Direita em ruínas: divisão e isolamento corroem projeto bolsonarista

“Polícia e ladrão” é brincadeira de adultos e se chama polarização

Nani Humor: POLARIZAÇÃO

Charge do Nani (nanihumor)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Nos tempos ancestrais, quando crianças brincavam na rua, sem paranoia —hoje, os pais de crianças estão entre os grupos mais paranoicos—, uma brincadeira comum era “polícia e ladrão”. Um grupo de crianças era a polícia e o outro, os ladrões.

Talvez você fosse processado hoje caso brincasse de polícia e ladrão por grupos que defendem o direito de os ladrões serem ladrões, mas o fato é que brincar de polícia e ladrão hoje é assunto para adultos. O nome da brincadeira agora é “polarização”.

REGRESSÃO PSÍQUICA – No fundo, trata-se de uma regressão psíquica em que os sujeitos pretensamente adultos voltam ao pega-pega.

Um traço dessa antiga brincadeira de rua era que não havia um terceiro possível —ou você era polícia, ou você era ladrão. Também no caso da brincadeira de polícia e ladrão para adultos, a polarização, não há uma terceira posição possível. Trata-se, se usarmos expressões chiques, de um não lugar.

Estar no não lugar ou ser um não lugar, implica um processo crescente de silêncio, porque este lugar que é o não lugar tende a ser expulso da linguagem.

SERÃO INIMIGOS – Em breve, estes ocupantes do não lugar serão aqueles que não falaremos o nome por serem inimigos dos dois polos que têm lugar de fala em seus territórios de violência.

Se em algum momento quem ocupa um não lugar foi considerado uma qualidade positiva por não ser reduzido a nenhum dos dois polos regressivos, este logo estará simplesmente em lugar algum por não ter espaço na linguagem pública. E quem não tem espaço na linguagem pública, desaparece com o tempo.

Assim como na brincadeira de rua não havia um terceiro possível, na sua versão para adultos, a tendência é que os dois polos devorem qualquer espaço entre eles. Ou você está conosco, ou com eles. O terceiro possível que se torna, assim, impossível, é sempre um traidor.

JOGO DE LINGUAGEM – A palavra pública na polarização implica um jogo de linguagem em que o terceiro impossível é reduzido a uma forma de linguagem privada, o que por definição não existe, segundo o espírito da filosofia de Wittgenstein.

 

Emudece o mundo que não se define como A ou –A, em que A sou eu e –A, o mal em si. E não há como não emudecer uma vez que, assim como na brincadeira das ruas era impossível não ser polícia ou ladrão, no mundo polarizado dos adultos, a briga é séria, pois o que está em jogo é o monopólio legítimo da violência. E quando este está em jogo, brinca-se para matar.

A catástrofe da política como arte do possível é a igualdade entre política e santidade. Qualquer um que no espectro político não esteja identificado com algum tipo de autodefinido bem será visto como puro pântano, como se dizia nos tempos da revolução francesa acerca do centro político.

LEITURA TEOLÓGICA – Nos tempos ancestrais da leitura teológica de mundo —vale dizer que foi a teologia a primeira a matar a teologia quando esta se fez imanente ao mundo da política—, o terceiro possível era a graça. Apenas ela podia restaurar o mundo. Morto Deus, a política tomou o seu lugar, fazendo-se “des-graça”.

No Brasil de hoje, se você é contra o PT, assume-se que necessariamente você deva ser bolsonarista. O contrário também é fato: se você é contra o bolsonarismo, você deve ser PT. Eis a pobreza de espírito em ação. Não ser nenhum dos dois implica você estar num não lugar.

 

A política como arte do possível está morta quando todos se identificam com uma forma de plenitude moral. Esta arte do possível que é a boa política —que não é a política do bem— só é possível quando os agentes que nela atuam se sabem representantes de seres excluídos, por definição, de qualquer forma de bem que lhe seja intrínseca.

MILITANTES CHATOS – Alguma polarização política sempre existiu quando as pessoas se tornam militantes chatos. Mas, hoje, essa obsessão alcançou níveis antes inimagináveis: até o parecer jurídico no STF é político ou não é nada.

“O juiz que discorda de mim é lixo”, diz a turba. Celebram-se assassinatos de adversários políticos abertamente nas redes e à boca pequena. A polarização destruirá a democracia em breve.

Se a Justiça começar a fechar veículos de imprensa em nome da defesa da democracia, teremos a prova cabal de que tal argumento, “em defesa da democracia”, virou uma chave essencial para a já instalada censura de caráter jurídico no país. A democracia terá degenerado em oligarquia jurídica e num governo desses poucos fazem o que querem com muitos.

O poeta lembrava um tempo em que as pessoas simplesmente desapareciam

Uma (justa) preocupação de Affonso Romano - Rascunho

O poeta Affonso Romano lembrava aquele tempo…

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista e poeta mineiro Affonso Romano de Sant’Anna (1937/2025), no poema “De Repente”, homenageia aqueles que lutaram pela democracia.

DE REPENTE
Affonso Romano de Sant’Anna

De repente, naqueles dias começaram
a desaparecer pessoas, estranhamente.
Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.

Ia-se colher a flor oferta
e se esvanecia.
Eclipsava-se entre um endereço e outro
ou no táxi que se ia.
Culpado, ou não, sumia-se
ao regressar do escritório ou da orgia..
Entre um trago de conhaque
e um aceno de mão, o bebedor sumia.
Evaporava o pai
ao encontro da filha que não via.
Mães segurando filhos e compras,
gestantes com tricôs ou grupo de estudantes
desapareciam.
Desapareciam amantes em pleno beijo
e médicos em meio à cirurgia.
Mecânicos se diluíam
– mal ligavam o torno do dia.
Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.

Desaparecia-se a olhos vistos
e não era miopia. Desaparecia-se
até a primeira vista. Bastava
que alguém visse um desaparecido
e o desaparecido desaparecia.

Desaparecia o mais conspícuo
e o mais obscuro sumia.
Até deputados e presidentes evanesciam.
Sacerdotes, igualmente, levitando
iam, aerefeitos, constatar no além
como os pecadores partiam.

Desaparecia-se. Desaparecia-se muito
naqueles dias.
Os atores no palco
entre um gesto e outro, e os do plateia
enquanto riam.
Não, não era fácil
ser poeta naqueles dias.
Porque os poetas, sobretudo
– desapareciam.

II

Se fosse ao tempo da Bíblia, eu diria
que carros de fogo arrebentavam os mais puros.
em mística euforia. Não era. É ironia.
E os que estavam perto, em pânico, fingiam
que não viam. Se abstraíam.
Continuavam seu baralho a conversar demências
com o ausente, como se ele estivesse ali sorrindo
com suas roupas e dentes.

Em toda a família à mesa havia
uma cadeira vazia, a qual se dirigiam.
Servia-se comida fria ao extinguido parente
e isso alimentava ficções
– nas salas e mentes
enquanto no palácio, remorsos vivos
boiavam
– na sopa do presidente.

As flores olhando a cena, não compreendiam.
Indagavam dos pássaros, que emudeciam.
As janelas das casas, mal podiam crer
– no que viam.
As pedras, no entanto,
gritavam os nomes dos fantasmas
pois sabiam que quando chegasse a hora
por serem pedras, falariam.

O desaparecido é como um rio:
– se tem nascente, tem foz.
Se teve corpo, tem ou terá voz.
Não há verme que em sua fome
roa totalmente um nome. O nome
habita as vísceras da fera
como a vítima corrói o algoz.

E surgiram sinais precisos
de que os desaparecidos, cansados
de desaparecerem vivos
iam aparecer mesmo mortos
florescendo com seus corpos
a primavera dos ossos.

Brotavam troncos de árvore,
rios, insetos e nuvens
em cujo porte se viam
vestígios dos que sumiam.

Os desaparecidos, enfim,
amadureciam sua morte.

Desponta um dia uma tíbia
na crosta fria dos dias
e no subsolo da história
– coberto por duras botas,
faz-se amarga arqueologia.

A natureza, como a história
segrega memória e vida
e cedo ou tarde desova
a verdade sobre a aurora.

Não há cova funda
que sepulte
– a rasa covardia
Não há túmulo que oculte
os frutos da rebeldia.
Cai um dia em desgraça
a mais torpe ditadura
quando os vivos saem à praça
e os mortos, da sepultura.

Câmara articula lei que pode cortar 11 anos da pena de Bolsonaro

BC adia meta de inflação e amplia o peso da conta para trabalhadores

Charge do André Félix (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

O anúncio do Banco Central de que a meta de inflação de 3% ao ano só poderá ser alcançada a partir do primeiro trimestre de 2028 soa como um duro golpe para os assalariados brasileiros. Isso significa que, pelos próximos três anos, o país seguirá convivendo com uma inflação mais alta do que a desejada, corroendo o poder de compra e ampliando a defasagem entre preços e salários.

Na prática, os reajustes salariais chegam sempre atrasados: quando repõem as perdas do período anterior, a inflação já retomou sua corrida, inaugurando novo ciclo de corrosão. Essa dinâmica coloca os trabalhadores em uma corrida desigual contra o capital, que consegue se proteger com mecanismos de indexação e aplicações financeiras, enquanto quem vive do salário sofre os efeitos mais duros.

JUROS – O cenário se agrava quando se observa o patamar dos juros, ainda muito elevado, em torno de 15% ao ano, o que pressiona diretamente a dívida pública, hoje acima de R$ 7,9 trilhões. Apenas para rolar esse endividamento, o Brasil desembolsa valores próximos a R$ 1 trilhão por ano, uma cifra monumental que drena recursos do orçamento e limita a capacidade de investimento em áreas sociais essenciais.

Esse modelo cria um paradoxo: enquanto se promete estabilidade inflacionária no longo prazo, o presente se torna mais pesado para os trabalhadores e para a economia real.

É preciso destacar que a inflação não atinge todos de forma igual. Empresas e investidores conseguem reajustar preços e proteger aplicações, mas a maioria da população não dispõe desse poder. Cada ciclo inflacionário representa perda real, seja no aluguel, no supermercado ou na conta de energia, e a demora em atingir a meta anunciada significa prolongar essa corrosão. Ao mesmo tempo, o país convive com mais de 71 milhões de brasileiros endividados, quadro que expõe como a política monetária desconectada da realidade social pode aprofundar desigualdades.

IMPACTO – O desafio do Banco Central é enorme. Se por um lado precisa preservar a credibilidade e evitar descontrole dos preços, por outro deve reconhecer o impacto humano de uma política monetária excessivamente rígida. O caminho passa por calibrar juros de forma mais equilibrada, coordenar medidas fiscais sustentáveis e criar mecanismos que protejam os mais vulneráveis da defasagem inflacionária.

Não basta fixar metas para daqui a três anos: é necessário agir agora para evitar que a população pague sozinha a conta do ajuste. O risco, caso isso não aconteça, é transformar o controle da inflação em promessa distante, enquanto o presente se mantém marcado por corrosão salarial, endividamento crescente e uma desigualdade cada vez mais difícil de reverter.

Moro será julgado em outubro no Supremo por calúnia contra Gilmar Mendes

Piada do Século! Com apoio da mídia e das pesquisas, Lula já está “reeleito”

Charge do Ivan Cabral (Sorriso Pensante)

Carlos Newton

Ler jornais e revistas, assistir à TV, ouvir rádio e acessar portais, sites e blogues da internet, tudo isso se tornou um suplício para um número imenso de eleitores brasileiros, que – acredita-se – formam maioria no país.

Daqui em diante, como dizia o jornalista Helio Fernandes, essa parcela majoritária do cidadão-contribuinte-eleitor vai passar 13 meses massacrado pela imprensa e pelas pesquisas, que desde o julgamento de Bolsonaro decidiram declarar antecipadamente a vitória de Lula da Silva na eleição de 2026.

CONVERSA FIADA – “Follow the money”, recomenda o FBI na investigação de crimes intrincados demais. Realmente, se não seguirem o dinheiro, os policiais jamais conseguirão incriminar os culpados desses ilícitos eleitorais.

 

O pior é que esses crimes políticos são cometidos, mas os autores jamais são chamados a responder. Fraudar pesquisa eleitoral é um desses delitos importantíssimos, que todos sabem existirem, mas ninguém denuncia, por ser impossível apresentar prova material. Como o voto é secreto, os nomes dos eleitores entrevistados pelo “instituto” também devem ficar sob sigilo.

Da mesma forma, o apoio ostensivo dos veículos de comunicação aos candidatos que têm a chave dos cofres públicos, é cada vez mais normal aqui no Brasil, onde os partidos são financiados diretamente (Fundo Partidário e Fundo Eleitoral) e indiretamente (Caixa 2 e compra de apoio da mídia).

 

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P.S.
Os exemplos de eleições compradas são incontáveis. A diferença agora é que o advento da internet quebrou a imprensa tradicional, a imensa maioria dos jornais e revistas foi à falência ou só existe virtualmente. Como é Lula que desfruta do poder, praticamente todas as matérias partem do princípio de que ele já está eleito, por falta de concorrência. Segundo a mídia e as pesquisas, o principal adversário do petista, Tarcísio de Freitas, não vai conseguir nem mesmo se reeleger em São Paulo. “Você acredita mesmo? Mas isso non ecziste”, diria Padre Quevedo, que faz muita falta por aqui. (C.N.)  

Aliados de Bolsonaro usam anistia para tensionar relação entre Tarcísio e Kassab

Galípolo defende autonomia do BC e elogia críticas de Haddad e Ceron

Direita unida poderá derrotar Lula em 2026, afirma Bolívar Lamounier

Bolívar Lamounier – Prisma

Lamounier acha que Lula está velho e pode até desistir

Zeca Ferreira
Estadão

A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a mais de 27 anos de prisão por liderar uma tentativa de golpe de Estado abre uma janela de oportunidade para que governadores da direita se projetem na disputa pelo Palácio do Planalto em 2026.

Para o sociólogo e cientista político Bolívar Lamounier, a eleição do próximo ano é “absolutamente crucial” para o País. Crítico do sistema político atual, ele avalia que a política brasileira vive uma “entressafra, marcada por uma geração de má qualidade”, e que o pleito representa a chance de renovação.

SEM LULA – “Por sorte, tudo indica que Bolsonaro já está fora do jogo, nunca deveria ter entrado, mas já está fora. Lula, acho que também sairá. Mesmo quando (Donald) Trump levantou a bola para ele posar de estadista, Lula não conquistou prestígio popular como tentou”, afirma.

Segundo Lamounier, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conseguiu alavancar a popularidade de seu governo como esperava após o tarifaço de Trump.

O cientista político avalia que Lula, aos 79 anos, já não tem a mesma habilidade de décadas atrás, quando conseguia dialogar com empresários na Fiesp e, no dia seguinte, discursar para operários em carrocerias de caminhões.

OUTRO DESASTRE – “Se for reeleito, será outro desastre, pois teremos um governo inerte, inepto, incapaz de realizar qualquer coisa. Essa eleição histórica deve ser usada para renovar profundamente o Congresso. Precisamos escolher um presidente competente”, diz.

Na visão de Lamounier, a condenação acabou com Bolsonaro politicamente e Lula tende a se enfraquecer até outubro de 2026, podendo até não ser candidato.

“O caminho estará aberto”, afirma, citando os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Júnior (PR), Ronaldo Caiado (GO), Romeu Zema (MG) e Eduardo Leite (RS) como nomes com potencial de se destacar. “(Eles) formam um centro diversificado, mas honesto, competente, com visão racional do futuro do país e das reformas indispensáveis que precisamos realizar.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É sempre bom ouvir Bolivar Lamounier, um analista político independente e sensato. Lula depende de Bolsonaro para se eleger e vai ajudar, por baixo dos panos, a anistia do adversário. Se Bolsonaro não for candidato, Lula perde para o adversário da direita, se for apoiado pelo Centrão, e será. (C.N.)

Piada sem graça! Um bolsonarista será relator da cassação de Eduardo

Veja quem é o ex-delegado da PF que vai relatar a cassação de Eduardo  Bolsonaro

Freitas é amigo de Eduardo e não devia relatar cassação

Vicente Limongi Netto

Quando o cidadão imagina que a boa política voltou a falar mais alto do que a banda podre da patifaria dos interesses pessoais no lugar dos pleitos coletivos, eis que o combalido Conselho de Ética da Câmara Federal decide escolher Marcelo Freitas (União-MG).

É um parlamentar cama e mesa da família Bolsonaro, sem condições de julgar se o fujão e irresponsável Eduardo Bolsonaro merece ser cassado ou se vai permanecer impune no exterior, debochando da democracia e da soberania nacionais.

A infame e inacreditável decisão é como colocar a raposa para cuidar do galinheiro. É preciso protestar e repudiar diante de mais esta indecorosa indecência que deslustra, mais ainda, a atividade política.

PARA A PLATEIA – Não aguento, morro de rir. Me fartei de escrever que Tarcísio estava fazendo gigantesca marola. Analistas começaram a descobrir que o jogo político de Tarcísio de Freitas para 2026 na verdade é outro.  Jogou a isca e a casca de banana e se divertiu, plantando bastante que era candidato imbatível da direita para disputar com Lula.

Agora, que as nuvens no caminho do padrinho e inventor político, Jair Bolsonaro estão mais escuras, pretas e amargas do que nunca, Tarcísio pisou no freio. Botou os neurônios para funcionar, mesmo sem apoio do clã Bolsonaro e, seguramente, fará o certo. Escrevi muito sobre o assunto. Aqui e alhures. Sabe que pode escolher. Chegou a hora. Ou se candidata à reeleição para governador de São Paulo ou disputa o senado, com imensas chances de êxito. 

NOTÍCIA VELHA – A GloboNews continua insuportável. O “comentarista” Otavio Guedes deitou falação, nesta sexta-feira, dia 26, e encheu a boca para dizer que “o poder de chantagem do clã Bolsonaro se reduziu”. Morro de rir.

Sobre o assunto, dia 24, quarta, afirmei no Correio Braziliense e no blog carioca, Tribuna da Internet:” Ventos saudáveis indicam que o namorico de Trump com a família Bolsonaro está com prazo de validade chegando ao fim”.

Registre-se e afixe-se que os jornais informam que Celso Sabino entregou o cargo a Lula. Sabino é aquele que nunca foi. Era ministro de quê? Ele mesmo nem sabia que estava ministro.

HISTÓRIA DE AMOR – O repórter Marcos Paulo Lima (Correio Braziliense – 21/09) fez um belo poema com a história da aliança conjugal do esportista Caio Bonfim e a mulher, Juliana, mostrando como uma joia que representa o amor retemperou o ânimo do atleta.  A aliança perdida por Caio na corrida em Tóquio, viralizou na alma do casal. Memorizaram juntos histórias de alegrias na família. Obstáculos que ficaram para trás. 

Mas a aliança não ficou perdida no percurso da prova. Atravessou a fita da chegada junto com Caio. A nova aliança que Caio ganhará de Juliana será novamente abençoada por Deus e Maria. 

Crise no ICMS e renúncias fiscais sob suspeita desafiam governo paulista

Racha familiar: Bolsonaro trava queda de braço com o filho Eduardo

Trump agora pode passar a receber as reclamações diretamente de Lula

Estudo detalha impacto devastador da política de Trump na saúde dos EUA -  Revista Galileu | Política

O grande problema é que Trump continua imprevisível

Roberto Nascimento

As boas notícias para a democracia começaram no domingo com as manifestações em todas as capitais contra a PEC da Blindagem e a PEC da Anistia. No Rio, Caetano Veloso estava tão feliz no carro de som que parecia uma criança comandando os colegas Chico Buarque, Djavan, Gilberto Gil etc.

No ano público, Ivan Lins, pouco falado na cobertura dos jornais, cantou “Novo Tempo”, uma canção muito apropriada, porque diz que “apesar dos perigos, a vida pode ser maravilhosa…”

SEM LIBERDADE – Os artistas viveram e sabem que nas ditaduras não tem liberdade de expressão, não existe liberdade alguma, apenas tortura e morte.

E os artistas precisavam voltar, como nos velhos tempos das Diretas Já, porque os novos tempos são terrivelmente perigosos. Os golpistas não desapareceram como num passe de mágica. Continuam tramando contra a democracia nos bastidores.

Nesse sentido, a eleição para o Senado no ano que vem será uma importantíssima batalha. Se a direita extremada obtiver maioria, vai abrir processos de impeachment contra os ministros Moraes, Dino e Zanin. Tenho esperanças de que a sociedade vai se opor a essas trevas anunciadas.

TRUMP E LULA – Outra notícia excelente foi a distensão entre Donald Trump e Lula da Silva, que desagradou ao Secretário de Estado, Marco Rubio, que foi surpreendido com a fala do presidente Trump e fez cara de poucos amigos.

Ex-senador pela Flórida, Marcos Rubio é descendente de cubanos e odeia o Brasil. Ele recebe notícias desairosas de Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo sobre o Brasil e repassa para Trump.

Assim, já sabemos quem diz cobras e lagartos contra o Brasil para Trump, mas o presidente americano não é nada bobo, pode passar a ouvir a versão de Lula. Portanto, Rubio poderia até ficar em má situação, caso Trump avaliasse que foi enganado. Mas é difícil acreditar que Trump possa se tornar confiável de uma hora para outra, porque ele é totalmente imprevisível.

“Quando eu piso em folhas secas, caídas de uma mangueira…”

NOSSA BRASILIDADE | » João Bosco canta “Minha Festa” de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito

Guilherme e Nélson, grandes sambistas

Paulo Peres
Poemas & Canções

O pintor, escultor, cantor e compositor carioca Guilherme de Brito Bolhorst (1922-2006), na letra de “Folhas Secas”, em parceria com Nelson Cavaquinho, compara as folhas caídas da mangueira com a sua tristeza quando não puder mais cantar. Este samba foi gravado por Beth Carvalho no seu LP Canto Por um Novo Dia, lançado em 1973 pela Tapecar.

FOLHAS SECAS
Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito

Quando eu piso em folhas secas
Caídas de uma mangueira
Penso na minha escola
E nos poetas da minha Estação Primeira

Não sei quantas vezes
Subi o morro cantando
Sempre o sol me queimando
E assim vou me acabando

Quando o tempo avisar
Que eu não posso mais cantar
Sei que vou sentir saudade
Ao lado do meu violão
Da minha mocidade.

Ofensiva de Eduardo Bolsonaro nos EUA ameaça anistia e irrita aliados do pai

Charge do Nado Motta (brasil247.com)

Andréia Sadi
G1

Uma parte do bolsonarismo avalia que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi longe demais nas articulações que fez nos Estados Unidos com o governo de Donald Trump.

Integrantes do centrão não admitem publicamente por não quererem mais confusão com Jair Bolsonaro (PL), mas até aliados mais próximos do ex-presidente admitem que Eduardo está atrapalhando.

ACORDOS – Inclusive, temem que Eduardo imploda acordos que ajudem o pai no Congresso, como a proposta na Câmara para rever a dosimetria e diminuir as penas dos condenados por tentar golpe de estado.

Jair Bolsonaro enviou emissários para conversar com seu filho e que o deputado não arreda o pé, quer dobrar a aposta contra autoridades brasileiras – como mais sanções da Lei Magnitsky. Bolsonaro tem grande preocupação com a prisão, seja pelo tempo que poderia ficar detido, seja por suas questões de saúde

Esses aliados temem que Eduardo torne impossível o avanço de qualquer saída política ao brigar de forma inegociável por uma anistia ampla, geral e irrestrita – que não tem nenhuma chance de avançar no Congresso.

IRRITAÇÃO – Neste momento, há grande irritação de bolsonaristas com Eduardo por entenderem que ele desgasta o campo da direita para as eleições de 2026 e, ainda, em relação à saída política no parlamento que beneficie seu pai.

O influenciador e empresário Paulo Figueiredo rebateu esta ala bolsonarista e disse que seguirá a atuação conjunta com Eduardo. “Se forem chorar, peça por favor para mandarem áudio. Vai piorar e [eles] não podem fazer nada”.

Já Eduardo fez uma publicação na rede social X e disse que “é nesse truísmo elementar que estou disposto a ir até às últimas consequências para conseguir a anistia ampla e irrestrita. Será vitória ou vingança, mas não haverá submissão.”

Ligeiro aceno de Trump a Lula será a opção por uma via pragmática?

charge de Thiago Lucas (@thiagochargista), para o Jornal do Commercio. #lula #trump #eua #usa #mundo #tarifas #economia #brasil #chargejc #chargejornaldocommercio #chargethiagojc #chargethiagolucas #chargethiagolucasjc

Charge de Thiago Lucas (Jornal do Commercio)

Fernando Schüler
Estadão

O que representa o sinal dado pelos presidentes Donald Trump a Lula da Silva de que eles podem conversar nos próximos dias. O aceno indicaria a opção pela “via pragmática para a solução desse conflito”. É perfeitamente plausível “que a Casa Branca tenha concluído finalmente de que o Estado brasileiro não se moverá a partir de pressões econômicas”, ou seja, que o Supremo Tribunal Federal (STF) não vai alterar suas posições seja pelas pressões de natureza tarifária ou pela Lei Magnitsky.

Outra leitura é a da pressão de grupos, atuação diplomática, enfim, corporativa, de grupos econômicos, tanto do Brasil como dos Estados Unidos, interessados em resolver essa questão do ponto de vista do comércio bilateral.

Indica também uma certa leitura, por parte do governo americano, de que não há base política, não há força política na sociedade brasileira no Congresso Nacional, nos meios diplomáticos, na opinião pública de uma maneira geral, dando suporte a essa estratégia americana.

Anistia como moeda de troca ameaça travar a justiça fiscal no Congresso

Declaração expõe uma estratégia de barganha

Pedro do Coutto

A declaração do relator Paulinho da Força, de que a ausência de consenso no texto da anistia pode comprometer a votação do projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, expõe uma estratégia de barganha que coloca em rota de colisão duas agendas de natureza distinta, mas igualmente sensíveis.

De um lado, está uma proposta de grande impacto social, que beneficiaria milhões de trabalhadores e reforçaria a ideia de justiça fiscal num país marcado pela regressividade tributária; de outro, uma pauta de forte carga política e simbólica, que envolve a possibilidade de anistiar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

TENSÃO – Ao atrelar a tramitação das duas matérias, Paulinho não apenas tensiona a relação entre governo e oposição, mas também coloca em xeque a credibilidade do próprio Legislativo, ao transformar uma conquista social em moeda de troca para aliviar responsabilidades de quem atentou contra a democracia.

A reação imediata da bancada do PT, ao rejeitar qualquer flexibilização, mostra que essa associação será combatida com vigor, enquanto o presidente da Câmara, Hugo Motta, tenta conter os danos ao garantir que a votação da isenção do IR não será refém de impasses políticos.

Esse movimento, no entanto, revela muito mais do que um simples cálculo de calendário legislativo: ele explicita a dificuldade de o Congresso lidar com a herança dos atos golpistas e a tentação de diluir a gravidade das responsabilidades em nome de uma suposta pacificação nacional.

POLARIZAÇÃO – Para setores conservadores, a anistia seria o passo necessário para encerrar um ciclo de polarização; para setores progressistas, representaria um recuo perigoso diante da necessidade de afirmar a força das instituições. Nesse cenário, o Senado impõe uma pressão adicional ao aprovar em comissão a proposta de isenção, obrigando a Câmara a se posicionar sob risco de desgaste público se a matéria for atrasada.

O dilema é claro: ao insistir na costura de pautas inconciliáveis, os parlamentares correm o risco de inviabilizar tanto a medida de alívio fiscal quanto a própria legitimidade de um debate sobre anistia, reforçando a percepção de que, em Brasília, os interesses de poder continuam a se sobrepor ao interesse coletivo.

Conselho de Ética afasta Duda Salabert de relatoria contra Eduardo Bolsonaro

Bolsonaro mira prisão domiciliar e vê anistia cada vez mais distante