Lula acha que está fazendo o necessário na economia, mas pode não ser o suficiente

Queda na Taxa Selic pode beneficiar economia brasileira

Charge do Orlando (Arquivo Google)

Lorenna Rodrigues
Estadão

A Disney tem uma música chiclete* no filme “Mogli, o menino Lobo” que podemos usar um trecho para descrever as ações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na economia, especialmente quando se trata de cortar gastos: “eu uso o necessário, somente o necessário”.

Nas últimas semanas, com muito esforço, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, parece ter conseguido convencer o chefe a parar de falar em gastar mais. Pelo contrário. Lula até convocou cadeia de rádio e TV no último domingo para fazer um balanço de um ano e meio de governo – uma efeméride meio esquisita, mas tudo bem – quando aproveitou para reforçar que “não abrirá mão da responsabilidade fiscal”, repetindo pela enésima vez que aprendeu com a mãe a não gastar mais do que ganha.

NÃO ESTÁ FÁCIL – Mas não está tão fácil fazê-lo concordar em cortar gastos. Primeiro, Haddad e cia. anunciaram uma contenção que foi o suficiente apenas para garantir a banda de baixo da meta fiscal deste ano, ou seja, um déficit de R$ 28,8 bilhões. Que especialistas já acreditam que não será suficiente nem para isso.

Fechar a distribuição do congelamento por ministério foi mais difícil ainda. Tanto que, inusualmente, foi o presidente da República que deu a palavra final de como cada pasta seria atingida, o que só foi divulgado às 23h da terça-feira, dia 30, a uma hora do fim do prazo legal para a publicação do decreto de programação orçamentária.

Foi uma guerra, um estica e puxa, pastas com obras querendo preservar seus orçamentos, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tentando segurar os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), os ministros políticos preocupados com o corte das emendas, já prevendo reclamações de parlamentares.

MAIS FRACOS – Sobrou pros ministérios “mais fracos”: como mostrou o Broadcast, as Pastas das Mulheres, Pesca, Turismo e Igualdade Racial foram as mais atingidas pelo congelamento proporcionalmente ao orçamento original.

Agora, se Lula entendeu que não dá para ficar brigando com o mercado, fazer o presidente parar de falar mal do Banco Central parece ser uma tarefa extraordinária. E, para voltar na musiquinha do urso Balu, de Mogli, “o extraordinário é demais”, nesta quarta-feira, 31, minutos antes do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgar sua decisão sobre a taxa de juros, o petista voltou a cobrar a redução da Selic.

Para surpresa de ninguém, o Copom manteve a taxa, mas o comunicado veio cheio de recados de que vem alta por aí. O texto foi extradidático na parte que trata do fiscal, acrescentando algumas linhas para explicar que o que Lula e Haddad fazem lá, tem impacto direto no que o BC pode fazer acolá.

MERCADO DESCONFIADO – “A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, foi a novidade do comunicado. Traduzindo: “Lula, o pessoal do mercado está desconfiado que esses cortes aí são pra boi dormir e, com isso, estão cobrando juros cada vez mais altos e esperando inflação mais alta, acima da meta”.

No comunicado, “o Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”. Traduzindo: “Faz o seu, presidente, que eu faço o meu”.

Lula até acha que está fazendo o necessário. Mas pode não ser o suficiente.

Brasil não vai seguir EUA na Venezuela, e Maduro deve radicalizar sua ditadura

A líder opositora María Corina Machado (à esquerda), impedida pela ditadura de concorrer à eleição, e o candidato opositor, Edmundo González Urrutia, participação de manifestação em Caracas

Oposição comemora o apoio total dos Estados Unidos

Felipe Frazão
Estadão

A decisão do governo dos Estados Unidos de reconhecer uma vitória da oposição na eleição presidencial na Venezuela lança pressão para que se iniciem conversas sobre uma transição de governo em Caracas, mas não será seguida pelo Brasil.

Cinco dias após as eleições, sem que o chavismo tenha apresentado evidências da alegada e improvável reeleição do ditador Nicolás Maduro, integrantes do Itamaraty já falam, em conversas privadas, do risco de recrudescimento do regime à la Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua que perseguiu e encarcerou opositores e até a Igreja Católica. É algo a ser evitado, dizem esses diplomatas, e Maduro tem dado sinais de que pode apostar nessa via.

DISSE BLINKEN – “Dada a evidência esmagadora, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo González Urrutia ganhou a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela”, disse o secretário de Estado dos EUA Antony Blinken em um comunicado nesta quinta-feira, dia 1º, depois de a Casa Branca indicar que a “paciência estava se esgotando”.

Em comunicado, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos afirmou que “embora os países tenham adotado diferentes abordagens em resposta, nenhum deles concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos nessa eleição”. Ele disse ainda que “agora é o momento de os partidos venezuelanos iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica”.

Embora os presidentes Joe Biden e Lula da Silva tenham prometido “coordenação estreita” na questão venezuelana, os governos dos Estados Unidos e do Brasil vão seguir em raias distintas. A diplomacia brasileira diz que cada país preservou sua liberdade de se manifestar e não combinou uma estratégia amarrada.

PUBLICAÇÃO DAS ATAS – Os presidentes mantêm e seguirão em contato. Eles já cobraram em conjunto a publicação de resultados completos e detalhados por mesa de votação, mas a partir de agora Washington deu um passo além, reconhecendo um desfecho – a derrota de Maduro – como o legítimo.

O Brasil não. O Palácio do Planalto vai seguir na “receita do diálogo”, embora não esteja ainda definido até quando esperar pela ação das autoridades eleitorais venezuelanas – que são chavistas. Ao mesmo tempo, a diplomacia busca manter os canais com a oposição.

Na prática, os EUA já apostavam, com apoio de governos de direita e centro-direita da América Latina, em uma pressão mais forte sobre Maduro, usando fóruns como a OEA (Organização dos Estados Americanos). Mas essa frente foi barrada por Brasil, Colômbia e México – este último chegou a falar em “ingerência” em assunto doméstico, por meio do organismo multilateral das Américas sediado em Washington.

NOTA CONJUNTA – Os três países – governados por aliados de Maduro – divulgaram nesta quinta-feira uma nota conjunta, em tom sóbrio, que volta a pedir à ditadura de Maduro a necessidade de um escrutínio transparente e rápido, com dados abertos, verificáveis de forma imparcial, para reconhecerem algum resultado no pleito venezuelano.

O governo Lula não esconde a insatisfação. O petista deu um “gelo” e não atendeu ainda um pedido de telefonema feito pelo “camarada” Maduro, que antes ele defendia contra todas as evidências de autoritarismo. O risco de agravamento da violência nas ruas – que Maduro chamou de “banho de sangue” e assustou Lula – entrou no radar.

Ao todo 1,2 mil pessoas foram detidas e organizações não-governamentais, como a Foro Penal, citam a morte de mais de uma dezena de pessoas. Os líderes da oposição estão sendo acusados de terrorismo interno, de um ataque ao sistema eleitoral e de tentar um golpe de Estado. Maduro ameaça prender Edmundo González e María Corina Machado. Ela afirma estar escondida e na clandestinidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Maduro já subiu o tom, rumo à exacerbação da ditadura. Disse que vai prender mais mil manifestantes e todos iram para o Tocorón e Tocuyito, duas prisões de segurança máxima. Tudo indica que isso vai acabar mal, muito mal. (C.N.)

O negócio da China com Hamas prevê futuras coalizões em cenário indefinido

 em Tel Aviv

Parentes de reféns sequestrados pelo Hamas fazem protesto

Zevi Ghivelder
O Globo

No início dos anos 1970 do século passado, o pensador francês Raymond Aron escreveu: “Cada vez que vejo a Europa se imiscuir em assuntos do Oriente Médio, tenho a impressão de que alguém está passando um cheque sem fundos”. Há poucos dias, quando Pequim serviu de anfitrião para uma reunião de 14 facções árabes existentes no Oriente Médio, a China não passou um cheque sem fundos, assinou um cheque fraudulento.

A fraude se configura na chamada Declaração de Pequim, na qual é delineado o dia seguinte ao da guerra em Gaza, prevendo o Hamas como um dos gestores daquele território.

DESFAÇATEZ – É espantosa a desfaçatez do grupo terrorista, que, depois de iniciar um conflito com Israel e de sacrificar a vida de milhares de seus cidadãos palestinos, pretende um desdobramento do qual sairia incólume, como se nada tivesse acontecido.

A fraude prossegue na medida em que a declaração estipula futuras coalizões num cenário indefinido para o qual nem sequer Israel é capaz de formular uma previsão. Segundo Benjamin Netanyahu, a guerra só terminará com a extinção radical do Hamas. É uma postura igualmente indefinida.

Em tempos recentes, o Ocidente julgou que havia erradicado a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, mas essas duas organizações seguem ativas. No curso da História, as guerras têm terminado quando os envolvidos num conflito assinam um armistício ou uma rendição incondicional, ou quando uma das partes abandona a guerra de modo informal, a exemplo da retirada americana do Vietnã.

NADA MUDOU – A mídia internacional saudou com otimismo o entendimento alcançado em Pequim entre a Autoridade Palestina e o Hamas depois de 17 anos de ruptura.

No entanto, na reunião em Pequim, a Autoridade Palestina sediada na Cisjordânia não se propôs a rejeitar o terrorismo, nem o Hamas abdicou do seu propósito basilar de destruir Israel.

Desde o massacre que perpetrou em Israel no dia 7 de outubro, o Hamas vem desenvolvendo uma política de aproximação bem-sucedida com a Rússia e a China, ratificando sua vital submissão ao Irã. A Rússia acolheu a iniciativa do Hamas porque a guerra em Gaza arrefeceu o foco internacional sobre a guerra na Ucrânia.

CASO DE TAIWAN – E a agressão à Ucrânia dá respaldo a uma ação militar plausível da China em Taiwan. A esse respeito, um destacado líder do Hamas, chamado Khaled Mashaal, declarou que a China pode atacar Taiwan, assim como se deu o “deslumbrante” ataque do Hamas contra Israel.

O futuro de Gaza depois da atual guerra é incerto e controverso. Ao mesmo tempo que Netanyahu afirma que Israel não tem a pretensão de dominar Gaza, dois ministros extremistas radicais de seu governo clamam pelo contrário.

São os mesmos que apoiam a anexação da Cisjordânia e incentivam a proliferação ilegal dos assentamentos, cujos colonos vivem em estado permanente de êxtase messiânico e são o maior obstáculo para a paz entre israelenses e palestinos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGExcelente artigo de Zevi Ghivelder, que conhece como poucos a questão do Oriente Médio. Mostra que as possibilidades de paz são mínimas e devem ser encaradas com realismo. Ou seja, com pessimismo, para ser mais claro. (C.N.)

Apoio desnecessário a Maduro gera desconforto no governo Lula

Apoio de Lula a Maduro municia oposição

Pedro do Coutto

O apoio absurdo que o presidente Lula da Silva transferiu para Nicolás Maduro criou reações contrárias entre integrantes da base do próprio governo, formalizando críticas por ele ter assumido esse posicionamento.

Reportagem de Gabriel Saboya e Sérgio Roxo, O Globo desta quinta-feira, focaliza essa atitude de Lula em relação a Maduro, apesar de já terem morrido várias pessoas em face dos protestos que reuniu milhares de pessoas que foram às ruas de Caracas contra a farsa encenada pelo presidente da Venezuela.

DESGASTE – A tolerância de Lula em relação ao regime autoritário de Maduro tornou-se um dos temas mais desgastantes para o Palácio do Planalto durante o terceiro mandato do petista. Em meio à repressão militar aos protestos da oposição e às suspeitas de fraude nas eleições do último domingo, membros do governo, da base aliada e até mesmo do PT manifestaram descontentamento com a postura de Lula, que minimizou a crise venezuelana, e com a decisão de seu partido de reconhecer a vitória de Maduro como “democrática”.

O tema também é explorado pelo bolsonarismo e se tornou uma das principais bandeiras da “guerra cultural” nas redes sociais. Embora Lula não dê sinais de que mudará sua postura, a percepção no Planalto é de que a Venezuela se tornou um dos temas internacionais de maior repercussão, devido à exploração feita pela base de Bolsonaro.

POPULARIDADE – Levantamentos internos indicam que, em outros momentos, a popularidade do petista foi afetada quando ele demonstrou apoio ao regime de Maduro. Esse desgaste, porém, antecede a posse de Lula no terceiro mandato e foi amplamente explorado pelo bolsonarismo nas redes sociais durante as eleições de 2018, quando o petista Fernando Haddad foi derrotado por Jair Bolsonaro.

Em uma entrevista concedida na terça-feira, Lula afirmou não ver “nada de anormal” na situação política do país vizinho, embora tenha solicitado a divulgação das atas das seções eleitorais.

O presidente brasileiro evitou mencionar as denúncias de violações de direitos humanos e perseguição a adversários do chavismo.É inexplicável a posição assumida por Lula em sua defesa de algo indefensável, como a de Nicolás Maduro. Aguardemos a repercussão de suas declarações para o país e para o próprio governo.

Trio denunciado por hostilizar Moraes em Roma pede de novo a cópia das imagens

Moraes em Roma: Toffoli manda retirar conversa ent... | VEJA

As imagens mostram que não houve a agressão denunciada

Lucas Mendes
da CNN

A defesa do trio denunciado por hostilizar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes pediu à Corte nesta quinta-feira (1) cópia das imagens do aeroporto de Roma que registraram o caso e foram incluídas no processo.

O advogado também solicitou dados e informações que tenham sido identificados no celular apreendido de um dos envolvidos na confusão. O pedido foi enviado ao ministro Dias Toffoli, relator do inquérito no Supremo.

AS ACUSAÇÕES – Em 16 de julho, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o empresário Roberto Mantovani Filho, sua esposa, Andréia Munarão, e o genro do casal, Alex Zanatta. Eles foram acusados dos crimes de calúnia e injúria. O primeiro também vai responder por injúria real (com violência).

O advogado Ralph Tórtima, que representa o trio, disse que é preciso ter acesso às imagens e demais elementos registrados na investigação, antes de apresentar a resposta à denúncia. Ele argumentou que os vídeos da câmeras ficaram “acauteladas em Cartório, ‘trancadas a sete chaves’”.

“A defesa necessariamente precisa, agora nessa nova fase, ter conhecimento da íntegra dos autos, inclusive com a possibilidade de disposição e manipulação da mídia com as imagens do aeroporto, sem o que fica inviabilizado qualquer trabalho defensivo”, afirmou.

DEFESA CERCEADA – “Sem o acesso integral à principal prova, não há como ser realizada a defesa dos denunciados, por muito evidente”.

Tórtima também disse que a denúncia foi apresentada pela PGR sem que o órgão tivesse tido acesso às imagens. A denúncia contra o trio foi assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. A Polícia Federal (PF) havia indiciado o grupo em junho.

Inicialmente, a corporação entendeu que houve crime contra a honra, mas que uma instrução normativa da própria PF vedava o indiciamento em casos de menor potencial ofensivo, como aqueles cuja pena máxima é de dois anos.

TUDO DE NOVO – Contudo, o delegado responsável pela investigação mudou e, ao analisar o caso, chegou a uma conclusão diversa – optando por levar adiante o indiciamento.

Na nova visão da PF, há um agravante que aumenta a pena para dois anos e oito meses; o fato de o crime ter sido praticado contra um servidor público – no caso, Moraes – em razão de suas funções.

“Diante de tal circunstância entendo que, no caso em questão, [é] cabível e necessário o indiciamento dos investigados no referido crime”, escreveu o delegado Thiago Severo Rezende, em petição enviada ao STF.

O CASO EM ROMA – O episódio ocorreu em julho do ano passado, quando Moraes e sua família foram hostilizados – o grupo de Mantovani xingou o ministro e o acusou de fraudar as eleições.

A PF, que analisou as imagens das câmeras de segurança do aeroporto, afirmou que Mantovani e sua família “agrediram e ofenderam” Moraes e seu filho, Alexandre Barci de Moraes, “por razões completamente injustificáveis”.

Os vídeos foram enviados ao Brasil pelas autoridades italianas, por meio de uma cooperação jurídica internacional intermediada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.

A denúncia da PGR será julgada pelo Supremo em data ainda ser definida – a Corte decidirá se os acusados devem ou não se tornar réus. Nesse caso, será aberta uma ação penal para aprofundamento das investigações.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um processo ridículo e vexaminoso, que mais parece apenas um ato de vingança, eivado de picuinhas. O cerceamento da defesa é mais ridículo ainda. Até hoje os advogados não tiveram acesso às gravações, num procedimento altamente antijurídico do relator Dias Toffoli. Mas o que se pode esperar desse tipo de ministro, reprovado duas vezes em concurso para a magistratura? (C.N.)

EUA reconhecem a vitória da Gonzáles e pedem que haja um período de transição

Blinken, secretário de Estado, anuncia a decisão dos EUA

Fernanda Perrin
Folha

Os Estados Unidos reconheceram a vitória de Edmundo González Urrutia na contestada eleição presidencial venezuelana realizada no último domingo (28). O gesto é um passo adiante na postura que vinha sendo adotada por Washington, que até agora se limitava a cobrar a apresentação de documentos que corroborassem a declaração de Nicolás Maduro.

“Parabenizamos Edmundo González Urrutia por sua campanha bem-sucedida. Agora é o momento para os partidos venezuelanos iniciarem discussões sobre uma transição respeitosa e pacífica de acordo com a lei eleitoral venezuelana e os desejos do povo venezuelano”, afirmou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em nota divulgada na noite desta quinta-feira (1º).

APOIO DOS EUA – O diplomata diz ainda que os EUA vão apoiar o processo de restabelecimento das normas democráticas na Venezuela e que está pronto “para considerar maneiras de reforçá-lo conjuntamente com nossos parceiros internacionais”.

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão responsável pelas eleições e controlado pelo chavismo, declarou o ditador Nicolás Maduro vencedor com 51% dos votos contra 44% de González, mas ainda não apresentou os documentos que comprovariam esses números.

Washington, assim como outros países, vinha exigindo que o CNE divulgasse as atas, o que ainda não foi feito. Questionados se reconheciam uma vitória da oposição, membros do governo americano vinham sendo evasivos até agora, limitando-se a cobrar a apresentação dos documentos.

DISSE BLINKEN – “Infelizmente, o processamento desses votos e o anúncio dos resultados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) controlado por Maduro foram profundamente falhos, resultando em um resultado anunciado que não representa a vontade do povo venezuelano”, diz Blinken na nota.

O secretário de Estado afirma que a ausência de evidências que confirmem a vitória de Maduro e as irregularidades apontadas pela missão de observação independente do Carter Center “retiraram qualquer credibilidade do resultado anunciado pelo CNE”.

Blinken afirma que, segundo mais de 80% das atas eleitorais divulgadas pela oposição venezuelana, González foi o vencedor “por uma margem insuperável”. “Observadores independentes corroboraram esses fatos, e esse resultado também foi apoiado por pesquisas de boca de urna e contagens rápidas no dia da eleição”, diz o diplomata.

COM OUTROS PAÍSES – O secretário de Estado afirma que mesmo antes da eleição os EUA estavam em contato com outros países aliados e ressalta que, embora as abordagens tomadas por cada um após o pleito tenham sido diferentes, “nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos nesta eleição”.

O Brasil é um dos países que vinham mantendo consultas com Washington sobre o tema. Na terça, os presidentes Joe Biden e Lula chegaram a conversar por telefone. Até agora, a postura de Brasília vem sendo cobrar a apresentação das atas, sem se manifestar sobre qual lado teria saído vencedor.

O petista afirmou que não via “nada de anormal”, enquanto seu partido divulgou uma nota em que afirmou que o processo eleitoral venezuelano foi democrático e soberano. Nesta quinta, o brasileiro, em conjunto com os presidentes do México e da Colômbia, divulgou uma nota conjunta em que pede a divulgação de atas e uma verificação imparcial dos resultados da eleição na Venezuela.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esse tipo de situação implode qualquer governo. Até as ditaduras necessitam de apoio popular. Quando não há mais, como já é o caso de Maduro, o governo ditatorial fica inviabilizado. A única solução a que se pode chegar é redemocratizar o país. (C.N.)

Na inspiração do cordel, uma belíssima saga de amor, bem nordestina

90 anos do Romance do Pavão Misterioso - Vermelho

Uma fábula que faz enorme sucesso até hoje

Paulo Peres
Poemas & Canções

José Ednardo Soares da Costa Sousa, cantor e compositor cearense, foi buscar inspiração no cordel de José Camelo para compor Pavão Mysteriozo, uma das sagas de amor similares à Romeu e Julieta, que conta a história de jovem turco muito rico que resolveu roubar uma condessa e casar-se com ela, independentemente da vontade dos pais e, para isto, mandou construir uma nave em forma de pavão e cumpriu seus objtivos.

Ao contrário de Romeu e Julieta, esta saga tem um final feliz. Ednardo compôs esta canção em ritmo de novena, que no Ceará é mais lento apara acentuar um clima de lamento. O Lp “Ednardo – O Romance do Pavão Mysteriozo” foi gravado em 1974, pela RCA Victor. Em 1976, a música foi tema da novela Saramandaia.

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PAVÃO MYSTERIOSO
Ednardo

Pavão misterioso, pássaro formoso,
tudo é mistério nesse teu voar
Ah, se eu corresse assim, tantos céus assim
Muita história eu tinha pra contar

Pavão misterioso, nessa cauda aberta em leque
Me guarda moleque de eterno brincar
Me poupa do vexame de morrer tão moço
Muita coisa ainda quero olhar

Pavão misterioso, meu pássaro formoso,
No escuro desta noite me ajuda a cantar
Derrama essas faíscas, despeja esse trovão
Desmancha isso tudo que não é certo não

Pavão misterioso, pássaro formoso
Um conde raivoso não tarda a chegar
Não temas minha donzela, nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos, mas não podem voar.

Lula passou dos limites ao apoiar eleição na Venezuela, avaliam setores do Itamaraty

Em entrevista exclusiva, presidente Lula comenta sobre ações de combate aos  incêndios no Pantanal | Mato Grosso | G1

Na entrevista, Lula escorregou feio e apoiou Maduro

Igor Gadelha e Gustavo Zucchi
Metrópoles

Integrantes do Itamaraty avaliam que o presidente Lula se excedeu ao comentar, na terça-feira (30/7), a eleição presidencial na Venezuela, fortemente questionada pela oposição local e por observadores internacionais.

Em entrevista à “TV Centro América”, afiliada da TV Globo em Mato Grosso, Lula cobrou a apresentação das atas das zonas eleitorais, mas disse não ver nada de “grave”, “anormal” ou assustador” no pleito venezuelano.

DISSE LULA – “O PT reconheceu, a nota do partido dos trabalhadores reconhece, elogia o povo venezuelano pelas eleições pacíficas que houveram. E ao mesmo tempo ele reconhece que o colégio eleitoral, o tribunal eleitoral já reconheceu o Maduro como vitorioso, mas a oposição ainda não. Então, tem um processo. Não tem nada de grave, não tem nada de assustador. Eu vejo a imprensa brasileira tratando como se fosse a Terceira Guerra Mundial. Não tem nada de anormal. Teve uma eleição, teve uma pessoa que disse que teve 51%, teve uma pessoa que disse que teve 40 e pouco por cento. Um concorda, o outro não. Entra na Justiça, e a Justiça faz”, afirmou Lula na entrevista.

Na avaliação de diplomatas brasileiros de alto escalão, Lula deveria ter se restringido a pedir a apresentação das atas, seguindo a posição oficial adotada pelo Itamaraty até o momento.

QUESTÃO DAS ATAS – “O presidente insistiu nas atas. Podia ter parado por ai”, avaliou, sob reserva, um integrante da cúpula do Ministério de Relações Exteriores.

A fala de Lula também foi criticada por alguns auxiliares dele no Palácio do Planalto. O temor é de que declarações complacentes com o regime ditatorial de Nicolás Maudro prejudiquem a imagem do presidente e do governo, interna e externamente.

Embora Lula diga que não viu nada de grave, pelo menos 16 pessoas já morreram, centenas ficaram feridas ou foram presas pelo regime Maduro após as eleições do domingo. Entre os presos, está um líder oposicionista. Além disso, sete embaixadores que pediram a divulgação das atas eleitorais foram expulsos da Venezuela. Maduro diz não ter como apresentar os documentos porque o Conselho Nacional Eleitoral, controlado por ele, “está no meio de uma batalha cibernética nunca antes vista”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A desculpa já é boa, ao jogar a culpa para os hackers, mas ficaria melhor ainda se atribuísse toda a bagunça à interferência do empresário americano Elon Musk, que já esculhambou Maduro e o desafiou para uma luta de boxe. Quem vencer, fica com a Venezuela. (C.N.)

Depois da “Abin Paralela”, Lula agora cria a “Abin Inexistente”, sem armas 

Foto colorida de viatura da Polícia Federal em frente a Abin - Metrópoles

O problema é que a PF resolveu ser “controladora” da Abin

Luiz Vassallo
Metrópoles

Uma série de decisões da cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) aumentou a tensão com agentes e sua direção e alimentou um mal-estar que vem crescendo desde o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a Polícia Federal (PF).

Nos últimos meses, agentes tiveram suas armas e seus notebooks funcionais recolhidos por ordens superiores. Além disso, foram impostas restrições que praticamente inviabilizaram acesso a softwares internos que permitem consultar dados de pessoas, relatórios e até veículos usados para missões.

MAIS SEGURANÇA – Ao Metrópoles a Abin afirmou que “vem adotando medidas para reforçar a rastreabilidade, a auditabilidade e a segurança de seus processos, alcançando todas as fases de gestão, produção e controle”. O órgão não entrou em detalhes sobre o que motivou cada uma dessas medidas adotadas nos últimos quatro meses.

As decisões acontecem em meio a um ano marcado por uma série de operações da PF deflagradas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar a “Abin paralela” durante o governo Bolsonaro, quando o aparato da agência teria sido usado para interesses pessoais da família presidencial.

Assim como na gestão anterior, os postos de comando da Abin no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são preenchidos por policiais federais, um dos fatores da crise entre o governo e os agentes do órgão de inteligência, que é subordinado à Casa Civil, comandada pelo ministro petista Rui Costa.

ARMAS RECOLHIDAS – Há pouco mais de dois meses, a Abin passou a recolher as armas de agentes, que relatam não terem recebido qualquer justificativa para a medida. Apesar de não serem policiais, nem terem prerrogativa de investigar e combater o crime nas ruas, muitos agentes atuam em áreas sensíveis, em que há presença de facções do tráfico de drogas e até mesmo de corrupção nas polícias, que mantêm algum diálogo com a agência.

As armas, nesse caso, são um mecanismo apenas de defesa pessoal. Trata-se do porte de uma pistola, com um número limitado de balas. Não raro, os projéteis expiram de validade.

Agentes que estão nessa situação acabaram tendo de devolver as armas, em uma medida que, internamente, foi vista como pouco criteriosa por parte da cúpula, comandada pelo delegado aposentado da PF Luiz Fernando Corrêa.

SEM CRITÉRIO – Os agentes se queixam, sobretudo, que a decisão sobre quem teria direito à arma foi tomada sem consultar as superintendências da Abin, o que acabou tirando o armamento de quem estava atuando na rua e, portanto, mais exposto.

Foi aberta a possibilidade de devolução das armas, mediante a realização de um novo curso de tiro. O problema é que a modalidade do curso, segundo agentes, nunca está disponível para inscrição.

NOTEBOOKS E SOFTWARES – O mesmo foi feito com os notebooks funcionais. Agora, só se pode acessar computadores da agência dentro do órgão ou de seus escritórios espalhados pelo país. Informalmente, membros da cúpula justificaram que a medida blindaria a Abin de vazamentos de informações.

Agentes, no entanto, afirmam ao Metrópoles que, além de não ter havido casos de vazamentos diretamente de computadores de agentes da Abin, mesmo se um equipamento fosse perdido, roubado ou extraviado, há uma série de camadas de criptografia que impedem terceiros de conseguirem acessar os sistemas da agência.

Os notebooks são usados, muitas vezes, em situações urgentes que surgem em meio a diligências fora dos escritórios. Segundo esses agentes, a falta de acesso aos sistemas nessas ocasiões apenas acaba incentivando o uso de aplicativos de mensagens menos seguros, como o próprio WhatsApp. Eles classificam a decisão da cúpula da Abin como uma “volta ao século XX”.

OUTRAS MEDIDAS – Restrições mais duras também foram impostas ao uso de softwares e sistemas, como o Infoseg, que centraliza informações das secretarias estaduais de segurança pública, como inquéritos, processos, mandados de prisão, veículos, seus condutores e até registros de armas.

]O sistema é usado não somente por policiais, mas também por guardas civis e integrantes de outros órgãos do governo federal que elaboram políticas públicas.

Agentes da Abin se dizem humilhados por não conseguirem acessar esses dados com a mesma facilidade que qualquer outro órgão do governo. Agora, para que eles consigam ter acesso, é necessário abrir um processo no Sistema Eletrônico de Informações (SEI), ou mesmo passar tudo pelo crivo do diretor da unidade em que o agente trabalha.

MAIS RESTRIÇÕES – O acesso a outros softwares também passou por esse tipo de restrição. É o caso, por exemplo, do Córtex, que reúne dados de câmeras espalhadas em todo o país e pode identificar, por exemplo, quando um determinado carro passou por um trecho específico de uma rodovia.

Todas essas medidas ocorrem em meio a uma sequência de operações da PF que têm investigado a chamada “Abin paralela”. Batizada de Operação Última Milha, em referência ao software “First Mile”, usado para identificar a localização de pessoas a partir de seus celulares, a apuração identificou espionagem sobre jornalistas e opositores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para os agentes de carreira, a questão é que essas investigações somente têm mostrado que policiais federais colocados por Bolsonaro na cúpula do órgão criaram uma estrutura paralela, sem uso dos canais oficiais da Abin, para prestar esses serviços e satisfazer as vontades do ex-presidente.

RAMAGEM É EXEMPLO – É o caso, por exemplo, da atuação do ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que era delegado da PF, em favor da defesa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso da rachadinha. Em meio à investigação, a própria cúpula da PF de Lula chegou a ficar sob suspeita de acobertar a “Abin paralela” de Bolsonaro e continuar com as mesmas práticas.

Agentes da Abin se sentem colocados pelo governo federal na mesma prateleira dos investigados nas operações da PF e pagando por um preço que, segundo eles, deveria ser pago por cúpulas dominadas por policiais federais ou por servidores específicos do próprio órgão que foram cooptados por esse núcleo bolsonarista.

Agentes têm brigado para que a cúpula seja dirigida por gente da carreira. Recentemente, em mais um movimento no sentido contrário a esse pleito, a Abin avisou que não renovará, por exemplo, o mandato da corregedora do órgão, Lidiane Souza Santos, que é servidora de carreira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Nada de novo no front ocidental. Depois de Bolsonaro criar a “Abin Paralela”, para centralizar as investigações de oposicionistas, que sempre foram o objetivo principal do órgão, agora Lula cria a “Abin Inexistente”, liquidando as possibilidades de fazerem qualquer tipo de investigação. E la nave va, cada vez mais fellinianamente. (C.N.)

Tudo como antes, e a violência contra os indígenas persiste no governo Lula

Marco Temporal: o que essa mudança representa para os pov... | Guia do  Estudante

As tribos exigem a demarcação das terras que nunca ocorre

Caio Junqueira
CNN

O Conselho Indigenista Missionário, principal entidade brasileira ligada à assistência aos povos indígenas, apresentou seu relatório anual, no qual faz um balanço sobre o ano passado, aponta que a violência contra indígenas persistiu em 2023 e que o ano foi marcado por “ataques a direitos e poucos avanços na demarcação de terras”.

Com 253 páginas, o documento diz que “as disputas em torno dos direitos indígenas nos três Poderes da República refletiram-se num cenário de continuidade das violências e violações contra os povos originários e seus territórios em 2023”.

DIZ O RELATÓRIO – “O primeiro ano do novo governo federal foi marcado pela retomada de ações de fiscalização e repressão às invasões em alguns territórios indígenas, mas a demarcação de terras e as ações de proteção e assistência às comunidades permaneceram insuficientes”, diz o relatório.

retidos na França retornam ao Brasil

“O ambiente institucional de ataque aos direitos indígenas repercutiu, nas diversas regiões do país, na continuidade das invasões, conflitos e ações violentas contra comunidades e pela manutenção de altos índices de assassinatos, suicídios e mortalidade na infância entre estes povos.”

O texto lembra que 2023 “iniciou com grandes expectativas em relação à política indigenista do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva”. “Não apenas porque a nova gestão sucedeu um governo abertamente anti-indígena, mas também porque o tema assumiu centralidade nos discursos e anúncios feitos pelo novo mandatário desde a campanha eleitoral”, complementa.

FRUSTRAÇÃO – Na sequência, porém, diz que “a realidade política se impôs”. “O Congresso Nacional atuou para esvaziar o Ministério dos Povos Indígenas e atacar os direitos indígenas, especialmente por meio da aprovação do Projeto de Lei (PL) 490/2007, transformado, no final do ano, na Lei 14.701/2023”.

“O Poder Legislativo agiu em clara contraposição ao Supremo Tribunal Federal (STF), que, depois de anos de tramitação, concluiu o julgamento do caso de repercussão geral que discutia a demarcação de terras indígenas com uma decisão favorável aos povos originários. (…) À revelia do julgamento, o Congresso Nacional incluiu na lei 14.701 o marco temporal como critério para a demarcação de terras indígenas, além de um conjunto de dispositivos legais que, na prática, buscam inviabilizar novas demarcações e abrir as terras já demarcadas para a exploração econômica predatória. O veto parcial de Lula foi derrubado pelo Congresso, com grande número de votos de partidos que detêm cargos no governo, e a lei entrou em vigência no final do ano”, diz o documento.

POUCOS AVANÇOS – O Cimi conclui que “este contexto se refletiu na constatação de poucos avanços na demarcação de terras indígenas e na continuidade de casos de invasão, danos ao patrimônio indígena e conflitos relativos a direitos territoriais”.

No balanço da entidade, são contabilizados “276 casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio em pelo menos 202 territórios indígenas em 22 estados do Brasil”.

Para o Cimi, “os parcos avanços nas demarcações refletiram-se na intensificação de conflitos, com diversos casos de intimidações, ameaças e ataques violentos contra indígenas, especialmente em estados como Bahia, Mato Grosso do Sul e Paraná”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Sem falar no abandono dos Yanomamis, no avanço dos garimpos poluindo os rios, no desmatamento e nas queimadas, que dariam ainda maior realismo a esse relatório. Uma coisa é certa: o Brasil só teve política indigenista quando o marechal Cândido Rondon criou o Serviço de Proteção aos Índios. Hoje, o abandono é a principal característica do indigenismo. (C.N.)

Lula lidou com a fraude na Venezuela sem respeitar qualquer princípio moral

Lula repete destinos em 1ª viagem nacional a trabalho de 2024

Lula se prejudicou ao defender uma imoralidade flagrante

William Waack
Estadão

Não há opções fáceis nem boas na questão da Venezuela e qualquer operador razoavelmente profissional em relações externas se empenharia em não tornar mais complicada uma situação já difícil. Foi o que Lula fez ao minimizar a fraude eleitoral cometida pela ditadura de Nicolas Maduro.

Lula é um operador apenas da própria imagem e, como tal, tem uma irrestrita confiança na própria capacidade de “moldar” retoricamente os fatos. Desta vez não conseguiu. Ao contrário, sua imagem foi consideravelmente abalada mesmo nos setores políticos condescendentes com qualquer coisa que ele diz, e dispostos a aceitar qualquer “escorregão” do presidente.

DOIS FENÔMENOS – A situação parece indicar dois fenômenos relacionados um ao outro. Lula fez uma leitura completamente equivocada da amplitude dos acontecimentos na Venezuela, tanto do ponto de vista doméstico quanto internacional. E a “flauta mágica” com a qual se acostumou a encantar plateias de vários tipos (em geral, falando o que elas gostariam de ouvir) parece que não funciona mais como antes.

Quais seriam as possíveis causas que ajudem a entender como um político com tanta experiência, como Lula, frustra uma audiência que sempre lhe foi simpática e, ainda por cima, limita suas opções diante de um complexo contexto, como o da Venezuela?

Uma causa evidente é o ranço ideológico, típico de uma esquerda ultrapassada e retrógrada que julga ser sua razão de existir opor-se “aos ianques”, e que o impede de ver os fatos.

ANTIAMERICANISTA – Lula nunca foi considerado “de esquerda” pelos velhos quadros do Partidão (os comunistas de Luis Carlos Prestes), mas manteve a visão de mundo segundo a qual o sistema internacional é uma luta de classes de ricos contra pobres, conduzida pelos Estados Unidos.

A outra causa do crasso erro cometido em relação à Venezuela é a certa “solidão” vivida pelo presidente, que não dispõe mais do mesmo Estado Maior com pensamento estratégico e cálculo político da velha guarda do PT.

Nessa questão específica, quem o aconselha sofre do mesmo ranço e da mesma limitação de horizontes.

PRINCÍPIOS MORAIS – Todo operador experiente de política externa sabe do dilema entre “moralidade” e “pragmatismo”. Ou seja, não é possível pensar em relações com outros países apenas do prisma dos “princípios”.

Mas também não cabe fazer de conta que eles não existem, ou que não importem (o desfecho da última Guerra Fria é um bom exemplo disso).

É isto que tornou a situação da Venezuela tão complicada para o Brasil. O problema para Lula não é o fato de ter sido “pragmático” e, com isso, ter ofendido princípios morais. O problema é a falta deles.

Irã fará ataques a Israel em retaliação à morte de líder do Hamas, diz jornal

Quem é Ali Khamenei, o líder revolucionário do Irã • Diário Causa Operária

Ali Khamenei mandou retaliar para fazer “punição severa”

Deu no Estadão

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, emitiu uma ordem de ataques diretos a Israel em retaliação ao assassinato de Ismail Haniyeh, líder do Hamas morto em Teerã. A informação foi confirmada por três autoridades iranianas ao The New York Times.

Entre as fontes, que falaram sob condição de anonimato, há membros da Guarda Revolucionária do Irã. Eles disseram que a ordem foi dada na reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional nesta quarta-feira, 31, logo após a confirmação da morte de Haniyeh.

REPERCUSSÃO – O líder do Hamas estava em Teerã para a posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, quando foi morto. Tanto o grupo terrorista como o governo iraniano culparam Israel, que não confirma nem nega o envolvimento no ataque.

O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse que Israel “desferiu golpes devastadores” contra seus inimigos. Ele se referiu diretamente ao ataque que matou o comandante do Hezbollah, Fuad Shukr, apontado como responsável pela ofensiva que matou 12 crianças nas Colinas do Golã. Mas não mencionou Ismail Haniyeh.

“Acertamos nossas contas com Mohsen e acertaremos nossas contas com qualquer pessoa que nos faça mal”, declarou, referindo-se o nome de guerra do comandante do Hezbollah. “Qualquer um que mate nossas crianças, qualquer um que assassine nossos cidadãos, qualquer um que faça mal a nosso país, sua cabeça tem um preço.”

IRÃ VAI REVIDAR – O Irã apoia o Hamas na Faixa de Gaza, o Hezbollah no Líbano e outros grupos rebeldes que integram o chamado “Eixo da Resistência”. Ao mesmo tempo em que busca evitar uma guerra direta com Israel, o regime iraniano aumenta a pressão com ataques dos seus aliados por procuração.

Em abril, Teerã lançou um ataque sem precedentes a Israel com uma saraivada de mísseis e drones em resposta ao ataque matou comandantes iranianos no prédio consular em Damasco, Síria. A muito anunciada retaliação foi quase que inteiramente interceptada, sem causar muitos estragos.

Agora, o regime considera uma nova rodada de ataques com mísseis e drones contra alvos militares, possivelmente, em coordenação com grupos aliados no Iêmen, Síria e Iraque, disseram as autoridades ouvidas pelo The New York Times. Ainda não está claro, no entanto, em que intensidade ou se o Irã vai calibrar a ofensiva para demonstrar força sem escalar o conflito, como fez da última vez.

PUNIÇÃO SEVERA” – Khamenei orientou o comando militar e a Guarda Revolucionária a preparar planos de ataque e defesa para o caso de escalada do conflito no Oriente Médio ou ataque dos Estados Unidos, principal aliado de Israel, segundo o NY Times. Publicamente, o líder supremo ameaçou “punição severa” após a morte de Ismail Haniyeh em Teerã.

Assim como ele, o novo presidente Masoud Pezeshkian, o ministro das Relações Exteriores, a Guarda e até a missão do Irã na ONU disseram abertamente que tem o direito de se defender e vão retaliar.

Os Estados Unidos reconhecem que os ataques não contribuem para conter a tensão, mas descartam uma expansão do conflito de imediato. “Certamente não ajudam a baixar a temperatura”, disse o porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby. “No entanto, não há sinais de que uma escalada seja iminente.” (Com NY Times e AFP)

Eu pedi que Figueiredo fosse um “presidente doido”, para consertar este país…

Vicente Limongi Netto

“A Amazônia tornou-se paraíso dos grileiros. Estão acabando com a floresta, matando o “inferno verde”, secando os pulmões de oxigênio do mundo. E os jaris completam a obra dos devastadores da mata, poluindo os rios. O general Figueiredo vem com o propósito de quebrar os dentes dos grileiros. Há um exército clandestino nas matas amazônicas.

Os grileiros têm arsenais de armas e munições. Vangloriam-se das chacinas de roceiros. E quando os próprios posseiros reagem, na defesa do que plantaram, gritam pela imprensa que os “comunistas” são ousados e desejam subverter a ordem. Os grileiros desmatam mais que as saúvas, que as nuvens dos gafanhotos. Os insetos destroem para comer. Os grileiros para saciar a ambição. E esta não tem limites.

Esperamos que o general Figueiredo estabeleça no país o império da justiça. Dando a cada um o que for justo. Isso é tarefa de leão. De leão ou de louco. Dizem que o general é demasiadamente franco. Mas o Brasil precisa é de um presidente doido. Um louco capaz de pôr a nação em ordem. Que não tema o poder de aventureiros, a ditadura da ambição”.

ISSO FOI EM 1978– Parece que escrevi este texto ontem. Mas foi em 5 de outubro de 1978, antes de Figueiredo assumir. Publicado por mim no Correio Braziliense. Creio que é histórico, porque retratou uma realidade tenebrosa e que não se foi resolvida. Pelo contrário, se agravou.

Em resposta a este texto, recebi um cartão do então presidente João Batista Figueiredo, redigido de próprio punho. Estava deixando o governo, em 1984, não tinha esquecido o que escrevi, agradecia minhas palavras e lamentava não ter sido um chefe da nação realmente doido, para enfrentar e solucionar os problemas brasileiros. Sua resposta foi a seguinte:

“Brasília, 22/3/84. Prezado Sr. Vicente Limongi Netto. Obrigado por suas palavras de solidariedade e de incentivo. Já no final do meu governo, cheguei à conclusão de que não tenho sido doido no nível necessário. Vou me empenhar a fundo para consegui-lo. Um abraço do João Figueiredo”.

Faltava quase um ano para terminar o mandato, mas ele não conseguiu ser suficientemente doido. É pena.

 NADA MUDA – O tempo passa e nada muda. Agora estamos perplexos com a posição dúbia de Lula com relação às eleições presidenciais na Venezuela. A combinação não poderia ser mais estapafúrdia. Lula acende vela a Deus e manda o PT acender outra, ao diabo, declarando apoio a Nicolás Maduro. 

De quebra, Lula faz marola, e pede conselhos a Joe Biden. É o fim da picada. Seria cômico se não fosse trágico.  O asqueroso, sanguinário e truculento ditador Nicolás Maduro, prende e arrebenta, e o governo brasileiro bota o rabo entre as pernas.  O governo age como se o Brasil fosse uma republiqueta. As tais atas são os boletins das urnas. Desculpa esfarrapada de Lula manda esperar por elas.

Até os buracos dos asfaltos das ruas sabem que a demora é para enganar trouxas e ingênuos, que acreditam que existe eleições limpas e democráticas na Venezuela. Maduro mandou Lula tomar chá de camomila. O presidente exagerou nos bules e nas xícaras e perdeu o rumo. Corre o risco de apequenar o cargo.  Aliás, já apequenou.

Há três graves equívocos que causam distorções no debate sobre a polarização

Nani Humor: POLARIZAÇÃO

Charge do Nani (nanihumor.com)

Marcus André Melo
Folha

Há pelo menos três graves equívocos no debate sobre polarização. O primeiro é supor que ela exige algum grau de simetria entre posições polares. Alguns argumentam que não havia polarização nos EUA porque Biden é centrista. A confusão origina-se na falta de compreensão quanto ao conceito de mediana, muitas vezes entendida como centro.

A mediana de uma distribuição de preferências políticas pode estar ou não no valor central, digamos 5 em uma escala de 1 a 10 (onde 10 é extrema direita e 1, extrema esquerda). Não importa a escala —se baseada no auto posicionamento ou métricas objetivas— a mediana é o ponto que divide o eleitorado em duas partes iguais: metade à esquerda deste ponto e metade à direita.

POSIÇÃO DA MEDIANA – Segundo o Latinobarometro/Eurobarometro (2023), a mediana está à direita do centro, por exemplo, na Polônia, Brasil e Finlândia — é superior a 6; ou muito mais à direita dele em El Salvador e Montenegro, girando em torno de 7. Em outros está à esquerda (Espanha).

A polarização assimétrica nestes casos ocorre entre grupos com posições centrais na escala e um dos polos, e não entre estes últimos. Se a mediana estiver em cerca de 3, posições em 6 será percebida como “fascista”.

Uma tendência universal, em eleições majoritárias ou no voto distrital, é que haja uma convergência ideológica dos competidores para a mediana de preferências (não para o centro!). Mas a convergência tem dado lugar a tendências centrípetas.

CONFLITO MULTIDIMENSIONAL – O segundo equivoco é confundir as dimensões do conflito político (economia, pauta de costumes, etnia etc.), reduzindo-os a uma só dimensão. O equívoco não permite entender a similaridade de posições em relação à economia ou gasto social entre esquerda e direita radicais, etc. Como sabemos, o conflito político tornou-se crescentemente mais multidimensional.

O terceiro é desconsiderar que a polarização não se reduz a questões programáticas. Dados sobre os EUA mostram certa estabilidade no posicionamento de democratas e republicanos em relação às políticas públicas, mas mudança radical na forma em que percebem uns aos outros.

A divergência no Brasil também é mínima: envolve posse de armas e educação sexual.

MAIS AFETIVA – A polarização tornou-se afetiva, assentando-se em emoções negativas (desconfiança, desprezo, aversão) dirigidas a grupos políticos rivais.

A métrica mais comum para medi-la é a diferença entre os escores de simpatia para seu próprio partido e rejeição quanto aos rivais.

Embora concordem em relação às políticas, crescentemente abominam a possibilidade que seus filhos casem com adversários políticos. A geometria política não é simplória.

Apoio de PT e do próprio Lula à farsa de Maduro é um vexame histórico

Após impasses com governo Bolsonaro, Maduro não vai participar de posse de Lula | O Popular

Charge reproduzida de O Popular

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

A apressada e irresponsável nota de apoio do PT à farsa eleitoral venezuelana é um dos episódios mais vergonhosos da história do partido e da esquerda brasileira. Considerar que o resultado do pleito foi “democrático e soberano” é de um cinismo absoluto. Boa parte das lideranças do PT parece ver o que chama de “democracia burguesa” como um trampolim para regimes autocráticos como os da Venezuela, China e Rússia – na falta da saudosa ditadura do proletariado.

A eleição foi uma trapaça desde o início, quando a principal candidata de oposição, María Corina Machado, viu-se impedida de concorrer. Bastaria essa decisão arbitrária para caracterizar o processo como não democrático.

ENDOSSO DE LULA – O despautério que foi a manifestação petista contou, na grande moldura, com o endosso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, pelo menos como chefe de Estado do Brasil, pediu mais detalhes sobre as apurações para conceder sua bênção ao ditador. Deu, porém, declarações ensaboadas em que se esforçou para normalizar tudo e livrar a cara de Maduro.

Desde 2013, quando chegou ao poder, o sucessor de Chavez tem lançado mão de expedientes autocráticos e de casuísmos para se manter no cargo. Governa por decreto, intervém em instituições, censura a imprensa, determina prisões políticas e tortura e mata opositores, com o apoio de suas milícias.

Manobras ilegítimas também marcaram esta eleição, que deverá castigar o povo venezuelano com mais 6 anos de governo de um tiranete corrupto, mentiroso, violento e mistificador. Não fosse trágica, a imagem de Maduro em sua caricata autoproclamação poderia ser cena de uma chanchada sobre os ridículos tiranos de nossa América Latina.

ROTA DE COLISÃO – O PT entra em colisão com as forças progressistas do continente e dá um abraço no bolsonarismo –trata-se, afinal, de um bolsonarismo com sinal trocado — ao chancelar um governo antidemocrático e seu processo eleitoral esdrúxulo, que veta candidaturas e impede a livre manifestação do povo. Bolsonaro adoraria ter uma nota boazinha como essa de um país com o peso do Brasil.

O fato de Maduro ser considerado de esquerda ampara a deplorável manifestação da Executiva Nacional petista, que nem sequer pediu transparência na divulgação da contagem de votos. Mas será Maduro mesmo de esquerda? Que esquerda? Mais se mostra um populista protofascista, num caso típico em que os extremos se tocam.

Em sua fundação, em 1980, o Partido dos Trabalhadores abrigou um amplo debate no qual uma nova esquerda democrática teve papel fundamental. Em que pese a convivência de diferentes vertentes, tratava-se em linhas gerais de um partido que nascia mantendo certa distância do stalinismo e do populismo varguista para lutar por socialismo e justiça social dentro das regras da democracia.

MÁQUINA ELEITORAL – O PT cresceu, transformou-se em máquina eleitoral, escorregou na corrupção, mas se manteve como referência de defesa dos interesses populares num sistema político povoado por siglas oportunistas e fisiológicas.

Suas posições, contudo, em diversos aspectos preservaram visões retrógradas, rígidas e esquemáticas do carcomido pensamento de esquerda de outros tempos.

O antiamericanismo é um desses traços característicos, que encontra em Celso Amorim um praticante incorrigível. Nem sempre se sabe ao certo os casos em que Lula está de acordo com o partido e aqueles em que não está ou finge não estar –ou finge estar. No caso da Venezuela está claro que as afinidades entre Lula, seu partido e o assessor Celso Amorin são plenas. Estão todos em defesa do ditador. Um vexame histórico.

Com margem de 40%, Venezuela bate todos os recordes de fraudes eleitorais

CNE afirmou que Maduro venceu com 51% dos votos, mas Corina Machado disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro.

Velhinha enfrenta a polícia e protesta contra a fraude

Andrés Oppenheimer
Estadão

Nas minhas quatro décadas cobrindo eleições na América Latina, vi muitas eleições fraudulentas. Mas o que aconteceu em 28 de julho na Venezuela tem todas as características de ser a maior de todas as fraudes eleitorais.

Na maioria das eleições fraudulentas, os autocratas manipulam a contagem de votos para roubar um, dois ou três pontos percentuais para que possam reivindicar a vitória. Mas, na Venezuela, Nicolás Maduro quebrou todos os recordes: inventou 40% dos votos, de acordo com contagens da oposição e pesquisas de boca de urna.

UMA SURPRESA – O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo, surpreendeu os observadores com o anúncio na madrugada de segunda feira de que Maduro teria vencido com 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González Urrutia.

A líder da oposição, María Corina Machado, que apoiou González Urrutia depois de o regime de Maduro a ter impedido de disputar a eleição, disse que as atas nas mãos da oposição mostram que González Urrutia obteve 70% dos votos, contra 30% de Maduro. Foi a maior margem de vitória na história das eleições venezuelanas, disse Corina Machado.

Em primeiro lugar, todas as pesquisas críveis antes da eleição mostraram que o candidato da oposição, González Urrutia, tinha uma vantagem de pelo menos 25 pontos percentuais em relação a Maduro. Uma pesquisa pré-eleitoral da consultoria ORC deu a González Urrutia 60% dos votos, contra 14,6% de Maduro.

BOCA DE URNA – Em segundo lugar, uma pesquisa realizada no dia das eleições pela Edison Research, a respeitada empresa que realiza pesquisas para as principais redes de televisão dos Estados Unidos e de outros países, concluiu que González Urrutia obteve 64% dos votos, enquanto Maduro obteve apenas 31%. A pesquisa de boca de urna da Edison Research entrevistou 6.846 eleitores em 100 centros de votação em toda a Venezuela.

Os resultados oficiais anunciados pelo regime venezuelano “são completamente contrários ao que mostrou a nossa pesquisa de boca de urna”, disse o vice-presidente executivo da Edison, Rob Farbman, à estação de rádio colombiana FM. A pesquisa mostrou que “foi basicamente uma vitória esmagadora de González (Urrutia) e da oposição”, acrescentou ele.

Terceiro, na noite das eleições, o regime de Maduro atrasou o primeiro anúncio dos resultados por seis horas e proibiu os representantes da oposição de acessar os centros de contagem do Conselho Nacional Eleitoral.

 

SEM RESULTADOS – Mais importante ainda, as autoridades eleitorais de Maduro se recusaram a divulgar os resultados por local de votação ou por urna, conforme exigido pela lei venezuelana.

Já antes das eleições, Maduro tinha negado o direito de voto a cerca de 4,5 milhões de venezuelanos que viviam no estrangeiro, a maioria dos quais são opositores do governo e representam mais de 20% do total de eleitores do país. Além disso, impediu Machado de se candidatar, prendeu ativistas da oposição e censurou a mídia.

“Este foi o maior roubo eleitoral da história moderna da América Latina”, disse-me o ex-presidente boliviano Jorge Tuto Quiroga, que foi convidado pela oposição a observar as eleições juntamente com outros ex-presidentes, mas não conseguiu entrar no país.

PROTESTOS – Resta saber se Maduro conseguirá o que quer. A história está repleta de exemplos de autocratas que tentaram roubar eleições e, mais cedo ou mais tarde, pagaram um preço alto.

O ex-presidente populista da Bolívia, Evo Morales, fraudou as eleições de 2019 e logo foi forçado a renunciar devido a uma combinação de protestos em massa e pressão internacional. Algo semelhante aconteceu na Ucrânia em 2004.

As dúvidas a respeito dos resultados oficiais de Maduro só continuarão a crescer enquanto ele não divulgar os registros detalhados por centro de votação. Se Maduro tivesse vencido, deveria ser o primeiro interessado em mostrar esses registros eleitorais ao seu país e ao mundo, para demonstrar a sua suposta vitória. Mas ele os escondeu, o que é mais uma prova da grotesca fraude que acaba de cometer.

(Artigo enviado por José Carlos Werneck)

Israel anuncia morte de líder militar do Hamas um dia após matar o chefe político

Mohammed Deif, Hamas military leader who eluded Israel for decades, is  claimed to be dead – WJBF

Mohammed Deif, o chefe militar, foi eliminado em Gaza

Deu no Estadão
Reuters

O chefe da ala militar do Hamas, Mohammed Deif, foi morto em um ataque aéreo de Israel na Faixa de Gaza no mês passado, disse Tel Aviv nesta quinta-feira (1º), um dia após o líder político do grupo ser assassinado em Teerã em uma ofensiva atribuída ao Estado judeu.

“As Forças Armadas de Israel anunciam que em 13 de julho de 2024, caças atacaram uma área de Khan Yunis e, após uma avaliação de inteligência, confirmou-se que Mohammed Deif foi eliminado no ataque”, disse o Exército.

SEM CONFIRMAÇÃO – O Hamas não confirmou nem negou a morte de Deif —mais uma da sequência de assassinatos anunciados nos últimos dias. Um membro do grupo, Ezzat Rashaq, disse que qualquer informação sobre o caso é responsabilidade exclusiva das lideranças da facção.

Responsável pelas mortes de dezenas de israelenses em atentados suicidas, Deif liderou a lista de mais procurados de Israel por décadas. Ele ascendeu no grupo ao longo de 30 anos, desenvolvendo uma rede de túneis por baixo de Gaza e aprimorando sua expertise na fabricação de bombas.

Mais recentemente, Deif foi considerado um dos mentores do ataque terrorista no sul de Israel no dia 7 de outubro, que desencadeou a guerra em Gaza, agora em seu 300º dia.

CORTEJO FÚNEBRE – O anúncio ocorreu enquanto uma multidão pedia vingança durante o cortejo fúnebre de Ismail Haniyeh em Teerã. O líder político da facção foi morto nesta quarta no momento em que visitava o Irã para a cerimônia de posse do novo presidente do país persa, Masoud Pezeshkian.

Irã e Hamas culpam Israel, que não negou nem confirmou um papel no assassinato —postura diferente da adotada em relação à morte do comandante sênior do Hezbollah, em Beirute, na terça-feira (30). No caso do assassinato de Muhsin Shukr, chefe operacional do grupo fundamentalista libanês, Tel Aviv assumiu a autoria do ataque.

Tanto o Hezbollah quanto o Hamas são apoiados pelo Irã. As mortes mais recentes aumentaram a preocupação com uma escalada nas hostilidades no Oriente Médio, com ameaças de vingança contra Israel, que disse não buscar uma guerra regional, mas que responderia com força a qualquer ataque.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– É uma impressionante rotina de guerra – um a um, vão sendo eliminados os principais líderes inimigos de Israel, não importa onde estejam. Um foi morto na Síria, outro no Libano, um terceiro no Irã e mais um na Faixa de Gaza. O êxito dessas investidas mostra a qualidade dos serviços do Mossad, o serviço secreto israelense, que humilha a Abin, concorrente brasileira. (C.N.)

Crítica de Barroso ao favorecimento da corrupção incomoda ministros do STF

Brasil mais justo: Em palestra na ABL, Barroso cita decisões emblemáticas  do STF

Barroso esqueceu seus erros e lembrou os erros dos outros

Mariana Muniz
O Globo

A declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, de que algumas decisões da Corte teriam atrapalhado o combate à corrupção no Brasil gerou incômodo entre ministros do tribunal, que entendem a fala do colega como “despropositada”.

Três ministros ouvidos pelo Globo de forma reservada se disseram incomodados com a manifestação, lembrando que a atuação do Supremo é pautada na preservação de valores constitucionais e atendendo a questionamentos que são levados ao tribunal. Esses magistrados lembram, contudo, que essas posições do presidente do STF não são inéditas e já foram externadas por ele em outras ocasiões.

SAIU DERROTADO – A declaração de Barroso ocorreu nesta terça-feira durante encontro na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, enquanto o ministro citava julgamentos contrários a bandeiras da Operação Lava-Jato em que sua posição saiu derrotada.

— O Supremo anulou o processo contra um dirigente de empresa estatal que tinha desviado alguns milhões porque as alegações finais foram apresentadas pelos réus colaboradores e pelos réus não colaboradores na mesma data, sem que isso tivesse trazido nenhum prejuízo. Também acho que atrapalhou o enfrentamento à corrupção — disse o ministro, sem citar nomes.

Barroso acrescentou que “houve decisões do Supremo em matéria de enfrentamento à corrupção que não corresponderam à expectativa da sociedade”, mas ressaltou que o fato de discordar não o permite “tratar com desrespeito a posição das pessoas que pensam de maneira diferente”.

CASOS CONCRETOS – O ministro foi um dos principais defensores da Lava-Jato no STF. Entre as decisões consideradas contrárias à operação referenciadas por Barroso nesta terça-feira estão o fim da prisão em segunda instância e a anulação de sentenças em razão da ordem da fala de delatores no processo.

Barroso também mencionou a submissão do afastamento do então senador Aécio Neves ao Senado. À época, o hoje presidente do STF disse no julgamento que havia indícios “induvidosos” de crimes cometidos por Neves, que foi acusado de corrupção passiva e obstrução da Justiça, por pedir e receber R$ 2 milhões da JBS, além de ter atuado no Congresso e junto ao Executivo para embaraçar as investigações da Lava-Jato. A decisão colegiada da Corte, porém, acabou derrubada pelo Senado.

Em sua fala, o presidente do STF também apontou que “a importância de um tribunal não pode ser aferida em pesquisa de opinião pública, porque existem na sociedade interesses conflitantes e sempre haverá queixas e insatisfações”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Excelentes declarações de Barroso, Em tradução simultânea, ele está dizendo que, se dependesse dele, Lula não teria saído da prisão em 2019. No entanto, Barroso fez coisa pior em 2021, ao apoiar a anulação das condenações de Lula, decisão que permitiu a candidatura dele. Na formação do Supremo nos últimos anos, o único ministro que vinha votando sempre na forma da lei era Luiz Fux. Mas acabou se juntando aos demais ao aprovar 17 anos de prisão para quem estava no 8 de janeiro, mas sem nenhuma prova de vandalismo ou enfrentamento com a Polícia. Ou seja, no Supremo atual nenhum ministro deixou de votar fora da lei, não escapa um. (C.N.)

Apregoando “nada de anormal”, Lula comete grande erro ao defender Maduro

Lula disse que cabe à Justiça decidir sobre resultado

Pedro do Coutto

O presidente Lula se manifestou nesta terça-feira pela primeira vez sobre a eleição na Venezuela, após Nicolás Maduro ter sido reconduzido à Presidência em um processo contestado. “Não tem nada de grave, nada de assustador”, disse Lula. A declaração foi feita em entrevista à Rede Matogrossense, afiliada da TV Globo, e antecedeu a viagem do presidente aos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, nesta quarta-feira.

Lula também comentou sobre a nota divulgada pelo PT,que considerou a eleição pacífica, democrática e soberana. Para Lula, o comunicado do partido, que foi criticado por petistas, é um “elogio ao povo venezuelano pelas eleições pacíficas”.

ERRO – Ao dizer que em sua opinião não encontrou nada de anormal na Venezuela, o presidente Lula cometeu um dos maiores erros de sua vida e também de sua visão internacional dos fatos.

Omitiu, por exemplo, os vários atingidos em consequência de protestos em Caracas, com mais de setecentas pessoas presas, multidões no meio das ruas exigindo a verdade das urnas. Como é possível o presidente da República ter dado essa declaração fora da realidade? O assessor especial para política externa do Palácio do Planalto, Celso Amorim, e o Itamaraty afirmaram que o Brasil aguarda a publicação do resultado oficial das eleições na Venezuela pelo Conselho Nacional Eleitoral.

PRAZO –  Segundo o calendário eleitoral, o órgão sob o comando chavista tem até sexta-feira para fazer isso. Ao contrário do que declarou Lula, alegando normalidade nas eleições venezuelanas, o Itamaraty orientou a embaixadora brasileira no país a não ir ao evento de proclamação do resultado da vitória de Maduro.

Lula também prejudicou o seu diálogo com Joe Biden que tem a visão oposta. Vários países do continente estão reprovando o comportamento de Maduro. É uma situação incompreensível essa que se coloca, assim como a posição do PT a favor da vitória de Maduro. Lula aposta no caminho do absurdo nesse caso.  Não há cabimento em suas declarações. Lula sai em socorro de Maduro comprometendo a si próprio.

Um canto de amor ao Brasil que se tornou eterno e jamais será esquecido

Tribuna da Internet | A paixão jovem de Gonçalves Dias, quando a amada  estava entre menina e mulherPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, etnógrafo, teatrólogo e poeta romântico maranhense Antônio Gonçalves Dias (1823-1864) é o maior fenômeno de intertextualidade da cultura brasileira.

A “Canção do Exílio” escrita em 1843, em Coimbra, onde o poeta estudava, transformou-se num ícone múltiplo. Representa, antes de tudo, a saudade (e a idealização) da terra natal, um sentimento universal e sem idade. Além disso, tornou-se a expressão do nacionalismo num país que acabara de conquistar sua independência política.

Canto singelo de louvor à pátria, a canção é o poema mais citado na literatura e na música popular brasileira. De quebra, trouxe para nosso imaginário a figura do sabiá, pássaro também identificado com a nação brasileira. Gonçalves Dias já o via como uma referência mítica, além do substantivo comum. Tanto que escreve o sabiá com inicial maiúscula.

CANÇÃO DO EXÍLIO
Gonçalves Dias

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso Céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossas vidas mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar – sozinho, à noite –
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá