O país dos sem-amanhã: o trabalho digital e o colapso silencioso da Previdência

Há lugares no Reino Unido onde os judeus já não podem entrar…

Torcedor no gramado agita grande bandeira azul clara com letras vermelhas 'ASTON VILLA' em estádio cheio, com fumaça e iluminação intensa ao fundo.

Jogo do Aston Villa decidiu proibir a entrada de judeus

João Pereira Coutinho

Sou anglófilo, como boa parte da minha geração. Mas essa anglofilia é mais imaginária do que real: a Inglaterra que me interessa existe na minha cabeça —feita de livros, músicas, arte, filmes e de lugares que pertenceram a outro tempo.

Como dizia Eça de Queirós sobre o “francesismo” dos portugueses, eu também importo tudo: ideias, filosofias, teorias, assuntos, estéticas, ciências, modas e bobagens —que me chegam em caixotes pelo paquete, como nos velhos navios de correio.

OUTRO PLANETA – A Inglaterra real de hoje é outro planeta: uma sociedade tribalizada, que formou ou acolheu fanáticos antissemitas — e que tolera passeatas que clamam pelo genocídio. Amigos judeus me dizem com frequência que já não se sentem seguros em certos lugares do país.

Acredito neles. E confirmo seus temores: o Daily Telegraph informa que a partida entre Aston Villa e Maccabi Tel Aviv, pela Liga Europa, não terá a presença da torcida israelense.

“Questões de segurança”, dizem as autoridades de Birmingham —um belo eufemismo, uma bela rendição. Julgava eu que a função da polícia seria garantir essa segurança sem excluir, à partida, um grupo nacional inteiro.

SEM SEGURANÇA – Se há selvagens entre os torcedores do Maccabi, que eles sejam vigiados e impedidos de entrar. Se há selvagens antissemitas do outro lado, que eles também o sejam.

Mas essas evidências não parecem pesar na Inglaterra atual. Semanas atrás, o conhecido clérigo muçulmano de Birmingham, Asrar Rashid, escreveu nas redes sociais: “Quando a torcida de Tel Aviv chegar, não teremos qualquer piedade para com eles.”

Na minha opinião, eis um exemplo perfeito de “discurso de ódio” com incitamento à violência. Não consta, porém, que Rashid tenha sido investigado pela polícia.

HUMORISTAS – Esses privilégios parecem recair apenas sobre certos humoristas —como Graham Linehan, detido no aeroporto de Heathrow em setembro após postar uma piada sobre criminosos que se fazem passar por mulheres trans para cumprir pena em presídios femininos.

O primeiro-ministro Keir Starmer condenou com veemência a exclusão da torcida israelense. Mas o que pensa fazer? Enviar o Exército a Birmingham para confrontar radicais islamistas?

Ou permitir que o termo “Judenrein” —contra o qual seus antepassados lutaram— acabe por se instituir no país que ele governa? Melhor não apostar.

Estratégia! Ao restringir terras raras, a China ataca “ponto fraco” de Trump

Dois caminhões amarelos transportam montes de terra contendo elementos de terra rara em porto na China. Ao fundo, pelo menos cinco guindastes vermelhos se erguem acima dos caminhões.

Importante terminal de terras raras em porto da China

Osmond Chia Role
BBC News

O Ministério do Comércio da China publicou na semana passada o documento “Anúncio nº 62 de 2025”. Este não era, porém, um simples comunicado burocrático. O texto conseguiu abalar a frágil trégua tarifária da China com os Estados Unidos.

Ao detalhar amplas restrições às exportações de terras raras — grupo de 17 elementos químicos, como neodímio, lantânio, ítrio e cério, usados na fabricação de produtos tecnológicos e equipamentos de alta precisão —, o documento em certa medida reforça o controle de Pequim sobre o fornecimento global desses minerais essenciais e lembra o presidente americano, Donald Trump, do quanto a China ainda detém poder de influência na guerra comercial.

MONOPÓLIO – A China detém quase o monopólio da extração das terras raras e seu refino, que é o processo de sua separação de outros minerais. As terras raras são cruciais para a produção de diversas tecnologias, incluindo smartphones, painéis solares, carros elétricos e equipamentos militares.

Um caça F-35, por exemplo, requer mais de 400 quilos de terras raras em seus revestimentos furtivos, motores, radares e outros componentes.

Pelas novas regras, empresas estrangeiras precisarão de autorização do governo chinês para exportar produtos que contenham até pequenas quantidades de terras raras e deverão declarar o uso pretendido.

TRUMP REAGE – Em resposta, o presidente americano ameaçou impor uma tarifa adicional de 100% nos produtos chineses e colocar controles de exportação em softwares estratégicos.

“Isso é a China contra o mundo. Eles apontaram uma bazuca para as cadeias de suprimentos e a base industrial de todo o mundo livre, e nós não vamos permitir isso”, disse o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent.

Na quinta-feira (16/10), a China respondeu que os EUA “provocam deliberadamente desentendimentos e pânico desnecessário” sobre os controles chineses acerca de terras raras.

USO CIVIL – “Se os pedidos de licença de exportação estiverem em conformidade e forem destinados a uso civil, serão aprovados”, afirmou um porta-voz do Ministério do Comércio da China.

Nesta semana, as duas maiores economias do mundo (EUA e China) também impuseram novas taxas portuárias sobre navios uma da outra.

A intensificação da guerra comercial encerra meses de relativa calmaria após a trégua acertada em maio por autoridades americanas e chinesas.

VANTAGEM DA CHINA – Especialistas ouvidos pela BBC afirmam que as restrições às terras raras darão vantagem à China na negociação.

As novas medidas da China devem “abalar o sistema” ao atingir vulnerabilidades das cadeias de suprimento americanas, disse o professor de negócios internacionais, Naoise McDonagh, da Universidade Edith Cowan (Austrália). “O momento frustrou o cronograma de negociações que os americanos esperavam”, afirmou.

Detalhe: as exportações chinesas desses materiais respondem por cerca de 70% do fornecimento mundial dos metais usados em imãs de motores de veículos elétricos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Quem lê a imprensa amestrada fica pensando que Trump está demolindo a China, mas a realidade é bem outra. Já botou o galho dentro e vai diminuir as tarifas da China. Quanto ao Brasil, estima-se que o país detenha até 23% das reservas conhecidas de terras raras no mundo e já explora jazidas em Minas e Goiás. No entanto, responde por menos de 1% da produção, porque é um país deitado eternamente em berço esplêndido. (C.N.)

 

 

O professor Sidney Ribeiro, do Instituto de Química da Unesp (Universidade Estadual Paulista), explicou à BBC News Brasil que o país acumula décadas de pesquisas acadêmicas sobre esses minérios e já faz a mineração de terras raras em Estados como Minas Gerais e Goiás.

 

 

A China tem trabalhado intensamente para conquistar sua posição dominante no processamento global de terras raras globais, afirmou Marina Zhang, da Universidade de Tecnologia de Sydney (Austrália).

 

O país formou uma base de especialistas na área e tem uma rede de pesquisa e desenvolvimento anos à frente dos concorrentes, acrescentou.

 

Embora os EUA e outros países estejam investindo pesado para reduzir a dependência da China no fornecimento de terras raras, eles ainda estão longe de atingir esse objetivo.

 

Com grandes reservas próprias, a Austrália é vista como uma potencial rival da China, mas sua infraestrutura de produção ainda é pouco desenvolvida, o que torna o processamento caro, explicou Zhang.

 

“Mesmo que os EUA e todos os seus aliados transformem o processamento de terras raras em um projeto nacional, eu diria que levará pelo menos cinco anos para alcançarem a China.”

 

Desafiando Moraes, Eduardo Bolsonaro diz que não será preso mesmo se condenado

Charge do Baggi (Arquivo do Google)

Deu no Terra

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), afirmou que não seria preso caso seja condenado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o parlamentar, o crime de interferência em processo judicial – do qual ele é acusado – tem pena de até quatro anos, o que permitiria a substituição da pena.

Eduardo foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por negociar na Casa Branca a sanção de autoridades brasileiras de modo a interferir no julgamento de seu pai pela tentativa de golpe de Estado. Como consequência, o Brasil teve sobretaxa de 50% nas exportações aos EUA, além de ministros do Supremo e da Esplanada que tiveram seus vistos cassados.

COAÇÃO – Segundo o congressista, a pena para coação no curso de processo não ultrapassa quatro anos de prisão. O Código Penal Brasileiro determina que penas inferiores a esse período podem ser convertidas em outras restrições de direitos.

“Ainda que eu seja condenado nesta várzea que chamam de Justiça, eu — pela lei — jamais iria para a cadeia, pois sou primário, e a pena máxima para coação é de quatro anos de cadeia”, disse, em suas redes sociais. “Ou seja, seria — ou deveria ser — substituída obrigatoriamente por uma cesta básica ou prestação de serviços à comunidade. Num Estado Democrático de Direito, ninguém vai preso durante o processo se, ao final, ele não resultaria em cadeia”, completou.

Eduardo mudou-se para os Estados Unidos em fevereiro e, desde então, tem articulado com o governo Trump para cassar vistos de ministros do Supremo e aplicar a lei Magnitsky contra Moraes. Se for condenado, ele ficará inelegível.

Tarcísio admite pessimismo e acusa o governo Lula de mirar sua imagem

Após desgaste, Câmara gasta R$ 5 milhões com consultoria para melhorar imagem

Motta foi vaiado por professores em cerimônia com Lula

Carolina Linhares
Brasília

A Câmara dos Deputados, presidida por Hugo Motta (Republicanos-PB), contratou por R$ 4,97 milhões uma consultoria da FGV (Fundação Getúlio Vargas) para modernizar a comunicação da Casa nas redes sociais. O contrato, assinado no início deste mês, vale até agosto de 2026.

A contratação faz parte do esforço de Motta para melhorar a imagem da Câmara, desgastada após a aprovação da PEC da Blindagem e a realização de manifestações em todas as capitais, no fim de setembro, contra a medida e contra a anistia aos condenados por golpismo, que também está em discussão na Casa.

ALVO DO GOVERNO – Além disso, após a derrubada da Medida Provisória de aumento de impostos, a Câmara voltou ao alvo do governo Lula e do PT, que reacenderam a campanha de que o Congresso é inimigo do povo e protege privilégios dos mais ricos em detrimento dos mais pobres.

Nesta quarta-feira (15), Motta foi vaiado ao participar de evento do Dia do Professor com Lula no Rio de Janeiro. Diante da reação do público, o presidente se levantou e ficou ao lado do deputado, em uma tentativa de conter os ânimos.

Lula, por outro lado, fez críticas ao Congresso durante seu discurso. “Hugo é presidente desse Congresso e ele sabe que esse Congresso nunca teve a qualidade de baixo nível como tem agora. Aquela extrema direita que se elegeu na eleição passada é o que existe de pior”, afirmou.

PRODUÇÕES – De acordo com o contrato, o serviço de consultoria inclui realização de oficinas, mentorias, manuais, além da entrega de relatórios mensais. Também serão criados dois laboratórios —um de inteligência artificial aplicada à comunicação para dar apoio no planejamento, produção e monitoramento de conteúdo, e outro de audiovisual para produzir vídeos e podcasts.

A consultoria prevê ainda estratégia de resposta a crises e monitoramento de menções nas redes sociais para identificar a percepção pública da Câmara e quais são os temas mais relevantes no momento. Em paralelo, Motta assinou, na terça-feira (14), a política de comunicação social da Câmara com diretrizes para os conteúdos institucionais da Casa. Um dos objetivos é aproximar os cidadãos, utilizando linguagem simples, acessível e didática para esclarecer o processo legislativo.

O documento proíbe que os canais oficiais da Câmara favoreçam opiniões ou posições políticas, divulguem informação sabidamente inverídica e descontextualizem ou distorçam falas e imagens. A política determina que a comunicação seja imparcial e conviva com a pluralidade política dos deputados, além de observar o equilíbrio, a transparência e a precisão.

IMPORTÂNCIA DO PARLAMENTO – Entre os objetivos, está enfatizar “a importância do Parlamento para a democracia” e “fortalecer a imagem institucional por meio de informações que contribuam para o melhor entendimento dos atos e processos decisórios da Câmara”.

Após o episódio da PEC da Blindagem, Motta procurou melhorar a imagem da Câmara com uma série de entrevistas a diversos veículos. Ele também promoveu uma mudança na pauta do plenário, privilegiando temas de impacto na população, como segurança, educação, proteção de crianças e adolescentes, além da ampliação da isenção do Imposto de Renda.

DISTORÇÕES – No último dia 22, Motta, que defendeu a PEC da Blindagem durante a votação da medida no plenário, afirmou que “ver toda essa discussão ser distorcida não é correto”.

“Agora é chegado o momento de tirarmos da frente todas essas pautas tóxicas. Talvez a Câmara tenha tido na semana passada a semana mais difícil e desafiadora, mas nós decidimos que vamos tirar essas pautas tóxicas porque ninguém aguenta mais essa discussão. O Brasil tem que olhar para frente”, disse ainda, em um evento do banco BTG, em São Paulo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Dinheiro jogado fora. Nem mesmo a fortuna do Forte Knock, nos EUA, conseguiria melhorar a imagem da Câmara. É uma missão impossível, sem o Tom Cruise. (C.N.)

Na guerra das exonerações, Lira vira alvo e Motta aposta em vácuo de poder

Exoneração de indicados do Centrão pode dar mais poder a Motta

Octavio Guedes
G1

A exoneração de indicados do Centrão pelo governo Lula (PT) após a derrota na votação da Medida Provisória (MP) que aumentava tributos não está desagradando todos os integrantes do bloco.

Quem deve estar gargalhando por dentro (com todo respeito, é lógico) com essa espécie de Comando de Caça ao Centrão é o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

RECLAMAÇÃO – Motta sempre reclamou não ter sob o seu controle as ferramentas para ter o comando efetivo da Câmara. Isso porque a distribuição dos cargos entre os partidos do Centrão no governo Lula, leva a assinatura do ex-presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que também sempre teve influência na distribuição das emendas.

O sonho de Motta é passar a ter controle sobre esses instrumentos e, finalmente, comandar a Câmara. Esse sonho, entretanto, não necessariamente vai se tornar realidade. Nas exonerações feitas até agora, o governo Lula tem poupado afilhados de Lira, como o presidente da Caixa Econômica Federal, como mostrou esta reportagem do G1.

“Não dá para mexer com Lira, sem saber se o projeto de lei que isenta de IR quem ganha até R$ 5 mil vai voltar para a Câmara, onde ele é o relator. Se for aprovado pelo Senado sem alterações e não voltar para Câmara, o governo fica menos dependente do Lira”, explica um integrante do governo.

Nos 104 anos de Helio Fernandes, leia  um artigo de Sebastião Nery sobre ele

Morre o jornalista Helio Fernandes, aos 100 anos - Janela ...

Helio Fernandes trabalhou até morrer, aos 100 anos

Carlos Newton

Helio Fernandes, o maior jornalista brasileiro, teria completado nesta sexta-feira 104 anos. Vamos transcrever este artigo de Sebastião Nery, escrito em 1977 e inserido no seu livro “Ninguém me contou; Eu Vi – De Getúlio a Dilma”.

O artigo trata de um personagem da história da imprensa brasileira que se notabilizou pela combatividade e, também, pelo idealismo, em tempos difíceis nos quais o idealismo predominava acima de interesses pessoais.

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O GUERRILHEIRO DA NOTÍCIA

Sebastião Nery

No fim de 1968, já cansado do anonimato profissional na editoria política da TV Globo, entrei de manhã no escritório de José Aparecido, no edifício Avenida Central, encontrei Hélio Fernandes conversando sobre as amarguras de um jornal de opinião em um regime de exceção.

– Você, por exemplo, Nery, por que não escreve na “Tribuna da Imprensa?

– Sou nordestino de Jaguaquara. Lá na minha terra a gente só entra na casa dos outros se for convidado. Não escrevo porque você nunca me convidou.

– Pois está convidado. Quando quer começar?

– Hoje. Quanto você me paga?

– Nada. A “Tribuna” não tem dinheiro para um profissional como você. Mas tem toda a liberdade que você quiser usar.

À noite, estava eu na redação da “Tribuna da Imprensa”, na rua do Lavradio, no Rio, entregando minha primeira coluna. Escrevi durante dez anos, todos os dias. Nunca Hélio Fernandes viu a coluna antes, nunca me pediu para mudar nada. Às vezes discordava depois, discutíamos, eu tocava em frente. Com a liberdade que era o meu salário.

Para usar um adjetivo muito dele, um diretor do jornal exemplar. Não fora a censura, eu estaria lá até hoje, dando meu recado político. Como lá estariam Paulo Francis, Oliveira Bastos, Monserrat, Evaldo Diniz, Genival Rabelo, tantos outros. Mas voltaremos.

O engenheiro Joaquim Cardozo, o poeta genial do cálculo e do verso, é quem melhor localizou, em um poema seco, o campo de trabalho do jornalismo: “As coisas estão se reunindo por detrás da realidade. O jornalista é o homem que assiste à reunião das coisas por detrás da realidade. Vai lá e as flagra no seu quente instante. E conta, quer gostemos delas ou não”.

Ciro Gomes renasce no PSDB e prepara volta ao Ceará

A farsa dos Correios: estatal falida, dívida nova e o mesmo roteiro de sempre

Charge do Zé Dassilva (Arquivo do Google)

Malu Gaspar
O Globo

Já virou lugar-comum para quem acompanha o noticiário no Brasil dizer que vivemos mergulhados num recorrente Dia da Marmota. A expressão, para os não familiarizados, é uma referência ao filme “Feitiço do tempo”, com Bill Murray, em que o protagonista acorda toda manhã para viver o mesmo dia em que os mesmos fatos se repetem, mas só ele percebe. Há vários “Dias da Marmota” rolando no Brasil neste momento, mas poucos vêm de tão longe e são tão sintomáticos quanto o dos Correios.

A estatal divulgou um plano de reestruturação com medidas genéricas, de corte de despesas, demissões e venda de ativos e a renegociação de contratos com fornecedores para recuperar a competitividade. Não foi informado quantas demissões, qual a economia estimada, se haverá metas de eficiência ou em que prazo se daria a tal recuperação.

SOCORRO BILIONÁRIO – O único dado concreto é que a empresa precisará de um socorro de R$ 20 bilhões para não quebrar. Como o governo Lula briga neste momento com o Congresso por mais recursos, alegando dificuldades fiscais, fica feio dizer que enterrará uma bolada dessas numa estatal obsoleta e deficitária. Ficou combinado então que o empréstimo será feito por um consórcio de bancos, com garantia do Tesouro. Na prática, se os Correios derem o calote, o contribuinte pagará a conta. Não é dinheiro da União, mas é.

Considerando que esse já é o segundo plano de demissão voluntária desde o início do ano e que o empréstimo de R$ 20 bilhões já vem para cobrir outro de R$ 1,8 bilhão feito agora em junho, fica evidente que a reestruturação é cortina de fumaça para esconder um fato eloquente: os Correios são “insalváveis”. Ao longo das últimas décadas, suas funções mais relevantes foram as de cabide de emprego e foco de corrupção.

Para que fique clara a dimensão desse Dia da Marmota, foi ali que nasceu o primeiro escândalo de corrupção do primeiro mandato de Lula, lá em 2005, quando veio à tona um vídeo mostrando um apadrinhado do hoje bolsonarista Roberto Jefferson enfiando no bolso maços de dinheiro de propina recém-recebida. Pressionado, Jefferson revidou revelando o mensalão, e o resto é História.

FUNDO DE PENSÃO – Em 2010, a direção dos Correios, já franqueada por Lula e Dilma Rousseff ao PMDB, aplicou o dinheiro do fundo de pensão dos funcionários, o Postalis, em títulos da Venezuela e da Argentina e numa série de empreendimentos fraudulentos que se tornaram alvo de operações da Polícia Federal, com prisões e delações premiadas. O rombo, estimado em mais de R$ 15 bilhões, é pago até hoje pela estatal, por seus funcionários e pelos aposentados, que chegam a sofrer 80% de desconto no contracheque.

Depois do trauma, Michel Temer e Jair Bolsonaro incluíram os Correios no plano de privatizações e começaram a preparar a empresa para a venda, com planos de demissão voluntária, fechamento de agências, automatização e encerramento de operações deficitárias — exatamente o mesmo cardápio de agora.

Combinados com a explosão do comércio digital na pandemia, os ajustes fizeram a companhia passar a dar um lucro que chegou a R$ 2,3 bilhões em 2021. A partir de 2022 — ano eleitoral e o último da gestão Bolsonaro —, a coisa voltou a degringolar.

CONCURSO – Ao assumir, Lula anunciou concurso para contratar mais 3,5 mil funcionários, botou quadros do PT para mandar na companhia e sepultou a ideia de privatização. Quem defende a decisão diz que os Correios preenchem uma função social porque vão aonde ninguém vai, como comunidades conflagradas pela violência ou muito longínquas, em que entregar encomendas não dá lucro. Por isso, dizem, são insubstituíveis.

É o mesmo argumento usado nos anos 1990 contra a privatização da telefonia. Naquela época, os celulares e a internet engatinhavam, mas era claro que estatais obsoletas e corruptas não teriam a menor condição de competir com a nova tecnologia. Hoje ninguém mais sente falta dos orelhões, das fichas, nem de receber herança em ações da Telebras, e o Brasil é um dos países do mundo com mais celulares per capita.

NEGÓCIOS – É graças a esses aparelhos que boa parte da população das periferias, das favelas e até dos ermos da Floresta Amazônica faz negócios, enviando e recebendo encomendas não só pelos Correios, mas também pelos mercados livres e amazons da vida.

A experiência já mostrou que, com regulação bem feita, é possível estimular a competição e evitar a exclusão social. Dá até para obrigar as companhias a criar um sistema eficiente de distribuição de CEPs para que nenhum brasileiro fique sem endereço formal. O que não dá é para continuar torrando dezenas de bilhões do meu, do seu, do nosso para manter uma operação claramente insustentável. Nem a marmota de Bill Murray merece isso.

Seria bom ir embora pra Pasárgada, junto com Manuel Bandeira

Manuel Bandeira, organizador de antologias | Biblioteca Central Irmão José  Otão – PUCRS

Bandeira ficou de bem com a vida

Paulo Peres
Poemas & Canções

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho ficou conhecido como Manuel Bandeira (1886-1968) . “Vou-me embora pra Pasárgada” foi o poema de mais longa gestação de toda minha obra”, explicava o poeta, salientando;

“Vi pela primeira vez o nome Pasárgada, que significa campo dos persas, quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego e isto suscitou na minha imaginação uma paisagem fabulosa, um país de delícias . Mais de vinte anos depois, quando eu morava só na minha casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda doença, saltou-me de súbito do subconsciente esse grito estapafúrdio: Vou-me embora pra Pasárgada!”.

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Manoel Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha falsa e demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Paságarda tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
– Lá sou amigo do rei –
Terei a mulher que quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora para Pasárgada.

Maia acusa Tarcísio de trair o centro e mergulhar na “agenda maluca” do bolsonarismo

O encontro Mauro Vieira–Marco Rubio e o recomeço Brasil-EUA

O tom cordial sinalizou o fim de uma etapa de hostilidade

Pedro do Coutto

O encontro entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, marcou uma inflexão importante nas relações entre Brasil e Estados Unidos. Após meses de tensão e trocas de declarações públicas, a reunião foi descrita por ambos os lados como “positiva” e “produtiva”, segundo fontes do Itamaraty e de veículos internacionais.

O tom cordial sinalizou o fim de uma etapa de hostilidade de Washington em relação a Brasília e abriu caminho para uma nova fase de diálogo, em que as divergências políticas cedem espaço ao pragmatismo diplomático. O ponto central da conversa foi o compromisso de buscar um encontro entre Lula e Donald Trump “na primeira oportunidade possível”, gesto simbólico que reafirma a disposição de ambos os governos em normalizar as relações institucionais.

MATURIDADE – A ausência de pressões explícitas da Casa Branca sobre o governo brasileiro, especialmente em relação ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, foi vista como sinal de maturidade política e reconhecimento da soberania nacional. Ainda assim, sob a superfície da cordialidade há desafios que não devem ser ignorados.

O Brasil enfrenta uma assimetria comercial evidente, agravada pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos nacionais, e precisará negociar com firmeza para proteger seus setores produtivos. O silêncio de Rubio sobre o futuro de Bolsonaro não representa necessariamente um esquecimento, mas uma estratégia diplomática: reduzir tensões sem abandonar a capacidade de influência sobre o cenário político brasileiro.

O gesto de aproximação é, portanto, tanto político quanto tático. Ao mesmo tempo, Mauro Vieira reafirmou em Washington que o Brasil não aceita interferências externas em seus processos institucionais, destacando a autonomia do Judiciário e o respeito à separação de poderes — um ponto central para reposicionar a imagem do país no exterior.

DIÁLOGO – O resultado imediato é positivo: o Brasil recupera espaço de diálogo com seu principal parceiro hemisférico e afasta a sombra do isolamento. Mas a vitória diplomática ainda é parcial. O país precisará transformar a boa vontade em resultados concretos — redução de tarifas, ampliação de acordos comerciais e garantia de tratamento equilibrado em temas ambientais e energéticos.

Caso contrário, o novo clima de cordialidade pode se tornar apenas um intervalo entre crises. O desafio da política externa brasileira, agora, é sustentar essa reaproximação sem abrir mão de princípios e sem confundir pragmatismo com submissão. O encontro entre Vieira e Rubio não encerra uma disputa; apenas redefine o tabuleiro, num momento em que o Brasil tenta afirmar-se como potência autônoma em meio à reorganização global das alianças.

Confiante numa vitória em 2026, Lula prejudica a governabilidade

Lula parece disposto a testar cacife recém-adquirido

Críticas de Lula ao Congresso comprometem seu governo

William Waack
Estadão

Lula parece ter afastado de si qualquer preocupação sobre como vai governar, se ganhar a próxima eleição. Que ele acha que já levou. A soberba é um pecado grave também na política, mas esse problema é só dele.

O problema para o resto do País é avaliar em que medida as táticas político-eleitorais para permanecer no poder, ganhando a eleição, ofendem um princípio milenar da estratégia. Princípio que consiste em não destruir aquilo que se quer conquistar e manter.

JOGANDO CONTRA – Lula tem atuado contra a sua própria governabilidade em duas direções, cujos sinais de convergência são gritantes hoje mesmo. O primeiro é a armadilha fiscal pela qual garante que gastos vão subir sempre mais que as receitas.

Sim, é sempre possível fazer depois das eleições o que se garantia antes que jamais seria feito. Dilma provocou uma formidável recessão por executar o ideário lulopetista, e achou que um “cavalo de pau” após a vitória em 2014 passaria em branco. Foi um dos fatores que lhe custaram a cabeça dois anos depois.

A segunda direção na qual Lula atua para complicar a própria vida é declarar como “inimigo do povo” o Congresso do qual dependerá para fazer qualquer coisa.

EXISTE RISCO – Se no dia de hoje os especialistas em pesquisas de opinião e as agências de risco atestam uma forte competitividade de Lula frente a possíveis adversários, por outro lado ninguém assume um Congresso mais, digamos, “benigno” ao presidente após 2026. Ao contrário.

Lula tem subestimado o grau de resistência social a ele e ao PT, um tipo de fenômeno de grande abrangência que o apelo das tradicionais políticas assistencialistas e bondades por parte do governo não tem sido capaz de superar.

Essa resistência está associada a fatores estruturais de longo prazo – o que explica o motivo de Lula ser visto por uma maioria do público como alguém com prazo de validade esgotado.

PONTO CRUCIAL – Os fatores geopolíticos notoriamente fogem ao controle de Lula, mas ele não enxergou ou falhou num ponto crucial para o País: evitar que fosse feita por nós uma escolha de Sofia. E ela está sendo feita, em favor da China, no confronto gigantesco com os Estados Unidos. A turbulência nesse sentido será pra lá de severa para qualquer governo brasileiro, especialmente um eventual quarto governo Lula.

Uma parte relevante do que se poderia chamar de “elite” em vários segmentos da economia brasileira está acabrunhada diante de três cenários hostis imediatos: o da geopolítica, o das contas públicas e o do desequilíbrio institucional, que Lula pensa poder controlar via aliança com o STF.

A sensação é a de capitães à deriva, ouvindo o mar batendo nas pedras.

Briga entre Fux e Gilmar vai piorar ainda mais o clima péssimo no STF

Gilmar x Fux armam uma treta Suprema

Charge do Marcelo Chelio (UOL)

Cézar Feitoza
Folha

O embate entre os ministros Gilmar Mendes e Luiz Fux durante o intervalo do julgamento do STF (Supremo Tribunal Federal) de quarta-feira (15) se estendeu durante a sessão no plenário do tribunal.

O Supremo julgava um processo sobre os valores obtidos por meio de condenações em ações públicas na Justiça do Trabalho não serem destinados a um fundo específico, como prevê a legislação.

FUX SE RETIRA – Gilmar usou o caso para renovar suas críticas à Lava Jato, lendo mensagens trocadas entre procuradores e acusando-os de cretinos. Fux, com quem havia discutido havia minutos, levantou-se da cadeira e deixou o plenário para não mais retornar.

O decano do Supremo fez a ligação entre os dois temas ao se recordar que, durante a Lava Jato, os procuradores responsáveis pela investigação decidiram criar um fundo bilionário, bancado com recursos recuperados da Petrobras e administrado pela força-tarefa para patrocinar projetos de cidadania e anticorrupção.

“O principal exemplo de desvio flagrantemente ilegal de recursos que deveria servir à recomposição de danos de atos ilícitos é, sem dúvida, o que se observou no âmbito da tal Operação Lava Jato, em que foram verificadas até mesmo tentativa de apropriação de verbas bilionárias com criação de fundos que seriam administrados pelos procuradores de Curitiba”, disse.

JABUTICABA – “O Brasil produziu, presidente, nesse período de Lava Jato e quejandos —e é uma singularidade brasileira, uma jabuticaba— um tipo de combatente, ministro Zanin, de corrupção que gosta muito de dinheiro. É uma singularidade”, completou.

Gilmar entrou no assunto por esse caminho, comparando o uso irregular de recursos que deveriam ir a um fundo público. Citada a Lava Jato, o ministro passou a ler mensagens trocadas entre procuradores e avançar sobre temas diversos ao processo em julgamento.

Ele disse que procuradores tentaram montar um esquema internacional para compartilhamento ilegal de provas, citou “entrega de provas em saco de supermercado” e chamou a gestão do ex-chefe da PGR (Procuradoria-Geral da República) Rodrigo Janot de “triste memória”.

ATO DE REPÚDIO – O voto de Gilmar durou pouco menos de 50 minutos. Fux deixou o plenário do Supremo logo no início. Após o decano do tribunal terminar sua fala, foram feitas poucas intervenções, e o presidente da corte, Edson Fachin, encerrou a sessão.

Um ministro afirmou à Folha, sob reserva, que a retirada de Fux foi percebida pelos colegas como um ato de repúdio a Gilmar. O clima na corte seguiu tenso na quinta-feira (16). Gilmar e Fux, procurados, não se manifestaram.

Uma hora antes do embate silencioso no plenário, Gilmar e Fux tiveram um duro diálogo em uma das salas do STF anexas ao plenário, como revelou a colunista Mônica Bergamo.

CRIME DE CALÚNIA -No intervalo da sessão, pouco depois das 16h, Gilmar questionou Fux, de forma irônica, sobre ele ter suspendido o julgamento de um recurso em que Sergio Moro tenta reverter decisão que o tornou réu pelo crime de calúnia contra o próprio Gilmar.

O placar da Primeira Turma estava em 4 a 0 contra Moro. Fux pediu mais tempo para analisar o processo. De acordo com relatos da conversa, Gilmar disse a Fux: “Vê se consegue fazer um tratamento de terapia para se livrar da Lava Jato”.

Em seguida, ele afirmou que o colega deveria “enterrar” o assunto “do Salvador”, referindo-se a um ex-funcionário do gabinete de Fux, José Nicolao Salvador, citado numa proposta de delação premiada na década passada, e demitido pelo magistrado em 2016.

FUX REAGE – De acordo ainda com relatos, Fux reagiu. Respondeu que tinha pedido vista do caso de Moro para examiná-lo melhor e que também estava contrariado com Gilmar, que falaria mal dele em diversos lugares e ocasiões.

Gilmar afirmou que isso era verdade, mas que falava mal de Fux publicamente, e não pelas costas, por considerá-lo uma figura lamentável. E deu como exemplo o julgamento de Jair Bolsonaro, dizendo que Fux “impôs aos colegas [da Primeira Turma] um voto de 12 horas que não fazia o menor sentido”, finalizando por absolver o ex-presidente e “condenar o mordomo [o tenente-coronel Mauro Cid, por tentativa de abolição do Estado democrático de Direito]”, o que teria deixado “todo mundo” chateado.

Fux, segundo ainda relatos, defendeu seu voto, afirmando que era o que tinha que fazer diante do que entendia ser um massacre sofrido pelos réus da trama golpista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Essa briga entre Fux e Gilmar vai piorar ainda mais o clima no Supremo, que está cada vez mais sujo. Detalhe importante: Fux é faixa preta em Judô. Se chegarem às vias de fato, como se dizia antigamente, Fux facilmente vai finalizar Gilmar e enfiar-lhe a peruca goela abaixo. Vai ser imperdível. Comprem pipocas. (C.N.)

No aniversário de Helio Fernandes, um artigo dele sobre o “entreguista” FHC

Morre aos 100 anos o jornalista Helio Fernandes | Brasil | Valor Econômico

Helio Fernandes, em foto de Maria Chrisá

Carlos Newton

Nesta sexta-feira, dia 17 foi aniversário de Helio Fernandes, o maior jornalista brasileiro, e vamos publicar um dos artigos na antiga Tribuna da Imprensa, que é precursora da Tribuna da Internet, e onde Helio passou a escrever depois do fechamento de seu jornal..

O texto foi enviado por José Guilherme Schossland e não consta de nossos artigos, porque um dos ataques de hackers que sofremos praticamente destruiu nossa memória, desformatizando importantes textos de Helio Fernandes, Carlos Chagas, Sebastião Nery e tantos outros.

O artigo, de 5 de julho de 2003, é sobre os prejuízos que FHC deu ao Brasil.

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FHC – DILAPIDADOR DO PATRIMÔNIO NACIONAL
Helio Fernandes

De 1889 até 31 de dezembro de 2002, na relação de todos que ocuparam o Catete e agora o Planalto, FHC se situa como o mais predador, o mais destruidor, o mais espantosamente traidor, o grande doador do nosso patrimônio, o maior privatizador, o extraordinário favorecedor das multinacionais.

Tribuna da Internet | Lembrando o que Helio Fernandes escrevia sobre o  “entreguista” FHC

Charge do Aroeira (Arquivo Google)

No acervo de inconseqüências, incoerências, incompetências, e mais grave de tudo, de imprudências, FHC entra em todos os capítulos. E nessa relação criminosa, (criminoso sem perda da liberdade e sem ser responsabilizado, pois conseguiu foro privilegiado, que nem os generais da ditadura tiveram depois que deixaram o Poder) não constava a CONCESSÃO de 25 milhões de acres da Amazônia, que o governo pretende concretizar.

POR 120 ANOS – Essa CONCESSÃO miserável que vale por 60 anos RENOVÁVEIS por outros 60, poderia ser considerada a mais espantosa. Junto com os juros, as “dívidas”, a corrupção, a REEELEIÇÃO comprada, as DOAÇÕES descabidas, a “entrega” da Vale, a maior mineradora do mundo, os preços “administrados” que elevam brutalmente as tarifas, enquanto o cidadão-contribuinte-eleitor amarga a mais completa miséria, cada vez ganhando menos, a brutal elevação da carga tributária, e mais e mais.

Tudo isso ganharia (ou deveria ganhar?) manchete dos jornalões pré-pagos e comentários favoráveis dos jornalistas amestrados, se não fosse um crime maior de todos: o seqüestro da Petrobras, a sua destruição como empresa nacional, a escravização a grupos multinacionais, a venda de ações, a doação de campos da Petrobras para multinacionais, e a A-U-T-O-R-I-Z-A-Ç-Ã-O inacreditável para que essas multinacionais exportem D-E-S-V-A-I-R-A-D-A-M-E-N-T-E o petróleo nacional.

PODEM EXPORTAR – Quer dizer: ainda não somos auto-suficientes em matéria de petróleo, mas as multinacionais que receberam áreas ANTECIPADAMENTE reconhecidas como produtivas, já podem exportar.

Então, vamos exportar logo tudo, como fizemos com o r-i-q-u-í-s-s-i-m-o manganês do Amapá. Todo ele dizimado e destruído pelos senhores Eliezer Batista (patrão do primeiro filho de FHC) e Azevedo Antunes, (sócio do mesmo Eliezer Batista) com a cumplicidade de muitos presidentes ou “presidentes”.

Entre os presidentes com aspas, muitos generais de plantão, que se diziam protetores e preservadores das nossas riquezas, se rotulavam como NACIONALISTAS, não fizeram outra coisa a não ser se desfazer das nossas maravilhosas riquezas para enriquecer seus maravilhosos patrões.

PETRÓLEO NÃO E NOSSO – Todos esses fatos que atingiram a nossa maior empresa, cabem naturalmente no que tenho definido há muito tempo na frase esclarecedora: O PETRÓLEO NÃO É NOSSO E A PETROBRAS MUITO MENOS.

Entre os presidentes da Petrobras que arruinaram a maior empresa brasileira, temos que começar por Shigeaki Ueki, protegido, nomeado e patrocinado por Sua Excelência o general-presidente Ernesto Geisel.

Depois dele, Joel Rennó, (acolitado e apadrinhado por Orlando Galvão da BR) o apatetado e teleguiado Henri Phillipe Reichstul, e depois dele, o multinacionalíssimo Francisco Gros. Todos nefastos, deviam ser proibidos até mesmo de entrarem no edifício da Petrobras. Ou passar pela calçada.

O NEFASTO FHC – Mas se todos esses são nefastos e até mesmo criminosos, ninguém foi mais nefasto e mais criminoso do que FHC. Este, lá do alto da Presidência da República, engendrou, patrocinou e executou a entrega, mascarada e escondida do patrimônio da maior empresa do Brasil.

FHC começou toda a traição ao colocar o primeiro genro na ANP (Agência Nacional do Petróleo), com o objetivo de destruir a independência da Petrobras. Junto com ele, diversos presidentes foram colocados no 24º andar da Avenida Chile, para ajudar o primeiro genro.

Com tudo isso, não conseguiram “privatizar”, “doar”, “entregar” a maior empresa do Brasil. Mas liquidaram com o monopólio, que resguardava, protegia e defendia a grande riqueza do mundo, que também era a nossa.

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PS –
 Não podendo dilacerar a Petrobras, partiram para a sua destruição velada, que não vem de velório, mas na verdade era exatamente isso.

PS 2 – FHC PROMULGOU então a calamitosa Lei 9.478, que revogou a histórica 2.004 de 1953. (Ano da fundação da Petrobras, depois de um dos maiores movimentos cívicos da História brasileira.)

PS 3 – Essa 9.478 ficará (até ser revogada) como o grande golpe no nosso enriquecimento. E no currículo de FHC como a maior TRAIÇÃO do seu retrocesso de 80 anos em 8. O assunto é vastíssimo, claro, continuaremos. Mas é preciso deixar passar o “odor” da podridão. Afinal, a Petrobras fica a apenas 100 metros desta impávida Tribuna da Imprensa. (H.F.)

Lula parece bipolar e pode atrapalhar as negociações com Donald Trump

charge de Thiago Lucas (@thiagochargista), para o Jornal do Commercio. #lula  #trump #eua #usa #mundo #tarifas #economia #brasil #chargejc  #chargejornaldocommercio #chargethiagojc #chargethiagolucas  #chargethiagolucasjc

Charge do Thiago Lucas (Jornal do Commercio)

Vicente Limongi Netto

As vezes penso que Lula é bipolar. Em razoável início lua de mel com Donald Trump, o boquirroto Lula chuta o balde e parte para escancarados, desnecessários e exagerados elogios à Venezuela. Lula erra feio imaginando que, se defender um ditador ordinário como Nicolas Maduro, vai crescer nas pesquisas para 2026. Muito menos se pretende escalar o desafio de tornar-se líder político da América Latina. Outro tiro no pé.

Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, acaba de ter boa conversa com o secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio.  Outro fato positivo que poderá vir a render bons resultados para o Brasil.

PODE AZEDAR – Com a série recorde de destrambelhos verbais de Lula, também poderá azedar o provável encontro dele com Trump, em novembro.  Dona Janja precisa colocar freios na língua do marido. Menos empolgação, mais pés no chão.

E não há nada mais cretino em termo de politicagem. Lula quase abaixado, contristado, fingindo estar louvando Deus, ao lado de evangélicos e do afilhado Jorge Messias, no Palácio do Planalto. Antigamente o país escolhia jurista para o Supremo Tribunal Federal (STF), de forma mais digna e grandiosa.

Cena grotesca e patética. A constatação é dura, mas verdadeira: em política vale tudo, menos perder.

LUCIDEZ – Torcida tricolor esperando para logo o retorno do cerebral meia, Paulo Henrique Ganso. Fluminense penou para fazer um gol salvador contra o Juventude, último colocado na tabela do brasileirão. Sem Ganso o time não tem inspiração. Não sabe tocar a bola, esquece como se administra a vantagem.

Sem Ganso, não há outro jogador que saiba enfiar uma bola em espaço reduzido. Deixando o companheiro na cara do gol. Tomara que contra o Vasco, segunda-feira, Ganso já possa figurar, pelo menos no banco. A bola agradecerá.

NOVO ESCÂNDALO – Em meu artigo na tribuna de 28 de julho, denunciei-alertei para a fraude. agora constatada pelo site Metrópoles.

O título de meu artigo foi denunciando a corrupção que somente se concretizaria agora: “No eixo São Paulo/Brasilia, um negócio que cheira mal envolve a Multilaser”.

Uma vergonha!  Alô, vigilante Polícia Federal? Alô, eficiente Ministério Público? Vocês não tem saudade da Lava Jato?

ANIVERSÁRIO DO HELIO – Mensagem que o general Agenor Francisco Homem de Carvalho enviou hoje aos amigos:

Amanhã é  o  aniversário  de  nosso  querido  e  inesquecível  amigo  Helio  Fernandes.   A  festa  agora  é  no  céu, junto  a  Deus,  onde Helio   continua   elaborando   seus  corajosos  e  preciosos  artigos.  O incomparável jornalista nos deixou com muitas saudades.

Sob pressão e desgaste político, Centrão decidirá futuro de Eduardo Bolsonaro

O deputado “patriota” há meses age contra o Brasil

Catarina Scortecci
Folha

A decisão sobre a representação que tramita no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados para cassar o mandato do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está nas mãos de um grupo de parlamentares ligados a partidos do centrão.

Na quarta-feira (8), o relator do caso, deputado Delegado Marcelo Freitas (União Brasil-MG), leu seu parecer e recomendou o arquivamento da representação. Mas o colegiado só deve votar o parecer no dia 21. Se a maioria discordar do arquivamento, um novo relator será designado.

ARQUIVAMENTO – O conselho é formado por 21 deputados, mas o presidente, Fabio Schiochet (União Brasil-SC), não participa da votação. Entre os demais 20, 5 são deputados de PT, PDT e PSOL, que devem votar contra o arquivamento. Outros 4 parlamentares são do PL, que, somando com a posição do relator, dariam 5 votos a favor de Eduardo, endossando o arquivamento.

Os demais 10 deputados são filiados aos partidos PP, Republicanos, PSD, MDB, Podemos e União Brasil e podem dar votos tanto para rejeitar o arquivamento quanto para aprovar o parecer. Eduardo está nos Estados Unidos desde março, de onde comanda uma campanha por sanções para livrar Bolsonaro da prisão.

PREJUÍZO – O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), criticou-o nos últimos meses. Em entrevista ao Canal Livre, da Band, disse que ele trouxe um “prejuízo gigantesco” para a direita para 2026.

Deputados do centrão ouvidos pela Folha preferiram não antecipar como devem votar e afirmam que vão estudar o assunto, mas fazem queixas sobre a atuação de Eduardo. Eles dizem ter liberdade dentro dos partidos para votar da forma que preferirem –e, reservadamente, afirmam que ninguém tem pedido pelo filho de Jair Bolsonaro (PL).

As queixas dizem respeito especialmente ao sumiço de Eduardo, embora as faltas injustificadas não estejam no escopo de análise do Conselho de Ética. Eles também dizem que viram com surpresa o voto do relator, já que era esperada ao menos a admissibilidade da representação, permitindo a possibilidade de discutir o mérito.

CASSAÇÃO – Protocolada por deputados do PT, a representação pede a cassação de Eduardo sustentando, entre outras coisas, que ele fez ataques reiterados ao STF (Supremo Tribunal Federal), atuou junto a autoridades estrangeiras para constranger instituições brasileiras e incitou contra o processo eleitoral ao afirmar que “sem anistia para Jair Bolsonaro não haverá eleição em 2026”. Já o relator afirmou que Eduardo apenas expôs visões críticas, em um “exercício da liberdade de expressão e opinião política em contexto de debates internacionais”.

O líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), pediu que o presidente do conselho escolhesse um novo relator, argumentando que Freitas é próximo de Eduardo e apoia o ex-presidente, mas a solicitação foi rejeitada. Na sexta-feira (10), Lindbergh recorreu contra a decisão ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Outras três representações contra Eduardo aguardam uma decisão de Motta. O presidente do Conselho de Ética entende que as três peças são similares e pediu autorização do presidente da Câmara para juntá-las, para que o trâmite aconteça de forma conjunta.

AVAL DE MOTTA – Segundo ele, a representação da relatoria de Freitas tramitou isoladamente porque cita a declaração de Eduardo sobre a eleição de 2026, episódio não mencionado nas demais. Schiochet afirmou à Folha que aguarda o aval de Motta, que não tem um prazo para se manifestar.

Em paralelo às representações no Conselho de Ética, Eduardo também pode se tornar alvo da Mesa Diretora da Câmara em razão do número de faltas injustificadas.

A licença de 120 dias tirada por ele ao ir aos EUA terminou em 20 de julho e, desde então, ele não vai às sessões plenárias. A Constituição estabelece em seu artigo 55 que perderá o mandato o deputado que se ausentar de um terço das sessões ordinárias do ano.

PUNIÇÃO – Mas, em tese, Eduardo não perderia o mandato em 2025 por excesso de faltas mesmo que deixasse de comparecer sem justificativa a todas as sessões até o fim deste ano. A punição só seria possível a partir de março de 2026, quando a Câmara analisa as ausências do ano anterior.

Para Eduardo, a perda do mandato via Conselho de Ética traria consequências maiores. A legislação não prevê inelegibilidade para o caso de cassação por faltas, determinada pela Mesa Diretora, diferentemente do que ocorreria se ele perdesse o mandato por decisão do plenário da Casa, após processo no Conselho.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa cassação sem inelegibilidade vai ser uma novela sensacional, porque transcorre simultaneamente com cenas em dois países. Comprem bastante pipocas. (C.N.)

Milícias digitais e golpe de Estado: o papel das plataformas na escalada extremista

Após a vitória do IR, Lula força nova disputa e põe à prova seu fôlego político

Lula parece disposto a testar cacife recém-adquirido

Vera Magalhães
O Globo

Lula está diante de um daqueles momentos-chave na trajetória de um governo. No prazo de uma semana, colheu sua maior vitória no Congresso e uma derrota considerável. Agora, parece disposto a testar o cacife que acumulou nas últimas rodadas do jogo da política. Trata-se de movimento ousado.

A maior vitória foi a aprovação rápida e unânime da reforma do Imposto de Renda na Câmara. Uma conjunção astral rara permitiu aquele resultado: a ousadia dos deputados uma semana antes, ao se lambuzarem com a PEC da Blindagem, levou uma multidão às ruas contra a sem-vergonhice na política, algo que não acontecia havia muito tempo. O jeito para os senhores deputados foi enfiar a viola no saco e dar ao presidente seu principal trunfo eleitoral.

META FISCAL –  Menos de uma semana depois, os mesmos parlamentares viram a chance de se vingar com a luz apagada. Aproveitaram que a Medida Provisória para fechar a meta fiscal estava prestes a caducar e deram um jeito de empurrá-la do barranco.

Como num livro de detetive à Agatha Christie, muitas mãos agiram para derrubar a MP: a direita e o Centrão, inconformados com a derrota na blindagem e com o fato de terem dado de lambuja a Lula a isenção de IR para milhões de eleitores; os lobbies das bets, fintechs e do agro; e os governadores-candidatos, que chegaram a ameaçar bancadas caso não fechassem questão contra a medida que daria mais alguns bilhões ao governo em pleno ano eleitoral.

Agora, Lula está disposto a dobrar a aposta e enviar ao mesmo Congresso uma nova proposta para alcançar os cerca de R$ 20 bilhões que a equipe econômica estima faltar para manter o arcabouço fiscal em pé. Ele tem dito a interlocutores que essa é uma briga que vale a pena comprar porque a Câmara está com a imagem para lá de afetada.

PUNHADO DE CARTAS – Também acredita que contará com o apoio do Senado e acha que tem em mãos um bom punhado de cartas, com o discurso da justiça tributária, a defesa da soberania nacional e o fato de os Estados Unidos terem acenado com um acordo. Tudo isso dado de bandeja ao petista pela oposição bolsonarista, diga-se.

O problema é que o arsenal de medidas reunido para a nova investida é uma variação das mesmas que enfrentaram essas forças descritas acima: taxação de fintechs e bets, aumentos pontuais de IOF (também já rechaçados), mudança na incidência da Cide.

O expediente de ficar vasculhando escaninhos em busca de mais arrecadação já se mostrou infrutífero e tem sido fonte de profundo desgaste para Lula. O discurso de que ele seria uma espécie de Robin Hood dos tributos procurando fazer os malvados pagarem o que devem tem alcance eleitoral bastante limitado — certamente não foi isso, mas sim as barbaridades de Eduardo Bolsonaro e companhia, que deram a Lula o respiro que ele desfruta nas pesquisas.

CAUTELA – Querer usar as poucas moedas amealhadas em setembro e outubro para testar o cacife à base de medidas impopulares, que invariavelmente levarão à mobilização dos mesmos que agiram para derrubar a MP 1303 há apenas alguns dias, não parece cauteloso. Denota um salto alto semelhante ao que explica a derrota da Seleção Brasileira para o outrora inofensivo Japão no amistoso desta terça-feira.

Certamente o projeto do IR tem o potencial de trazer ovos de ouro para Lula, mas eles não serão postos agora, e sim depois que o projeto passar pelo Senado. E no ano que vem, quando passará a surtir efeito no bolso dos contribuintes.

Outro evento que poderá render dividendos e, aí sim, fazer com que o caminho no Congresso desanuvie a ponto de permitir a aprovação de medidas arrecadatórias, é o sucesso da rodada de negociações com Donald Trump. Conviria ao governo trabalhar com afinco por esses trunfos antes de apostar tudo numa mesa de jogos para a qual não tem na mão cartas tão boas como parece acreditar.