Lava Jato se adaptou perfeitamente ao livro clássico “A Arte de Furtar”

Lava Jato: furacão em empresários, brisa em políticos – Blog do Robson Pires

Charge do Alpino (Yahoo Notícias)

Marcus André Melo
Folha

É difícil encontrar um malfeito no monumental “A Arte de Furtar” (1744), de autoria contestada, que não possa ser encontrado na Lava Jato, que completa agora dez anos. Talvez tenha ficado fora apenas o tema da apropriação pela Igreja dos bens dos hereges – no capítulo intitulado “Dos que furtam com unhas bentas”.

A nova fase da Lava Jato é de reação e revanche. Quatro desdobramentos recentes são ilustrativos: uma aliança assombrosa entre o PL e o PT, que são os proponentes da ação pela cassação de Moro; As decisões polarizadas no voto dos desembargadores – os nomeados por Lula votando a favor, os demais contra; as decisões diametralmente opostas de cortes internacionais e do STF em relação à Odebrecht: a punição pela justiça americana de dois filhos do ex-presidente do Panamá, que a justiça deste país colocou na cadeia, e que reconheceram o recebimento de propinas da empresa, contrastando com anulação de provas no Brasil; e no mesmo caso, a decisão de Dias Toffoli, proibindo que delatores da Odebrecht testemunhem no caso do pai (e agora do filho) que já cumpriu pena nos EUA.

OS MAIORES LADRÕES – Há um capítulo do “A Arte de Furtar” intitulado “Como os maiores ladrões são os que tem por ofício livrar-nos, dos mesmos ladrões”, que chama a atenção para o potencial de abuso de agentes investidos de autoridade. O caso aberrante da semana é o dos irmãos Brazão: um é conselheiro do tribunal de contas; outro, deputado federal. Quando os tribunais, MP, etc. passam a ser percebidos como tendo uma lógica essencialmente arbitrária, o problema muda de patamar, como mostrei aqui. Aqui o cenário será o descrito em a “Arte de Furtar”, cap. 5º. “Dos que são ladrões sem deixarem que outros o sejam”.

É difícil prever qual será o impacto deste estado de coisas? O sentimento público de indignação é crescente, legitimando narrativas antissistema.

A mais rigorosa pesquisa sobre o impacto da Mãos Limpas, na Itália, fornece perspectivas menos sombria, malgrado ter havido também naquele país uma reação brutal do sistema.

CHANCE DE REELEIÇÃO – A probabilidade de políticos envolvidos em corrupção serem reeleitos diminuiu 50 pontos percentuais porque os líderes partidários excluem os envolvidos das listas eleitorais (fechadas) porque anteciparam o impacto negativo dos escândalos.

Ao contrário dos eleitores que relutam em punir corruptos devido a laços clientelísticos, ideológicos, e identidades compartilhadas, os líderes partidários querem maximizar votos. Ganham punindo.

De forma semelhante, temendo o impacto eleitoral do seu voto muitos deputados votaram a favor da manutenção da prisão de Brazão. Outros se colocaram em seu lugar, e votaram contra, mas foram minoria. Luz no fim do túnel? Difícil ser otimista.

Lira avisa ao governo que o imposto síndical obrigatório não será recriado

Tribuna da Internet | Volta do novo imposto sindical é jogo sujo, com  reajuste de 200% em relação ao anterior

Charge do Lane (Arquivo Google)

Fabrício Julião
Poder 360

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quarta-feira (24.abr.2024) que um projeto de lei que trata da volta do imposto sindical não será aprovado na Casa Baixa. O tema é de interesse do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que quer a imposição de uma “contribuição compulsória” dos trabalhadores aos sindicatos.

“Quando esse assunto vai a plenário ele não tem respaldo, não tem respaldo para invasão de terra, para mudança de leis através de decretos, portarias ou projetos”, afirmou Lira, durante debate realizado pela CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil).

Lira deixou claro que o Congresso tem a maior parte dos representantes como conservadores e liberais e que não vai aprovar o que considera como “retrocessos”, seja na sua gestão ou na de seu sucessor – caso seu indicado seja eleito – na presidência da Casa Baixa.

“Eu conversei com o ministro Marinho e disse a ele que se o plenário da Câmara sentir o cheiro de que ele está querendo alterar a reforma trabalhista ou retornar alguns assuntos que o Congresso não vota, através de resoluções, regulamentações e decretos, os PDLs irão a plenário e nós derrubaremos”, declarou o deputado. O imposto sindical foi extinto em 2017 durante o governo de Michel Temer (MDB) com a reforma trabalhista (Lei 13.467) e, de lá para cá, a contribuição passou a ser opcional. No entanto, a cobrança agora é feita previamente, e cabe ao trabalhador não sindicalizado informar que não pretende colaborar.

Em setembro de 2023, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela constitucionalidade da cobrança de contribuição assistencial dos não filiados ao sindicato em caso de acordo, convenção coletiva de trabalho ou sentença judicial. Ainda assim, a Corte entendeu que é direito do trabalhador se opor à cobrança, desde que “feito expressamente”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa questão é ponto crucial da democracia brasileira. Há quase 17 mil organizações de trabalhadores no Brasil, entre sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais. No resto do mundo, só existem 1,7 mil sindicatos; O segundo país do ranking (EUA) tem apenas 130. Há algo de errado nisso, que significa um capitalismo selvagem, de exploração do trabalhador pelo sindicato. E tudo isso aconteceu devido à criação do imposto sindical obrigatório, que enriqueceu falsos sindicalistas. E agora Lula e o PT sonham em (?) recriar o imposto, que o Congresso extinguiu no governo de Michel Temer. (C.N.)

Cada vez mais destruída, a Palestina não consegue nem ser país-membro da ONU

Palestinos fazem fila para encher seus contêineres com água em Rafah, na Faixa de Gaza

Palestinos fazem fila para encher seus recipientes com água

Dorrit Harazim
O Globo

Não é preciso ser um Voltaire para definir a História como o estudo de todos os crimes do mundo — a começar pelas guerras. Numa segunda categoria desses crimes, mais silenciosos, mas igualmente ruinosos, está deixar passar oportunidades capazes de mudar a História para melhor. Nesta semana, sob instrução do democrata Joe Biden, 46º presidente dos Estados Unidos, seu vice-embaixador junto à ONU desempenhou o melancólico papel de vetar a admissão da Palestina como membro pleno das Nações Unidas.

Apesar de esperado, o veto solitário (Grã-Bretanha e Suíça se abstiveram, os outros 12 integrantes do Conselho de Segurança aprovaram a moção) pode ser considerado uma dessas oportunidades perdidas.

UM PAÍS DIFERENTE – Caso não tivesse sofrido veto, a resolução passaria à votação na Assembleia Geral, com aprovação certamente maior que o mínimo necessário de dois terços dos 193 países. Hoje, 140 das nações da ONU já reconhecem a Palestina como Estado.

Um acolhimento pleno com direito a voto e assento rotativo no Conselho de Segurança representaria um upgrade simbólico e político (mas não legal, claro) para o país que ainda não é país. Continuará, assim, sendo “não membro com status de observador”.

Autoproclamado Estado independente desde 1988, apesar de não ter soberania sobre seus territórios ocupados até hoje por Israel, a Palestina, de que a Faixa de Gaza faz parte, continua a ser este imenso encontro marcado e sempre adiado do mundo democrático com a História.

DIFÍCIL DE ENTENDER – Ao justificar o veto dos Estados Unidos, o vice-embaixador Robert Wood cometeu contorcionismos verbais para explicar que o veto contra a admissão do Estado Palestino na ONU não refletia oposição ao Estado Palestino. Difícil de entender. Soube-se também que, para evitar ser a única voz dissonante da votação, os americanos se empenharam em tentar aliciar outros integrantes do colegiado.

Cópias de memorandos do Departamento de Estado obtidas pelo site The Intercept atestam a pressão exercida sobre o Equador para que convencesse os embaixadores de Japão, Coreia do Sul e Malta (país que preside os trabalhos do Conselho neste mês) a se alinhar aos Estados Unidos. Não deu certo.

Como pano de fundo, havia a emergência de uma guerra entre Israel e seu inimigo existencial, o Irã. As duas fortalezas militares jamais haviam se confrontado mano a mano, preferindo acertar suas contas por meio de atentados terroristas, ataques cibernéticos, assassinatos e agentes intermediários.

CHUVA DE DRONES – Na madrugada do sábado anterior, porém, a chuvarada de mais de 300 drones e mísseis iranianos que incandesceu o céu de Jerusalém e se espraiou por todo o território israelense alterara essa realidade…

Ainda assim, foi uma resposta anunciada com antecedência aos atores-chave da região e calibrada para poder ser interceptada por Israel e seus aliados. Todos puderam se dar por satisfeitos e declarar vitória.

Seis dias depois, o inevitável revide israelense revelou-se ainda mais contido, mais cirúrgico — um ataque de drones atingiu a base militar de Isfahan na sexta-feira, sem que a instalação nuclear iraniana ali fincada fosse atingida. Atendeu à pressão de seu principal aliado, os Estados Unidos, e de coadjuvantes, tanto europeus como árabes, para baixar a pressão.

“LIMPAR” RAFAH – Fica a pergunta: em troca de que os radicais do governo Netanyahu aceitaram comedimento contra o Irã? A moeda de troca talvez seja Rafah. Na próxima terça-feira, terão transcorrido 200 dias desde a chacina terrorista do Hamas contra civis israelenses.

A retaliação desencadeada pelas Forças de Defesa de Israel — eliminação radical do Hamas, mesmo que ao custo da asfixia da vida civil na Faixa de Gaza — ainda não está completa. Falta limpar Rafah, a cidade-refúgio do Sul onde mais de 1 milhão de palestinos desenraizados do Norte se somam aos famintos locais e onde o emaranhado de túneis usados pelos terroristas ainda não foi implodido.

Em 200 dias de operação terra-arrasada, 133 reféns israelenses (vivos ou mortos) continuam em mãos do Hamas devido ao estancamento das negociações por um cessar-fogo. Para o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, a contenção contra o Irã pode ter valido a pena se conseguir convencer Biden da necessidade de estrangular Rafah — condicional à remoção prévia daquela multidão sem rumo. Difícil.

MUITO DIFÍCIL – Tudo o que tange a Palestina é historicamente difícil. O próprio New York Times, jornalão de referência para boa parte do mundo, atualiza constantemente as orientações sobre os termos a ser usados por jornalistas do matutino que cobrem o conflito.

Segundo um memorando interno obtido por Jeremy Scahill, cofundador do Intercept, é recomendada a restrição ao uso de termos como “genocídio” e “limpeza étnica”; a denominação “territórios ocupados”, em referência às terras palestinas da Cisjordânia, Gaza e parte de Jerusalém, deve ser evitada.

“Palavras como matança, massacre, carnificina muitas vezes contêm mais emoção do que informação. Pensem muito antes de usá-las como sendo suas”, sugere também o memorando. Difícil.

Novo penduricalho beneficiará todos os servidores, alerta consultor do Senado

Políticos, Chega de Mordomia

Charge do Dum, Arquivo Google

Nicholas Shores
Veja

A PEC do Quinquênio, que concede à elite do funcionalismo um bônus salarial de 5% para cada cinco anos de serviço, ganhou na CCJ do Senado uma autorização “indefinida” que pode gerar um efeito cascata ilimitado e estender a benesse a qualquer cargo público no país, afirma a Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado.

A proposta original do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PDS-MG), beneficiava os magistrados e os membros do Ministério Público. O parecer de Eduardo Gomes (PL-TO) na CCJ incluiu os membros dos tribunais de contas, os advogados públicos, os defensores públicos e os delegados federais.

ALTÍSSIMO CUSTO – Na nota técnica, o consultor legislativo Fernando Bittencourt estimou que o quinquênio para essas categorias custaria 25,8 bilhões de reais em 2024 (considerando o ano cheio), 27,2 bilhões de reais em 2025 e 28,6 bilhões de reais em 2026, em um total de 81,6 bilhões de reais em três anos.

Contudo, o parecer da CCJ, que vai passar nesta quarta-feira pela segunda de cinco sessões de discussão no plenário, do Senado antes de ir à votação, “introduz uma autorização indefinida para extensão a quaisquer cargos e carreiras por parte de atos dos Poderes e órgãos autônomos de cada ente, a qual impede a identificação de quais seriam os beneficiários adicionais”.

“O efeito da parcela relativa às demais extensões possíveis do benefício permitidas pelo texto da proposição é materialmente impossível de calcular, dada a impossibilidade de especificar quais seriam tais cargos”, escreve o consultor.

BENEFÍCIO GERAL – O especialista afirma na nota que a autorização aberta pela versão atual da PEC abre caminho para “um aumento de proporções similares a toda a despesa de pessoal de todos os entes, limitado tão somente pela deliberação política de cada um e pela distribuição de tempo de serviço nos cargos”.

Há, de acordo com o consultor, “grande” probabilidade de interpretações administrativas e judiciais estenderem a benesse dos delegados da PF para todas as carreiras policiais. 

A brecha na PEC, avalia Bittencourt, cria “possibilidades intermináveis” para reivindicações de peritos, agentes ou investigadores da Polícia Federal, policiais penais e rodoviários federais, oficiais, escreventes e demais servidores da Justiça, agentes de fiscalização, assessores legislativos e militares.

CONSEQUÊNCIAS – Em um exercício do raciocínio interpretativo que a PEC do Quinquênio pode desencadear, o consultor questiona: “Se (a) razão de perceberem o benefício for o de serem formados em direito, também o professor universitário dessa especialidade não o teria? Mas se esse professor o tivesse, porque não todos os demais professores que exercem o mesmo papel formador?”

“Isso contraria o princípio da certeza do direito, levará a uma sequência interminável de reivindicações de enquadramento (a qual não terá parâmetros na Constituição para ser decidida) e, para efeitos de qualquer estimativa, torna materialmente impossível sequer imaginar o alcance dos beneficiários imediata e imperativamente beneficiados pela PEC – no limite, centenas de cargos ou carreiras distintos poderiam ser abrangidos por essa interpretação ampliativa”, conclui o consultor.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É incrível que esse projeto tipo saco sem fundos tenha sido apresentado por um senador que se diz advogado e tem um escritório de alto gabarito em Belo Horizonte. Se quer falir a União, que Pacheco então invente um projeto que beneficie todos os brasileiros, e não apenas os servidores, que estão aguardando merecido aumento de salários, mas isso é outro departamento. (C.N.)

Petrobras ajuda Haddad e aceita pagar os 50% dos dividendos extraordinários

Petrobras (PETR4): Quem é Jean Prates, cotado para cargo de presidente da  estatal – Money Times

Vamos ver e agora deixam Prates trabalhar pela Petrobrás

Carlos Rydlewski
Metrópoles

A Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária da Petrobras aprovou, nesta quinta-feira (25/4), a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários da estatal, que totalizam R$ 43,9 bilhões. A decisão, que criou forte polêmica nos últimos meses, seguiu orientação do governo federal, o maior acionista da empresa, que deve receber cerca de R$ 6 bilhões do valor.

Os 50% dos dividendos, cerca de R$ 21,9 bilhões, serão pagos em duas parcelas. A primeira delas em 20 de maio e a segunda em 20 de junho.

FORTE CRISE – A questão do pagamento dos dividendos provocou forte crise na Petrobras, com repercussão nas ações da empresa negociadas na Bolsa brasileira (B3). O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, era contra o repasse da quantia e contava com o apoio de outros integrantes do governo e do PT, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Os representantes dos acionistas minoritários, que compõem o Conselho de Administração da empresa, queriam o repasse de 100% da quantia.

No meio da polêmica, a diretoria da Petrobras, liderada pelo presidente da empresa, Jean Paul Prates, que participou da assembleia de acionistas, sugeriu o pagamento de metade do valor.

CONSELHO APROVA – Na última semana, o Conselho da companhia aceitou a proposta dos 50%. Dos 11 conselheiros, 10 votaram a favor da divisão. O único voto contrário teria sido dado pela representante dos funcionários, Rosangela Buzanelli. O encontro desta quinta-feira, com a presença de Prates, contou com a participação de 91,92% dos acionistas ordinários (com direito a voto) da estatal.

A assembleia ainda vai eleger os novos integrantes do Conselho. Ao todo, 14 nomes concorrem a 10 assentos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A crise era conversa fiada e há dez dias a cotação das ações já vem superando os resultados anteriores. Agora, o Conselho precisa deixar Prates trabalhar, para que a Petrobras ajude o país a retomar o crescimento. E já ia esquecendo: o pagamento extra vai ajudar o ministro Haddad a melhorar as contas. (C.N.)

Proposta da reforma tributária bate de frente com projetos do setor privado

Charge do Carlos (Arquivo Google)

Eduardo Cucolo
Folha

A proposta do governo de regulamentação da reforma tributária bate de frente, em muitos pontos, com os projetos apresentados nas últimas semanas pelo grupo paralelo formado por congressistas e representantes do setor privado.

A lista de bens e serviços contemplados com isenções e alíquotas reduzidas e o “cashback” são alguns exemplos dos embates que devem marcar as discussões nos próximos três meses —prazo previsto para votar o texto na Câmara.

MENOS EXCEÇÕES – Na entrega da proposta aos congressistas, o secretário Bernard Appy afirmou que um número menor de exceções permite manter a alíquota dos novos tributos próxima de 26,5%. Lembrando que a tributação padrão atual é de 34%, como citou o ministro Fernando Haddad (Fazenda).

Outro ponto polêmico é a inclusão de automóveis (exceto os menos poluentes) e bebidas açucaradas na lista de produtos com tributação adicional pelo Imposto Seletivo, pelos danos causados por esses bens à saúde e ao ambiente.

Projeto prevê desoneração integral de 18 categorias de produtos da cesta básica. Além disso, a baixa renda poderá ter ‘cashback’ de até 50% do tributo na conta de luz.

ALÍQUOTAS REDUZIDAS – Reforma tributária prevê alíquota reduzida para profissionais liberais de 18 áreas, mas veículos e fumo poderão ter imposto maior, e ultraprocessados são poupados. Lista da educação com alíquota reduzida na reforma tributária inclui línguas de povos originários

O governo foi mais comedido ao listar apenas três minerais que serão tributados pelo mesmo motivo (minério de ferro, petróleo e gás natural), mas decidiu não isentar a exportação desses produtos.

Há também pontos na proposta da Fazenda que vão ao encontro dos projetos do grupo paralelo, como a redução de obrigações tributárias acessórias e a busca pela harmonização entre as atuações de União, estados e municípios. Cerveja, cigarro e refrigerantes podem ter taxa extra com imposto seletivo

NÃO-CUMULATIVIDADE – Merecem ainda uma análise mais detalhada as soluções propostas para dois grandes problemas do sistema atual: a garantia da não-cumulatividade e a mudança do local de tributação da origem para o destino.

Uma das autoras da proposta que resultou na emenda constitucional da reforma, a tributarista Vanessa Canado sempre defendeu que os projetos de um governo devem se basear naquilo que é o melhor do ponto de vista técnico. Concessões políticas, se houver, devem ser feitas durante o debate público no Congresso.

O texto apresentado nesta quarta-feira (24) dá ao governo uma boa margem de negociação. A apresentação da alíquota estimada mostra qual será o custo de mudanças que busquem apenas benefícios setoriais, não o aprimoramento sempre necessário de uma proposta tão complexa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Agora, vêm as discussões no Congresso, com grupos de lobbies pressionando de todos os cantos, até que se chegue à proposta final, antes tarde do que nunca, porque essa reforma começou a ser esboçada ainda na fase de transição do governo. (C.N.)

Lula se irrita com governo ‘empacado’, e o clima ruim contamina o Planalto

Lula está cada vez mais irritado com ministros e Planalto hoje é chamado de "ninho de cobras"

Lula acha que o governo vai bem e a comunicação vai mal

Monica Gugliano
Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está exasperado. Por mais reuniões que faça, por mais conversas que tenha, o governo parece empacado. Atolado, como se fosse um carro que não consegue sair do lugar. Cansado de tanta pasmaceira, Lula deu um puxão de orelhas em duas das figuras mais importantes do governo.

Dirigindo-se ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, recomendou que ele lesse menos livros e falasse mais com o Congresso. A mesma cobrança foi feita ao vice-presidente, Geraldo Alckmin, de quem exigiu mais agilidade e que também fale mais com o Congresso.

DOIS FATORES – Os interlocutores que tem conversado com Lula acreditam que dois fatores têm perturbado o humor presidencial: o primeiro deles é a constante queda na popularidade.

A segunda é a de quem se sente sobrecarregado com tarefas que caberiam aos seus ministros e auxiliares. “O governo está disfuncional”, disse um integrante do primeiro escalão que pediu para não ser identificado.

Um dos problemas é que os ministros decisivos nessa articulação não se entendem e não têm uma meta comum para a administração. Rui Costa (Casa Civil), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Fernando Haddad (Fazenda) raramente concordam, a não ser quando fingem que estão pensando o mesmo. Antes de ser incluído no carão de Lula, o ministro Padilha marcou conversas com líderes da base aliada.

NINHO DE COBRAS – O clima contamina o resto do Palácio, chamado em Brasília. por muitos de “ninho de cobras”. Ali, a canelada rola solta e até as secretárias e os garçons brigam por alguma influência junto às autoridades.

Lula tem procurado conversar com parlamentares, com os presidentes da Câmara e do Senado. Só que, nos dias de hoje, tirando a influência desses personagens e com exceções, é claro, o Parlamento funciona como se fosse uma MEI, cada um tem seus próprios interesses e briga por eles. Isso dificulta ainda mais qualquer negociação.

Além disso, Lula, segundo esse mesmo articulador, acha que está fazendo o seu trabalho e o dos seus ministros, que deveriam dar prioridade às agendas com parlamentares a ouvir as reivindicações. Lula mostra os números da economia, positivos, e crê que se a população fosse bem informada sobre eles, a situação seria diferente.

MAIS PUBLICIDADE – Mas Lula acha que seu primeiro escalão não fala nem com o Congresso nem com o povo. Para tentar mudar esse cenário, a Secretaria de Comunicação investirá uma dinheirama em ações nas redes sociais.

Pode ser que as conversas e as propagandas do governo funcionem.

Entretanto, se ambas não derem certo e o governo não conseguir ministros para mostrar suas realizações e melhorias propiciadas – que não foram poucas -, Lula deve mandar esse pessoal para a feira. Só a laranja aumentou 40%.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O governo está gastando uma fábula com a imprensa amestrada, com prioridade à amestradíssima Organização Globo, aos sites e blogs petistas. Agora, vai anunciar mais nas redes sociais. Será que o X (antigo Twitter) também será aquinhoado? (C.N.)

Bancada do agro avança seu pacote “anti-MST” com 17 propostas rurais

Escudo de Cunha, bancada 'Bala, Boi e Bíblia' faz avançar pauta conservadora

Charge do Flávio (Arquivo Google)

Rebeca Borges e Mariah Aquino
Metrópoles

A Câmara dos Deputados teve, nos últimos dias, avanços relevantes na tramitação de projetos de lei (PL) contrários à invasão de terras. As ações ocorrem em paralelo às ações do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela reforma agrária durante o mês de abril. O período é chamado de Abril Vermelho por militantes do grupo.

Um projeto que visa frear o avanço de invasores de terra tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa e chegou a ser incluído na pauta da semana. Além disso, um segundo PL sobre o assunto teve urgência aprovada no plenário da Câmara. As pautas fazem parte de um pacote com 17 proposições “anti-invasão”, impulsionadas pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).

CONTRA O MST – O avanço é fruto de mobilizações da bancada ruralista, que critica as ações realizadas pelo MST ao longo da semana. Segundo o movimento, em abril, foram realizadas 24 ocupações de terras e montagem de acampamentos em 11 estados do país.

A escalada das leis ruralistas no Congresso tem como pano de fundo o lançamento de um programa do governo federal para destinação de terras à reforma agrária no Brasil. Divulgada na última segunda-feira (15/4) com o nome de Terra da Gente, a iniciativa cria prateleiras de terras, ou seja, conjuntos de áreas que podem ser disponibilizadas para o assentamento de famílias de agricultores.

A iniciativa traz alternativas à tradicional desapropriação de terras para a aquisição de imóveis que serão destinadas à reforma agrária. A estimativa é que 295 mil famílias possam ser atendidas até 2026. Além disso, o governo anunciou R$ 520 milhões para a aquisição de terras para a política agrária, sendo R$ 383 milhões direcionados ao assentamento de pequenos agricultores e R$ 137 milhões destinados a investimentos em territórios quilombolas.

ATRITO COM LIRA – A inclusão de pautas contra invasão de terras, no radar da Câmara, também ocorre em meio a um atrito entre o governo federal e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No início da semana, Wilson César Lira, primo do deputado, foi exonerado do cargo de superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Alagoas. Lira não teria sido avisado previamente da decisão e não gostou da medida.

Conforme publicou a coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, conversou com o presidente da Câmara e disse que ele poderá indicar um substituto para o cargo.

O movimento de Teixeira não foi suficiente para reduzir a tensão: na noite de terça-feira (16/4), o plenário da Câmara aprovou o regime de urgência para o Projeto de Lei (PL) nº 895/23, que acaba com benefícios, auxílios, inclusão em programas sociais federais e nomeação em cargos públicos para ocupantes e invasores de propriedades rurais. O texto tem autoria do deputado Zucco (PL-RS), que presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST em 2023.

SEM ACORDO PRÉVIO – De acordo com líderes da base governista, ouvidos sob reserva pelo Metrópoles, não houve acordo prévio com Lira para a votação da urgência desse projeto. O tema chegou a ser debatido em reunião com lideranças partidárias, mas a análise da urgência pegou o governo de surpresa.

A situação chegou a ser duramente criticada pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). “Isso não pode acontecer, é quebra de acordo, é ruim para o funcionamento do parlamento”, disse em plenário.

Além do projeto que teve a urgência aprovada em plenário, nova pauta está na mira da bancada do agro. É o PL nº 8.262/17, que autoriza proprietários de terra a pedirem apoio de forças policiais para a retirada de invasores, mesmo sem ordem judicial.

PEDIDO DE VISTA – O texto tramita na CCJ, comissão presidida pela deputada Caroline de Toni (PL-SC), integrante da bancada ruralista. A matéria não foi votada porque houve um pedido de vista coletivo, mobilizado pela base governista.

O pacote da bancada do agro com 17 proposições também conta com as seguintes pautas de destaque: PL nº 3.768/21: amplia a participação dos municípios nos processos de regularização fundiária; PL nº 1.198/23: eleva a pena de detenção para o crime de esbulho possessório; PL nº 4.128/23: obriga movimentos sociais a ter CNPJ.

Procurado pelo Metrópoles, o presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), afirmou que aguarda a aprovação das propostas, assim que elas forem pautadas por Lira. Ele acusa o governo federal de ser “conivente” com movimentos de ocupação de terras.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A inabilidade do governo é assunto a ser estudado por especialistas em comportamento humano. O setor agropecuário jamais deveria ser problema. Se fosse hábil, o governo conseguiria atender aos dois setores – os produtores rurais e os sem-terra, cujos interesses são conciliáveis, porque os sem-terras querem áreas improdutivas e os ruralistas são profissionais e não deixam que suas terras se tornem improdutivas. Mesmo assim, o governo não consegue atender nem a um nem a outro. (C.N.)

Há anomalia num país em que um político inelegível atrai multidões 

Brasil Sem Medo - “O mundo começa a descobrir a verdade sobre o Brasil”, diz Bolsonaro à multidão em Copacabana

Nenhum outro político consegue levar tanta gente às ruas

J.R. Guzzo
Estadão

Quanto mais cedo a elite pensante deste país reconhecer a existência de uma anomalia incurável na política brasileira de hoje, tanto melhor será para a manutenção e o desenvolvimento da democracia. A anomalia é um fato que está à vista de todo mundo: o ex-presidente Jair Bolsonaro é o líder político mais popular do Brasil, algo que pode ser demonstrado fisicamente pelas multidões que atrai a cada vez que comanda uma manifestação de rua.

Isso pode ser francamente ruim; muita gente, por sinal, tem certeza que é. Bolsonaro, segundo essa maneira de ver as coisas, foi o pior presidente que o país já teve em sua história, e tudo o que vem dele é um perigo claro e imediato para a sociedade, o regime democrático e a própria civilização em geral. Nada disso, porém, elimina o fato de que ele é o único político brasileiro capaz de levar tanta gente para a rua – e esse político está proibido de disputar qualquer cargo público pelos próximos oito anos. Não foi condenado até agora na Justiça, mas é inelegível.

E O ADVERSÁRIO? – Não pode ser normal, e não é mesmo normal. Fica mais anormal ainda quando o adversário político número 1 do candidato que não pode ser eleito é um presidente da República que não pode andar 50 metros em qualquer rua do país que preside. Tem medo, ou tem certeza, de levar vaia.

Na verdade, Lula não vai a nenhum lugar público do Brasil há dezessete anos, desde 2007 – não foi, sequer, aos jogos da Copa do Mundo de 2014, já no governo de Dilma Rousseff. Seus admiradores dizem que ele não precisa aparecer em público, pois foi declarado pelo TSE como vencedor das eleições de 2022, com pouco mais de 50% dos votos.

De fato, precisar ele não precisa; não há nenhuma lei no país obrigando o presidente a comparecer à praça pública, e muito menos a encher de gente a Avenida Paulista ou a Praia de Copacabana, como seu inimigo acaba de fazer. Mas é óbvio que alguma coisa está profundamente errada numa situação política que fica assim.

NEGAR A REALIDADE – A reação mais comum do governo e de seu sistema de apoio é negar a realidade – ou, então, dizer que as manifestações do povo são uma ameaça à democracia por parte da “extrema direita”. O presidente do STF, por exemplo, já disse que a presença da população na rua serviria para se contabilizar “quantos fascistas” há no Brasil.

Nenhuma dessas duas coisas faz nexo. Não há democracia possível se a realidade é anulada; na verdade, a abolição dos fatos é característica fundamental das ditaduras. Também é uma clara ruptura com a lógica comum sustentar que o cidadão que vai à rua para participar de uma manifestação política ordeira, espontânea e legal é um extremista que quer destruir a democracia.

Ao contrário: o direito de livre reunião, quando exercido dentro da lei, é uma das exigências mais elementares de qualquer regime democrático. A esquerda condena os comícios de Bolsonaro? A resposta é fazer comícios maiores a favor de Lula e do STF.

HAVIA MUITA GENTE – Dizer a verdade – como o governo, o STF e o seu entorno exigem dos que discordam deles nas redes sociais – não pode ser um ato antidemocrático. Um militante da esquerda poderia, perfeitamente, dar a seguinte resposta a quem lhe perguntasse se havia muita gente na manifestação do último domingo no Rio de Janeiro:

“Sim, havia muita gente”. Isso não vai fazer dele um bolsonarista. É apenas uma constatação de fatos. Como a democracia seria ameaçada com a exposição da realidade? É claro que multidões na rua não dão razão a ninguém.

Mas é claro, também, que fazer de conta que não está acontecendo nada, ou que aquilo que está acontecendo é um “golpe”, não vai ajudar a democracia brasileira a andar nem um milímetro para a frente.

Lula recua e assume posição defensiva em relação ao Congresso

Charge do Izanio (instagram.com)

Pedro do Coutto

Depois dos desentendimentos entre Arthur Lira e Alexandre Padilha,a impressão que se tem é que o episódio de confronto está superado, sobretudo porque o presidente Lula assumiu uma posição defensiva em relação ao Congresso, e isso aliviou sensivelmente a atmosfera que fora criada em função das verbas orçamentárias, entre as quais as impositivas para os estados moverem recursos  à sua vontade.

Arthur Lira, por sua vez, em uma entrevista a Pedro Bial, na TV Globo, reconhece que os atritos são superáveis, e naturalmente ficou satisfeito com as afirmações de Lula ao dizer que depende muito mais de Lira do que o contrário.

INSTABILIDADE – Na entrevista, o presidente da Câmara dos Deputados negou que contribua para gerar qualquer instabilidade para o governo Lula, destacando, no entanto, que há falhas na articulação política do governo, que precisam ser resolvidas. “Não sou antagonista de ninguém”, disse.

Lira reconheceu que não utilizou termos corretamente em suas divergências com o ministro das relações institucionais de Lula, Alexandre Padilha: “A gente vai tratar isso com muita cautela. Eu não tenho como fazer, palavras ditas estão ditas, eu poderia ter adjetivado melhor ou pior, sou humano. Mas pra mim política tem que ser reta, nada em off, nada por trás, nada de vazamentos”, afirmou.

PAUTA-BOMBA – Lira destacou ainda que nenhuma pauta-bomba (que são os projetos que aumentam o gasto com prejuízos ao ajuste fiscal) foi tratada pelos deputados. “Qual pauta-bomba foi plantada? Qual instabilidade para um governo ou para outro? Não há nenhum governo desde que eu cheguei à Câmara que tenha tido melhores condições para governar o país do que as dadas por nós”, afirmou.

Por fim, ao que tudo indica, vira-se uma página da política em seu sentido menor que é o da troca de favores, mas que parece ter se tornado inevitável tanto por parte de Lula quanto de Lira. Falta falar, evidentemente, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, mas este não parece disposto a criar dificuldades ao Orçamento da União.

“Pede a banda pra tocar um dobrado, olha nós outra vez no picadeiro…”

Ivan Lins e Vitor Martins são os Donos da Música - Rede E

Ivan e Vitor, parceiros sensacionais

Paulo Peres
Site Poemas & Canções

Na letra de “Somos todos iguais nesta noite”, em parceria com Ivan Lins, o compositor (letrista) paulista Vitor Martins compara o mundo a um circo, onde seguimos o ritmo da banda de fanfarra, em alusão à ditadura militar vigente no país de 1964 a 1985. A música intitula o LP Somos todos iguais nesta noite, lançado por Ivan Lins, em 1977, pela EMI-Odeon.

SOMOS TODOS IGUAIS NESTA NOITE
Ivan Lns e Vitor Martins

Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores

Pede a banda
Pra tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez

Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo

Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores

 Reação da opinião pública ao STF é inédita e sem paralelo em democracias

Quem confia no sumpremo tribunal federal STF? - Quora

Charge do Zappa (humortadela)

Marcus André Melo
Folha

Um terço da população avalia o trabalho do STF como ruim ou péssimo, enquanto outro terço o faz como ótimo ou bom. O índice de aprovação é mais alto entre os que aprovam o desempenho do governo Lula (55%) e, na direção oposta, a taxa de reprovação é mais elevada entre os que o reprovam (63%) (Datafolha março/2024).

O Brasil não é exceção: a avaliação da Suprema Corte americana é a mais baixa em 50 anos e a brecha entre democratas (46%) e republicanos (68%) nunca foi tão alta: 44 pp. Pela primeira vez, mais gente desaprova (54%) do que aprova a instituição.

GANHADOR/PERDEDOR – O que explica avaliações e sentimentos díspares em relação às instituições políticas na opinião pública? Na literatura especializada o principal fator explicativo é o hiato ganhador-perdedor (winner-loser gap).

As taxas de confiança/aprovação de instituições e do governo, ou de satisfação com a democracia, são muito mais elevadas entre os “ganhadores” —eleitores que votaram no governo (coalizão) ou simpatizam com ele— do que entre os “perdedores” (os demais).

No caso do Poder Judiciário, há uma dinâmica peculiar: os apoiadores do presidente ou primeiro-ministro tendem a avaliar negativamente o Poder Judiciário, o qual limita a ação do Executivo. E vice-versa.

EUROPA E ÁFRICA – Estudo com 34 democracias europeias, intitulado “Between Impartiality and Politicization: Confidence in the Judiciary among Political Winners and Losers” (2024), traz evidências claras quanto ao hiato ganhador/perdedor. Estudo similar com 34 países africanos chegou a mesma conclusão.

A avaliação dos governos e do parlamento é muito desfavorável entre os perdedores. A brecha é menor em relação às Supremas Cortes.

No caso europeu, desagregando-se a informação por tipo de partido, o hiato aumenta entre eleitores de partidos populistas em relação ao não populistas. É forte no primeiro grupo, mas inexistente no segundo.

GRAVE EQUÍVOCO – Tratar estas questões como ideológicas ou doutrinárias, como é comum no debate público, é grave equívoco. Apoiadores do PT vilipendiaram o STF durante o mensalão e o impeachment de Dilma (embora os juízes nomeados pelo PT fossem maioria), quando eram governo. Quando passaram à oposição, a avaliação mudou radicalmente.

E vice-versa: sob Bolsonaro, o STF tornou-se vilão. Paradoxalmente, continua sendo pelo desdobramento das ações.

Dois fatores geram hiperpolitização no sentimento em relação ao STF: sua a ampla jurisdição criminal e o fato de que este passou a ser objeto de ataque institucional e individuais, tornando-se parte do litígio não só arbitro, o que nunca ocorrera antes, como já discuti aqui na coluna. Estes dois aspectos conferem ao fenômeno características únicas, sem paralelo em outras democracias.

Dizer que a Europa regulamentou as redes sociais é uma tremenda fake news

Questão 965027 COPS UFLA - Técnico (UFLA)

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

O jornalismo é uma profissão atípica, porque exige atualização diária. Para não escrever bobagens, é preciso ler e pesquisar muito, especialmente porque na imprensa falada, escrita, televisionada e internetizada, o que não falta são erros de informação. E fica tudo por isso mesmo, como se dizia antigamente.

No presente momento, há “analistas” defendem a tese de que o Brasil precisa adotar uma legislação semelhante à da União Europeia, que no final do ano passado aprovou uma regulamentação a respeito, chamada “Digital Services Act” (DSA) – ou Lei de Serviços Digitais, em inglês.

APARÊNCIAS, NADA MAIS – Esses analistas alegam que bastaria seguir o exemplo europeu. Mas as aparências sempre enganam e essa notícia é uma tremenda fake news. A tal legislação, que faz parte de um movimento criado há vários anos para unificar o mercado digital na Europa, na verdade não regulamenta nada, rigorosamente nada, no que toca ao combate às informações falsas ou manipuladas com fins eleitorais, que são o principal foco das discussões no Brasil.

É preciso entender que a União Europeia não aprova lei alguma a ser cumprida pelos países-membros, que são soberanos. O que o chamado Parlamento Europeu faz é traçar normas absolutamente genéricas, como se fossem apenas uma carta de intenções, e cada país toma as providências que julgar cabíveis.

Assim, a legislação europeia apenas se compromete a combater conteúdo ilegal nas plataformas, inclusive venda de mercadorias e serviços ilícitos, mas não detalha como proceder nem prevê punições.

CONTÉUDO ILEGAL – As normas do continente determinam que todos têm direito de sinalizar conteúdo ilegal e determina que as plataformas devem contar com a indicação de “usuários de confiança” – como entidades especializadas – sobre o que precisa ser removido, além de obedecer às ordens judiciais que forem expedidas.

A lei europeia pede também que seja aumentada a transparência das plataformas digitais. Ou seja, devem ser mais claras as informações sobre os termos e condições de uso das redes, assim como sobre os algoritmos utilizados para recomendar conteúdos e produtos aos usuários.

Por fim, a Lei de Serviços Digitais pede garantias de que os usuários sejam notificados em caso de restrição ou remoção dos seus conteúdos e que eles possam recorrer e contestar as decisões de moderação das plataformas.

SEM PUNIÇÕES – Não há na União Europeia enhuma norma sobre punição e infratores, como pretende o Brasil. Apesar de não existir nenhuma outra lei, o Supremo atropela o Marco Civil da Internet (Lei 12.965, de 2014), para sair prendendo e arrebentando, como dizia o general João Figueiredo.

Até agora, nenhum país democrático descobriu como administrar o delicado problema, porque envolve a liberdade de expressão. Em nenhum deles, exceto no Brasil, há intenção de punir as plataformas.

Apenas ditaduras – como China, Cuba, Myanmar, Coreia do Norte, Egito, Djibuti, Azerbaijão, Belarus etc. – já decidiram como lidar com o problema, porque simplesmente proíbem as postagens.

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P.S. 1 – É justamente por isso que o Supremo está enroladíssimo com a situação do ministro Alexandre de Moraes, que extrapolou todos os limites ao promover censura nas redes sociais. Na matriz USA e nos demais países democráticos, não há censura nem bloqueio de perfis e canais. Se alguém posta alguma inconveniência, a vítima abre uma queixa, o juiz manda tirar a postagem e o processo prossegue, com direito de defesa.

P.S. 2 – Aqui no Brasil, o ministro Moraes despacha “de ofício”, ou seja, sem ter recebido solicitação do Ministério Público, e sai censurando isso ou aquilo. Não é preciso haver queixa à Justiça, o próprio Moraes decide o que deve ou não ser liberado. E ainda há quem chame isso de Justiça. Por isso, Elon Musk se revoltou e ganhou apoio do Comitê Jurídico da Câmara americana. Ou seja, essa bagaça do Moraes não vai dar certo. (C.N.)

Moraes prestigia bolsonarista que critica “cidadãos de toga” e “canetaço” do STF

O ministro Alexandre de Moraes, durante sessão do STF

Ministro Moraes aceitou confraternizar com os inimigos

Rafael Moraes Moura
O Globo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), está protagonizando em Londres um evento jurídico promovido por uma empresária bolsonarista que já escreveu artigos repudiando o “canetaço” do Supremo e criticando “cidadãos de toga” que “afrontam a democracia”.

Moraes vai participar de um painel sobre os “Mecanismos de aprimoramento do processo eleitoral”, nesta quinta-feira (25), e ainda da sessão de encerramento do evento, ao lado do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e dos ministros do Supremo Gilmar Mendes e Dias Toffoli.

TROPA DE ELITE – Além deles, também participam do evento, promovido pelo Grupo Voto, ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), e integrantes do primeiro escalão do governo Lula, como o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o advogado-geral da União, Jorge Messias, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

Ao todo estão entre os convidados três ministros do STF, cinco do STJ e dois ministros do governo Lula. Desses, Moraes e Raul Araújo também são ministros do TSE.

Além da empresária Karim Miskulin, presidente do Grupo Voto, financia o evento de três dias o empresário Alberto Leite, do grupo FS Security – outro entusiasta do bolsonarismo e que se declara admirador de Musk.

CENSURA, NÃO! – Em 15 de dezembro de 2022, no fim do governo Bolsonaro, Karim Miskulin publicou uma análise sobre o cenário nacional “feita, sobretudo, pela Karim cidadã”. E protestou: “Censura, não!”, escreveu, referindo-se aos bloqueios de contas em redes sociais, sem citar explicitamente Moraes.

Agora, ela é anfitriã no evento, que  ocorre no luxuoso hotel The Peninsula, próximo do Palácio de Buckingham, com diárias que

O STF e o TSE informaram à equipe da coluna que não bancaram as despesas de viagem dos magistrados, mas o grupo Voto não respondeu se pagou as passagens e a estadia dos ministros. O STJ também não se manifestou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Quando comentamos aqui na Tribuna da Internet que a política brasileira é a mais surreal do mundo, há quem diga que se trata de um exagero. Mas logo surge a confirmação. No evento que começa hoje em Londres, por exemplo, temos bolsonaristas e lulistas fingindo confraternizar em cenário de luxo, mas na verdade se odeiam desabridamente. Ah, Brasil… (C.N.)

Luta anticorrupção não pode ser criminalizada, diz Transparência 

Sentado, o presidente do conselho da entidade Transparência Internacional, François Valérian, durante entrevista exclusiva à Folha em hotel no bairro de Copacabana no Rio de Janeiro

No Rio, Françoise Valerian defende a Lava Jato

Flávio Ferreira
Folha

Em visita ao Brasil, o presidente do conselho da Transparência Internacional (TI), François Valérian, defendeu a entidade de combate à corrupção das acusações feitas em processo no CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que investiga o acordo feito pela Petrobras na operação Lava Jato, no qual a TI atuou como conselheira.

Em entrevista à Folha, Valérian disse que as alegações no CNJ configuram mais uma situação de assédio judicial contra a entidade e não se pode permitir a “perseguição e criminalização do trabalho daqueles que lutam contra a corrupção de indivíduos poderosos”.

Em relatório para o CNJ, a Polícia Federal afirmou que a relação de proximidade da Transparência InternacionaI com os procuradores da Lava Jato teria beneficiado diretamente a TI. Qual a posição do sr. sobre essa acusação?
Primeiro, fomos alvo das notícias falsas de que a TI estava recebendo dinheiro das multas da Lava Jato e havia estabelecido sua presença no Brasil com esse propósito. Quando ficou claro que não havíamos recebido um centavo e as pessoas perceberam que estamos presentes em mais de cem países, as notícias falsas mudaram.

No mesmo relatório, a Polícia Federal levanta uma hipótese criminal de que o então procurador da República Deltan Dallagnol revelou à Transparência “informações contidas em documento preparatório que deviam permanecer em segredo”…
A principal razão da minha visita ao Brasil foi expressar o apoio e a confiança do movimento global da TI no trabalho ético e corajoso realizado pelo nosso capítulo brasileiro, que tem sido alvo de campanhas difamatórias e assédio judicial há cinco anos. Além disso, vim em um esforço para envolver diferentes atores para que o Brasil possa recuperar sua liderança global na luta contra a corrupção, assim como tem feito na agenda climática e na luta contra a pobreza.

E a Lava Jato?
Como a TI Brasil afirmou muitas vezes, os erros e excessos que inegavelmente ocorreram na Lava Jato devem ser corrigidos, quaisquer responsabilidades devidamente atribuídas e, acima de tudo, melhorias legais e institucionais promovidas para preservar e fortalecer a luta contra a corrupção, evitando que seja cooptada por interesses políticos. O que não pode ser permitido é a perseguição e criminalização do trabalho daqueles que lutam contra a corrupção de indivíduos poderosos.

Como o sr. avalia o voto do corregedor do CNJ, Luis Felipe Salomão, no qual ele afirmou que os acordos da Lava Jato instituíram uma espécie de sistema “cash back” com autoridades estrangeiras?
Nunca ouvi falar de um sistema de reembolso em cooperação criminal internacional. O que sei é que, há décadas, o mundo vem discutindo o retorno dos recursos da corrupção aos seus países de origem. Hoje, convenções já determinam isso, assim como leis nacionais, como na França. Portanto, parece peculiar para mim que um caso de cooperação penal internacional, que resultou na efetiva sanção do maior esquema de suborno transnacional da história e no retorno de recursos significativos ao país onde as vítimas estavam, possa se tornar, ou ser interpretado, como um sistema de “cash back” da corrupção, liderado por agentes da lei.

A Transparência Internacional assinou um memorando e foi a conselheira da força-tarefa da Lava Jato no acordo com a Petrobras. Isso não indica uma posição a favor de um dos lados nos processos, no caso a favor do Ministério Público Federal, da acusação?
Não estamos tomando partido. O que a TI tem defendido é a boa governança e transparência dos acordos, esse foi e tem sido o único propósito. Nosso papel é constantemente apoiar os sistemas judiciários a fazerem o trabalho contra a corrupção. Então, eu não vejo como inadequado que grupos anticorrupção trabalhem com promotores ou juízes anticorrupção. Cada um com seu papel, mas sim, deve haver uma cooperação.

A TI realizou um encontro no Brasil para discutir os temas de corrupção e meio ambiente. Em quais situações eles se entrelaçam?
Primeiro, o planeta foi levado à beira de uma catástrofe climática por causa da extração de carvão, petróleo e gás ao longo dos últimos dois séculos, e a corrupção dominou essas indústrias na maior parte dos últimos dois séculos. Então, a crise climática é amplamente causada pela corrupção. Agora, precisamos garantir a transição energética. Mas para fazer isso, precisamos ter políticas que levem a esse objetivo, e não queremos que as políticas sejam capturadas pelos interesses privados que abusam do lobby oculto para capturar políticas. Portanto, a corrupção está realmente no coração da nossa luta contra a crise climática.

A Transparência Internacional tem alertado sobre o problema da impunidade?
O problema da impunidade está relacionado à falta de separação de Poderes e à falta de força do sistema Judiciário. Em muitos países há essa dificuldade em garantir uma aplicação eficiente da justiça. O que observamos em um certo número de países são retrocessos. Observamos no Brasil que evidências foram anuladas no caso Odebrecht e Lava Jato recentemente, que multas estão sendo suspensas. Isso é preocupante porque o Brasil deveria desempenhar um papel importante na luta mundial contra a economia global da corrupção, dado o tamanho econômico do Brasil, dada a importância geopolítica do Brasil. Então, o Brasil deveria desempenhar esse papel, e bem, não é exatamente o caso agora.

 Musk vai depor em videoconferência à Câmara brasileira sobre Moraes

Deputado Ubiratan Sanderson (PSL/RS)

Sanderson convidou também o português preso ao chegar

Petrônio Viana e Paulo Cappelli
Metrópoles

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (23/4) dois convites para audiência com o empresário Elon Musk, dono do X, antigo Twitter. A comissão quer esclarecimentos sobre as acusações feitas por Musk contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com relação ao bloqueio de perfis na plataforma.

O autor de um dos requerimentos, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), explica que as audiências podem acontecer por videoconferência, em data a ser agendada com o empresário.

AGENDAR A DATA – “A Comissão de Segurança vai entrar em contato com o Twitter para agendarmos uma data para o depoimento do Elon Musk, que poderá ser por videoconferência”, afirmou Sanderson.

Nos bastidores, é dado como certo que Elon Musk aceitará o convite para depor sobre o que ficou conhecido como “Twitter files”.

No requerimento, Sanderson afirma que as prátricas descritas por Musk podem configurar crime de abuso de autoridade supostamente cometido por Moraes. “Em 7 de abril de 2024, foi veiculada na imprensa a notícia de que a rede social X (Twitter) estaria supostamente sendo censurada por agentes públicos brasileiros. As práticas narradas pelo empresário Elon Musk, em tese, configuram o crime de abuso de autoridade”, alegou o deputado.

TAMBÉM O REPÓRTER – O outro pedido de audiência com Musk, assinado pelo deputado Fabio Costa (PP-AL), incluiu o jornalista Michael Shellenberger, autor do “Twitter Files”. A audiência também deve ocorrer por videoconferência.

“Esses documentos sugerem que o presidente do TSE [ministro Alexandre de Moraes] teria solicitado informações pessoais e conduzido monitoramentos de usuários por hashtags específicas, inclusive de parlamentares federais, o que levanta questões quanto à conformidade com as leis brasileiras”, disse o deputado, no requerimento.

Na sessão desta terça-feira, a Comissão de Segurança Pública da Câmara também aprovou requerimento para convocação do jornalista português Sergio Tavares, detido no Aeroporto de Guarulhos no dia 25 de fevereiro. O repórter chegava ao Brasil para cobertura do evento promovido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na Avenida Paulista.

CASO DO PORTUGUÊS – Em seus argumentos, o deputado Ubiratan Sanderson, que também assina o requerimento, alegou a necessidade de apurar se houve abuso de autoridade na detenção do jornalista. Em vídeo divulgado em suas redes sociais, Tavares disse ter sido “retido” pela Polícia Federal no aeroporto. “Vim apenas tirar imagens do evento do Bolsonaro para mostrar ao mundo que essa manifestação […] é grande”, dizia o português.

Em nota, a PF afirmou que o jornalista havia sido impedido de entrar no Brasil por não ter apresentado um visto de trabalho. “Tal indivíduo teria publicado em suas redes sociais que viria ao país para fazer a cobertura fotográfica de um evento. Todavia, para isso, é necessário um visto de trabalho, o que ele não apresentou”, explicou. Tavares foi liberado após a abordagem da PF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Tremenda conversa fiada, português não necessita de visto para entrar no Brasil, tanto assim é que Sérgio Tavares foi liberado pela Polícia Federal. É óbvio que houve abuso de autoridade. Quanto à participação de Musk por videoconferência, será imperdível, vamos comprar pipocas. Moraes vai se roer de ódio, porém nada poderá fazer aqui na filial Brazil, porque o empresário tem provas materiais contra ele, já analisadas pelo Comitê Jurídico da Câmara da matriz USA. (C.N.)

Ataques de Bolsonaro não impedem que Kassab se fortaleça junto a Tarcísio

Tarcísio privilegia antigos aliados e Kassab no governo de SP | Política |  Valor Econômico

Kassab tornou-se rei dos bastidores e incomoda Bolsonaro

Bianca Gomes e Guilherme Caetano
Folha

A ampliação da esfera de influência de Gilberto Kassab na gestão Tarcísio de Freitas, com a nomeação de Paulo Sérgio de Oliveira e Costa para a chefia do Ministério Público, incomodou bolsonaristas, que veem o secretário de Governo e Relações Institucionais com desconfiança. Ele já vinha sendo alvo do ex-presidente Jair Bolsonaro em sua lista de transmissão no WhatsApp.

Costa, nomeado por Tarcísio para a Procuradoria-Geral de Justiça, é próximo tanto de Kassab quanto de outro desafeto do bolsonarismo: o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) .

BOLSONARO ATACA – Enquanto busca manter sua influência no campo da direita e se defender das investigações da Polícia Federal e do STF, Bolsonaro tem enviado recados para seus aliados por meio de sua lista de transmissão no WhatsApp, por onde costuma compartilhar fotos, vídeos e mensagens sobre temas diversos. Kassab é citado em um dos disparos do último mês.

“O Kassab, pelos seus 3 ministérios, apoia as políticas do PT, como a ideologia de gênero, maconha, aborto, censura, defesa do MST, destruição da família, defesa do Hamas, desarmamento, fim da propriedade privada, etc”, escreveu Bolsonaro sobre o ex-prefeito de São Paulo e presidente nacional do PSD.

Na mensagem, o ex-presidente destaca que “o senhor Kassab” orientou seus parlamentares a votarem pela “incriminação de inocentes” do 8 de Janeiro e que o dirigente está interessado na cassação do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC).

ÂNIMOS EXALTADOS – “As mulheres do Brasil não cairão nessa conversa mole do Kassab. Não se conquista ninguém com mentiras”, termina a mensagem, em referência a uma publicação do PSD convidando mulheres a se filiarem ao partido.

Procurado pelo Globo, Kassab atribuiu os ânimos exaltados ao período eleitoral e disse que “quando um dos lados não quer, a temperaturanãosobe.”

Correligionários sustentam que o ex-presidente tem intensificado os ataques a Kassab para desgastá-lo perante o bolsonarismo, pois teme que o dirigente possa concorrer como vice de Tarcísio em uma eventual tentativa de reeleição ao governo de São Paulo em 2026. Nesse cenário, Kassab poderia assumir o Palácio dos Bandeirantes caso o ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro renuncie ao cargo para disputar a Presidência da República mais à frente.

Embora essa conjuntura esteja ainda distante, aliados de Kassab reconhecem que ele tem pretensão de ser governador do estado. Portanto, dizem pessoas próximas ao ex-presidente, difamá-lo a partir de agora poderia desmotivar Tarcísio a abrir espaço para o secretário em seus planos eleitorais.

SEM APOIO -A desconfiança de Bolsonaro deve ter repercussões eleitorais. Em fevereiro, o ex-presidente enviou um áudio a seus aliados vetando alianças com o PSD. “Deixo claro: PSD do Kassab eu não apoio ninguém, tá ok?”, disse. A decisão tem atrapalhado articulações para as eleições municipais em cidades espalhadas por estados como Santa Catarina, São Paulo e Goiás.

Oficialmente, Tarcísio minimiza a boa relação entre o novo procurador-geral, Kassab e Moraes, e atribui a sua decisão ao alinhamento de Costa com o próprio Conselho do MP e seu tempo de carreira.

— Proximidade com o secretário (Kassab) todos os três (da lista) têm. Obviamente, a opinião de ministros (do Supremo) é sempre relevante, mas não é determinante — afirmou Tarcísio ao Globo.

ALGO NATURAL – Aliados de Kassab tratam a crescente influência do ex-prefeito no governo como algo “natural” e enfatizam que o secretário é o único no primeiro escalão com perfil político.

Integrantes da administração estadual relatam que Tarcísio costuma recorrer a Kassab sempre que precisa resolver alguma questão política. O secretário desempenhou papel crucial ao ajudar o governador a se aproximar da Câmara Municipal de São Paulo e, em especial, de seu presidente, o vereador Milton Leite (União Brasil), com quem Tarcísio não mantinha boa relação. Foi depois da articulação de Kassab que Leite destravou a votação do projeto de lei que viabiliza a privatização da Sabesp, uma bandeira da gestão Tarcísio.

Membros do governo também afirmam que Kassab faz incursões em Brasília a pedido do governador, para tratar de assuntos de interesse da gestão estadual.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Kassab é o melhor cacique político-eleitoral, um verdadeiro artista, que sempre está no poder, não interessa quem ganhe a eleição. Consegue, ao mesmo tempo, estar com Tarcísio e com Lula. E só não está também com Bolsonaro, ao mesmo tempo, porque o capitão já sacou como Kassab joga. (C.N.)

Musk acusa a Austrália de censurar imagens de jovem esfaqueando bispo

Bispo é esfaqueado durante sermão em missa transmitida ao vivo na AustraliaDeu na  Folha

Depois de atacar o Judiciário brasileiro e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, o bilionário Elon Musk decidiu entrar em embate com autoridades australianas por causa de um pedido de retirada de postagem envolvendo conteúdo violento no X (antigo Twitter).

Na segunda-feira (22), autoridades do país determinaram a retirada global de vídeos sobre um ataque de um adolescente com faca contra um bispo em uma igreja na cidade de Sydney. O X afirma ter restringindo o conteúdo no país, mas Musk diz não concordar com o pedido de remoção global das postagens.

PREMIER REAGE – Respondendo à acusação de censura, feita por Musk, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, chamou o empresário de “bilionário arrogante”.

“Ele é um bilionário arrogante que pensa estar acima da lei e também acima da decência comum”, afirmou Albanese durante entrevista para a ABC News.

O primeiro-ministro também disse em entrevistas que plataformas têm respondido apropriadamente ao pedido feito pelo país, com exceção do X. Albanese afirmou que a questão não é sobre liberdade de expressão, mas sobre “implicações perigosas” que podem ocorrer quando mentiras são replicadas com o objetivo de dividir pessoas.

MUSK RESPONDE – As falas do primeiro-ministro foram seguidas por declarações de Musk contra as autoridades australianas.

“O povo australiano quer a verdade”, afirmou Musk nesta terça-feira (23). ” X é o único que defende seus direitos”, disse o empresário, afirmando que o aplicativo se tornou o mais baixado na Austrália.

Antes, o bilionário havia repostado publicação afirmando que a plataforma tenta lutar contra o que chamou de “censura global” das autoridades australianas, que pedem a remoção de postagens sob pena de multa diária.

QUESTÃO DE DIREITO – O empresário questiona se as autoridades do país têm o direito de pedir a retirada global das postagens.

“Nossa preocupação é que, se qualquer país tiver permissão para censurar conteúdo para todos os países, o que é o que o “eSafety Comissar” [comissário de instância reguladora sobre segurança online] da Austrália está exigindo, então o que vai parar qualquer país de controlar toda a internet?”, perguntou.

“Nós já censuramos o conteúdo em questão na Austrália, aguardando recurso legal, e ele está armazenado apenas em servidores dos Estados Unidos.”

MORAES NO ALVO – Em relação ao Brasil, o bilionário tem feito nas últimas semanas uma série de postagens atacando Alexandre de Moraes, nas quais afirmou que o ministro do STF é ditador e deveria ser “julgado por seus crimes”.

Musk reclama de decisões do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que bloquearam dezenas de contas na rede social e fala em censura. Em outros países, como Índia e Turquia, ordens de remoção de conteúdo foram cumpridas sem críticas desse teor.

No último dia 7, Moraes decidiu incluir o empresário em inquérito sobre milícias digitais no qual apura crime de obstrução de Justiça.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– As imagens são de um adolescente que entrou na igreja, esfaqueou o bispo e outras pessoas, mas não matou ninguém. São imagens jornalísticas, não há nada de política na questão. (C.N.)

Deputados de direita decidem viajar para audiência de Musk na Câmara dos EUA

Entenda o embate entre Musk e Moraes e se X pode ser bloqueado no país |  Aos Fatos

Elon Musk vai apresentar provas materiais contra Moraes

Deu na Folha

Uma comitiva de deputados de direita, a maioria bolsonaristas, pretende viajar a Washington (EUA) para acompanhar no dia 8 de maio uma audiência pública na Câmara dos Deputados americana com o empresário Elon Musk.

Devem se deslocar para o evento os deputados Bia Kicis (PL-DF), Julia Zanatta (PL-SC), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Filipe Barros (PL-PR) e Marcel van Hattem (Novo-RS) – este, o único que não é do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Outros parlamentares que têm criticado a “censura” das redes sociais ainda podem se somar ao grupo.

FOCO NO BRASIL – A expectativa é que o Brasil seja um dos temas principais da audiência. A sessão será para tratar dos “Twitter Files”, conjunto de comunicados internos da empresa (atualmente chamada X) que supostamente provariam arbitrariedades na exclusão de perfis da rede.

No Brasil, as ordens para o bloqueio partiram diretamente do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), sem terem início na primeira instância.

Também devem participar da audiência o jornalista americano Michael Shellenberger, que divulgou os arquivos do Twitter relacionados ao Brasil, além do CEO da rede conservadora Rumble, Chris Pavlovski, e do ativista brasileiro Paulo Figueiredo Filho, neto do ex-presidente/general João Figueiredo, alinhado ao bolsonarismo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vai ser um vexame internacional o depoimento do empresário Elon Musk, porque ele tem documentos oficiais para provar que no Brasil a censura é exercida diretamente por um ministro do Supremo, Alexandre de Moraes, que decide “de ofício”, sem que haja queixa da suposta vítima à Justiça de primeira instância, e também sem defesa do infrator e sem direito a recurso do suposto infrator. São provas materiais, que impedem qualquer tentativa de Moraes se defender. O máximo que ele conseguiu fazer até agora foi chamar Musk de “mercantilista estrangeiro”, uma expressão que nada significa, porque todo comerciante é mercantilista. (C.N.)