Emendas Pix crescem R$ 73 milhões em manobra pré-eleitoral

Entre tarifas e petróleo: o desafio diplomático de Lula diante de Trump

Faxina no Centrão: Lula intensifica demissões após derrota no Congresso

Delegado Shor erra de novo e deve ser incriminado na Lei Magnitsky

Delegado da PF relata “recado de intimidação” após indiciar Bolsonaro

Shor acusa Felipe Martins, que provou ser inocente

Deu na Timeline

O delegado da Polícia Federal Fábio Shor encaminhou documento ao ministro Alexandre de Moraes em que afirma haver “a possibilidade de que integrantes da ‘organização criminosa’ tenham se utilizado do procedimento migratório diferenciado relacionado a comitivas de chefes de Estado para simular uma falsa entrada de Felipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, em território americano”.

 A PF ainda comparou o caso a práticas atribuídas à chamada “milícia digital”, sob investigação no STF, apontando o uso da internet por “influenciadores e advogados para propagar informações falsas e desacreditar autoridades”.

DELEGADO FACCIOSO – A defesa de Martins reagiu ao pedido. Em nota, os advogados afirmaram que o ofício da PF é “um documento que, sob a aparência de relatório técnico, é na verdade uma tentativa de criminalizar a advocacia, a imprensa e a cidadania”.

Segundo a defesa, o delegado responsável pela “investigação” teria “ultrapassado todos os limites que separam do arbítrio o Estado de Direito”.

Para os advogados, o relatório representa “uma tentativa desesperada de autopreservação” e “confissão de culpa”. “Quando o Estado precisa demonizar quem faz perguntas, é porque não tem resposta”, diz o texto.

DESVIO DE FINALIDADE – Eles também acusam o delegado de “negligência” e “desvio de finalidade”, afirmando ainda que a prisão de Filipe Martins, em fevereiro de 2024, teria sido utilizada “como método de tortura psicológica” e instrumento de pressão para tentar obter delações forçadas.

A defesa contesta o argumento da PF de que havia risco de fuga por parte de Martins. Segundo os advogados, a corporação já monitorava o ex-assessor desde outubro de 2023, quatro meses antes da prisão, por meio de dados telefônicos e de geolocalização:

“A Polícia Federal sabia exatamente onde ele esteve durante os anos de 2023 e 2024: em sua residência, vivendo normalmente com a esposa e atendendo a todas as demandas da Justiça. A PF e Moraes sabiam que ele não estava foragido e, mesmo assim, sustentaram essa mentira para justificar uma prisão abusiva. Trata-se de falsidade deliberada e de evidente desvio de finalidade”.

PROVIDÊNCIAS FORMAIS – Os representantes do ex-assessor também anunciaram que vão pedir providências formais. Entre as medidas listadas, estão o pedido de retirada dos trechos do relatório que citam advogados e jornalistas, a abertura de apuração disciplinar contra o delegado Fábio Shor e representações junto ao Tribunal de Contas da União, à Controladoria-Geral da União, ao Ministério Público Federal e à Ordem dos Advogados do Brasil.

O documento da PF foi enviado a Alexandre de Moraes depois que o ministro deu cinco dias para que a corporação esclarecesse as circunstâncias da suposta viagem de Filipe Martins aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, mesma data em que o então presidente Jair Bolsonaro deixou o país rumo à Flórida.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelente editorial enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que o convívio com o ministro Alexandre de Moraes fez muito mal ao delegado Fábio Shor, que passou também a se julgar onipotente. Ele já perdeu o visto para viajar aos Estados Unidos e agora é um dos candidatos a ser incriminado na Lei Magnitsky, igualando-se a Moraes e passando a ser considerado transgressor das regras dos direitos humanos. (C.N.)

Ao nomear o radical Boulos para ministro, Lula deu um tiro no pé

Boulos é ministro do governo Lula

Lula prefere se ligar ao que há de pior na política brasileira

Vicente Limongi Netto

Ministério ruim. Não se sustenta. Pavoroso. Com as raras exceções de praxe, pouco ou nada produz para a coletividade. Ministério caindo pelas tabelas. Caminhando para o abismo da mediocridade. Ministério que não joga em campo de várzea.

Agora chegou o boçal Guilherme Boulos. Conhecido invasor de terras e prédios públicos e privados. Os proprietários de imóveis que se cuidem. Reforcem a segurança. Porque o que o arrogante Boulos mais sabe fazer é invadir edifícios para dar aos sem-teto. 

JOGA SUJO – É assim, com métodos nada republicanos que o PT, sob o comando do santinho de pau oco, Lula, amigo do ditador NIcolas Maduro, abre as cortinas para o pleito de 2026.

A nação sabe que o PT joga sujo. Passa por cima de bons costumes e atitudes decentes para obter o poder. As escolhas de Lula para auxiliares de confiança são patéticas e medonhas. Realmente a química nauseabunda entre Lula e Boulos é perfeita.

Fotos de Lula e Boulos enfatizam os sorrisos de abutres da dupla. O povo que se lixe. O que importa para o PT, Lula e Boulos é agrupar no poder central da República alicerces que beneficiem a patota petista. Tudo na base do “é nóis”.

PLANO B – Alguns já acreditam que o nocivo Boulos é o plano B para substituir Lula na disputa para o Palácio do Planalto, vejam a que ponto chegamos.

Brasileiros que amam o país, que raciocinam com a própria cabeça, que lutam por um Brasil digno e respeitado, para beneficiar as novas gerações, jamais admitirão tamanha afronta e desrespeito. 

A arma do bom senso dos brasileiros, para dar resposta a Lula e ao PT, será o voto. 

Entre o Planalto e o plenário: o centro de gravidade do poder brasileiro

Fux rompe com linha dura do STF, revê condenações e defende reparação de injustiças

Bolsonaro e Valdemar articulam ofensiva para rever penas do 8/1 e pressionar Orçamento de 2026

Ações buscam em vão saída que beneficie o ex-presidente

Luísa Marzullo
O Globo

O PL prepara uma nova ofensiva no Congresso para tentar destravar o projeto que reduz as penas dos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e, ao mesmo tempo, acentuar o desgaste do governo Lula em votações consideradas essenciais para a gestão. A estratégia foi traçada nesta segunda-feira durante o encontro entre o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar.

Valdemar chegou ao condomínio de Bolsonaro em Brasília por volta das 14h e saiu às 17h30, após uma reunião descrita por aliados como “longa e política”. Segundo interlocutores, o diagnóstico de ambos é que o texto da dosimetria, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), está paralisado por falta de empenho da cúpula do Congresso.

POSTURA INCISIVA – O ex-presidente defendeu que o PL adote uma postura mais incisiva no Senado, mas sem romper pontes com o Centrão. A orientação é poupar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de ataques diretos, por ele ter demonstrado intenção de dialogar com a oposição, e pressionar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), a retomar as negociações.

Valdemar, segundo aliados, se comprometeu a ampliar a movimentação no Senado com apoio de Rogério Marinho (PL-RN), que coordena a bancada. O partido também avalia recorrer à obstrução das votações como forma de pressão política, caso o tema continue travado.

O projeto de dosimetria, travado há mais de um mês no Senado, é visto como bandeira simbólica para mobilizar as bases bolsonaristas e forçar o Congresso a se reposicionar diante da pressão popular.

OPOSIÇÃO – Bolsonaro também cobrou que o PL endureça a oposição ao governo, especialmente em torno de dois assuntos que podem representar novas derrotas expressivas para o Planalto: a eventual derrubada dos vetos ao licenciamento ambiental e a recomposição orçamentária da MP alternativa ao IOF.

O ex-presidente enxerga nesses temas a oportunidade de vincular o governo ao aumento de gastos e ao avanço de uma “agenda verde” que desagradaria ruralistas. Atuar contra as medidas que o governo avalia para recompor o rombo de R$ 46 bilhões em 2025 e 2026 em função da rejeição da MP também significaria, segundo essa leitura, deixar menos recursos na mão do Planalto em ano eleitoral.

MAPA ELEITORAL – A reunião também serviu para revisar o mapa eleitoral de 2026. Valdemar apresentou levantamentos sobre alianças regionais e nomes competitivos em estados-chave, enquanto Bolsonaro insistiu em priorizar palanques ideológicos em Santa Catarina, Distrito Federal e Rio de Janeiro. Em outros estados, como Bahia, Pará e Ceará, o partido deve apostar em alianças pragmáticas com o Republicanos e o PP.

Durante a conversa, os dois também trataram da iminente indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal. A avaliação foi de que o PL deve “dar trabalho” ao governo na sabatina, explorando contradições de seu passado.

O episódio que mais deve ser explorado ocorreu quando Messias era subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil. Em uma interceptação telefônica divulgada na Lava-Jato, em março de 2016, a então presidente Dilma Rousseff avisou a Lula que enviaria, por meio de “Bessias”, um termo de posse para que ele assinasse e, assim, se tornasse ministro da Casa Civil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA articulação entre Jair Bolsonaro e Valdemar Costa Neto para reduzir as penas dos envolvidos no 8 de janeiro e pressionar o governo sobre o Orçamento expõe uma agenda voltada exclusiva e absurdamente à autopreservação política em detrimento do interesse público. Em vez de priorizar temas que afetam diretamente a sociedade, ambos apostam em manobras que tensionam o Congresso e aprofundam a polarização. O gesto revela uma oposição pautada pelo cálculo eleitoral, não pela responsabilidade institucional. (M.C.)

Piada do Ano! PF tenta ligar Filipe Martins à milícia digital

STF pode reabrir investigação contra Valdemar Costa Neto na trama golpista

Uma crítica à desigualdade social, na poesia realista de Jorge de Lima

Jorge de LIma, retratado por Silvia Meyer

Paulo Peres
Poemas & Canções

O alagoano Jorge Mateus de Lima (1893-1953) foi político, médico, poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutor e pintor. Neste soneto, ele usa a figura do acendedor de lampião para marcar a desigualdade social, com a qual jamais concordou.

O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
Jorge de Lima

Lá vem o acendedor de lampiões de rua!
Este mesmo que vem, infatigavelmente,
Parodiar o Sol e associar-se à Lua
Quando a sobra da noite enegrece o poente.

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite, aos poucos, se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele, que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade
Como este acendedor de lampiões de rua!

STJ confirma exclusão de Dirceu, Genoíno e Delúbio de ação de improbidade do Mensalão

STF retoma julgamento do núcleo da desinformação ligado ao golpe

Segundo a PGR, grupo alimentou a narrativa de fraude nas urnas

Mariana Muniz
O Globo

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta terça-feira o julgamento do núcleo responsável pela propagação de desinformação e ataques sistemáticos ao processo eleitoral com o voto dos ministros da Primeira Turma da Corte.

Esse núcleo, segundo as investigações, foi essencial para alimentar a narrativa de fraude nas urnas e insuflar apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro contra o resultado legítimo das eleições.

INCITAÇÃO À RUPTURA – A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que os réus atuaram de forma coordenada para desacreditar o sistema eletrônico de votação, promover teorias conspiratórias e incitar a ruptura institucional. Na semana passada, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a condenação dos réus.

Os sete acusados desse núcleo são o ex-major do Exército Ailton Barros; o major da reserva Angelo Denicoli; o engenheiro Carlos Rocha; o subtenente Giancarlo Rodrigues; o tenente-coronel Guilherme Marques Almeida; o policial federal Marcelo Bormevet; e o coronel Reginaldo Vieira de Abreu. Segundo a PGR, a estratégia envolvia a disseminação de conteúdos falsos, lives com discursos inflamados e a articulação de manifestações antidemocráticas.

SUSPEITAS INFUNDADAS – Para a PGR, Ângelo Denicoli e Guilherme Almeida teriam contribuído para disseminar nas redes suspeitas infundadas contra as urnas. Já Denicoli e Reginaldo Abreu teriam tentado interferir no relatório do Ministério da Defesa sobre a votação, que não encontrou fraudes, inclusive com informações divulgadas por um influenciador argentino.

Em setembro, a Primeira Turma da Corte condenou Bolsonaro e outros sete envolvidos na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022 e agora analisa a responsabilidade dos articuladores intelectuais e comunicacionais da ofensiva contra a democracia.

A expectativa é que os votos dos ministros sigam o posicionamento do relator, Alexandre de Moraes, a favor da condenação dos réus por associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e incitação ao crime.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSe depender da moderna “dosimetria” do ministro Moraes, cada um desses retardados será condenado à prisão perpétua, seguida da pena de morte. (C.N.)

O ouro da corrupção é ameaça global, com a erosão da confiança pública

Proteger o que é público é um compromisso de todos

Pedro do Coutto

Vivemos um tempo em que a corrupção deixou de ser um fenômeno restrito a determinados países ou governos e se transformou em uma ameaça global, infiltrando-se tanto em administrações públicas quanto em instituições de prestígio.

O episódio narrado sobre o roubo de joias no Museu do Louvre, em Paris, serve como uma poderosa metáfora desse cenário. O fato de ladrões terem conseguido penetrar em um dos espaços mais vigiados e simbólicos do mundo — supostamente com ajuda interna — revela que nenhuma estrutura, por mais sólida que pareça, está imune quando a ética e a integridade se fragilizam por dentro.

FERRUGEM SILENCIOSA – A corrupção é isso: um roubo que não vem de fora, mas que nasce no interior das próprias instituições, corroendo-as como ferrugem silenciosa. No Brasil, a mesma lógica se aplica a órgãos públicos que deveriam ser sinônimo de confiança e proteção social, como o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Recentemente, investigações da Controladoria-Geral da União e da Polícia Federal revelaram um esquema bilionário de fraudes, com descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas. Estima-se que cerca de R$ 6,3 bilhões tenham sido desviados entre 2019 e 2024, em um esquema que envolvia associações e sindicatos falsamente conveniados.

Beneficiários, muitos deles idosos e vulneráveis, descobriram que parte de seus rendimentos havia sido retida sem autorização. O caso escancara um problema estrutural: o enfraquecimento dos mecanismos de controle interno e a complacência com práticas ilícitas que se tornaram quase rotina na administração pública.

CONFIANÇA SOCIAL – A corrupção, quando se alastra, não destrói apenas os cofres, mas a confiança social. Ela mina a credibilidade do Estado e fragiliza o pacto democrático. Quando um aposentado descobre que foi lesado por quem deveria protegê-lo, o dano é mais profundo do que o financeiro: é simbólico, é moral.

A sensação de impotência e de injustiça amplia o distanciamento entre o cidadão e o poder público, alimentando o descrédito nas instituições e abrindo espaço para discursos populistas que exploram o ressentimento social. Esse ciclo é perigoso porque transforma o cansaço moral em combustível político.

A história mostra que, onde há fragilidade institucional, a corrupção se instala com mais facilidade. O Brasil, herdeiro de uma cultura patrimonialista, ainda mistura o público e o privado em sua lógica de funcionamento. O velho hábito do “toma lá, dá cá” continua presente nas relações entre o Executivo e o Congresso, e os escândalos se repetem como se fossem capítulos de uma série sem fim.

PREJUÍZOS E DÉFICITS – A crise nos Correios, que vem acumulando prejuízos bilionários, e os déficits em fundos de pensão, como o Postalis, são sintomas de um mesmo mal: a captura do Estado por interesses particulares. Soma-se a isso a queda nas receitas, o avanço da tecnologia que reduziu a demanda por serviços tradicionais e a má gestão de recursos aplicados de forma temerária na bolsa de valores. O resultado é um quadro de instabilidade que atinge não apenas o erário, mas também a confiança do trabalhador brasileiro.

Enquanto isso, no cenário internacional, o mundo também enfrenta suas próprias crises de moralidade e poder. O conflito em Gaza, reacendido por ataques israelenses que deixaram dezenas de mortos, mostra que até mesmo os compromissos de trégua podem ser rompidos por interesses políticos.

ESTRATÉGIA –  O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pressionado internamente, parece prolongar o conflito como estratégia de sobrevivência política. Do outro lado, os Estados Unidos observam com cautela, enquanto Donald Trump tenta equilibrar seu papel de mediador com a necessidade de mostrar força.

A diplomacia se mistura ao cálculo eleitoral, e a paz vira um ativo político. Nesse tabuleiro global, o roubo de joias em Paris, o desvio de verbas no INSS e as bombas lançadas em Gaza parecem eventos distintos, mas partilham um mesmo denominador comum: a degradação da ética pública e da responsabilidade moral no exercício do poder.

É inevitável, portanto, reconhecer que a corrupção, seja em forma de fraude administrativa ou de guerra política, nasce da mesma semente — a do egoísmo humano que transforma o bem comum em bem próprio. Combater esse mal exige mais do que punições exemplares: requer uma mudança cultural, uma educação ética que valorize o serviço público como vocação, não como oportunidade.

VOZ E MEIOS – O fortalecimento das instituições de controle, a transparência ativa e o empoderamento da sociedade civil são caminhos indispensáveis. O cidadão precisa voltar a ter voz e meios de fiscalizar o Estado. É inaceitável que alguém trabalhe a vida inteira e veja parte de sua aposentadoria ser desviada por esquemas obscuros, enquanto os responsáveis permanecem impunes.

O Brasil tem leis modernas, como a Lei Anticorrupção, mas ainda peca na aplicação e na fiscalização. É preciso que a justiça funcione sem seletividade, que os agentes públicos e privados envolvidos em desvios sejam punidos com rigor e que as estruturas de poder deixem de proteger seus próprios integrantes.

ZELO PELO COLETIVO – Só assim será possível reconstruir o elo de confiança entre governo e sociedade. A corrupção, no fundo, é o espelho da nossa incapacidade de zelar pelo coletivo. Quando um museu perde suas joias, um aposentado perde seu benefício e um país perde sua integridade, o que se rouba não é apenas o ouro ou o dinheiro — é a dignidade de um povo.

O desafio que se impõe ao Brasil, e ao mundo, é o de reerguer as muralhas da confiança. Proteger o que é público não é apenas uma tarefa do Estado, mas um compromisso de todos. A honestidade precisa voltar a ser um valor inegociável, e não uma exceção admirável. É tempo de compreender que o verdadeiro tesouro de uma nação não está nas joias do Louvre, nem nos cofres do INSS, mas na solidez moral de suas instituições e na ética de seus cidadãos.

Lula anuncia Guilherme Boulos como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência

Tensão entre Trump e vizinhos da região acende alerta no Planalto

Brasil tem de ter cautela em negociação, avaliam diplomatas

Ricardo Abreu
G1

O governo brasileiro vê com preocupação o aumento da tensão entre os Estados Unidos e países da América Latina, como Venezuela e Colômbia. Mas o alerta não se dá só pela questão territorial ou de instabilidade na região. A crescente troca de ameaças entre Donald Trump e os governos venezuelano e colombiano pode atrapalhar um momento crítico de negociação entre Brasil e Casa Branca, em que Lula e Trump tentam se entender para discutir o tarifaço.

Depois do encontro entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, na última quinta-feira (16), ficou acertado que uma primeira reunião técnica, entre negociadores brasileiros e uma equipe do governo norte-americano, será agendada para os próximos dias, de forma virtual.

TARIFAÇO – O diálogo ocorre em meio a uma forte crise nas relações bilaterais, iniciada em julho, quando Trump anunciou tarifas de 50% a produtos brasileiros importados pelos americanos. Os EUA alegaram que o Brasil adota práticas desleais de comércio e promove uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). As tarifas entraram em vigor no início de agosto.

A mudança na relação entre os dois começou após um breve encontro nos bastidores da Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, e foi seguida por um telefonema de 30 minutos entre Lula e Trump no dia 6 de outubro, no qual foram abordados temas econômicos, incluindo o tarifaço.

CRÍTICAS –  Neste domingo (19), Trump elevou o tom da crise ao chamar o presidente colombiano, Gustavo Petro, de “traficante de drogas ilegal” que incentiva a “produção massiva” de entorpecentes. Ele afirmou ainda que os EUA vão cancelar “pagamentos e subsídios em larga escala” ao país sul-americano e alertou Petro de que “é melhor encerrar” as operações de drogas “ou os Estados Unidos as encerrarão por ele, e não será feito de forma gentil”.

Petro acusou o governo dos EUA de assassinato e exigiu respostas após o mais recente ataque americano em águas do Caribe. Os ataques ocorrem em uma região próxima à costa da Venezuela, onde Trump admitiu ter autorizado ações da Agência Central de Inteligência (CIA). O governo venezuelano, que enviou caças, submarinos e navios de guerra, não descarta uma invasão por terra.

Segundo Trump, a operação busca combater os cartéis de drogas venezuelanos. Os EUA também acusam o presidente do país, Nicolás Maduro, de liderar o Cartel de los Soles, grupo classificado recentemente pelo governo Trump como organização terrorista internacional.

PAUTA DE DISCUSSÃO –  Em meio à escalada da tensão, Lula planeja comentar a crise na Venezuela no encontro presencial que deve ter com Trump, ainda sem data marcada. Auxiliares afirmam que o presidente brasileiro pode usar um tom de alerta sobre a situação, querendo deixar claro a Trump que uma intervenção militar americana na Venezuela irá desestabilizar toda a região, criando um cenário mais propício para o narcotráfico.

Na quarta-feira (15), o presidente dos EUA afirmou ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano e disse estar estudando ataques terrestres contra cartéis do país.

ENCONTRO FUNDAMENTAL –  O governo brasileiro avalia que é muito importante que a reunião entre Lula e Trump aconteça ainda em 2025. Lula embarca nesta terça (21) para a Malásia, para participar da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). O Planalto e o Itamaraty trabalham com a possibilidade de que o encontro bilateral aconteça durante essa viagem, mas ainda há incertezas sobre a compatibilidade das agendas dos dois mandatários.

Segundo auxiliares do governo, há um esforço em andamento para construir a reunião Lula-Trump este ano. Diplomatas acreditam que, uma vez realizado, o diálogo presencial em mais alto nível, entre os dois presidentes, dará um norte para a discussão.

“Há, no horizonte, muitas tentativas externas de pautar agendas paralelas e atrapalhar a relação bilateral. Tem muita espaçonave desgovernada no caminho, e a presença dos chefes de Estado, o quanto antes, é fundamental para impedir qualquer interferência”, disse uma fonte. O Palácio do Planalto recebeu indicativos da Casa Branca de que os americanos também enxergam como ideal organizar a reunião com rapidez.

Defender Alexandre de Moraes significa contestar a democracia

Gilmar Fraga: liberdade de expressão | GZH

Charge do Gilmar Fraga (Gaúcha/Zero Hora)

Carlos Newton

Circulam nas redes sociais informações tão absurdas que chegam a causar perplexidade e revolta. Uma deles é a de que Donald Trump vai erradicar o esquerdismo no mundo, num projeto que já está começando pela Venezuela, depois passará pelo Brasil, Cuba, Nicarágua e qualquer outro país que sair do sério, digamos assim.

Meus amigos, é impressionante o que se diz de Trump, que seria uma espécie de Super-Homem sem criptonita. Fala-se que estaria empenhado também em destruir a Rússia, o Vietnã, o Irã e até a Índia, que manifesta uma tendência ideológica bipolar, , sem falar na China, que já estaria condenada ao fracasso e à humilhação diante do irrequieto novo líder do capitalismo mundial. 

BEST-SELLERS – Dizem também as redes sociais que um dos principais gurus desse movimento mundial é o jornalista brasileiro Paulo Figueiredo, autor de uma obra sobre política global que já estaria liderando a lista dos best-sellers nos Estados Unidos.

Tomado pela curiosidade, fui conferir a famosa lista do New York Times e não encontrei nenhum autor brasileiro entre os atuais best-sellers.  Fiz então uma busca mais apurada e descobri que o neto do general João Figueiredo jamais publicou livro algum.

Diante dessa desfaçatez, fica absolutamente clara a importância do jornalismo profissional, que também está sujeito a manipulações, é óbvio, mas não passa adiante esse tipo de desinformação.

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P.S. – O pior é que essas fake news são incontroláveis em países minimamente democráticos. Somente se consegue coibir esse tipo de desinformação em nações ditatoriais, que exercem censura prévia, conforme o ministro Alexandre de Moraes tenta implantar no Brasil, mas os Estados Unidos e outros países não aceitam, em nome da liberdade de expressão que caracteriza a democracia. Em tradução simultânea, isso significa que teremos de aturar essas deformações sociais, até encontrar solução. Pense sobre isso. (C.N.)

Itamaraty pede reforço de R$ 352 milhões e aponta risco de despejo em embaixadas

Aécio reaparece, multiplica gastos em mídia e mira presidência do PSDB

Aécio gasta mais de R$ 100 mil em divulgação nas redes

Salma Freua
O Tempo

Nas últimas semanas, muitos brasileiros se surpreenderam ao ver o deputado federal Aécio Neves (PSDB) na televisão e nos jornais. A reaparição do ex-governador de Minas Gerais, que em 2014 quase alcançou o posto mais alto da política brasileira, chama atenção após um longo período de afastamento dos holofotes. Com as eleições de 2026 se aproximando e diante de um novo contexto na política brasileira, a estratégia de Aécio mudou, incluindo maior investimento em outro tipo de mídia: as redes sociais.

A coluna Aparte analisou os anúncios das contas de Aécio Neves no Instagram e no Facebook em 2024 e 2025, por meio da Biblioteca da Meta, ferramenta que permite consultar todos os posts impulsionados por usuários nas plataformas da empresa. Enquanto em todo o segundo semestre do ano passado o deputado investiu cerca de R$ 400 em publicações patrocinadas, de julho a outubro deste ano, o valor já ultrapassa R$ 115 mil. O salto é de 28.650%.

POSTAGENS – O investimento variou ao longo dos meses: cerca de R$ 35 mil em julho, R$ 45 mil em agosto, R$ 36 mil em setembro e R$ 1.800 em outubro (até terça). Parte das postagens é compartilhada com os perfis do PSDB e do Instituto Teotônio Vilela (ITV), instituto de formação política do partido que é presidido por Aécio.

Os principais temas dos posts impulsionados incluem aparições de Aécio na mídia nacional, críticas aos governos do presidente Lula (PT), em nível federal, e de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, além de publicações que relembram de forma positiva sua gestão à frente do estado.

Também aparecem conteúdos voltados à divulgação de emendas parlamentares destinadas a diferentes cidades mineiras, comentários sobre pautas de destaque na política nacional, como o PL da Anistia e a PEC da Blindagem, e a defesa de um chamado “centro político”, conceito que o PSDB passou a utilizar para se diferenciar dos dois principais polos atuais, PT e PL.

FINANCIAMENTO – A coluna procurou a assessoria de Aécio Neves para falar sobre as publicações e sobre quem financia o impulsionamento dos posts. Por meio de nota, a equipe do deputado informou que os conteúdos relacionados à divulgação de emendas parlamentares são pagos pelo mandato, enquanto as demais publicações são custeadas pelo PSDB e pelo Instituto Teotônio Vilela.

“Principal projeto do instituto, o Farol da Oposição dedica-se à fiscalização das ações do governo, à proposição de soluções para os desafios do país e à divulgação das ideias, programas e legado dos governos do PSDB”, afirmou a assessoria. Por lei, todos os partidos devem manter um instituto de formação política financiado com 20% do fundo partidário.

Ainda segundo a equipe, as publicações colaborativas entre o PSDB, o instituto e as “principais lideranças do partido” são recorrentes e buscam “ampliar a visibilidade das ações e do legado do partido nos estados brasileiros”. “Esses gastos são todos legais, transparentes e declarados publicamente”, finaliza a nota.

REPOSICIONAMENTO –  Embora suas últimas aparições possam parecer repentinas, a estratégia de Aécio de voltar aos olhos do público começou no ano passado. Nas eleições para prefeito de Belo Horizonte, ele declarou apoio a Fuad Noman (PSD). O gesto, no entanto, não foi repercutido pela campanha de Fuad.

Após o pleito, o deputado adotou postura crítica em relação ao governo estadual, comandado por Romeu Zema (Novo) e pelo vice e pré-candidato Mateus Simões (Novo). Desde então, tem se manifestado sobre os principais temas da política nacional e estadual, do “tarifaço” à possível privatização da Copasa. Além disso, aproveita o tempo de propaganda partidária do PSDB na rádio e na TV para repercutir essas críticas.

“RECALL” – A ideia seria reativar o “recall” do Aécio entre os mineiros, segundo interlocutores do PSDB ouvidos pela coluna. O investimento nas redes sociais não teria necessariamente caráter eleitoral. Segundo a assessoria, Aécio ainda não definiu se será candidato em 2026, e a decisão deve sair no início do ano que vem.

Interlocutores afirmam que ele já teria definido que não vai disputar a reeleição à Câmara e estaria avaliando o Senado ou o governo de Minas. Outra possibilidade é não disputar nenhum cargo, mas tentar se tornar um “player” na política nacional. Em novembro, ele já deve assumir a presidência nacional do PSDB. Por ora, os resultados das pesquisas eleitorais têm animado o tucano: ele aparece entre os nomes lembrados para o Senado e o governo de Minas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG“Inocentado” de corrupção igual a Lula, o neto que desonrou Tancredo Neves tentará subir de turma, como se diz no turfe. Mas sua carreira é um fracasso, pois perdeu para Dilma Rousseff em Minas Gerais. É um político de segunda. (C.N.)

Fux pede ajustes em voto que condenou Bolsonaro e adia acórdão no STF

Publicação do acórdão dá início ao prazo para apresnetação de recursos

Daniel Gullino
O Globo

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou na última semana para realizar ajustes gramaticais em seu voto no julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O pedido ocorreu em meio à elaboração do acórdão, documento que oficializa o resultado do julgamento.

Para a preparação do acórdão, os ministros devem apresentar a versão completa de seus votos, que nem sempre corresponde ao que foi dito durante a sessão. Fux já havia enviado seu voto, mas solicitou a devolução para realizar correções no texto. A informação foi divulgada pela Folha de S.Paulo e confirmada pelo O Globo

PRAZO – A publicação do acórdão é importante porque dá início ao prazo para as defesas apresentarem recursos contra o resultado do julgamento. O início do cumprimento da pena só pode ser determinado após a análise desse recurso.

O regimento interno do STF estabelece um prazo de 60 dias para a publicação do documento. O prazo começou a contar após a aprovação da ata da sessão em que a análise foi concluída, o que aconteceu no dia 24 de setembro.

Os gabinetes de cada ministro têm 20 dias para liberarem os votos escritos e também a transcrição do que foi dito nas sessões. Caso o prazo não seja respeitado, a Secretaria das Sessões elabora os textos e encaminha todo o material ao gabinete do relator, que neste caso é ministro Alexandre de Moraes. Ele será responsável pela redação do acórdão e da ementa, que é um resumo da decisão.

GOLPE DE ESTADO – Bolsonaro foi condenado, no dia 11 de setembro, a 27 anos e três meses de prisão, por uma tentativa de golpe de Estado. Os demais sete réus também foram considerados culpados e condenados a penas entre dois e 26 anos de prisão.

Após a publicação do acórdão, começa o prazo para que as defesas apresentem recursos à decisão. No caso dos embargos de declaração, utilizados para esclarecer contradições ou omissões no julgamento, esse prazo é de cinco dias.

Também é possível apresentar embargos infringentes, para tentar rever o resultado, em 15 dias. O entendimento do STF, no entanto, é que esse recurso só é válido contra uma decisão da turma se houver dois votos pela absolvição. No caso de Bolsonaro e da maioria dos réus, só houve um, do ministro Luiz Fux.