
Charge do Mariosan (opopular.com.br)
Pedro do Coutto
O presidente do INSS Alessandro Stefanutto foi demitido do cargo após se tornar alvo de uma operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU). A ordem de afastamento partiu após o presidente Lula da Silva ser informado por chefes da PF e da CGU sobre o teor das investigações que apuram um esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões entre 2019 e 2024.
Segundo a PF e a CGU, aposentados e pensionistas do INSS eram vítimas de um esquema de descontos indevidos em seus benefícios. As cobranças, feitas por associações e sindicatos, muitas vezes ocorreram sem a autorização dos segurados. A Operação “Sem Desconto”, deflagrada nesta semana, estima que o esquema envolva R$ 6,3 bilhões em descontos, entre valores legais e ilegais, no período. Entre os investigados estão seis servidores públicos, incluindo Stefanutto, indicado para o cargo em julho de 2023 pelo ministro Carlos Lupi.
CORRUPÇÃO – Os crimes apurados incluem corrupção ativa e passiva, organização criminosa, falsificação de documentos, violação de sigilo funcional e lavagem de dinheiro. O esquema consistia em registrar aposentados e pensionistas como membros de associações de aposentados sem seu consentimento. Com isso, mensalidades passavam a ser descontadas diretamente dos benefícios, simulando filiações que nunca ocorreram.
De acordo com o ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, algumas dessas associações ofereciam supostos serviços como consultoria jurídica e descontos em academias e planos de saúde — sem, no entanto, apresentar estrutura para tanto. Em 70% dos casos investigados, as associações nem sequer apresentaram a documentação necessária ao INSS para justificar os descontos.
A investigação começou em 2023 dentro da CGU. Após a identificação de indícios de crimes, a Polícia Federal foi acionada e abriu 12 inquéritos. Em 2024, a Justiça Federal autorizou medidas como prisões provisórias e apreensões de carros de luxo, joias, obras de arte e dinheiro vivo. Segundo as autoridades, o esquema se intensificou a partir de 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro, e atingiu os maiores volumes financeiros em 2022, após uma instrução normativa que facilitou os descontos associativos.
ASSOCIAÇÕES – Em paralelo, a Polícia Civil de São Paulo e o Gaeco investigam o envolvimento de cinco associações no estado, a partir de uma ação judicial movida por uma aposentada do litoral paulista, com suspeitas de uso de “funcionários laranjas” e movimentação de milhões de reais por mês.
Apesar de ocorrer desde gestões anteriores, a corrupção no INSS explodiu como uma bomba no governo, inclusive porque o Tribunal de Contas da União havia alertado o ministro da Previdência, Carlos Lupi, da ocorrência de fatos nebulosos configurados no desconto de contribuições de aposentados e pensionistas a entidades que se apropriavam indevidamente dos recursos.,
DEVOLUÇÃO – O presidente Lula mandou demitir Alessandro Stefanutto da Presidência do Instituto, mas Lupi custou a resolver a questão. O rastro de corrupção deixado cria um problema incrível, pois se aposentados e pensionistas foram enganados, como fazer para devolver os recursos roubados?
Para identificar é preciso rastrear a origem dos roubos e o momento em que foi definida a terceirização. A partir daí, é preciso somar-se os valores milionários que foram pegos ilegalmente e de forma corrupta, já que não foram autorizados. O governo fica desgastado, pois o fato demonstra a falta de solidez para tratar as investidas de fraudes que se sucederam.