Roberto Nascimento
Foi avassalador o estrago, com a derrota dos partidos progressistas, principalmente do PT, nessas eleições municipais. Os partidos conservadores do Centrão, o PSD e o PL de Bolsonaro fizeram barba, cabelo e bigode. O PT e o PSOL, com o presidente Lula à frente, estão ainda atordoados, numa ressaca pós-eleição, não conseguindo entender nada que justifique a derrota eleitoral.
O pior é tentar esconder a realidade. Lula afirmou, equivocadamente, que a eleição municipal não influi na disputa presidencial. Custei a acreditar no posicionamento do Lula, que demonstrou falhas gritantes na análise do processo político de escolha de prefeitos e vereadores, que estará sempre atrelado não somente às eleições de presidente, mas também de senador, governador, deputado federal e estadual.
TUDO INTERLIGADO – Ora, os prefeitos e vereadores são eleitos com apoio de deputados, senadores e governadores, com dinheiro do Fundo Partidário, das Emendas PIX e do Orçamento Secreto. Então, esse exército de políticos municipais têm o compromisso de ajudar a eleger seus padrinhos.
O PT já perdeu em 2020 nas eleições municipais e foi massacrado nas eleições gerais de 2022. Lula só venceu a disputa presidencial de 2022, porque Bolsonaro se desgastou na gestão da Pandemia da Covid- 19 e nas ameaças golpistas. Entretanto, o Partido de Bolsonaro elegeu 99 deputados federais e o PT ficou com 70. Para o Senado, o PT sofreu a pior derrota desde a sua fundação em 1982.
Analisando as relações de causa e efeito, projeta- se uma derrota ainda maior do PT em 2026, o que significará a tomada da Bastilha, com o controle total do Senado e da Câmara pelos conservadores, inviabilizando uma hipotética reeleição de Lula. Se ganhar, não vai governar.
CONTROLE DO SENADO – Para completar, se a projeção de Valdemar da Costa Neto e de Jair Bolsonaro for confirmada, e alcançarem o quorum de 54 senadores da direita no total de 81, as primeiras medidas serão os impeachments de Flávio Dino e Alexandre de Morais. Em seguida, virá outro pacote contra os superpoderes do Supremo Tribunal Federal. Trata-se de submeter ao crivo de três quintos do Congresso, qualquer decisão judicial, que seja contrária aos interesses do Legislativo.
Uma PEC que tramita no Senado, impondo mandato de oito anos para o exercício do cargo de ministro do STF, aguarda o parecer da Relatora, a senadora Tereza Cristina, do PL do Mato Grosso do Sul. Se não for aprovada em 2025, em 2027 serão favas contadas.
O Brasil está seguindo num rumo perigoso para a democracia. As instituições do Estado serão destruídas e reduzidas a pó, se forem confirmados os ventos da derrota das forças progressistas nas eleições gerais de 2026.
NORDESTE SEM LULA – Um fato aterrador, sinalizando o terremoto político que se avizinha, foi a vitória do Centrão e do PL nas capitais do Nordeste. O PT não venceu nenhuma capital. Somente Fortaleza e Natal foram para o segundo turno, e no Recife foi eleito o jovem João Campos, filho do falecido governador Eduardo Campos, do PSB.
É um cenário de terra arrasada para o PT. Fica um alerta para Lula, sair a campo e tirar seu partido da letargia e do conformismo, caso contrário, o PT vai se tornar um partido nanico.
Enquanto isso, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Solidariedade e Liberdade (PSOL), estão chegando para tomar de assalto o eleitor de esquerda. A utopia petista subiu no telhado.