/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/m/S/uaDnPzQFC9GvTcoXMWpg/64070382-brasil-brasilia-bsb-pa-03-02-2016-pa-cpi-dos-fundos-de-pensao-audiencia-publ.jpg)
Vaccari lidera nova ofensiva aos cofres dos fundos de pensão
Johanns Eller
O Globo
A Petros, fundo de pensão da Petrobras, dará início no fim de maio a um processo eleitoral que renovará o Conselho Deliberativo e pode mudar o jogo de poder na entidade.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, eminência parda no setor durante os governos Lula e Dilma Rousseff, tem se movimentado para emplacar um aliado na vaga hoje ocupada por Fernando Sá, tido como independente, e garantir maioria no conselho de olho em recursos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O conselho da Petros tem seis integrantes, três indicados pelas patrocinadoras (Petrobras e Transpetro) e os demais eleitos em votação dos beneficiários.
JOGO DE INTERESSES – Dos seis, apenas dois costumam contrariar os interesses de Vaccari. Um é Sá, independente, e o outro é Ricardo Besada, indicado pela Petrobras, cujo mandato termina em setembro.
Embora não representem a maioria, costumam pressionar o colegiado em relação a pautas controversas e o cumprimento das diretrizes do fundo de pensão, o que já foi suficiente para fazer avançar medidas para mitigar as tentativas de interferência política sobre a entidade.
Agora, Vaccari trabalha para emplacar na eleição direta pela primeira vaga Adaedson Bezerra da Costa, da cúpula da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP). Os sindicatos têm feito intenso lobby por seu candidato, assim como a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seu presidente, Deyvid Bacelar, que exerce forte influência na Petrobras sob a gestão de Magda Chambriard.
CONTROLE DO CONSELHO – Na vaga da Petrobras, a companhia deve substituir o conselheiro Besada a partir de setembro. Caso a estratégia seja bem-sucedida, o governo Lula contará com todos os votos dos participantes e dos indicados pela Petrobras no mínimo até o fim de seu terceiro mandato.
Assegurar a unanimidade das cadeiras do colegiado é crucial para os planos do petista pois, atualmente, a política de investimentos do fundo veda a aplicação de dinheiro em empreendimentos de infraestrutura. Sem os atuais conselheiros, mudanças ocorreriam sem quaisquer cobranças e questionamentos.
O empenho de dinheiro de fundos de pensão, muito utilizado nas décadas passadas pelos governos do PT, levou a uma série de escândalos desvelados pela Operação Greenfield que provocaram um prejuízo de R$ 5,5 bilhões só no caso da Sete Brasil e acarretaram em descontos nos contracheques dos participantes até os dias de hoje para cobrir o rombo.
FUNDO BILIONÁRIO – Desde que tomou posse para seu terceiro mandato, diante de uma situação fiscal complexa, o presidente Lula tem pleiteado que os fundos de pensão ajudem a irrigar as contas do PAC para alavancar obras pelo país de olho em 2026.
Uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) do fim de março deste ano voltou a permitir o investimento no setor de infraestrutura. Já a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), órgão regulador dos fundos de pensão, autorizou o uso de até 25% do plano de gestão administrativa – ou seja, o fundo previdenciário de cada fundação – para esse tipo de aporte.
Hoje o fundo dos funcionários da Petrobras é de R$ 1,5 bilhão – o que renderia ao menos R$ 375 milhões para o PAC.
NOVAS PROIBIÇÕES – No entanto, a Petros adotou uma série de regras no fim do ano passado proibindo esse tipo de aporte. Os vetos continuam vigentes a despeito das novas diretrizes do CMN e da Previc.Com a unanimidade no Conselho Deliberativo, o governo poderia derrubar as restrições com facilidade.
Como publicamos no blog em dezembro, as mudanças nas diretrizes do fundo foram discutidas e implementadas no contexto da indicação de Gustavo Gazaneo, aliado de Vaccari, para ocupar a Diretoria de Investimentos.
Além do veto ao financiamento de obras de infraestrutura, o Conselho Deliberativo também proibiu o aporte de dinheiro em em novos fundos de investimento em participações, os chamados FIPs, modalidade pivô da Greenfield, bem como investimentos em Certificado de Operações Estruturante (COE), empresas de capital fechado (private equity) e fundos de capital de risco (venture capital), bem como debêntures fora da relação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
OUTRA DETERMINAÇÃO – Também houve uma determinação para que qualquer alteração na composição da diretoria liderada por Gazaneo fosse avalizada pelo colegiado, diante dos rumores de que o aliado de Vaccari promoveria uma devassa.
Ameaças de demissão e tentativas de mudanças na equipe, por sinal, têm dado o tom de sua gestão nos últimos meses e provocado forte tensão nos bastidores do fundo dos pensionistas da Petrobras.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Também a Previ, fundo do Banco do Brasil, está sob o guarda-chuva de Vaccari e entrou no vermelho. É uma verdadeiro festival. Os petistas não podem ver dinheiro e sabem que não serão presos novamente. As vítimas são os clientes dos fundos, que recebem cada vez menos, como ocorre na Previ. A corrupção reina, comandada pela mesma gang da Lava Jato, por culpa do Supremo, é claro. (C.N.)