Hélio Schwartsman
Folha
Fixar preço do livro priva consumidor de ser beneficiado pelos ganhos de produtividade de empresas
A Amazon vende livros por preços inferiores aos da concorrência e isso estaria matando pequenas e grandes livrarias. A resposta do mundo político a esse dilema é fazer uma lei que proíbe descontos em livros recém-lançados. Hum, complicado…
POSSIBILIDADES – Se a empresa de Jeff Bezos estiver incorrendo em alguma prática anticoncorrencial fixada em lei, que se solte o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) ou mesmo um Alexandre de Moraes em cima dela. Mas, se vende mais barato por ganhos de escala e de eficiência, acho ruim privar o consumidor de ser beneficiado com isso.
Se o, vá lá, capitalismo fez algo de bom para a humanidade, foi criar uma era de prosperidade material sem precedentes. E fez isso principalmente pela via da redução de preços relativos.
Já comentei aqui o livro “Superabundance”, em que os autores se valem de exaustivas listas de preços de commodities e produtos finais calculados em horas de trabalho necessárias para adquiri-los para mostrar como as sociedades ficaram mais ricas ao longo das últimas décadas.
HABITANTE MÉDIO – Num exercício semelhante, Deirdre McCloskey estima que, ao longo dos últimos dois séculos, o habitante médio do planeta viu sua riqueza multiplicar-se por dez, chegando a 30 nos países desenvolvidos.
Esse habitante médio tem hoje acesso a mais bens e serviços do que os mais ricos monarcas do século 18.
Isso não é mérito do capitalismo, mas do desenvolvimento tecnológico, dirá o leitor atento. É um bom argumento, mas que não faz tanta diferença na prática, se considerarmos que o capitalismo é o sistema que mais incentiva a inovação tecnológica e gerencial.
SÉRIE DE ÔNUS – O capitalismo já impõe uma série de ônus a nosso habitante médio do planeta; seria maldade privá-lo do que de positivo esse sistema econômico lhe proporciona.
Quanto às livrarias, não acho que desaparecerão, ainda que o negócio possa ficar menor.
Ir a uma livraria, vasculhar suas estantes e tomar um café é muito mais agradável do que surfar nas páginas da Amazon. Assim como já ocorre com cinemas e restaurantes, o diferencial a monetizar é o passeio.
Totalmente de acordo, mas para resolver mais “este” problema agora só resta ao inimigo da leitura, Stalinácio da Silva criar uma estatal ou agência reguladora, para regular a concorrência na venda de livros. Como também adoro ler e frequentar livrarias e sebos não me preocupo com os preços dos livros.
Senhor Hélio Schwartsman (Folha) , recentemente o congresso nacional renovou a tal ” Lei da desoneração ” de várias empresas do Brasil , sem sequer terem avaliado se tal lei , alcançou seu proposito e objetivo , sendo que o setor editorial de livros não fora contemplado , daí a dificuldade desse setor em oferecer e facilitar o acesso do povo aos seus produtos .