60 anos de 64! No início, os militares prendiam, depois se acostumaram a matar…

Foto de Vladimir Herzog morto – Wikipédia, a enciclopédia livre

Vladimir Herzog foi suicidado na cela pelos militares

Bernardo Mello Franco
O Globo

A um mês de subir a rampa do Planalto, Ernesto Geisel recebeu seu futuro ministro do Exército, Dale Coutinho, para uma conversa no Rio. Os dois generais começaram tratando de amenidades. Depois chegaram ao que interessava: a repressão à esquerda armada, que havia chegado ao ápice no governo Emílio Médici.

— O negócio melhorou muito. Agora, melhorou, aqui entre nós, foi quando nós começamos a matar. Começamos a matar — sublinhou Coutinho.

— Porque antigamente você prendia o sujeito e ia lá para fora — emendou Geisel. — Ô Coutinho, esse troço de matar é uma barbaridade, mas acho que tem que ser — prosseguiu.

REGIME MATADOR – O diálogo, gravado em 16 de fevereiro de 1974, mostra como a ditadura militar transformou o extermínio de presos políticos em política de Estado. A conversa foi revelada pelo jornalista Elio Gaspari no livro “A ditadura derrotada”, de 2003. Vinte e um anos depois, o público poderá ouvi-la pela primeira vez em “A ditadura recontada: As vozes do golpe”, série original do Globoplay produzida pela CBN.

O podcast é baseado nos cinco volumes em que Gaspari narra a ascensão e o ocaso do regime dos generais. Para que a história pudesse ser contada em áudio, o colunista do Globo abriu seu valioso acervo, com mais de 300 horas de gravações inéditas.

Nas fitas, Geisel revela segredos da caserna, admite a tortura nos porões e fala sem reservas sobre os outros presidentes da ditadura. Castello Branco, seu aliado, é descrito como “corcunda”, “metido a literato” e “aluno mediano”. Costa e Silva, seu desafeto, desponta como “preguiçoso” e “doente”.

MÉDICI, O PREFERIDO – O general Médici, que chefiou o período mais brutal da repressão, é quem aparece melhor na fita. — Ele foi o único sujeito capaz de levar a revolução para o povo — elogia Geisel.

Referia-se à popularidade do antecessor, que estimulou o ufanismo, colheu os louros do “milagre brasileiro” e se beneficiou da censura à imprensa.

O primeiro capítulo da série estreou nesta quinta-feira nas principais plataformas de áudio. Trata da conspiração que culminou no golpe de 1964 e inaugurou um longo período de 21 anos de ditadura. A história é narrada nas vozes dos vencedores, como o governador Carlos Lacerda, e dos vencidos, como o presidente deposto João Goulart.

GOLPE DE ARAQUE – O episódio mostra que os militares se uniram para derrubar o governo, mas não combinaram sequer a data em que dariam o golpe. A ação foi precipitada pelo general Olympio Mourão Filho, que comandava uma guarnição modesta em Juiz de Fora. Ele deu as ordens pelo telefone, vestiu um roupão de seda vermelho e se recolheu para tirar uma sesta.

— Creio ter sido o único homem do mundo que desencadeou uma revolução de pijama — gabou-se, tempos depois.

A quartelada deu as primeiras pistas de que os generais não estavam tão organizados quanto gostariam de parecer.

— Eles participaram da deposição do Jango em nome do combate à esquerda e da disciplina militar. No dia da queda do Jango, essa disciplina começou a ser violentada — constata Gaspari, numa de suas participações no podcast.

O GRANDE IRMÃO – O jornalista também analisa a participação dos EUA no complô. Áudios liberados pela Casa Branca mostram que a hipótese de apoiar um golpe no Brasil já era cogitada desde julho de 1962. O presidente John Kennedy, que seria assassinado no ano seguinte, discutiu o tema duas vezes com o embaixador Lincoln Gordon.

— A participação dos americanos no golpe está envolvida numa névoa. Uma coisa é certa: o golpe prevaleceu sem a participação de um único militar americano. Agora, os americanos tinham interesse no golpe? Sem a menor dúvida — diz Gaspari, que classifica o 31 de março como um “acontecimento brasileiro”.

— O Lincoln Gordon é um dos personagens mais trágicos desses dias. Ele carregou pela vida toda a marca da participação no golpe. Morreu em 2009, aos 96 anos. E, no memorial fúnebre, a filha criticou sua participação no golpe no Brasil — acrescenta.

DITADURA FEROZ – Instalados no governo, os militares rasgaram a promessa de devolver o poder aos civis.

Cassaram mandatos, extinguiram os partidos políticos e sufocaram as liberdades civis com a edição do AI-5, que fechou o Congresso e impôs a censura prévia. Sem eleições diretas, os presidentes passaram a ser escolhidos em reuniões fechadas nos quartéis.

— Não existe um único documento que mostre de onde saiu a maioria para eleger o Médici. Ou seja: o povo não sabe votar, mas os generais também não — ironiza Gaspari.

ABERTURA LENTA – Empossado dez anos depois do golpe, Geisel deu a partida no lento processo de abertura, que só terminaria com a eleição indireta de Tancredo Neves, em 1985.

Em “A ditadura recontada”, Gaspari resume sua visão do que teria levado um dos arquitetos da ditadura a iniciar seu desmonte:

— O que o Geisel queria era acabar com a bagunça. Ele não cansava de repetir que não foi movido por vocação democrática. Era contra eleição direta para presidente e achava que o Congresso não deveria se meter no Orçamento. Agora, bagunça no quartel, de jeito nenhum.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É isso que vai ficar na História, graças ao colossal trabalho de Elio Gaspari, não a versão disparatada que os clubes militares divulgaram essa semana, dando os militares golpistas de 64 como heróis. Um dia, os militares entenderão que a democracia é o único caminho. Mas isso ainda vai demorar muito. Basta ver os exemplos da Nicarágua, Cuba, Venezuela, China, Coreia do Norte e Rússia, sem falar em Afeganistão, Myanmar, Guiné Equatorial, Arábia Saudita e outros 36 países. Com todo respeito ao canídeo, melhor amigo do homem, ainda vivemos num mundo cão. (C.N.)

Mancada do PSOL acaba de enterrar a candidatura de Boulos, afirma Nikolas Ferreira

Partido de Boulos resolveu fazer piada com coisa séria

Deu no Poder360

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que a pré-candidatura de Guilherme Boulos (PSOL-SP) para a Prefeitura de São Paulo foi “enterrada”. Ele deu a declaração depois que o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) publicou na sexta-feira (29) uma montagem em que Jesus Cristo aparece crucificado com a frase “bandido bom é bandido morto”.

“Obrigado, MTST. Acabaram de enterrar a candidatura de Boulos”, disse Nikolas em seu perfil no X.

MUITAS CRÍTICAS – Boulos é filiado ao movimento e já foi um dos líderes do MTST. O post foi criticado por políticos e influenciadores mais alinhados à direita.

Para alguns da esquerda, a postagem foi vista como uma crítica social que lembra ações policiais recentes e frases frequentemente ditas por nomes de ideologia oposta.

O último levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado em 19 de março, mostrou que o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), venceria Boulos no 2º turno das eleições municipais na capital. Num cenário de disputa direta entre os 2 políticos, Nunes levaria o pleito com 46%. Boulos teria 39,1%.

ENTENDA O CASO – O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) publicou uma imagem em seu perfil no X (ex-Twitter) na sexta-feira (29) em que Jesus Cristo aparece sendo crucificado com a frase “bandido bom é bandido morto”.

A publicação recebeu repúdio por parte de políticos e influenciadores alinhados à direita. Por alguns da esquerda, foi vista como uma crítica social que lembra ações policiais recentes e frases frequentemente ditas por nomes de ideologia oposta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviada por José Guilherme Schossland, a reportagem lembrar o mestre Ataulfo Alves, que diria: “A burrice desta gente é uma arte”. Guilherme Boulos está totalmente identificado com o MTST, o movimento que ele se empenhou em fortalecer, através da invasão de imóveis, que antes era um feudo político explorado pelo PcdoB quase com exclusividade. O jovem Nikolas Ferreira acertou em cheio. Essa bobagem derruba qualquer candidatura. Foi o que aconteceu com o brigadeiro Eduardo Gomes. Falou na campanha sobre os marmiteiros, sua frase foi alterada e manipulada, ele não soube reagir, perdeu muitos votos e largou a política. (C.N.)

Semana Santa seria para lembrar e ajudar os pobres, mas está desvirtuada

Missa Vespertina: Papa lava pés de 12 detentas em prisão feminina de Roma - SIC Notícias

Papa Francisco beija os pés de 12 detentas em prisão romana

Vicente Limongi Netto

Tradição católica ensina e recomenda que não se deve comer carne na sexta-feira da Paixão. A bela e marcante data não faz restrições ao consumo de imensos e caros ovos de Páscoa, aos saborosos e variados pratos de bacalhau, peixes, camarões e lagostas.

Com direito a espumantes, vinhos, uísque e cervejas. Ao redor de amigos e famílias felizes. Com intermináveis selfes coloridas, beijos e abraços. Contentamento sem hora para acabar.  Afinal, ninguém é de ferro.

BRASIL REAL – Nessa linha, no Brasil real, dividido e vergonhoso, para perto de 8 milhões de brasileiros estão desempregados, cheios de dívidas, a mesa na sexta-feira da paixão permanece a mesma. 

Degradação completa. Pedaços de pão, legumes e frutas recolhidos nas latas de lixo. Crianças maltrapilhas. Frio e desencanto. Pais agoniados. Vida despedaçadas. Água e café ralo.

Ovo de Páscoa é piada infame. Agride, insulta e humilha. A miséria e a fome são implacáveis e permanentes.

SÓCRATES – A pergunta exigindo resposta: porque “Rua Doutor Sócrates”, na Vila Olímpica de Paris, homenageando o Brasil, nas olimpíadas? Sócrates nunca ganhou nada pela seleção brasileira. Ficou famoso jogando no Corinthians.

Nunca jogou na França, ao contrário do irmão dele, Rai, assim como Paulo Cesar Caju. Ambos jantaram com o presidente Emanuel Macron, na recente visita do francês ao Brasil. Estranha, imerecida, sem graça e injustificável homenagem a Sócrates. Francamente. É o fim da picada.

Péssimo acordo! Macron e Lula estão de lados opostos no que de fato interessa

O presidente da França, Emmanuel Macron, e o presidente Lula no Palácio do Planalto, em Brasília, na quarta, 28

Quando o assunto envolve dinheiro, fica cada um por si

J.R. Guzzo
Estadão

Os governos do Brasil e da França estão em desacordo na questão mais séria que têm entre si. O presidente Emmanuel Macron, na sua recém-encerrada visita ao Brasil, passeou de barco na Amazônia, tirou foto com índio, fez reunião com empresário – enfim, aquelas coisas todas que chefe de Estado estrangeiro mais graduado tem de fazer quando vem ao Brasil. Mas na hora de conversar sobre assunto que realmente interessa, os presidentes da França e do Brasil ficaram de lados opostos.

Lula acha que o acordo comercial abrangente que está sendo discutido há 20 anos com a Europa, dando mais acesso dos produtos brasileiros aos mercados europeus, é bom e teria de ser assinado já. Macron acha que o mesmo acordo, como disse em público, é “péssimo” e que “não é louco” para pôr sua assinatura nele.

DIFÍCEIS DE ENGOLIR – Há, certamente, proposições do Brasil que são difíceis de engolir por parte dos países europeus – como, por exemplo, a exclusão das empresas estrangeiras das compras feitas pelo governo brasileiro. Mas essa, e muitas outras, são coisas que podem ser mudadas.

A trava, no universo das realidades práticas, não está nas questões ligadas à “política industrial”, e sim na crescente resistência dos países ricos à uma mudança estratégica – a que está sendo causada no equilíbrio alimentar do mundo pela maciça, e cada vez mais competitiva, produção agrícola do Brasil.

A não mais do que 30 anos atrás, o Brasil era um grande zero na produção mundial de alimentos. Hoje, está entre os dois ou três maiores produtores e exportadores de comida do mundo, a começar por itens vitais como soja, milho e carnes. Mudou o jogo – e mudou o olhar do Primeiro Mundo sobre o Brasil.

CENTRO DAS TENSÕES – Há mais de um aspecto na questão, é claro, mas o centro das tensões parece estar na dificuldade cada vez maior dos países europeus em lidarem com as suas próprias agriculturas e agricultores. Uma legislação muitas vezes análoga ao suicídio, ano após anos, agride, encarece e criminaliza a produção rural europeia – e reduz a atividade no campo a um pesadelo de subsídios, proibições, exigências e, sobretudo, à ditadura de regras escritas por burocratas bem pagos e bem alimentados, mas em geral sem noção do que estão fazendo.

Só pensam em ambiente, clima, coisas orgânicas – e supõem que é uma excelente ideia suprimir a agricultura e entregar aos governos a tarefa secundária de fazer as pessoas comerem.

O Brasil, com a eficiência da sua produção, complica ainda mais essas dificuldades. Vêm aí as alegações de que a agricultura brasileira deveria ter “as mesmas exigências ambientais” para a ser autorizado a vender comida na Europa. Assim não vai haver acordo.  

Rússia não atacará Otan, mas os caças ocidentais serão abatidos na Ucrânia 

Ucrânia pede caçar F-16 para equilibrar poderio militar na guerra

Ucrânia pede caças F-16 para tentar reequilibrar a guerra

Deu na CNN
(Agência Reuters)

A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 desencadeou a crise mais profunda nas relações da Rússia com o Ocidente desde a crise dos mísseis cubanos de 1962, mas o presidente Vladimir Putin afirmou que a Rússia não tem planos para nenhum país da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e não atacará a Polônia, os Estados Bálticos ou a República Tcheca. Porém, se o ocidente fornecer caças F-16 à Ucrânia, eles serão abatidos pelas forças russas.

Falando aos pilotos da força aérea russa, Putin disse que a aliança militar liderada pelos EUA se expandiu para o leste, em direção à Rússia, desde a queda da União Soviética, em 1991, mas que Moscou não tem planos de atacar nenhum estado da Otan.

DISSE PUTIN – “Não temos intenções agressivas em relação a estes Estados”, disse Putin, segundo uma transcrição do Kremlin divulgada nesta quinta-feira (28).

“A ideia de que atacaremos outro país – a Polônia, os Estados Bálticos e os checos também estão assustados – é um completo disparate. É apenas uma baboseira.”

O Kremlin, que acusa os EUA de lutarem contra a Rússia apoiando a Ucrânia com dinheiro, armas e inteligência, afirma que as relações com Washington provavelmente nunca foram piores.

CAÇAS F-16 – Questionado sobre os caças F-16 que o ocidente prometeu enviar para a Ucrânia, Putin disse que tais aeronaves não mudariam a situação na Ucrânia.

“Se eles fornecerem F-16, e estiverem falando sobre isso e aparentemente treinando pilotos, isso não mudará a situação no campo de batalha”, disse Putin.

“E destruiremos as aeronaves assim como destruímos hoje tanques, veículos blindados e outros equipamentos, incluindo vários lançadores de foguetes”, disse Putin, acrescentando que o F-16 também poderia transportar armas nucleares.

ALVOS LEGÍTIMOS – “É claro que, se forem usados ​​em aeroportos de terceiros países, vão se tornar para nós alvos legítimos, onde quer que estejam localizados”, disse Putin.

Os comentários de Putin seguiram-se a afirmações feitas no início do dia pelo ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, de que os F-16 deveriam chegar à Ucrânia nos próximos meses.

A Ucrânia, há mais de dois anos em guerra total contra a Rússia, tem solicitado caças F-16 há muitos meses. Bélgica, Dinamarca, Noruega e Holanda estão entre os países que se comprometeram a doar F-16. Uma coligação de países prometeu ajudar a treinar pilotos ucranianos na sua utilização.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
A situação está complicada para a Ucrânia, porque a guerra ainda não abalou as finanças da Rússia, cujo PIB cresceu 3,6% em 2023, e a OCDE previa queda de 2,6% e o Banco Mundial queda de 0,2%. O pior é que o apoio financeiro do Ocidente à Ucrânia está diminuindo, ao invés de aumentar, e a situação tende a piorar por causa da guerra na Faixa de Gaza, que também consome recursos ocidentais. É grave a crise, portanto. (C.N.) 

Maduro e Milei não dão bola para Lula, que se julga mestre em política externa

Antes de embarcar para a Rússia, como divulgou, Nicolás Maduro liga para Lula | Brasil 247

Maduro torna-se um problema cada vez maior para Lula

William Waack
Estadão

O Brasil tem tido grandes dificuldades em tomar conta e, na medida do possível, conduzir o que acontece no seu entorno imediato. Os problemas surgem pela confusão entre interesse nacional e interesse pessoal do presidente da República, e pelo desrespeito a postulados básicos de política externa.

Tanto em relação à Argentina como Venezuela o governo agiu orientado por afinidades ou antipatias ideológicas, e está perdendo nos dois casos. Nos dois países resolveu “ajudar” forças políticas em contextos nos quais não dispõe de instrumentos efetivos de influência, na esperança de assim obter comportamentos “convenientes” de vizinhos.

TUDO ERRADO – Os resultados até aqui colhidos são evidentes em sua pobreza. Na Argentina o governo brasileiro tem de lidar com um “rival” e o que poderia ser de interesse comum aos dois países está no momento em segundo plano. Na Venezuela um governo “amigo” cria tensão internacional indesejável para o interesse brasileiro, seja por fraudar eleições, seja por cultivar ambições em relação a território de país fronteiriço.

Há uma forte ironia naquilo que une Javier Milei, o libertário de direita, e Nicolás Maduro, o ditador de esquerda. Ambos se dão em público ao luxo de eventualmente tratar a pontapés o que diz o governo brasileiro. Não estão sozinhos: há bastante tempo que nenhuma chancelaria na América do Sul perde muito sono com o que se pensa em Brasília.

O que torna a situação muito complicada para o Brasil não é só o fato de exercer nesta parte do planeta muito menos influência do que geografia e economia sugerem que o País poderia ter (e já teve). Argentina e Venezuela são exemplos da atração que polos opostos na política internacional exercem hoje sobre países de uma mesma região – desafio que o Brasil também enfrenta.

CHOQUE MAIOR – Caricatas ou não, as posturas de Argentina e Venezuela espelham um choque maior entre “aliança pró-Ocidental” versus “eixo das autocracias”. No qual o Brasil está literalmente no meio: depende da exportação para autocratas sobretudo na Ásia e da importação de insumos (de Defesa e tecnologia do agro) das democracias ocidentais. Universo ao qual pertence por história e valores.

Essa noção de delicado equilíbrio é vital para uma potência regional média, como o Brasil, com escassa capacidade de projeção de poder. Como ensinam os clássicos das relações internacionais, a maior “proteção” que um país desse tipo pode alcançar está em alianças regionais que ampliem seu peso relativo.

O que pressupõe pensamento estratégico, mobilização eficiente de recursos e, principalmente, direção e sentido dados por elites políticas e econômicas. Em gíria política chama-se isso de “pensar o País”. Ainda estamos muito longe disso.

Na contramão, Moraes só é aplaudido por 37% dos brasileiros, diz pesquisa

Alexandre de Moraes nega devolução de passaporte a Bolsonaro

Arrogante e pretencioso, Moraes não engana os brasileiros

Wendal Carmo
Carta Capital

O trabalho do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes à frente dos processos sobre os atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023 é aprovado por 37% dos brasileiros, segundo uma pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira 29. Outros 33% desaprovam o trabalho do magistrado, enquanto 24% o classificam como regular.

O Datafolha ouviu 2.002 brasileiros entre 19 e 20 de março. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais.

BOLSONARISTAS – Grande parte da rejeição está concentrada entre os que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno em 2022: 60% deles consideram o trabalho de Moraes ruim ou péssimo, ante 14% que o aprovam.

No Supremo, Moraes também é relator de outras investigações que miram diretamente Bolsonaro e seus aliados mais próximos, a exemplo do Inquérito das Fake News, aberto com o objetivo inicial de apurar ataques a ministros da Corte e que hoje se debruça sobre outros flancos de atuação do bolsonarismo.

Entre os eleitores de Lula (PT), por outro lado, a taxa de aprovação do trabalho do magistrado nos julgamentos do 8 de Janeiro é de 62% e a de reprovação, 10%. Os que avaliam a condução como regular se equiparam: 24% entre eleitores do petista, 21% entre os do ex-capitão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não há a menor dúvida de que Moraes exagerou ao considerar como “terrorista” quem deveria ter sido julgado por invasão de prédio público e vandalismo. O pior é que, na empolgação do desfile político, a maioria do Supremo também resolveu entrar no espetáculo da Apoteose e apoiou a repelente decisão de Moraes, algo jamais visto em nenhum país minimamente civilizado. Até um morador de rua foi condenado, passou um ano na cadeia e agora quer ser indenizado. Outro réu morreu na cadeia – era um terrorista em estado terminal, digamos assim. Hoje, o Supremo é uma vergonha para a nação. (C.N.)

Com a frase ‘Bote fé no Brasil’, Lula quer conquistar evangélicos, mas está difícil

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A campanha é destinada a atrair o público evangélico

Fábio Zanini e Danielle Brant
Folha

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) adotará a frase “Bote Fé no Brasil” em seu material publicitário a partir de abril. A ideia é ao mesmo tempo sinalizar com melhorias para a população e fazer um aceno ao eleitorado evangélico.

Segundo o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, a expressão faz referência à meta de tornar 2024 o “ano das entregas”. Já a menção a “fé” está em linha com peças veiculadas no ano passado que faziam uso de expressões como “graças a Deus”.

PIORA CONSTANTE – Pesquisas do Datafolha e outros institutos têm detectado uma ligeira, mas constante, piora na avaliação do governo Lula. Uma das estratégias do governo para reverter o processo é acelerar os resultados concretos de programas sociais.

“O governo tem um slogan, que é uma espécie de guarda-chuvas, que é ‘União e Reconstrução’, e em determinados períodos frases são destacadas atendendo a situações específicas”, diz Pimenta.

É a quarta vez que isso é feito, de acordo com o ministro. No começo do governo, o mote era “O Brasil voltou”, para simbolizar a retomada de programas sociais como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Em meados de 2023 surgiu o “Brasil no rumo certo”, quando foi lançado o PAC e aprovada a reforma tributária. No final do ano passado, a Secom divulgou a frase “Brasil um só povo”, contra a polarização.

BOAS EXPECTATIVAS – “Agora, identificamos por meio de pesquisas que há uma grande parcela de brasileiros que avaliam o governo como regular e que têm a expectativa de mais entregas. ‘Bote fé no Brasil’ dialoga com esse cenário de colheita, de esperança”, afirmou o ministro. A frase já foi exibida no último dia 21 de março como um teste em uma postagem do governo sobre o fato de o Brasil ter subido cinco posições no ranking de felicidade da ONU.

A partir de abril, ela deverá ser incluída com mais frequência em redes sociais e material do governo em outras mídias (impressa e eletrônica, por exemplo). A duração desta ação vai depender de uma avaliação do governo.

Segundo Pimenta, a frase também sinaliza aos evangélicos, público em que Lula tem notória dificuldade. O ministro afirma que isso é parte de um esforço para dialogar com o maior número de grupos da sociedade. “Estamos buscando de maneira permanente uma iconografia da diversidade”, diz.

Cissa Guimarães apresenta o retorno do 'Sem Censura' - Super Rádio Tupi

Cissa deu menos Ibope do que os documentários

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– São obras do marqueteiro Sidônio Palmeira, recém-contratado para tirar Lula e o PT do viés de queda. Ele já tentou criar o “Lula atlético”, mas não deu certo, por causa da barriga avantajada. Vamos ver o que o marqueteiro consegue com os evangélicos, que estão cansados de saber que Lula não acredita em Deus. Aliás, por falar em marketing, é impressionante o dinheiro que a TV Brasil gastou na divulgação do novo “Sem Censura”, que se tornou um retumbante fracasso. Marcou apenas 0,1 de média entre 16h e 18h, 50% a menos do que a TV Brasil tinha na mesma faixa nas quatro semanas anteriores, exibindo documentários sobre o mundo animal e atrações com temática rural. O custo é de R$ 4,9 milhões anuais para a produção do programa, e Cissa Guimarães ganha R$ 70 mil mensais.

Lula se posiciona e critica impedimento de candidatura da oposição na Venezuela

Ao lado de Emmanuel Macron, presidente diz que medida é grave

Pedro do Coutto

Até que enfim o presidente Lula da Silva criticou frontalmente o comportamento do presidente Nicolás Maduro em relação às eleições para a Presidência da Venezuela. Lula disse que é grave o posicionamento de Maduro, que na realidade nada tem de democrata. O ditador, no fundo, despreza as eleições e o próprio eleitorado e só quer saber de disputar a eleição sozinho, sem oposição. O governante está há 12 anos no poder no país, e planeja se fixar no comando por mais seis anos e não aparenta querer deixar o poder tão cedo.

O presidente Lula cedeu à opinião pública brasileira que condena a ditadura na Venezuela. Lula buscou restabelecer assim níveis de popularidade que não estão sendo favoráveis ao seu governo, conforme as pesquisas recentes indicaram. Tanto é que sua aprovação desceu para 35% e o índice de reprovação avançou para 33%. Margem estreita, portanto. O presidente se empenha para ampliá-la e um dos pontos é ir ao encontro da rejeição que Maduro representa na maioria do eleitorado brasileiro.

INSEGURANÇA –  Outra pesquisa do Datafolha revela que dois terços da população teme sair à noite de casa, principalmente nas capitais do país, a exemplo do Rio de Janeiro e São Paulo. Entre os entrevistados, 37% disseram que se sentem muito inseguros após escurecer e 27% dizem ter um pouco de insegurança.

As mulheres temem mais as ruas durante a noite, com 45% delas indicando a sensação de insegurança – esse número fica em 27% para os homens. Em um recorte por raça, 42% dos que se declaram pretos disseram que se sentem muito inseguros, em comparação com 34% dos brancos e 36% de pardos.

A sensação de segurança é maior no interior do país, segundo a pesquisa. Entre moradores de regiões metropolitanas, 48% se dizem muito inseguros à noite, enquanto 28% dos moradores de municípios interioranos indicaram essa percepção. O levantamento entrevistou 2.556 pessoas em 181 municípios de todo o país nos dias 22 e 23 de março. A margem de erro máxima é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A insegurança é uma ameaça a todos e se tem a impressão que tal problema não será equacionado. Incrível esse temor que inibe a circulação das pessoas.

PASSAPORTE –  O ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu dirigir-se ao ministro Alexandre de Moraes para que o seu passaporte seja liberado para que ele viaje para Israel. Difícil que isso ocorra, pois ele está impedido de viajar para o exterior, independente do destino, resultado de uma série de fatos que colocaram o bolsonarismo como réu em relação ao problema político brasileiro. O 8 de janeiro ainda se encontra presente no cenário e na consciência nacional.

Uma pesquisa também do Datafolha revela que 63% da opinião pública acham que não deve haver anistia em relação  aos que invadiram Brasília, depredando bens públicos e praticando gravíssima irregularidade voltada para um golpe no país contra o governo Lula. Se o vandalismo que ocorreu for anistiado, o exemplo será péssimo para todas as situações, encorajando inclusive que novos atos sejam praticados com a certeza da impunidade.

Moraes exagerou na dose! 65% acham que não houve terrorismo nem golpe 

Invasão do Congresso Nacional por bolsonaristas, ocorrida no dia 8 de janeiro de 2023

Terroristas de verde e amarelo só pode ser Piada do Ano

Igor Gielow
Folha

A invasão com depredação das sedes dos três Poderes no dia 8 de janeiro de 2023 foi um ato de vandalismo para a maioria dos brasileiros, 65%, segundo apurou a mais recente pesquisa do Datafolha. Para 30%, os atos foram uma tentativa de golpe de Estado.

O instituto questionou seus 2.002 entrevistados nos dias 19 e 20 de março sobre o tema, que domina a política brasileira desde então. Não souberam opinar 5% dos ouvidos em 147 cidades. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

CONDENAÇÕES – Mais de 1.400 denúncias foram elaboradas pelo Ministério Público Federal sobre o caso até agora, e 145 pessoas já foram condenadas a penas que vão de 3 a 17 anos pelo Supremo Tribunal Federal.

O caso galvanizou uma reação institucional, e as investigações acerca das circunstâncias que levaram à apoplexia do ato golpista chegaram à porta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a partir das apurações de uma trama para mantê-lo no poder após a derrota para Lula (PT) no segundo turno de 2022.

Para o relator do caso no Supremo, ministro Alexandre de Moraes, a natureza do que ocorreu no 8 de janeiro foi uma tentativa de golpe, enquanto políticos da esfera bolsonarista buscam jogar a culpa nos manifestantes, qualificando-os de vândalos sujeitos a um enquadramento legal exacerbado.

POLARIZAÇÃO – Como seria previsível no quadro polarizado brasileiro, petistas e bolsonaristas discordam acerca do que ocorreu.

Segundo o Datafolha, 77% daqueles que votaram no ex-presidente acham que o 8/1 foi um episódio de vandalismo, ante 52% dos que deram seu voto a Lula no segundo turno. Já a ideia de que houve uma tentativa de golpe alcança 46% dos eleitores do atual mandatário e 16% daqueles que apoiaram o antecessor.

Quando é questionada a preferência partidária do entrevistado, 45% dos que se dizem petistas afirmam que foi uma tentativa de golpe, enquanto 78% dos que citam preferir o PL de Bolsonaro cravam que foi ato de vândalos. Numa terceira ótica possível, a que divide o eleitorado em bolsonaristas, petistas e neutros, os resultados são semelhantes.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma pesquisa importantíssima. Mostra que, na opinião dos brasileiros, o relator Alexandre de Moraes e o Supremo julgaram pessimamente ao classificar como “terroristas” aqueles que deveriam ser julgados por vandalismo. É inexplicável, inaceitável e injustificável esse erro do Supremo em causa tão delicada. Os ministros deveriam voltar atrás e rever os votos, mas não têm grandeza para reconhecer o erro. É lamentável. (C.N.)

No início da noite, surge o mundo imaginário do poeta Emílio Moura

setembro 2015

Moura retrata Cyro dos Anjos (foto: Wilson Baptista)

Paulo Peres
Poemas & Canções 

O jornalista, professor, artista plástico e poeta mineiro Emílio Guimarães Moura (1902-1971), um dos líderes do modernismo,  revela neste poema uma visão melancólica sobre o “Mundo Imaginário”.

MUNDO IMAGINÁRIO
Emílio Moura

Sob o olhar desta tarde,
quantas horas revivem
e morrem
de uma nova agonia?

Velhas feridas se abrem,
de novo somos julgados,
o que era tudo some-se
e num mundo fechado
outras vigílias doem.

A noite se organiza e,
no entanto, ainda restam
certas luzes ao longe.
Ah, como encher com elas
este ser já não-ser
que se dissolve e deixa
vagos traços na tarde?

Lira lembrou (?) a Lewandowski que o STF e a PF devem cumprir a Constituição

Lewandowski faz "visita de cortesia" a Arthur Lira na Câmara | Agência  Brasil

Lira foi levar a Lewandowski as queixas dos deputados

Carlos Newton

No final da legislatura passada, o Congresso estava – e ainda está – em pé de guerra contra o Supremo, por vários motivos, com o marco temporal das áreas indígenas; a volta da contribuição sindical obrigatória para os trabalhadores; a liberação do porte de drogas para uso pessoal; a autorização para aborto em até 12 semanas após a concepção; o mandato para ministros do Supremo; a restrição a decisões monocráticas de ministros; e a derrubada de decisões do Supremo pelo Congresso e mais e mais.

Não é pouca coisa, e agora as disputas ganham ainda mais força, com o descumprimento de norma constitucional para prender o deputado Chiquinho Brazão, que logo em seguida foi expulso do União Brasil, sem direito de se defender.

EM PÉ DE GUERRA – A ilegalidade da prisão do deputado deixou a Câmara em clima de pé de guerra, especialmente porque Chiquinho e seu irmão Domingos Brazão viajaram algemados para Brasília, enquanto outro réu, o delegado Rivaldo Barbosa, foi poupado desse constrangimento.

A revolta foi tamanha que a Comissão de Constituição e Justiça decidiu dar um recado ao Supremo, suspendendo a análise e votação da licença para prender o parlamentar.

No caso, a Constituição é claríssima. O artigo 53, § 2º, diz que “a partir da expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão”.

COBRANÇA DIRETA – Devido ao clima de insatisfação, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) tomou nesta quarta-feira, dia 27, a iniciativa de procurar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para cobrar o cumprimento da Constituição pelo Supremo e pela Polícia Federal, subordinada ao ministério.

Lewandowski ficou de saia justa e citou a alegação de que havia risco de fuga, que não é um fato concreto, apenas uma presunção. E a conversa parou por aí.

Agora, o segundo round acontece a partir do dia 9, quando a Comissão de Constituição e Justiça vai se reunir para nova sessão de pancadas no Supremo e na Polícia Federal. Os deputados sabem que a gravidade da acusação torna obrigatória a prisão, mas o problema é que só há provas de enriquecimento ilícito, nada existe de concreto sobre o assassinato de Marielle e Anderson, a não ser a delação do matador Ronnie Lessa.

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P.S. 1
A confusão é total, diria Machado de Assis, especialmente porque o ministro Lewandowski declarou encerradas as investigações da Polícia Federal, que é subordinada a ele, repita-se, embora ainda falte encontrar as provas que corroborem a delação.

P.S. 2O problema é que a Polícia Federal e o Supremo não podem se julgar no direito de desrespeitar dispositivo constitucional a pretexto disso ou aquilo. Eis a questão: se eles podem descumprir, porque os outros não podem? O descontentamento da Câmara é procedente e Lira terá muito trabalho para dominar a situação. (C.N.)

Nova pesquisa mostra que Lula tem teto de 44% e pode perder reeleição

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Ciro Nogueira ficou animado com os números da pesquisa

Marcela Rahal
Veja

O PP quis testar vários nomes para as eleições de 2026. O resultado da pesquisa feita pelo Instituto Paraná Pesquisas, divulgado nessa quinta-feira, 28, foi comemorado pelo partido. Isso porque, segundo o presidente da sigla, Ciro Nogueira, “qualquer candidato com o apoio do presidente Bolsonaro se torna competitivo. Lula tem um teto de 44%”.

O fato chega a ser “impressionante” para o senador que destaca: além do bom desempenho da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que chegam a empatar tecnicamente com o presidente num eventual segundo turno, outros candidatos de direita também se saíram bem.

DIZ A PESQUISA – “É um cenário muito positivo se esse grupo de pessoas estiver unido na eleição, como eu acho que vai acontecer”, afirma o senador Ciro Nogueira.

Segundo a pesquisa, o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), teria 14,6%, contra 36,6% do petista; o governador de Minas, Romeu Zema (Novo), marcaria 14,1%, contra 36,8% do presidente.

Já o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), perderia por 13,9% a 36,3%; enquanto a senadora Tereza Cristina (PP-MS) faria 13,6%, contra 36,6% de Lula.

E BOLSONARO? – O nome do ex-presidente também foi testado para a disputa nacional, mesmo inelegível. Bolsonaro chega a ficar numericamente a frente de Lula, mas empatado tecnicamente.

A pesquisa ainda revelou outro dado negativo para Lula. A reprovação do governo cresceu em quatro regiões do país e já passa dos 50%, com exceção do nordeste.

O recorte mostra uma insatisfação do eleitor com a atual gestão. Fato que acaba contribuindo para outros candidatos ganharem musculatura, e não necessariamente apoio ao ex-capitão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Lula pensou que a reeleição seria moleza, mas não é isso que os astros e as pesquisas estão dizendo. Em 2022, ele foi eleito porque teve apoio de uma parcela significativa que não queria Bolsonaro. Mas esses eleitores podem preferir em 2026 algum nome da terceira via. Vai ser uma disputa eletrizante. (C.N.)

Maduro expõe Lula a novo vexame ao promover eleição de faz de conta

Charge do Zé Dassilva: Defendendo a Venezuela - NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Bruno Boghossian
Folha

Por duas décadas, Lula buscou conforto no fato de que, de tempos em tempos, a turma que comanda a Venezuela chama os cidadãos às urnas, conta os votos e declara vitória. Em 2005, enquanto Hugo Chávez instalava uma máquina que ampliava seu poder e limitava a competição eleitoral, Lula rejeitou as críticas ao bolivariano e afirmou que a Venezuela tinha democracia “em excesso”.

Dois anos mais tarde, o petista repetiu o argumento: “O que eu sei é que a Venezuela já teve três referendos, três eleições não sei para quê e já teve quatro plebiscitos”.

OUTRA REALIDADE – O atual cerco de Nicolás Maduro à oposição tornou a organização periódica de votações uma garantia ainda mais frágil. Mesmo assim, Lula insistiu na premissa de que a Venezuela “tem mais eleições do que o Brasil” e recorreu à justificativa traiçoeira de que as coisas no país vizinho são como são porque “o conceito de democracia é relativo”.

Não foi um acidente o envolvimento do governo brasileiro na negociação dos acordos entre chavismo e oposição assinados em Barbados.

Lula tem interesse de sobra na manutenção do apoio a Maduro, mas a integridade desse alinhamento passou a ter, como última linha de defesa, a realização de uma eleição que fosse limpa e justa —ou pelo menos conservasse essa aparência.

SEM OPOSIÇÃO – O regime chavista desfigurou aquela imagem ao restringir a participação da oposição, sob a alegação de que seus integrantes estariam envolvidos numa conspiração contra Maduro.

A deformação ficou maior quando a principal candidata do grupo não conseguiu se inscrever para o pleito, num episódio observado em silêncio pelo governo venezuelano.

Numa virada em relação a comunicações mais dóceis, Lula disse que o caso era “grave”. Foi um sinal de que o chavista expôs seus credores internacionais a um vexame público e um recado do brasileiro de que não está disposto a suportar o desgaste do respaldo a Maduro se não houver um esforço mínimo para evitar que a votação fique escancarada como uma eleição de faz de conta.

Moraes nega devolução de passaporte a Bolsonaro, sem fundamento jurídico

Bolsonaro recebeu R$ 17,2 milhões via Pix neste ano, aponta relatório do  Coaf - PontoPoder - Diário do Nordeste

Bolsonaro queria visitar Netanyahu só para chatear Lula

Maria Eduarda Portela e Manoela Alcântara
Metrópoles

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou a devolução do passaporte do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O documento do político foi apreendido durante a Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal (PF), que investiga suposta tentativa de golpe de Estado na antiga gestão. O Metrópoles confirmou a informação adiantada pelo blog do Camarotti, do G1.

A defesa de Bolsonaro pediu ao STF a devolução do documento. Os advogados queriam autorização para que Bolsonaro visite Israel entre 12 e 18 de maio.

Segundo a defesa, Jair Bolsonaro teria sido convidado pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, para visitar o país.

PROCURADORIA NEGOU – Moraes atendeu o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que se manifestou pelo indeferimento do pedido da defesa do ex-presidente. O ministro do STF, em sua decisão, destacou que o ex-presidente não poderá deixar o país, visto que a investigação da Polícia Federa está andamento.

“As diligências estão em curso, razão pela qual é absolutamente prematuro remover a restrição imposta ao investigado”, destacou Moraes.

Não é a primeira vez que a defesa do ex-chefe do Executivo pede a devolução do documento para sair do país. Em fevereiro, Bolsonaro solicitou o passaporte para participar de um evento conservador nos Estados Unidos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro é um homem rico. Somente num banco, tem aplicados R$ 17,2 milhões daquelas doações via Pix, que hoje já passaram de R$ 18 milhões. Se fugir do país, essa grana e o resto dos bens (avaliados em mais de R$ 20 milhões) serão bloqueados judicialmente, assim como as duas aposentadorias como capitão e deputado. É claro que Bolsonaro não deixará o país, pois ficará na miséria. O resto é folclore, como diz Sebastião Nery. (C.N.)

Constituição não permite intervenção militar, diz Fux, em voto no Supremo

Foto: Luiz Fux chegou a nomear Luíza Brunet para um cargo no Observatório  de Direitos Humanos - Purepeople

Fux foi o primeiro a votar, no plenário virtual do Supremo

Eduardo Gonçalves
O Globo

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux manifestou nesta sexta-feira que a Constituição não possibilita uma “intervenção militar constitucional”. O voto foi proferido durante julgamento de uma ação que trata sobre os limites constitucionais da atuação das Forças Armadas e sua hierarquia em relação aos Poderes. A análise já começou em plenário virtual, e tem duração prevista para ocorrer até o próximo dia 8.

“Qualquer instituição que pretenda tomar o poder, seja qual for a intenção declarada, fora da democracia representativa ou mediante seu gradual desfazimento interno, age contra o texto e o espírito da Constituição”, disse Fux.

DETURPAÇÃO – “É premente constranger interpretações perigosas, que permitam a deturpação do texto constitucional e de seus pilares e ameacem o Estado Democrático de Direito, sob pena de incorrer em constitucionalismo abusivo”, acrescentou o magistrado.

A questão chegou ao Supremo por meio de uma ação apresentada pelo PDT em 2020. O pano de fundo do pedido se refere a declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores sobre um suposto dispositivo constitucional que permitiria aos Poderes pedir intervenção militar para restabelecer a ordem.

Em um vídeo de uma reunião ministerial de 22 de abril de 2020, divulgado após decisão da Corte, o mandatário diz que “seria preciso fazer cumprir o artigo 142 da Constituição. Todo mundo quer fazer cumprir o artigo 142 da Constituição”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É claro que Fux tem razão. Nem o Estado de Sítio nem o Estado de Defesa preveem qualquer tipo de intervenção militar. O que está determinado é o uso das Forças Armadas para ajudar o esquema normal de segurança a manter a ordem, mas o governo continua a ser tocado pelo presidente da República, não existe intervenção militar propriamente dita. (C.N.)

Para investigadores, caso Marielle ainda poderá respingar no Judiciário estadual

Chiquinho Brazão, Rivaldo Barbosa e Domingos Brazão - Acusados de matar Marielle Franco

Chiquinho, Rivaldo e Domongos são apenas a ponta do iceberg

Igor Gadelha
Metrópoles

Investigadores do caso Marielle Franco acreditam que as prisões, no domingo (24/3), de três suspeitos de serem os mentores do assassinato da vereadora podem resultar em novos flancos de apuração no Rio de Janeiro.

A avaliação é que, presos, o deputado Chiquinho Brazão, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) Domingos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa podem fechar acordos de delação premiada.

Caso a expectativa se confirme, investigadores acreditam haver grandes chances de as revelações feitas pelos três suspeitos atingirem membros de milícias e até do Poder Judiciário do Rio de Janeiro.

OUTRAS LIGAÇÕES – Investigadores avaliam que tanto os irmãos Brazão quanto Rivaldo, que ajudou não só a planejar o crime como a atrapalhar as investigações, podem ter ligações com a milícia e com integrantes do Judiciário fluminense.

Os três suspeitos foram presos no fim de semana com base na delação premiada do ex-policial militar Ronie Lessa, que afirmou à Polícia Federal ter sido contratado pelos irmãos Brazão para executar Marielle em 2018.

Além das possíveis delações, investigadores apostam que os materiais apreendidos pela Polícia Federal nas buscas realizadas no domingo, nas casas de suspeitos, também devem contribuir com novas linhas de apuração.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– Realmente, existe a possibilidade de o caso Marielle envolver milicianos e importantes nomes da Justiça estadual. É por isso que foi muito estranha a afirmação do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, dizendo que “o caso está encerrado” e não haverá mais investigações. Ao contrário do que disse o ministro, o relatório da PF está cheio de furos e não confirma com provas materiais as denúncias do delator, e a lei é clara sobre isso – delação sem provas tem o valor de uma nota de três dólares. (C.N.)

Câmara reage contra o “precedente” no caso de Brazão, avisa Lira

Lewandowski é obrigado a defender o STF e a Polícia Federal

Daniela Lima
GloboNews.

Depois que a Comissão de Constituição e Justiça decidiu dar um recado em nome da Câmara ao Supremo, suspendendo a análise da manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco e seu motorista, Anderson, o presidente da Casa, Arthur Lira, desembarcou no Ministério da Justiça.

Segundo Lira relatou a aliados, a conversa, a portas fechadas, na quarta-feira (27), ocorreu em tom ameno, institucional, mas franca. O presidente da Câmara foi ao ministro Ricardo Lewandowski relatar o que ele chamou de “preocupação da Casa como um todo” com o “precedente que pode ser aberto com a prisão” do deputado Brazão.

DIZ A CONSTITUIÇÃO – O pano de fundo é o seguinte: a Constituição autoriza a prisão de parlamentar em exercício do mandato quando há, entre outros requisitos, crime em flagrante. Lira tem sido pressionado há tempos, especialmente pela oposição, a colocar em andamento pautas que imponham limites – e uma blindagem adicional – a deputados e senadores que se tornam alvo de investigação e de operações da Polícia Federal.

A prisão de Chiquinho Brazão, relatou Lira, despertou críticas internamente, em especial por uma ala que não enxerga o “flagrante” no cenário que levou à prisão do deputado.

Lewandowski e Lira têm boa relação institucional e a conversa não resvalou para os detalhes da investigação.

CRIME GRAVE DEMAIS – Lira sabe que o crime atribuído a Brazão é grave demais para servir de pretexto de um levante contra o Supremo e a Polícia Federal. Mas aproveitou a decisão da Comissão de Constituição e Justiça,  que adiou a análise sobre o relaxamento ou manutenção da prisão, para tratar do cenário geral com Lewandowski.

Brazão foi preso – e teve a condição de integrante de organização criminosa ratificada pela primeira turma do STF – sob o argumento dos investigadores de que havia, além de crime continuado, risco de fuga, começando por suspeitas da preparação da saída do país de familiares dos irmãos Brazão.

A Câmara e Lira, principalmente, sabem que o assassinato de Marielle e Anderson não é o caso adequado para sinalizar respostas da ala insatisfeita com o STF e as investigações sobre milícias digitais e tentativa de golpe. Ainda assim, o incômodo foi explicitado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Foi uma tremenda saia justa para Lewandowski, porque a Polícia Federal e o Supremo não podem se julgar no direito de desrespeitar dispositivo constitucional a pretexto disso ou aquilo. Eis a questão: se eles podem descumprir, porque os outros não podem? O descontentamento da Câmara é procedente e logo voltaremos ao assunto. (C.N.)

Caso Marielle está protegido pela Lei do Silêncio e jamais será concluído

O Brasil e o mundo homenageiam Marielle e pedem justiça - Rede Brasil Atual

O Brasil e o mundo pedem justiças para o caso Marielle

Janio de Freitas
Poder360

Uma lei que nunca foi escrita, e só citada pelos interessados por modos oblíquos, é a mais respeitada entre policiais e na bandidagem profissional. Entende-se: a pena mais comum para transgressores é a morte. Todos sabem de tudo, mas ninguém viu o que viu, nem ouviu o que entrou na memória. É a verdadeira Lei do Silêncio.

O histórico do delegado Rivaldo Barbosa, planejador da operação fatal contra Marielle Franco, era conhecido na classe. Foi o que possibilitou o veto da Polícia Federal ao seu nome, na lista para escolha do chefe da polícia civil pelos generais Braga Netto e Richard Nunes, interventor e secretário de Segurança no Rio.

CORRELAÇÕES DE DATAS – Apesar da desqualificação, agora reconhecida pelo general Richard, Rivaldo Barbosa foi o nomeado. Na véspera dos assassinatos da vereadora e de seu motorista.

A partir dessa primeira correlação de datas, outras vão se sucedendo, de diversos tipos. A cada uma delas, novas associações de fatos e de nomes se oferecem. Numerosos demais para menções aqui, mas formando uma tecitura perceptível sem maior dificuldade: por exemplo, observando as relações e a participação de ex-PMs/milicianos, cujas conexões insinuam outras em níveis mais altos.

Nesse contingente, o caso Marielle e o núcleo de Bolsonaro têm encontro marcado, a se realizar caso as respectivas investigações prossigam.

TUDO CONECTADO – São partes que se conectam, por diferentes modos, com a execução na Bahia do fugitivo ex-capitão Adriano da Nóbrega, com assassinatos para a chamada queima de arquivo (inclusive no caso Marielle), ligações com PMs criminosos e apoio aos seus familiares; com o esquema de obstrução, também no Ministério Público e no Judiciário, dos inquéritos sobre Marielle, sobre as rachadinhas e sobre negócios imobiliários obviamente fraudulentos. Além do mais.

Cada uma dessas investigações frustradas foi orientada por grossa corrupção. Não só. Como sempre, havendo envolvimento da polícia, são casos basicamente sem mistério nos meios policiais, acomodados pela força da lei do silêncio.

Desse modo, por corrupção ou corporativismo violento, o que não tem conclusão policial nunca a terá. Logo, encerrar a ação da Polícia Federal no Rio será retirar o fator que se sobrepôs à ineficiência injetada na polícia fluminense. E que pode voltar a fazê-lo. Esclarecer o caso Marielle poderia ser apenas um começo, e muitos assim o veem. Poderia.

Bolsonaro dormir na Embaixada foi ridículo, mas isso não significa crime

A passo a passo da estadia de Bolsonaro na embaixada da Hungria: Bolsonaro indo embora

Bolsonaro deixa a Embaixada após ficar por dois dias

Merval Pereira
O Globo

Cada novidade que surge em torno de Jair Bolsonaro é sempre ruim para ele – ou está fugindo, ou mandou dinheiro para fora, ou vendeu joias. Mas ainda não me convenci de que o fato de ter passado dois dias na embaixada da Hungria seja motivo de prisão.

Evidente que fica claro que ele pensou em pedir asilo, mas é um direito dele; ninguém pode impedi-lo. Ele pode dormir onde quiser, na casa de quem quiser. É uma atitude lamentável, ridícula, que o deprecia, uma situação esdrúxula, mas não vejo implicação criminosa.

SITUAÇÃO ESQUISITA – Vejo como mais uma situação esquisita de uma figura que a cada dia se desvaloriza mais, porque está sempre metido em alguma coisa que não se explica direito.

Na ditadura militar, as principais embaixadas ficavam com policiais próximos, para impedir que algum político ou acusado de subversão entrasse.

Mas numa democracia, não é assim que funciona, as pessoas podem ir para onde quiserem. A ideia de pedir asilo, por parte dele, é dizer que é um perseguido político, mas para a sociedade, é uma pessoa fugindo da justiça.

Politicamente é ruim para Bolsonaro, mas não vejo crime neste caso.