‘Mas é preciso ter força, é preciso ter raça, é preciso ter gana sempre…”

Brant e Milton, amigos e parceiros

Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta mineiro Fernando Rocha Brant (1946-2015), na letra de “Maria, Maria”, evoca uma personagem feminina de personalidade forte, “que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta” e que “mistura dor e alegria”. Maria, que significa “senhora soberana” em hebraico, é um dos nomes femininos mais comuns em todo Brasil, e, portanto, a protagonista da canção pode estar representando todas as mulheres batalhadoras do país.

Por outro lado, Maria é o nome da mãe biológica de Milton Nascimento, uma empregada doméstica que morreu quando ele tinha apenas quatro anos de idade, por este ponto de vista, Brant pode estar fazendo uma representação idealizada ou heroica dela. A protagonista da letra, é claro, também evoca a personagem bíblica mãe de Jesus Cristo.
Originalmente, esta música não tinha letra e foi composta, em 1977, para o espetáculo de dança “Maria, Maria” do “Grupo Corpo” de Belo Horizonte (MG). A música com letra foi lançada no LP Clube da Esquina 2, em 1978, pela gavadora EMI.

MARIA, MARIA
Milton Nascimento e Fernando Brant

Maria, Maria é um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta

Maria, Maria é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas agüenta

Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo essa marca
Maria, Maria mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania de ter fé na vida

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