isso, não vou nunca envelhecer:
com meu Cantar, supero o Desespero,
sou contra a Morte e nunca hei de morrer.

Irregularidades fazem juiz suspender a compra do Banco Master pelo BRB

Justiça do DF concede liminar contra conclusão da compra do Master pelo BRB  | Finanças

Negócio mal explicado indica que existe uma “armação”

André Richter
Agência Brasil

A Justiça do Distrito Federal concedeu liminar nesta terça-feira (6) para impedir a assinatura do contrato definitivo para compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB), instituição financeira pública ligada ao governo do Distrito Federal.

A decisão foi assinada pelo juiz Carlos Fernando Fecchio dos Santos, da 1ª Vara da Fazenda Pública, e atendeu ao pedido de liminar protocolado pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

NEGOCIAÇÃO SEGUE – Apesar de impedir a assinatura definitiva da compra, o juiz liberou a tramitação dos atos necessários e preparatórios para concretização do negócio.

Na semana passada, os promotores do caso solicitaram que o BRB seja impedido de assinar o contrato definitivo de compra de parte das ações e apontaram irregularidades na operação.

Os promotores afirmaram que a deliberação do Conselho de Administração do BRB que aprovou a compra sequer mencionou a operação com o Banco Master. Além disso, a decisão não foi tomada pela assembleia de acionistas. O MPDFT também alega que a negociação precisa ser aprovada pela Câmara Legislativa do DF.

PREJUÍZOS FUTUROS – Na decisão, o magistrado entendeu que a liminar de suspensão deve ser concedida para evitar “prejuízos futuros à coletividade”.

“Vislumbra-se, dessa forma, direito plausível nas alegações do órgão ministerial. Por outro lado, o risco da demora está na possiblidade de o contrato definitivo ser assinado antes de que o Judiciário possa, de forma exauriente, se debruçar sobre os pontos lançados na peça vestibular”, justificou o juiz.

Em março deste ano, o BRB anunciou a intenção de comprar o Banco Master por R$ 2 bilhões. O BRB ficaria com 58% do capital total e 49% das ações ordinárias do Master. A operação depende de autorização do Banco Central.

CONDICIONAMENTO – Em nota, o BRB declarou que tomou conhecimento da decisão judicial e reforçou que a operação de compra está condicionada ao cumprimento das etapas da operação e às aprovações regulatórias.

“O BRB reitera que a transação permanece condicionada ao cumprimento de etapas e aprovações regulatórias e reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e o respeito às instituições competentes”, declarou o banco.

O negócio é considerado polêmico porque o Banco Master tem uma política agressiva para captar recursos, oferecendo rendimentos de até 140% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI) a quem compra papéis da instituição financeira, bastante superiores às taxas médias para bancos pequenos, em torno de 110% a 120% do CDI.

DESCONFIANÇA – O banco Master também enfrenta a desconfiança do mercado financeiro. Recentemente, a instituição tentou uma emissão de títulos em dólares, mas não conseguiu captar recursos.

Operações do banco com precatórios (títulos de dívidas de governos com sentença judicial definitiva) e direitos creditícios (créditos a receber) também aumentaram dúvidas sobre a situação financeira da instituição, que pode sofrer intervenção do Banco Central, caso não seja adquirida pelo BRB ou outra instituição.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Parodiando o velho ditado alemão, podemos dizer que ainda há juízes em Brasília. No caso, é a primeira instância que dá lições à última. (C.N.)

Enquanto Lula oscila, seus adversários seguem unidos para derrotá-lo em 2026

As valiosas opiniões do cacique Kassab – Esfera Brasil

Kassab, do PSD, já desistiu de apoiar a reeleição de Lula

Dora Kramer
Folha

Governantes com direito à reeleição, regra geral, não antecipam a desistência de disputar o segundo mandato porque isso reduz a tão falada expectativa, essencial ao exercício do poder. Promessas de que ficarão só um período são de utilidade restrita às conveniências de campanhas.

Luiz Inácio da Silva (PT) já fez os dois movimentos e, no curso do governo, tem oscilado entre eles. Ora indica que pode não ir, ora assegura que irá como em recente em reunião com parlamentares aos quais se disse “candidatíssimo”.

SEMPRE EM DÚVIDA -Os presentes ao encontro acreditaram que ele gostaria de concorrer em 2026, mas nenhum deles deixou de ter dúvida acerca dessa possibilidade caso as condições sejam desfavoráveis.

Hoje são adversas, conforme demonstrado no anúncio da federação União Progressista, em que dois partidos (União e PP), detentores de ministérios e de cargos governo adentro, divulgaram um manifesto de cunho francamente oposicionista.

O texto enaltece o Plano Real —cujos 30 anos, em 2024, foram ignorados pelo governo— e prega um “choque de prosperidade” a partir de receita liberal avessa ao pensamento petista. O slogan ecoa o “choque de capitalismo” defendido por Mario Covas (1930-2001) nos primórdios do PSDB, então antagonista do PT.

KASSAB VAI APOIAR – Na cerimônia da UP em Brasília estavam outros dois partidos da suposta base governista (MDB e Republicanos), enquanto o presidente de um terceiro (PSD), Gilberto Kassab, anunciava em São Paulo apoio a qualquer candidato de centro-direita que dispute um eventual segundo turno com Lula.

Na mesma semana, os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Junior (PSD-PR) posavam abraçados em eventos importantes do agronegócio. Ao mesmo tempo, políticos desse campo explicitam cada vez mais o desejo de Jair Bolsonaro (PL) liberar Tarcísio de Freitas (Republicanos) para desistir da reeleição em São Paulo e testar a Presidência.

A direita arquiteta sua frente ampla, deixando a Lula a tarefa de correr atrás do centro que em 2022 foi atraído por ele.

Após saída de Lupi, governo Lula tenta conter crise no INSS e evitar CPI

Charge do Cazo (blogdoaftm.com.br)

Pedro do Coutto

Um enigma do PT: por que alguns ministros corruptos sobrevivem e outros não?

Um homem com cabelo grisalho e barba, vestindo um terno azul e uma camisa clara, está sentado em uma mesa. Ele está tocando seu rosto com a mão, parecendo pensativo ou reflexivo. O fundo é neutro e desfocado, sugerindo um ambiente formal, possivelmente uma reunião ou audiência.

Lupi, do PDT, já foi demitido duas vezes por corrupção

Marcus André Melo
Folha

Carlos Lupi entrou para a história como o ministro que foi demitido duas vezes pela mesma razão: o envolvimento em escândalos de corrupção. O impacto potencial é considerável, como mostrei aqui na coluna. Seu companheiro de ministério, Juscelino Filho, já foi despachado também devido a escândalos, revivendo episódios semelhantes no governo Dilma quando sete ministros caíram pelas mesmas razões.

Por que alguns ministros permanecem no cargo durante todo o mandato enquanto outros foram substituídos?

GOVERNO DE COALIZÃO – Os ministérios são parte essencial do funcionamento do presidencialismo de coalizão. Servem como instrumentos para a montagem de coalizões junto com as emendas orçamentárias e cargos federais em estatais e alta administração, como mostrei aqui. Além de escândalos, há outros fatores que importam para a sobrevivência dos ministros. Explico com evidências.

Parte da resposta podemos vislumbrar em pesquisas que coordenei na UFPE mostramos que entre 1995 e 2014 (de FHC1 a Dilma 1), houve 278 titulares de ministérios, dos quais pouco mais da metade (52%) 145 foram substituídos.

No período ocorreram 54 escândalos de corrupção envolvendo 19 ministros e que levaram à demissão de 14 deles. Há uma concentração de demissões em um conjunto de pastas ministeriais: da Previdência (9), Justiça (9), Agricultura (8), Trabalho (7) e a Secretária de Relações Institucionais, com respectivamente (7). E há um padrão temporal: tendem a ocorrer no primeiro ano de governo.

POPULARIDADE – Um modelo estatístico de análise de sobrevivência mostra que quanto menor a popularidade presidencial maior a volatilidade de ministros no cargo. Como ocorre agora com Lula 3.

A mediana de sobrevivência dos ministros no cargo é de 546 dias, ou seja. metade dos ministros são substituídos após pouco menos de dois anos no cargo. Segundo o TCC de Camila Bivar, a volatilidade concentra-se em pastas de parceiros da coalizão, e é 4% menor naquelas onde os ministros são do partido do presidente. Isto acentua-se em governos do PT nos quais o partido ocupa número desproporcional de pastas. A volatilidade é maior também quando os ministros provem de partidos que são ideologicamente distantes do presidente.

SEM FILIAÇÃO – Os titulares de pastas que não são afiliados a partidos políticos têm um risco consideravelmente menor (25%) de serem substituídos do que os afiliados a partidos, ou seja, a volatilidade é de natureza política, relacionada com o gerenciamento da coalizão.

A proporcionalidade entre pastas alocadas a um partido e cadeiras ocupadas que ocupa na Câmara é um preditor importante da rotatividade dos ministros no cargo – quanto maior a proporcionalidade, maior o risco de substituição de ministros. E mais: a rotatividade individual aumenta, mas os cargos permanecem com o partido ao qual a pasta foi alocada.

E A CORRUPÇÃO? – O envolvimento em corrupção na queda de ministros não é variável relevante para todo o período. A probabilidade é 16 vezes menor sob Lula 1, e 8 vezes menor sob Lula 2, do que em Dilma 1.

O que revela sua estratégia de reduzir sua dependência do PMDB. E mais, as demissões ocorreram antes que o governo completasse mil dias.

Não dispomos de dados para Dilma 2 em diante, quando começa um período marcado por choques no equilíbrio de presidente forte vigente que examinei aqui. Mas a semelhança entre Lula 3 e Dilma 1 sugere instabilidade.

Na véspera do ato em Brasília, Motta fez aceno a bolsonaristas sobre PL da Anistia

Favorito na disputa pela presidência da Câmara, Hugo Motta promete ao PT  novo rito para medidas provisórias | Política | Valor Econômico

Motta tenta embromar os bolsonaristas, mas está difícil

Gustavo Zucchi
Metrópoles

Na véspera do ato pró-anistia em Brasília, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), fez um gesto à bancada bolsonarista da Casa em relação ao tema.

Nesta terça-feira (dia 6), segundo apurou a coluna, Motta pediu a lideranças aliadas a Jair Bolsonaro que lhe mostrassem o texto desejado pela oposição no Congresso para o projeto da anistia.

De acordo com bolsonaristas, a liderança oposicionista entregou ao presidente da Câmara um texto chancelado por Bolsonaro, considerado internamente pela oposição como uma versão “light”.

SEM OPINAR – Motta, segundo relatos, não emitiu opinião sobre o texto. Disse apenas que conversaria com aliados sobre o conteúdo e que voltaria a procurar lideranças bolsonaristas quando tivesse uma posição.

Internamente, o PL pretende insistir com Motta na votação de um texto que comece pela Câmara. Especialmente após o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), articular um novo projeto com membros do STF.

Senadores chegaram a procurar o líder do partido de Bolsonaro na Câmara, o deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), com um texto que, supostamente, estaria sendo construído por Alcolumbre. O deputado reagiu e respondeu que o PL não aceitaria o projeto, pois, em sua avaliação, o texto parecia escrito pelo próprio ministro Alexandre de Moraes e trazia a “narrativa” do Supremo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O ato convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para a tarde desta quarta-feira, quando há maior número de parlamentares em Brasília, não vai avançar até a frente da Câmara. Os manifestantes se concentram na praça da Antena de TV, no centro, e depois rumam para o Congresso, mas ficarão parados do lado esquerdo, onde há o estacionamento da Câmara. Quanto a Hugo Motta, ele sabe que não pode travar o projeto eternamente, porque a anistia é a única proposta que tem carimbo de “urgência urgentíssima” e tem prioridade absoluta na pauta. Mais cedo ou mais tarde, ele será obrigado a colocar a anistia em pauta.

Polícia Federal prende envolvidos em outras fraudes contra a Previdência Social

Agentes federais fizeram buscas em endereços de Belo Horizonte, Contagem e Betim

Agentes fizeram buscas em Belo Horizonte, Contagem e Betim

Deu no Estadão

A Polícia Federal em Minas prendeu nesta terça-feira, dia 6, três investigados da Operação Egrégora sob suspeita de desvios de R$ 11,5 milhões dos cofres do INSS por meio da ‘criação’ de idosos fantasmas para recebimento de benefícios assistenciais destinados a pessoas de baixa renda. Os agentes federais fizeram buscas em oito endereços de Belo Horizonte, Contagem e Betim.

O INSS está sob investigação da Operação Sem Desconto, missão integrada da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União que descortinou um rombo de R$ 6,3 bilhões contra milhares de aposentados em todo o País. O escândalo levou à queda do presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto, e do ministro Carlos Lupi (Previdência).

FALSIFICAÇÕES MÚLTIPLAS – A Operação Egrégora derrubou um grupo que criava pessoas fictícias, falsificando certidões de nascimento, documentos de identidade e comprovantes de residência para fraudar o INSS.

A maioria das fraudes envolvia benefícios assistenciais para idosos de baixa renda. Dez idosos se passaram por 40 pessoas fictícias. Os fraudadores receberam valores indevidos por quase 20 anos.

A Operação Egrégora mobilizou agentes da PF e da Coordenação-Geral de Inteligência da Previdência Social (CGINP) do Ministério da Previdência Social.

Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Criminal da Justiça Federal de BH. Os investigados poderão responder pelos crimes de estelionato qualificado e associação criminosa.

A PF estima que, além do prejuízo de R$ 11,5 milhões causado à União, a Operação Egrégora evitou um prejuízo adicional superior a R$ 5,2 milhões aos cofres públicos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Há uma diferença entre as fraudes. Nessa modalidade de idosos fantasmas, praticada em Minas, três já foram presos. Na outra modalidade, o desconto nas aposentadorias e pensões, ninguém vai preso porque os crimes são praticados por sindicalistas ligados ao PT. Entenderam a  diferença de tratamento? (C.N.)

É a lama! Frei Chico, irmão de Lula, recebe propina desde o tempos da Odebrecht…

O sindicalista José Ferreira da Silva, o Frei Chico, em frente à superintendência da PF em Curitiba (PR), durante a prisão de Lula

Sindicato de Frei Chico é “recordista mundial” em filiações

 

André Shalders
Estadão

O Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), entidade que tem como vice-presidente um irmão do presidente Lula (PT), é mencionado em um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) publicado nesta terça-feira (06). Segundo a CGU, a entidade não entregou a documentação completa de nenhum dos 19 nomes de uma amostra dos aposentados dos quais faz descontos. O Sindnapi tem como vice-presidente o sindicalista José Ferreira da Silva, o “Frei Chico”, de 83 anos.

Em nota à reportagem, o Sindnapi disse “rechaçar” o relatório da CGU. A entidade disse possuir o protocolo de envio dos documentos completos solicitados pelo órgão de controle. “Temos as 19 fichas, todas assinadas digitalmente”, disse a entidade.

FRAUDES CRESCENTES – Como mostrou o Estadão, os valores repassados pelo governo federal ao Sindinapi cresceram 564% de 2020 para 2024, a partir dos descontos nos contracheques dos aposentados. Em 2020, o Sindnapi recebeu R$ 23,3 milhões com esse tipo de desconto.

No ano passado, o montante já tinha subido para 154,7 milhões. A entidade é investigada na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União.

O relatório da CGU analisou 29 entidades com as quais o INSS mantinha acordos de cooperação técnica, os chamados ACTs. É a partir deste tipo de acordo que as entidades passam a ter a possibilidade de fazer descontos dos contracheques dos aposentados. Para o desconto ser legal, a entidade precisa comprovar a adesão do aposentado por meio de cópias de documentos e assinaturas.

MILHÕES DE VÍTIMAS – Em setembro de 2024, essas 29 entidades tinham 5,9 milhões de aposentados como associados. Naquele mês, obtiveram R$ 229,4 milhões a partir dos descontos nas aposentadorias, segundo a CGU.

No relatório, a CGU constatou que as entidades só tinham a documentação adequada e as assinaturas de 28,9% dos aposentados na amostra aleatória de 952 nomes analisada. Ou seja: os descontos eram irregulares em 71,1% dos casos.

O Sindnapi de Frei Chico, sediado no centro de São Paulo (SP), não conseguiu demonstrar a regularidade em nenhum dos 19 casos analisados na amostra da CGU. Neles todos, a documentação apresentada pela entidade foi considerada “incompleta” pelo órgão de controle.

RECORDE MUNDIAL – A CGU também listou o Sindnapi entre as entidades que fizeram mais de 50 mil filiações de novos associados em um único mês. Segundo a CGU, esse volume equivaleria a 2.500 novas filiações/autorizações por dia, em um mês com 20 dias úteis – um volume inalcançável.

No caso do Sindnapi, foram feitas 67.255 novas inclusões no mês de julho de 2023, o equivalente a uma média de 3.202 novas filiações processadas por dia útil.

Por fim, a CGU recomendou ao INSS que pare de realizar os descontos em nome do Sindnapi nos casos analisados, e que impeça a entidade de fazer novos descontos de mensalidades. Também recomendou que o caso dessa e de outras entidades seja encaminhado ao Ministério Público.

OUTROS FRAUDADORES – Além do Sindinapi de Frei Chico, o relatório da CGU também analisou a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), uma das principais entidades de trabalhadores rurais.

No caso da Contag, a amostra de beneficiários analisada foi de 29 pessoas. Para 20 delas (69%), a entidade forneceu a documentação completa. Em seis casos (21%) a documentação estava incompleta, e em 3 casos (10%), os documentos não foram enviados.

Mas no relatório a CGU destaca não ter analisado a “fidedignidade” da documentação fornecida pelas entidades que foram auditadas. A auditoria da CGU constatou a “fragilidade dos controles adotados pelo INSS” para processar os descontos dos associados. O descontrole é atestado pelo “baixo índice de entidades que disponibilizaram a documentação que dá suporte aos requerimentos”.

SUSPENDER TUDO – No relatório, a CGU recomenda ao INSS que suspenda, temporariamente, todos os descontos dos benefícios dos aposentados. Também pede que o órgão previdenciário elabore um plano para ressarcir os aposentados lesados.

“Destaca-se que, para 373 beneficiários (39,2%), não houve o envio da documentação que evidenciasse a autorização do referido desconto, sendo que oito entidades não enviaram nenhuma documentação, quais sejam: Absp/Aapen, Abapen, Abcb, Abenprev, Masterprev, Unaspub, Unibap E Unsbras/Unabrasil”, destaca um trecho do relatório da CGU.

“Diante do exposto, o argumento de disponibilização de serviço ao beneficiário, qual seja, a possibilidade de desconto de mensalidade associativa diretamente em seu benefício, não justificaria os riscos impostos aos segurados do INSS de terem implementado em seus benefícios descontos não autorizados”, destaca a CGU.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa fraude foi incentivada pelo governo do PT para enriquecer os sindicatos, que estavam falindo por conta do fim do imposto obrigatório. A participação de Frei Chico apenas confirma sua biografia. Ele foi denunciado na Lava Jato em 2019. O Ministério Público Federal descobriu que o irmão de Lula recebeu pagamentos da Odebrecht entre 2003 e 2015. Os pagamentos, divididos em parcelas, teriam somado R$ 1,1 milhão. Lula e Frei Chico são irmãos em tudo, se é que vocês me entendem. (C.N.)

Julgamento do golpe pode manter ou derrubar Tarcísio como sucessor de Bolsonaro

O governador Tarcísio de Freitas, em ato pró-anistia convocado por Jair Bolsonaro em São Paulo

Tarcísio tem apoiado Bolsonaro em todas as oportunidades

Bela Megale
O Globo

O governador paulista Tarcísio de Freitas terá a chance de se consolidar de vez como a opção de Jair Bolsonaro para disputar a Presidência, ou se afastar da disputa de 2026. É essa a leitura entre aliados e auxiliares do ex-presidente sobre o depoimento de Tarcísio no Supremo Tribunal Federal (STF).

O governador foi um dos 15 indicados pela defesa do ex-presidente  para falar em seu favor no julgamento da tentativa de golpe.

OPORTUNIDADE  – A avaliação do grupo de Bolsonaro é que as declarações de Tarcísio, a depender da maneira como ele enfatizará a defesa do ex-presidente, serão a principal oportunidade para o governador se consolidar como seu sucessor na próxima eleição presidencial.

Mesmo com Tarcísio afirmando que pretende concorrer à reeleição do Palácio dos Bandeirantes, aliados do governador avaliam que, se o governo Lula estiver mal avaliado e a economia abalada, o governador vai se dedicar para ser o candidato de Bolsonaro ao Palácio do Planalto.

Como se sabe, o ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral e não poderá concorrer até 2030.

DEPOIMENTOS PRIVADOS – Os depoimentos de defesa, no entanto, podem não ter o resultado esperado pelo ex-presidente Bolsonaro e seus aliados. Diferentemente do julgamento que aceitou a denúncia, que foi exibido na televisão, essas oitivas acontecem de maneira privada, e são conduzidas por um dos juízes auxiliares de Alexandre de Moraes.

Tarcísio de Freitas e os outros indicados serão ouvidos pelo gabinete do ministro-relator e, só depois, o material será juntado ao processo.