Resultados das eleições vão determinar reorganização na direita e na esquerda

Essas eleições começam a preparar o terreno para 2026

Essas eleições começam a preparar o terreno para 2026

Bruno Boghossian
Folha

As eleições devem empurrar a direita e a esquerda para um ciclo de reorganização. Mais que um teste de força de líderes nacionais, a disputa marcada pela fratura do bolsonarismo e pelos resultados modestos esperados pelo PT torna inevitável uma revisão de métodos, plataformas e alianças nos dois blocos, ainda que em graus diferentes.

A esquerda entrou na campanha com uma dose razoável de realismo. Estabeleceu como meta uma recuperação pouco pretensiosa após o mau desempenho em duas eleições municipais e fez concessões importantes a partidos aliados. Isso não evitou dissabores e sinais de resistência em parte do eleitorado.

SEM NOVIDADES – A influência duradoura do antipetismo e o distanciamento de eleitores das periferias apareceu em centros urbanos considerados estratégicos. Nenhum dos dois fatores é novidade, mas a falta de remédios foi relatada com alguma preocupação em diversas regiões ao longo da campanha.

Tentativas de reeditar apelos ao antibolsonarismo também apresentaram efeitos limitados, ao menos no primeiro turno, tanto pela lógica localista como pela mudança de patamar da ameaça representada por um ex-presidente fora do poder e inelegível.

A reavaliação que estará na mesa da esquerda será trivial perto da ruptura na direita. Seja qual for o placar do segundo turno, a campanha deste ano representa mais um sismo neste campo político depois da desorganização provocada pela ascensão de Jair Bolsonaro.

OUTRA REALIDADE – A contestação interna à liderança do ex-presidente se deu na esfera local, em cidades como Goiânia e Campo Grande, e principalmente com o pano de fundo das pretensões nacionais de Pablo Marçal. O influenciador não desafiou apenas a escolha eleitoral ou a hesitação de Bolsonaro em São Paulo. Ele transformou essa divisão numa questão existencial para a direita.

O caminho mais provável é o reagrupamento do grupo sob a esperada bandeira da unidade, com o objetivo de enfrentar a esquerda. Pode ser uma trégua temporária ou uma aliança estratégica.

Qualquer cenário deixará o domínio da direita muito mais próximo da agressividade de Marçal e Bolsonaro do que de personagens vendidos como moderados.

Nem tudo é como parece nessas eleições municipais; a política tem suas nuances

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) após almoço em que deram um passo em direção à escolha de um vice bolsonarista, na prefeitura, em junho

Bolsonaro se omitiu, mas agora decidiu apoiar Nunes

Míriam Leitão e Ana Carolina Diniz
O Globo

Esta eleição municipal está derrotando muitas teses. A direita ganhou a eleição? Sim, mas que direita e que centro venceram? A maioria das prefeituras vai ser controlada pelo PSD, MDB, PP, União Brasil e PL. Em geral, são partidos pragmáticos que ora fazem coalizão à esquerda, ora à direita, mas não houve um fortalecimento da direita antidemocrática.

Mesmo o PL não é todo fechado com Bolsonaro. Porém, o problema é que o avanço desses partidos foi turbinado pelas emendas parlamentares. Primeiro distorceram a execução do Orçamento, depois interferiram nas tendências eleitorais. É aí que mora o perigo.

CONTAS A PAGAR – O falsário Pablo Marçal teve parcela relevante dos votos? Sim, mas ficou fora do processo eleitoral e agora terá contas a acertar com a Justiça Eleitoral e a Criminal. É um fenômeno que pode se esvanecer como é natural após as derrotas. O caso precisa ser estudado para a compreensão do sentimento dos eleitores e para se criar antídotos ao veneno que ele tentou injetar na democracia brasileira.

Antes de jogar uma bomba de mentiras na reta final da campanha, Marçal deu todos os sinais de que agia de má-fé. A Justiça, muita acusada de ativismo, pecou desta vez por inação ao deixar de atuar preventivamente. Mas os eleitores de São Paulo nos deram uma nova chance para aprender como lidar com fraudulentos e manipuladores nesse grau extremado.

Jair Bolsonaro se fortaleceu? Ele teve vitórias importantes, porém localizadas. Em algumas cidades, candidatos tiveram desempenho surpreendente diretamente pelo apoio dele, como Goiânia com Fred Rodrigues, Curitiba com Cristina Graeml, e Belo Horizonte com Bruno Engler, mas em algumas delas instalou-se uma guerra entre duas direitas.

DOIS EXEMPLOS – Na capital de Goiás, será ele contra Ronaldo Caiado a quem chamou de “covarde” recentemente. Em Campo Grande, ele traiu a promessa que havia feito à sua ex-ministra Tereza Cristina e não apoiou a candidata do PP, Adriane Lopes que, mesmo assim, está no segundo turno. Seu candidato foi derrotado.

Onde Bolsonaro mais precisava demonstrar poder eleitoral, o Rio de Janeiro, seu reduto, o candidato escolhido não chegou ao segundo turno. Em São Paulo, deu sinais dúbios e foi atropelado pelos fatos. Na extrema-direita, ele foi desafiado e se mostrou acuado. A parcela da direita mais ligada ao ex-presidente tem hoje muitas divisões.

O governador Tarcísio de Freitas se fortaleceu por ter sido o grande fiador da campanha do prefeito Ricardo Nunes? Pode ser. Por outro lado, Nunes teve também R$ 8 bilhões para investir, a máquina da prefeitura, o maior tempo de TV e um exército de candidatos a vereador pedindo votos para ele. E ainda assim ficou com menos de 30% dos votos. Mesmo na frente nas pesquisas de segundo turno, tem ainda um caminho até o dia 27.

E TARCÍSIO? – Se o prefeito Nunes vencer, Tarcísio passa a ter cacife para disputar a presidência? Disputar sim, vencer é mais difícil. Um ex-governador de São Paulo para chegar ao Planalto tem que atravessar um Everest.

Tentaram Orestes Quércia, Mário Covas, Paulo Maluf, José Serra e Geraldo Alckmin. Todos foram parados no caminho. Nada na política é automático e é isso que torna a análise política tão desafiadora e instigante. São Paulo é o maior colégio eleitoral do país, portanto quem o governa, sai de casa carregando estatísticas favoráveis. Deveria ser o favorito natural, mas seus ex-governadores nunca chegaram ao Planalto, desde a redemocratização.

Partidos no poder aumentam suas bancadas e suas prefeituras? Sim, mas nessa eleição municipal isso não aconteceu. Há uma desconexão da esquerda com as transformações da sociedade em tempos de rupturas tecnológicas e de mudança no mundo do trabalho. A esquerda precisa de novas lideranças e de novas propostas.

O centro também precisa se renovar, porque os velhos métodos fisiológicos do centrão podem ser eficientes para alguns propósitos, mas não para um novo projeto para o Brasil.

GRANDE VENCEDOR – É preciso ressaltar que o grande vencedor é o processo eleitoral em si. A urna, atacada por quatro anos com disparos diretos da presidência da República, chegou com sua credibilidade intacta à primeira eleição pós-Bolsonaro.

Tudo funcionou perfeitamente e, mesmo na mais renhida das disputas, a paulistana, o resultado estava oficializado quatro horas após o fechamento das urnas.

Sim, o Brasil tem uma eficiente e confiável tecnologia de registro da vontade popular. Revoguem-se as teses em contrário.

Brasil veta a Nicarágua no Brics, mas grupo poderá incluir Bolívia, Cuba e outros

09.07.24 - O presidente Lula (PT) encontra com o presidente boliviano Luis Arce em Santa Cruz de la Sierra

Lula está apoiando o presidente boliviano Luis Arce.

Jamil Chade
Do UOL

Ganham força as candidaturas de Bolívia e Cuba para serem membros associados do Brics, numa expansão que está causando uma corrida diplomática nos bastidores. No final do mês, o presidente russo, Vladimir Putin, será o anfitrião da cúpula do bloco e quer anunciar a criação de um grupo de países associados.

Em 2023, o Brics teve maior adesão formal de novos membros desde sua criação. Naquele momento, porém, o Brasil defendeu que critérios deveriam ser estabelecidos. Um deles era que os novos membros teriam que reconhecer as aspirações de Brasil, Índia e África do Sul por vagas permanentes no Conselho de Segurança da ONU.

O pacto foi aceito e, quando aderiram, governos como o do Irã, do Egito e outros tiveram de chancelar essa postura do Itamaraty.

ASSOCIADOS – Agora, a ideia da Rússia não é a de ter uma expansão dos membros plenos do Brics, e sim criar uma nova categoria de países, que seriam “associados” ao bloco. Participariam de muitas das reuniões, mas não teriam poder de veto ou voto nas decisões dos membros plenos.

Cerca de 20 países concorrem para fazer parte dessa lista de membros assinados. A estimativa do bloco, porém, é que a adesão se limitará a dez membros.

Fontes do alto escalão do Itamaraty indicaram que, inicialmente, a aposta na adesão de Colômbia e Angola, dois governos com afinidades aos interesses brasileiros. No entanto, Bogotá e Luanda não formalizaram os pedidos para fazer parte do bloco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a fazer declarações públicas nesse sentido, durante uma viagem para Colômbia — mas não convenceu o governo de Gustavo Petro a seguir com a candidatura.

ORTEGA E MADURO – De outro lado, o governo de Daniel Ortega, na Nicarágua, e a Venezuela, de Nicolás Maduro, tinham o apoio de russos e chineses, e vinham fazendo intensa campanha. Para o Brasil, não faria sentido a adesão dos nicaraguenses. Além de diminuto, o país expulsou o embaixador brasileiro e fez ataques diretos a Lula. Para o Brasil, portanto, a condição dos novos membros é que mantivessem relações amistosas com todos os países do Brics. A Nicarágua não cumpre essa condição e foi vetada pelo Itamaraty.

No caso da Venezuela, a resistência do lado brasileiro também é importante, e o Itamaraty insistia que uma adesão apenas poderia ocorrer com o consenso de todos.

A avaliação da diplomacia brasileira era que Caracas, depois de romper relações diplomáticas com diversos países latino-americanos e não ter a eleição presidencial reconhecida pelo Brasil, teria sérias dificuldades de se apresentar como um representante regional dentro do bloco.

BOAS RELAÇÕES – Assim, a opção que ganha força é da adesão de bolivianos e cubanos, ambos com boas relações hoje com o Brasil e uma aceitação dos demais países do Brics. Para o Itamaraty, era fundamental que uma expansão respeite um equilíbrio geográfico, impedindo também que o Brics se transforme simplesmente em uma aliança que sirva aos interesses da China.

Lista ou critérios? O Brasil argumenta que, antes de escolher os nomes dos novos membros, critérios precisam ser estabelecidos para definir quem entra ou não na aliança.

O governo russo enviou aos demais membros do Brics uma comunicação na qual pedia que cada um deles apresentasse uma lista de países que gostariam de ver numa expansão.

RÚSSIA COBRA – Em junho, numa reunião ministerial em Novgorod, os russos voltaram a cobrar a apresentação de listas.

O governo brasileiro, porém, se recusou a apresentá-la, afirmando que a questão não era o nome dos países, mas os parâmetros que seriam usados para a seleção. O mesmo comportamento foi adotado pela Índia.

Entre esses critérios estariam as boas relações com todos os países do Brics e o reconhecimento das candidaturas dos emergentes ao Conselho de Segurança da ONU.

X está de volta, diz que cumprirá leis e defenderá a liberdade de expressão

Charge do Jônatas (Política Dinâmica)

Constança Rezende
Folha

A rede social X começou a voltar a funcionar no Brasil na noite desta terça (8). O retorno da plataforma ocorre após autorização do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que reverteu a suspensão da plataforma, em decisão também nesta terça. O retorno acontece de forma gradual para os usuários, uma vez que envolve diferentes operadoras de internet espalhadas pelo país.

Em mensagem publicada na própria rede social, a plataforma disse que tem orgulho de estar de voltar ao país. “Proporcionar a dezenas de milhões de brasileiros acesso à nossa plataforma indispensável foi prioridade durante todo este processo. Continuaremos a defender a liberdade de expressão, dentro dos limites da lei, em todos os lugares onde operamos.”

TUDO CERTO – Moraes destacou na decisão desta terça que todos os requisitos necessários para o retorno da plataforma foram comprovados documentalmente e certificados pela secretaria judiciária do tribunal. Ele havia determinado que a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) adotasse todas as providências necessárias para o cumprimento da medida e informasse ao tribunal em 24 horas.

Moraes afirmou que a volta da rede foi condicionada, unicamente, ao cumprimento integral da legislação brasileira e da “absoluta observância às decisões do Poder Judiciário, em respeito à soberania nacional”.

A determinação pela volta do X aconteceu pouco mais de um mês após Moraes determinar, em 30 de agosto, a derrubada “imediata, completa e integral” do funcionamento da plataforma no país, sob a justificativa de descumprimento de decisões judiciais. Para voltar a funcionar, a plataforma de Elon Musk teve que cumprir as decisões, indicar uma representante em território nacional e pagar as multas determinadas pelo ministro.

UNANIMIDADE – Moraes destacou que a decisão pela suspensão da plataforma foi referendada por unanimidade pelos ministros da Primeira Turma do STF, “presentes os requisitos legais necessários”.

Também afirmou que ela foi baseada nos “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais e no inadimplemento das multas diárias aplicadas”. Além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico do Poder Judiciário brasileiro, “para instituir um ambiente de total impunidade e terra sem lei nas redes sociais brasileiras, inclusive durante as eleições municipais de 2024”, segundo o ministro.

Nesta terça, a PGR (Procuradoria-Geral da República) havia se manifestado favoravelmente à retomada do acesso ao X no país. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse não verificar a existência de motivo que impedisse o retorno das atividades da empresa. Após o posicionamento da PGR, Moraes liberou a volta do X.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Resta saber se o Capitólio (Congresso dos EUA) agora vai diminuir a pressão ou se vai continuar pesquisando as ilegalidades cometidas por Moraes no caso do X, de fazer punições sem o devido processo legal e sem direito de defesa, conforme reclamava a então diretoria do X. Por enquanto, não é preciso comprar pipocas. (C.N.)

Ataque em massa do Irã mostrou que consegue invadir as defesas de Israel

EUA temem que Domo de Ferro de Israel não suporte guerra contra o Hezbollah

Já se sabe que o sistema Domo de Ferro não é inexpugnável

Wálter Maierovitch
Do UOL

Desta vez, sem exibir fuzil junto ao corpo, como havia feito cinco anos atrás, o líder máximo do teocrático Irã, o aiatolá Ali Khamenei, de 85 anos, inovou no sermão que, aliás, nada teve de religioso. Nas orações das sextas-feiras, Khamenei não comparece. Só vai excepcionalmente, diante de situação grave, e para ler um sermão.

Nesta sexta-feira (4), Khamenei deu as caras, disparou um sermão político e cheio de ódio mortal aos dois conhecidíssimos inimigos: Estados Unidos e Israel. No sermão, o aiatolá Khamenei realizou uma chamada de união de todos os islâmicos. Isso sem reconhecimento de nenhuma culpa.

SEM ASSUMIR – Khamenei faz cara de paisagem celestial, sem assumir ser o Irã o mandante, por ideal imperialista, do terrorismo internacional, por meio do Hamas, Hezbollah, Houthi e milícias iraquianas e sírias. O famoso ataque terrorista do Hamas, no 7 de outubro de 2023, teve a benção iraniana.

Aliás, tudo começou com esse ataque terrorista de 7 de outubro. No dia seguinte (8), o Hezbollah – conforme avisou publicamente o seu líder máximo da época, Hassan Nasrallah -, começou a bombardear diariamente o norte de Israel. E de modo a violar a Resolução 1.701 do Conselho de Segurança e colocar em risco os integrantes da força de paz da UNIFIL.

O líder iraniano usou a religião islâmica, mas, na verdade, pretendeu a união pelos governos detentores das forças bélicas e arsenais. Khamenei destacou: “O inimigo do Irã é o inimigo da Palestina, Líbano, Iraque, Egito, Síria e Iêmen”.

DISSE O AIATOLÁ – “O inimigo é o mesmo e os seus métodos diferentes nos diversos países. Por vezes, promovem essa política por meio da guerra psicológica. Por vezes, com pressões econômicas. Por vezes, com bombas de duas toneladas. Por vezes, com sorriso, no mesmo posto de controle e a receber o\rdens do mesmo lugar e a receber ordens para atacar a população muçulmana”.

A união pretendida não irá acontecer. Não é segredo para nenhum governante islâmico ser objetivo do Irã controlar toda a região do Golfo Pérsico e submeter os árabes ao tacão persa-iraniano. Nos países árabes o ideal, que é justo e humano, passa pela constituição, como em antiga proposta das Nações Unidas, de um estado para o povo palestino.

O premiê Netanyahu, a isso, resiste. Até para agradar a direita radical israelense, incluídos fanáticos religiosos e os supremacistas, que, numa imagem, representam o fiel da balança político-parlamentar que o mantém no poder.

BOICOTE ECONÔMICO – No sermão desta sexta-feira, Khamenei tocou na questão do iminente boicote econômico, vitimizando o país. A propósito, o presidente Joe Biden, em entrevista de quinta feira (3), admitiu a união de forças aéreas dos EUA e Israel para atacar as plataformas iranianas de petróleo.

Bem sabe o supremo aiatolá das dificuldades futuras, uma vez efetivado o bombardeio das plataformas petrolíferas. A propósito, já viveu a experiência de bloqueios econômicos. Além do caos econômico, teremos o enfraquecimento do poder de mando dos aiatolás.

Na base do morder e assoprar, Khamenei destacou haver, por parte do Irã, terminado “a paciência estratégica”. Invocou a legítima defesa tipificada no artigo 51 da Constituição das Nações Unidas, e reforçou: “A ação das forças aéreas iranianas representaram uma pequena amostra de resposta aos crimes cometidos pelo regime israelense”.

SEM PEGADA – A mordida, pelo que disse depois no tal sermão, foi sem pegada: “Se necessário, no futuro, atacaremos de novo o regime israelense”. Embora já tenha insinuado que exterminaria com Israel, no sermão escrito entrou a expressão “se necessário” e “no futuro”.

Os operadores do direito internacional, conhecido como direito das gentes, mostraram alívio com o “se necessário” e o não imediato (“no futuro”). Enxergaram uma porta aberta para conciliação.

E como mencionado na coluna de ontem, a propaganda de guerra do governo Netanyahu não conseguiu emplacar a versão do sucesso absoluto no bloqueio dos 200 mísseis. O sistema de defesa antimísseis, o chamado “Domo de Ferro”, deixou escapar alguns mísseis. A técnica iraniana da concentração (“chuva de mísseis) permitiu penetrações. Segundo fontes militares ocidentais, o furo no sistema do ‘Domo de Ferro’ está a tirar o sono de Netanyahu. Dá para imaginar, num dos escapes, um míssil a matar centenas de israelenses, no coração de Tel Aviv? De quem será a culpa?

Justiça condena Monark à detenção por xingamentos contra Flávio Dino

Nos EUA, Monark diz que 'Brasil virou uma ditadura do Judiciário' – Paraíba  Urgente

Monark é apenas um jovem audaz, sem nada na cabeça

Lucas Mendes
da CNN

A Justiça Federal em São Paulo condenou o influenciador Bruno Monteiro Ayub, conhecido como Monark, a 1 ano, 1 mês e 11 dias de detenção pelo crime de injúria contra o ministro Flávio Dino. A condenação ainda impõe pagamento de R$ 50 mil como indenização por dano moral. Na decisão, a juíza Maria Isabel do Prado, da 5ª Vara Criminal de São Paulo, fixou o regime semiaberto para o início do cumprimento da pena.

Conforme a magistrada, não cabe, no caso, substituir a detenção por uma pena alternativa, diante da “elevada culpabilidade” e “conduta social desabonadora” do influenciador. Cabe recurso da decisão, e Monark pode recorrer em liberdade. A ação penal foi aberta a partir de queixa apresentada por Dino.

OFENSAS – O caso refere-se a ofensas feitas pelo influenciador em maio e junho de 2023. Na época, Dino era ministro da Justiça. Em fevereiro deste ano, ele assumiu como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações foram feitas em transmissões ao vivo no canal de Monark na rede social Rumble.

Monark comentava declarações e posicionamentos de Dino sobre as big techs e a necessidade de regulação e responsabilização das plataformas digitais diante de atentados em escolas, incentivados por publicações nas redes sociais.

O influenciador se referiu a Dino com diversos xingamentos e expressões, entre elas: “perverso” (três vezes); “malicioso”; “maldito”; “esse é um cara que tem nenhum escrúpulo”; “ele não se importa com a vida humana de nenhuma forma”; “é uma fraude”; “esse m**”; “gordola” (duas vezes); “esse cara, sozinho, você põe ele ali na rua, ele não dura um segundo, não consegue nem correr cem metros, põe ele na floresta ali para ver se ele sobrevive com os leões”; “é um b**”; “filho da **”; “tirânico”.

DISSE A JUÍZA – Segundo a juíza, Monark teve a intenção de ofender Dino e extrapolou os limites da crítica. “As expressões ‘esse m**’ e ‘um b**’, utilizadas para fazer referência ao ofendido, são insultos de teor escatológico que afrontam gravemente os atributos morais do querelante, porque lhe atribuem o conceito negativo de dejeto, rejeito, negando-lhe a dignidade intrínseca de que é merecedor por ser pessoa humana”, afirmou a magistrada.

Ainda segundo a juíza, as expressões imputaram “má índole” a Dino. “Como se o então Ministro da Justiça fosse pessoa mal-intencionada, desonesta e indecorosa, capaz de fazer o mal e prejudicar pessoas por meio do abuso de poder e a qualquer custo, e como se fosse desumano a ponto de instrumentalizar a morte de vítimas de crimes hediondos para praticar arbitrariedades”, completou a juíza.

“De fato, apesar do contexto geral de crítica inflamada à opinião do então Ministro da Justiça, o acusado, em vez de tecer críticas com argumentos objetivos, teve por intuito precípuo e agiu de modo a ofender a própria pessoa do querelante, no exercício da função, ao atribuir-lhe o conceito de rejeito, dejeto, ao ridicularizar a sua aparência física, ao humilhá-lo e escarnecê-lo, ao rebaixá-lo e imputar-lhe má índole, desumanidade, desonestidade e improbidade, abalando de forma abrangente e severa a sua honra subjetiva, tanto sua dignidade quanto o seu decoro”, concluiu.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Injúria é um crime sem gravidade. Raríssimas vezes há condenação a cadeia, Monark chegou a ser beneficiado com um habeas corpus pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que trancou a ação. Essa decisão, no entanto, foi derrubada em análise colegiada. Se criticasse Dino sem ofendê-lo sem ridicularizá-lo, não haveria crime algum. Espera-se que o exemplo de Monark sirva de lição a outros “influenciadores” que agem assim selvagemente. Ele está autoexilado nos Estados Unidos, não apresentou advogado para defendê-lo no processo e foi atendido pela Defensoria Pública da União, que nada tinha a fazer. (C.N.)

Bolsonaro quer apagar a fogueira de Malafaia, que diz ter “moral para falar”

Notícias | ESPECIALISTA EM FAKE NEWS? Bolsonaro dobra aposta em Carlos para campanha nas redes sociais, afirma Portal | Portal Mulher Amazônica

Bolsonaro fez rápido comentário numa videoentrevista

Igor Gadelha
Metrópoles

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou à coluna, nesta terça-feira (8/10), a entrevista em que o pastor Silas Malafaia criticou a postura do ex-mandatário nas eleições para a Prefeitura de São Paulo. Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, Malafaia acusou Bolsonaro de se omitir na eleição por medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB), caso o ex-coach vencesse o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

À coluna Bolsonaro adotou a mesma linha de seus filhos e evitou pôr mais lenha na fogueira. “Meu Posto Ipiranga não tem gasolina, só tem água”, afirmou o ex-presidente em rápida conversa por chamada de vídeo. Bolsonaro confirmou ainda não ter respondido às várias mensagens de WhatsApp enviadas a ele por Malafaia, que é líder da igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo. E seus três filhos mais velhos se pronunciaram

Mais cedo, o senador Flávio e o deputado Eduardo Bolsonaro já tinham emitido notas na mesma linha, evitando confronto com Malafaia e dizendo que “roupa suja se lava em casa, e não em público”.

DIZEM OS FILHOS – “Roupa suja se lava em casa, e não em público. O presidente Bolsonaro fez o que tinha que ser feito, no momento certo, e foi decisivo para o cenário em São Paulo. Se não fosse Bolsonaro, Ricardo Nunes não estaria no segundo turno. Assim como foram decisivos Tarcísio e Malafaia, cada um na sua função, como um time de futebol, que não ganha só com atacantes. A fase agora é de distensionamento e, sem orgulho e vaidade, vamos juntos vencer a extrema esquerda em São Paulo. 2026 já começou e precisamos ser mais racionais que emotivos”, disse nota assinada por Flávio.

Eduardo, por sua vez, afirmou que Malafaia “é uma pessoa que eu considero e tem muita importância para diversas pautas conservadoras, notoriamente a anistia dos presos políticos”.

“Sem ele, muito disso não teria ido adiante. Se ele nos critica hoje por algum motivo, ainda que eu possa entender absurdas certas palavras usadas por ele, cabe a mim ter a maturidade de interpretar e resolver com ele internamente. Sigo desejando saúde e tudo de bom a ele”, disse o deputado.

MALAFAIA RESPONDE – Após a entrevista, Malafaia afirmou à coluna nesta terça que continua sendo aliado e apoiador de Bolsonaro, mas ressaltou que não é “bolsominion” nem “alienado”.

“Continuo apoiando o Bolsonaro, o maior líder da direita. Não vou julgá-lo definitivamente por um ato errado. Ele tem uma história. Ele continua tendo meu apoio. Só que eu não sou bolsominion. Só que eu não sou alienado, sou aliado de primeira hora. Ninguém, nesses dois últimos anos, defendeu tanto Bolsonaro e se arriscou tanto por ele quanto eu. Tenho muita moral para falar”, afirmou Malafaia à coluna.

Novo inquérito aumenta o cerco a Marçal,  que deverá ficar inelegível

Pablo Marçal, candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, vota descalço a alguns minutos de encerrar o prazo para o fechamento da seção eleitoral em escola no bairro de Moema

Pablo Marçal teve uma votação espantosa, porém inútil

Marcelo Godoy
Estadão

Enquanto o Tribunal Regional Eleitoral contava os votos que deixaram Pablo Marçal fora do 2º turno da eleição em São Paulo, o delegado William Wong, titular do 89º Distrito Policial instaurou o inquérito policial para investigar o laudo falso divulgado pelo candidato do PRTB para difamar Guilherme Boulos, seu adversário do PSOL, imputando a ele um surto psicótico provocado pelo consumo de cocaína.

O novo inquérito se soma ao conduzido pela Polícia Federal aberto em 17 de setembro sobre os ataques do ex-coach aos adversários na disputa à Prefeitura de São Paulo. Trata-se de uma investigação aberta após representação do próprio Boulos, que se disse vítima de injúria e crimes eleitorais. Foi também Boulos – por meio do advogado Alexandre Pacheco Martins, quem levou o caso do laudo falso ao 89.º DP.

PERÍCIA CONCLUSIVA – A decisão de instaurar o inquérito foi tomada depois que o laudo do Instituto de Criminalística (IC) assinado por três peritos constatou que o documento divulgado por Marçal em sua conta do Instagram na noite de sexta-feira, dia 4, era falso. Os peritos chegaram a essa conclusão por meio da análise da assinatura que constava do documento como sendo a do médico José Roberto de Souza. Souza jamais examinou Boulos.

Enquanto o delegado decide os primeiros passos da investigação – depoimentos e diligências –, o destino de Marçal se torna cada mais certo: além de responder criminalmente pela divulgação do laudo falso, ele enfrentará ação na Justiça eleitoral que deve torná-lo inelegível, afastando-o das eleições de 2026. No TSE, a previsão é que as representações contra o candidato derrotado cheguem à corte no fim de novembro.

Marçal tinha a pretensão de criar o marçalismo e, assim, substituir o bolsonarismo e tornar-se uma alternativa para os seguidores do ex-presidente nos próximos anos. As acusações que vinculavam integrantes de seu partido ao Primeiro Comando da Capital (PCC) não foram suficientes para afastar de sua candidatura 1,7 milhão de paulistanos que o escolheram. Nem seu comportamento agressivo ou linguajar chulo.

VITORIOSO? – As representações apresentadas à Justiça Eleitoral por seus adversários tampouco conseguiram afastá-lo da eleição. Como vacina contra as acusações que atingiram o PRTB, dizia que ia mudar de partido após a eleição. Fosse qual fosse o resultado, ele se via como um vitorioso: ou se tornaria prefeito da maior cidade do País ou teria obtido o cacife necessário para disputar a presidência em 2026. Ainda mais com Bolsonaro inelegível.

Se na esfera criminal a acusação contra Marçal terá de provar a autoria e a materialidade do crime, na esfera eleitoral a situação é diferente. Para abuso eleitoral, dizem ministros do TSE, é necessário a prova da ciência do ato abusivo, o benefício obtido ou pretendido e a gravidade qualitativa e quantitativa do abuso. Todos esses requisitos estariam presentes na conduta de Marçal ao divulgar o falso laudo.

Tudo isso tornaria o caso do ex-coach muito pior do que o do ex-deputado estadual Fernando Francischini, que teve o mandato cassado em 2021 e foi declarado inelegível pelo TSE porque no dia da eleição de 2018 fez uma transmissão ao vivo com informações falsas sobre as urnas eletrônicas – ele dizia que elas não estavam registrando os votos para a chapa de Jair Bolsonaro e de Hamilton Mourão.

A CULPA É DELE – Na área penal, embora não seja fácil vincular Marçal ao ato da falsificação do documento da clínica Mais Consulta, a acusação pode tentar mostrar que o candidato do PRTB e outros teriam montado uma organização criminosa para a prática de ilícitos eleitorais. Desta forma, cada acusado teria uma função no grupo e a de Marçal seria a de divulgar as informações falsas e o documento falso para obter vantagem eleitoral. E pouco importa quem postou na conta do candidato, se foi, como ele mesmo afirmou, o advogado Tássio Renan. Enfim, vale aqui a velha máxima do direito penal: cui bono, a quem interessava a falsificação?

De qualquer forma, o delito de organização criminosa pode existir como auxiliar de qualquer crime, mas é necessário ser provado. Ou seja, na Corte ninguém duvida que Marçal terá problemas em 2025 até porque a responsabilização por abuso eleitoral segue outra lógica probatória. E aí a falsificação tosca do documento e a sua divulgação pelo candidato de forma intensa, com milhares de compartilhamentos, já seriam suficientes para provar a intensidade do ato.

E, se todos os que acompanharam o caso Marçal ficaram estupefatos com o risco assumido pelo candidato ao publicar o documento primariamente falsificado e cuja farsa ficou evidente em questão de horas, um magistrado disse à coluna ter ficado evidente que a ação do ex-coach foi calculada para retirar de Ricardo Nunes parte dos votos bolsonaristas que se mantinham indecisos entre ele e o prefeito.

Direção do X paga multa e Moraes manda suspender a proibição

Musk x Moraes: entenda decisão do STF contra rede social - BBC News Brasil

Moraes atrasa propositalmente a volta do X ao Brasil

Por g1

A rede social X enviou para a conta correta do governo federal, nesta segunda-feira (6), o pagamento da multa de R$ 28 milhões que foi aplicada pela Justiça. Na semana passada, o pagamento havia sido feito em uma conta do governo federal que não é a correta. Nesta terça-feira (8), a Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou um parecer ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), indicando que é a favor da reativação do X.

No documento, o procurador-geral, Paulo Gonet, afirmou “que não vê motivo que impeça a reativação da plataforma X no Brasil”. Mesmo com o pagamento na conta certa, isso não garantia que a plataforma, atualmente suspensa no Brasil, fosse liberada de imediato.

PARECER DA PGR – O X havia pedido para que não fosse exigida a etapa de análise da PGR, mas Moraes não aceitou. Agora, após receber o parecer da PGR, Moraes analisará o caso e decidirá se mantém ou derruba a suspensão da rede social. Até o momento, não há previsão para que essa decisão ocorra.

Moraes autorizou a volta do X, através da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que, por sua vez, notificará os provedores de internet para liberar o acesso à plataforma.

Na verdade, só faltava o pagamento das multas na conta preferida do Moraes. E a transferência dos R$ 28 milhões em multas para uma conta do Banco do Brasil foi confirmada nesta segunda-feira, após determinação do Supremo. As penalidades foram aplicadas por Moraes após o descumprimento de ordens judiciais pela rede social, que está suspensa no Brasil desde o dia 30 de agosto.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes ressalvou que, além do pagamento das multas, o X precisou cumprir outras exigências, como o bloqueio de nove perfis de investigados por ataques à democracia e a nomeação de um representante legal no Brasil. Tudo isso já foi feito, a Procuradoria-Geral da República deu o sinal verde, e a plataforma já recomeça a ser acessada no Brasil. (C.N.)

Malafaia expõe o baita estrago feito por Marçal no quintal de Bolsonaro

Pastor Silas Malafaia ataque presidente do TSE, Alexandre de Moraes, após operação contra empresários 23/08 -  (crédito: Reprodução/Youtube @Silas Malafaia Oficial)

Malafaia atirou o amigo Bolsonaro na cova dos leões

Josias de Souza
Do UOL

Bolsonaro enxergou na incursão de Pablo Marçal pela cena eleitoral um enredo no qual ele morreria no final. Suspirou aliviado quando o eleitorado paulistano barrou a passagem da ameaça para o segundo turno. Tudo na vida passa, imaginou. O problema é a situação em que ficou o gramado no quintal bolsonarista depois da passagem de Marçal.

Ao chamar de “covarde” a dubiedade de Bolsonaro em relação à disputa de São Paulo, o pastor Silas Malafaia escancarou o estrago. Diante do zigue-zague do “mito”, que perambulou desnorteado entre Ricardo Nunes e Pablo Marçal, o pastor pergunta em voz alta: “Que porcaria de líder é esse?”. A extrema-direita bolsonarista está trincada.

ROUBO DE VOTOS – Antes de ser detido pelo eleitor, Marçal roubou, como um punguista ideológico, o eleitorado que Bolsonaro supunha controlar. Apropriou-se também dos aliados que o capitão imaginava liderar. Malafaia decepcionou-se, sobretudo, com os deputados Marco Feliciano e Nikolas Ferreira. Agora, além dos bolsominions, há na praça os nikolominions, ironizou o pastor, como a realçar a falência do líder.

Bolsonaro costumava vangloriar-se de sua supremacia nas redes sociais. Imaginava ter colecionado façanhas poderiam guindá-lo à condição de estátua.

Ao apontar o receio do aliado de apanhar de seguidores autoconvertidos em perseguidores, Malafaia mostrou a Bolsonaro que, nas redes sociais, como na vida, pedestal não tem escada. Ao elogiar a firmeza de Tarcísio de Freitas contra Marçal, o pastor sinaliza que o futuro de Bolsonaro começa a ficar meio gasto.

Lula chamou o Brasil para disputar uma briga eleitoral – e perdeu feio

Lula faz fotos com candidatos, mas PT deve perder prefeituras

Lula perdeu feio, mas finge que está saindo vencedor

J.R. Guzzo
Gazeta do Povo

No início da campanha eleitoral para a disputa das 5.500 prefeituras do Brasil, Lula, o presidente da República, num de seus comícios a portas fechadas para a habitual plateia de camisas vermelhas, proclamou aos gritos: “Essa eleição é entre eu e o Bolsonaro”. Foi Lula, mais uma vez, no papel de Lula. Ele se vê sempre como o centro do universo – não há, na sua cabeça, nenhuma possibilidade de se fazer nada neste país sem a sua presença sagrada.

Depois, diante da continuação de seu fiasco permanente de público – e como faz todas as vezes em que as suas ameaças fracassam – foi sumindo do mapa e abandonando os feridos à própria sorte. Mas não há como esconder a sua derrota. Ele chamou o Brasil para uma briga eleitoral – e perdeu.

DESEMPENHO PÍFIO -Nas 100 maiores cidades brasileiras, as que podem ter segundo turno, o PT e o PSOL, seus dois partidos, foram arrasados. É possível que fiquem com menos de 10% de todas as prefeituras das cidades mais populosas do país

Encerrada a apuração de votos, nem os maiores bajuladores oficiais conseguiam esconder que Lula conseguiu sair desta eleição sem obter nenhuma vitória clara. É muito pouco para quem se acha o maior líder popular que já apareceu na história do Brasil. Mas é o retrato mais aproximado da realidade política do momento. Lula não pode sair à rua no país que preside.

Sua última tentativa de fazer uma manifestação de massa, em São Paulo, atraiu 1.600 pessoas. As realizações de seus quase dois anos de governo, aos olhos da população, são um triplo zero. Na véspera da eleição, ele estava falando de sua obsessão antissemita, passeando no México e se metendo em coisas que não têm o mínimo interesse para a maioria dos brasileiros. Seus candidatos, em geral, foram um desastre. Não podia, desse jeito, colher resultado diferente do que colheu.

UM MASSACRE – Nas 100 maiores cidades brasileiras, as que podem ter segundo turno, o PT e o Psol, seus dois partidos, foram arrasados. É possível que fiquem com menos de 10% de todas as prefeituras das cidades mais populosas do país. Em muitos municípios, o PT sequer teve candidato – precisou terceirizar a eleição para aliados e declarar que ganhou com a classificação de outro. O PSOL conseguiu perder a única prefeitura de capital que tinha, Belém do Pará – seu prefeito, em vez de se reeleger, não foi nem para o segundo turno. Pior ainda, a direita, que Lula tanto odeia, está em condições de ter o seu melhor momento eleitoral no Brasil.

A maior conquista que Lula e a esquerda conseguiram nessa eleição foi levar seu candidato ao segundo turno em São Paulo, o maior colégio eleitoral do Brasil com 9,3 milhões de eleitores, por um punhado de votos – ficaram por um triz da humilhação de serem rebaixados para a segunda divisão.

Lula, que queria disputar as eleições municipais com Bolsonaro, foi reduzido a disputar com Pablo Marçal, um desconhecido que nunca tinha participado de uma eleição. Quase perdeu, e teve de se contentar com a passagem para um segundo turno problemático. Ele vai ter, daqui até eleições gerais de 2026, de arrumar uma “nova missão” para o TSE.
(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Anielle Franco deu longas entrevistas, mas ainda não apresentou as provas

Anielle Franco diz que importunação sexual de Silvio Almeida começou há um ano: 'Situações que mulher nenhuma deveria passar' | Fantástico | G1

Anielle deu longas entrevistas ao Fantástico e à Veja

Basília Rodrigues
CNN Brasil

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foi ouvida uma vez pela Polícia Federal, concedeu — até agora — uma entrevista à imprensa, mas ainda é cedo para saber quantas vezes mais ela terá que falar sobre a acusação de que foi vítima de importunação sexual pelo ex-ministro de Direitos Humanos Silvio Almeida.

A lei brasileira prevê que quem acusa tem que provar. Essa regra, que está na base do nosso Direito, desafia a investigação a concluir casos somente com base em provas, independentemente do tipo de crime, até mesmo aqueles de difícil materialidade.

CONTAR DE NOVO – Ao mesmo tempo, pode expor a vítima a contar uma, duas, muitas vezes a história da qual ela não quer lembrar e nem quer ser lembrada por isso.

Para integrantes da PF, um único depoimento de Anielle é o necessário e definitivo para concluir o caso. No entanto, para aliados de Silvio Almeida, a ministra teria que prestar mais esclarecimentos.

Além de o ex-ministro negar veementemente as acusações, apela também para outra base do direito, a que exige que toda prova seja submetida à ampla defesa e ao contraditório. Ou seja, mais do que ouvir depoimento do acusado, é permitir que ele também questione e aponte fragilidades do relato de quem o acusa.

E A JUSTIÇA? – “Só queria que aquilo parasse de acontecer”, disse Anielle após confirmar a denúncia contra Silvio Almeida. Mas o que pensa a Justiça? O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, que pediu abertura de inquérito, tem tratado o caso com cuidado para não expor nenhuma das vítimas. A tese de produção antecipada de provas, em que o ministro poderia considerar válido o depoimento único antes do caso virar uma ação penal, não é consenso entre operadores de Direito.

A antecipação é procedimento adotado como forma de preservar a prova, e não a vítima. Perguntados, mesmo sob reserva, ministros do STF preferiram não se manifestar concretamente sobre o caso. Mas são unânimes, algo raro no tribunal, em dizer que é preciso aguardar o próprio tempo do processo.

À Veja, Anielle Franco contou que “atitudes inconvenientes” do ex-ministro Silvio Almeida, ainda na transição de governo, no fim de 2022, se transformaram em “importunação sexual” ao longo do tempo. Em alguns momentos, Anielle fala no plural como se representasse ela e outras mulheres que também se declaram vítimas do mesmo crime. “Ficamos com medo do descrédito, dos julgamentos, como se o que aconteceu fosse culpa nossa”, disse.

HÁ DETALHES – A ministra observou ainda que há detalhes que contou somente à PF, no depoimento que agora segue sob sigilo no processo no Supremo Tribunal Federal.

“Traumas não são entretenimento”, ressaltou também, apontando para uma das facetas mais duras de todo esse processo: a atenção do público para os próximos capítulos desta lamentável história, como um livro, filme, novela – por pior que seja o enredo.

Invariavelmente, Anielle falará mais vezes sobre o caso. Ela tem dito que acha importante que mais pessoas entendam o que está acontecendo e formem opinião. Mas, para fins de julgamento, em que não reste dúvida da culpa pelo crime, ainda não sabemos.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um reparo: Anielle não deu apenas uma entrevista, foram três – ao g1 (Andréia Sadi), à Veja e ao Fantástico. Seu depoimento está cheio de furos. Como é que uma autoridade da República, mulher guerreira do PSOL, sofre assédio por mais de um ano e não faz nada. “Só queria que aquilo parasse de acontecer”, disse Anielle após confirmar a denúncia. Ora, era fácil parar com isso. Bastava plantar a mão na cara dele que tudo acabaria. Quanto ao assédio propriamente dito, Almeida estava sentado em frente ao diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que em momento algum viu o então ministro se curvar para fazer o assédio, porque Silvio Almeida estava sentado a uma distância tal que só tocaria no joelho dela caso se inclinasse bastante. No entanto, o experiente delegado federal não viu nada, absolutamente nada. (C.N.)

Malafaia diz que Bolsonaro é covarde e omisso: ‘Que porcaria de líder é esse?’

Malafaia afirma que Bolsonaro abandonou Nunes

Mônica Bergamo
Folha

Um dos maiores apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia está decepcionado com o ex-presidente. Ele acusa Bolsonaro de se omitir nas eleições municipais de São Paulo por medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB) caso o ex-coach vencesse o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com quem o ex-presidente firmou aliança e até indicou um vice na chapa.

Malafaia diz que não é papel de um líder guiar-se exclusivamente pelas redes sociais. “Que porcaria de líder é esse?”, questiona. Afirma que enviou mais de 30 mensagens “duríssimas” para ele. E diz que o ex-presidente só não teria respondido porque recebeu o apoio dele em momentos cruciais da vida — como no dia em que, “perto de ser preso”, chorou por cinco minutos ao telefone sem parar.

Mas uma pessoa o encheu de alegria: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem pretende apoiar para presidente da República caso Bolsonaro siga inelegível até 2026.

Que balanço faz das eleições?
Eu tive duas alegrias e quatro decepções. A primeira alegria foi com a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. [Ele mostrou que um líder não anda atrás do povo. Um líder guia, anda na frente. Você não é um verdadeiro líder até que não ande sozinho. Tarcísio ganhou muito comigo. Liderança é sobre propósitos. Um líder não está preocupado com redes sociais, se vai perder ou se vai ganhar seguidores. Sofri um bombardeio dos robôs e da milícia digital do Pablo Marçal como ninguém mais sofreu. Não foi uma brincadeira. Eu perdi 1,5% de seguidores.

E a segunda alegria?
Foi com a posição do deputado federal Gustavo Gayer [PL-GO]. Ele estava apoiando indiretamente o Marçal. Mas quando o documento médico forjado [referindo-se ao laudo falso que o ex-coach fez contra Guilherme Boulos, do PSOL] foi divulgado, ele disse: “Aí, não”. Ele dá um passo atrás. É neste momento que um homem mostra o seu caráter.

E quais foram as decepções?
Eu vou começar da menor para a maior. Primeira decepção: Magno Malta [senador do PL-ES]. Um cara guerreiro, um cara do pau, da guerra. Eu o bombardeava, “você tem que posicionar, você tem que falar [contra Marçal]”. E ele ficou calado, “essa guerra não é minha”. Eu respondia: “Como assim? O que está em jogo é 2026. Esse cara vai rachar a direita. Vai rachar os evangélicos, que você representa”. Mas ele não tomou atitude. Quem vai fazer aliança com um cara que não é confiável? O que ele fez em São Paulo e no Paraná foi uma vergonha. E por quê? Medo? Rede social! Nós estamos vivendo hoje um processo em que as pessoas agem conforme as redes. Todo mundo apoia? Eu vou nessa. Todo mundo critica? Bem, eu não vou nessa.

E qual foi a sua segunda decepção?
Com o deputado Marco Feliciano [PL-SP]. Um dia desses ele pregou na minha igreja. Disse: “Malafaia é como um pai que me dá conselhos, que me puxa a orelha”. Conversei com ele. Detalhei quem é Pablo Marçal. E esse cara faz um vídeo tentando me desmerecer, apoiando Pablo Marçal.

A terceira decepção?
Na ordem de grandeza, foi com o deputado federal mineiro Nikolas Ferreira. Você sabia que nós temos agora bolsominions e nikolominions? É! O Nikolas, um garoto bom, um garoto de futuro, teve uma atitude de politiqueiro velho. Ele pertence ao PL. Ele tem que, no mínimo, ficar de boca fechada sobre a eleição em São Paulo, porque o líder dele estava apoiando o prefeito Ricardo Nunes. E ele vem com uma história de que são dois copos: um [Ricardo Nunes] está cheio de veneno, e o outro [Marçal] você não sabe, “então vou arriscar”. O Nikolas querer disfarçar para esse bandido que merece a cadeia foi uma decepção total. Não teve dignidade. Mandei mensagem para ele. Não deu nem pelota.

Agora vamos para a maior decepção…
Jair Messias Bolsonaro.

E por que a decepção?
Um político é reconhecido por seus posicionamentos. Qual foi a sinalização que o Bolsonaro passou? “Eu não sou confiável em meus apoios políticos”. Quem vai fazer aliança com um cara que não é confiável? O que ele fez em São Paulo e no Paraná [onde se comprometeu anteriormente com alianças] foi uma vergonha. Em São Paulo ele ficou em cima do muro. No Paraná, tendo candidato [indicado pelo PL] a vice [de Eduardo Pimentel, que concorre a prefeito], declarou para a mulher lá [Cristina Graeml, que concorria contra Pimentel] “pode usar meu nome”. Sinalizou duplamente. Gente! Isso não é papel da direita de nível maior.

Você não o apoia mais?
Eu apoio Bolsonaro. Mas já disse: sou aliado, e não alienado. Bolsonaro foi covarde, omisso. Para ficar bem sabe com quem? Com seguidores. Que político é esse, meu Deus? No domingo, eu mandei um “zap” [mensagem de WhatsApp] para ele: “Como você apoia um canalha que falsificou documento, que quer dividir a direita e o voto evangélico, que ora fala bem de você, ora fala mal?”. Ele [Bolsonaro] não é criança. Sabe o que ele fez [na eleição de SP]? Jogou para os dois lados. Eu desafio: entra nas redes de Bolsonaro e dos filhos dele. Não tem uma palavra sobre a eleição de São Paulo. É como se ela não existisse. Que porcaria de líder é esse?

Que líder ele foi nas eleições?
Covarde, omisso, que se baseia em redes sociais e não quer se comprometer. Fica em cima do muro. Para ficar bem sabe com quem? Com seguidores de redes sociais. Que político é esse, meu Deus? Que tem que estar onde o povo quer? Eu disse para ele: “Bolsonaro, você está esquecendo de uma coisa: o mesmo povo que diz Hosana [para adorar Jesus Cristo], um pouquinho lá na frente diz ‘crucifica-o'”. Falaram isso para um homem, Deus perfeito, que só curava e que só abençoava, chamado Jesus Cristo. A palavra “líder” vem da língua viking, e significa o capitão de um navio, o cara que dá o rumo. Como é que um cara que foi presidente da República, que é o maior líder da direita, dá sinais dúbios e confusos? É por isso que eu elogio o Tarcísio.

O senhor não falava sobre isso com Bolsonaro durante a campanha?
Eu não posso mostrar conversas minhas com ele, porque faz parte da intimidade, eu seria leviano. Mas vou dizer para você: nesses últimos 15 dias eu bati em Bolsonaro com tanta força no “zap”! E sabe por que ele não me bloqueou? E por que não me xingou? Porque ele reconhece que eu sou um cara honesto, que eu sou um apoiador de primeira hora, que defendi ele nos momentos mais cruciais e críticos. Ele estava chorando depressivo [na casa de praia que tem] em Mambucaba [em Angra dos Reis, no Rio], perto de ser preso. Liguei pra ele e falei: “Vai ficar chorando aí? Vamos para a rua, cara!”. Ele chorou por cinco minutos comigo no telefone antes de abrir a boca, no visor [chamada de vídeo] como estou agora com você.

Ele estava com medo de ser preso?
Estava depressivo porque as pessoas em volta dele foram todas presas [em fevereiro]. Estava angustiado. Eu falei: “Vamos para a rua!”. Ele estava desnorteado. [Perguntou] “Mas como é que vai ser?” Eu falei: “Deixa comigo. Eu só preciso que você grave um vídeo para convocar o povo”. O Bolsonaro tem defeitos. Mas tem duas coisas: ele é humilde, isso é uma coisa dele. E é honesto. Ele já falou para todo mundo, para a imprensa, que se não fosse o Malafaia não ia ter manifestação no dia 25 de fevereiro [deste ano, na avenida Paulista]. Então ele me respeita. Quem defendeu esse cara diante do ministro Alexandre de Moraes? Agora, eu o questionei durissimamente [na campanha]. Mandei mais de 30 “zaps” para ele. Mais de 30! E não era “zap” de brincadeira, não.

E ele respondia o quê?
Ele não responde. Ele encontrou um deputado da minha igreja e disse: “O seu pastor está me ofendendo”. E o deputado perguntou: “O senhor conhece alguém que o defenda mais que o Malafaia?”. Ele respondeu: “Não. E eu tenho que me dobrar. Por isso que não respondo a ele”.

E o senhor, mantém o respeito por ele?
Eu mantenho. Aprendi com meu sogro e com meu pai, que foram dois caras extraordinários, pastores que eu não chego nem no fiapo da unha deles, e que diziam: “Silas, um homem tem o direito de errar. Você não pode destruir a história dele por causa de um erro”. Ele tem o direito de errar. Mas foi uma decepção, de qualquer forma. E não estou falando nada para você que não tenha dito a ele. Eu seria um covarde.

Tarcísio de Freitas deu demonstração de força no primeiro turno da eleição

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em caminhada na zona leste de São Paulo

Nunes, Tarcísio e Paulinho da Força durante a campanha

Bianca Gomes
Estadão

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), conseguiu fechar com saldo positivo sua primeira atuação como cabo eleitoral desde que assumiu a cadeira mais importante do Palácio dos Bandeirantes. Apesar de ter amargado uma derrota em Guarulhos, o governador foi peça fundamental na passagem de Ricardo Nunes para o segundo turno da disputa na capital, movimento que garante ao ex-ministro do governo Jair Bolsonaro uma posição de independência de seu padrinho político.

Além disso, Tarcísio viu seu partido quadruplicar de tamanho no interior, elemento fundamental para suas pretensões políticas futuras.

DIFICULDADE – Embora Ricardo Nunes (MDB) tenha avançado para o segundo turno, a diferença de apenas 81 mil votos para Pablo Marçal (PRTB) expôs a dificuldade do governador em mobilizar o eleitorado de direita em seu próprio reduto. Por outro lado, ponderam analistas, o resultado conferiu a Tarcísio um status de liderança independente do bolsonarismo.

A campanha em São Paulo foi a principal aposta de Tarcísio na sua estreia como cabo eleitoral em eleições municipais. Ricardo Nunes fez questão de reconhecer o papel do aliado em seu primeiro discurso após o resultado, sinalizando que Tarcísio deve seguir engajado na disputa.

Durante o primeiro turno, o governador teve protagonismo na estratégia de Nunes: ajudou a costurar a coligação, anunciou o vice da chapa, esteve ao lado do prefeito em uma série de agendas e, na reta final, coordenou pessoalmente uma mobilização de última hora, acionando deputados e vereadores em busca de apoio.

STATUS DE LÍDER – Na avaliação de Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor de administração pública da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Tarcísio sai fortalecido da eleição na capital paulista, que simbolizou seu rompimento com a dependência em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Para ele, Tarcísio agora consolida seu status de líder.

“Tarcísio foi o maior vencedor dessas eleições, em uma disputa onde se pensava que os principais cabos eleitorais seriam Lula ou Bolsonaro. Ele abraçou a candidatura de Nunes com um vigor que talvez nunca tivesse demonstrado antes, contrariando, inclusive, a perspectiva de seu padrinho, Bolsonaro. Qual o saldo? Ele não só conta agora com um aliado, caso Nunes seja eleito prefeito, para seus projetos políticos em 2026, como se livra da dependência exclusiva de Bolsonaro, na medida em que ele, com autonomia, tomou a decisão de apoiar Nunes à revelia de alguém que supunha controlar seus passos. Daqui para frente, ele decide se vai ou não ao PL sem essa sombra de Bolsonaro, e provavelmente não irá, porque essa ida poderia significar o controle do próprio Bolsonaro sobre seus projetos políticos”, diz o professor.

PERDE E GANHA – Se a vitória na capital foi apertada, em Guarulhos, o segundo maior colégio eleitoral do Estado, Tarcísio amargou uma derrota. Seu candidato, Jorge Wilson (Republicanos), o “Xerife do Consumidor”, terminou em terceiro lugar, com 20,12% dos votos. Ex-líder do governo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), ele era uma das principais apostas do governador na disputa municipal e levou Tarcísio a negociar até o apoio do ex-presidente Bolsonaro.

A divisão da direita em Guarulhos abriu caminho para Lucas Sanches, candidato do PL, que liderou nas urnas com 33,25% e disputará o segundo turno contra Elói Pietá (Solidariedade), que obteve 29,81% dos votos válidos.

No balanço geral, Tarcísio tem mais que a vitória de Nunes para celebrar: o Republicanos, seu partido, quase quadruplicou a presença no estado, passando de 22 para 80 prefeituras, conquistando cidades estratégicas como Sorocaba, onde Rodrigo Manga se manteve no poder, e Campinas, com a reeleição de Dário Saadi — que agora aguarda o julgamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) sobre uma ação de cassação.

VITÓRIAS DUPLAS– Em Santos, Tarcísio está em uma posição favorável, pois dois de seus aliados avançaram para o segundo turno: o atual prefeito, Rogério Santos (Republicanos), e a deputada federal Rosana Valle (PL). Embora Rogério seja do Republicanos, Tarcísio decidiu se manter neutro na disputa, já que Rosana era a candidata apoiada por Jair Bolsonaro. Assim, a vitória de qualquer um dos dois será vantajosa para o governador.

Em São José dos Campos, principal município do Vale do Paraíba e onde Tarcísio também optou por não se envolver, o segundo turno será entre dois aliados do governador: o atual prefeito Anderson Farias (PSD), que conta com o apoio do vice-governador paulista Felício Ramuth (PSD), e o ex-prefeito Eduardo Cury (PL), apoiado por Jair Bolsonaro.

Tarcísio, entretanto, não foi o principal vencedor da eleição no estado. O destaque foi seu secretário de Governo, Gilberto Kassab, presidente do PSD, que elegeu 201 prefeitos de seu partido no primeiro turno em São Paulo. Para Marco Antonio Carvalho Teixeira, a vitória de Kassab equilibra as forças e impede que o bolsonarismo se torne hegemônico em São Paulo. “O bolsonarismo não pode hegemonizar o governo com alguém que possui a força política de Kassab servindo como contraponto.”

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Muito interessante essa matéria, porque traz um belo retrato da política em São Paulo e mostra como o governador Tarcísio de Freitas tem crescido politicamente e consegue manter excelentes relações com Bolsonaro. Se o ex-presidente continuar inelegível, Tarcísio é o nome ideal para substituí-lo na candidatura de direita contra Lula, que é teimoso suficiente para tentar a reeleição aos 81 anos, com prazo de validade mais do que vencido e sem dizer coisa com coisa. Vai ser um arraso. (C.N.)

Dorival Jr. precisa sair da mesmice no treinamento tático da seleção

Dorival Jr. mata no peito e assume fiasco com derrota da Seleção Brasileira

Dorival Jr. ainda não se encontrou treinando a seleção

Tostão
Folha

Dorival Júnior, atento, viu os dois jogos da Copa do Brasil, as muitas partidas deste sábado (5) do Brasileirão e os confrontos pela Copa dos Campeões, especialmente a derrota do Real Madrid para o Lille, da França, por 1 a 0. Endrick, pela primeira vez, iniciou a partida. Rodrygo e Mbappé, que entrou no segundo tempo no lugar de Endrick, foram poupados.

Fazia muito tempo que não via o real Madrid atuar tão mal. Endrick, no único ótimo lance, conduziu a bola, driblando. Em velocidade e livre, dentro da área, soltou um petardo no peito do goleiro. Não foi uma grande defesa como disseram. Mesmo se o goleiro quisesse, não conseguiria sair da bola. O erro foi do atacante brasileiro, que deveria ter jogado a bola no canto.

TRÊS ARMADORES – As variações na maneira de jogar do meio para a frente do Real Madrid servem de informação e de aprendizado para Dorival Júnior. Porém Ancelotti nunca abre mão de ter uma linha de três meio-campistas, que atuam de uma intermediária à outra, que marcam, constroem e avançam.

Com a chegada de Mbappé, o time passou a ter um trio na frente (Rodrygo, Vini e Mbappé) e outro trio no meio-campo, com Bellingham avançando e formando um quarteto no ataque. Não funcionou bem porque o meio-campo ficou menos preenchido. Contra o Lille, o técnico formou as clássicas duas linhas de quatro, com Endrick e Vini no ataque. Piorou ainda mais.

Não sei quais são a melhor formação tática e a escalação para a seleção brasileira, mas penso que Dorival deveria sair da mesmice. O esquema habitual com dois volantes em linha, um meia ofensivo pelo centro, dois pontas e um centroavante fixo torna o time muito previsível e fácil de ser marcado.

FILIPE LUÍS – É preciso sair da mesmice. Foi o que fez Filipe Luís em sua estreia no Flamengo, na vitória sobre o Corinthians por 1 a 0, ao utilizar a marcação intensa por pressão, com os zagueiros mais adiantados, formando um bloco. O jovem, ousado e promissor técnico aprendeu com Jorge Jesus em 2019 e com Simeone, quando era jogador do Atlético de Madrid. O Manchester City e outras grandes equipes europeias adotam essa postura.

Contra o Corinthians, Bruno Henrique e Gabigol não encontraram o lugar onde brilharam sob o comando de Jorge Jesus. Bruno Henrique não era ponta nem Gabigol era centroavante. Os dois faziam diagonais curtas da meia esquerda e da meia direita para o centro, onde definiam as jogadas.

Atlético-MG, Vasco e Corinthians, que atuaram pela Copa do Brasil, além de quase todos os outros times brasileiros, preferem, na maior parte do jogo, correr para trás em vez de pressionar. Além disso, os zagueiros atuam colados à grande área, deixando grandes espaços no meio-campo para o adversário ter a bola e chegar perto da área.

GANSO E ARIAS – Os jogadores especiais costumam sair da mesmice, como fizeram Ganso e Arias no gol da vitória do Fluminense sobre o Cruzeiro por 1 a 0. O passe de Ganso e a finalização de Arias foram belíssimos, precisos e sincronizados.

O Cruzeiro jogou bem e criou várias e claras chances de gol, perdeu, por causa da jogada magnífica de Ganso e Arias.

Fernando Diniz é um técnico que sai da mesmice, mas várias vezes erra por não saber o momento certo de ser diferente. É preciso sair da mesmice, sem perder a praticidade, a organização e a disciplina tática.

Moraes se curva diante da lei e aceita que Silveira passe para o semiaberto

Daniel Silveira é preso menos de 24 horas após encerrar mandato - Money  Report

Silveira ficou preso ilegalmente durante vários meses

André Richter
Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta segunda-feira (7) o ex-deputado federal Daniel Silveira a progredir para o regime semiaberto de prisão. Nesse regime, o preso pode deixar o presídio para trabalhar durante o dia e deve retornar à noite.

Silveira foi condenado pelo STF a oito anos e nove meses de prisão pelos crimes de tentativa de impedir o livre exercício dos poderes e coação no curso do processo ao proferir ofensas e ameaças contra os ministros da Corte.

EXECUÇÃO DA PENA – Em maio do ano passado, Moraes determinou a execução imediata da pena de Daniel Silveira. A medida foi tomada após o Supremo anular o decreto de graça constitucional concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro ao então deputado federal para impedir o início do cumprimento da pena.

Na decisão proferida hoje, Moraes entendeu que Silveira preenche os requisitos legais para progressão de regime prisional. O ministro também ressaltou que a medida contou com parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR).

“Diante do exposto, defiro a progressão para o regime semiaberto ao sentenciado Daniel Lúcio da Silveira e determino à Secretaria Estadual de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro, a adoção das providencias cabíveis para a realização de sua transferência para colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar”, decidiu. O pedido de progressão foi feito pela defesa de Silveira. Para os advogados, o ex-parlamentar estava preso ilegalmente além do prazo legal para progressão.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Parabéns à Procuradoria-Geral da República, que não aceitou que Moraes continuasse mantendo Daniel Silveira ilegalmente na prisão. Ele deveria ter progredido para o regime semiaberto já vários meses. Em julho, os advogados fizeram o primeiro pedido a Moraes, que desde então vem inventando uma série de exigências que nada têm a ver com o benefício previsto em lei. A Procuradoria estão passou a insistir, alertando Moraes para a ilegalidade que estava cometendo ao manter na prisão um detento com ótimo comportamento e que já tem convites para trabalhar. Demorou até Moraes se curvar diante da lei. (C.N.)

Um ano já, mas Israel não deixa entrar em Gaza um só jornalista independente

Gaza é um perigo no caminho de Biden para a reeleição (+Foto) - Prensa  Latina

O massacre é documentado pelos próprios palestinos

Dorrit Harazim
O Globo

Se o destino sussurrar no seu ouvido que você não pode deter a tempestade, sussurre de volta “eu sou a tempestade”. Muitos tentam, porém desistem, varridos pela implacável ventania da vida. (Jean Cocteau já dizia que “viver é uma queda horizontal”.) Alguns de nós até conseguem ficar de pé. Mas só um punhado bastante especial desafia o destino com a naturalidade de Bisan Owda.

Ela é irresistível, e seu documentário de oito minutos “It’s Bisan from Gaza, and I’m still alive” também. Tanto assim que seu curta noticioso conquistou um dos prêmios do 76º Emmy de duas semanas atrás, além de reconhecimento unânime na premiação dos Peabody Awards e Edward R. Murrow Awards deste ano.

A jornalista palestina de 25 anos mora em Gaza, tem três filhos e, desde o início dos bombardeios israelenses ao enclave, em outubro passado, empunhou o celular e passou a fazer postagens do que vê, sente, pensa e vive — tudo em inglês, sem saber se suas mensagens jogadas na imensidão da blogosfera aportariam em alguma praia.

AINDA ESTOU VIVA – Todas começavam com sua imagem sorridente, dizendo: — “Sou Bisan, de Gaza, e ainda estou viva”. O episódio premiado foi produzido pela Al Jazeera Plus, está acessível pelo link e retrata o início do estrangulamento de Gaza que se seguiu à matança do 7 de Outubro contra Israel. Passado um ano, Bisan continua a falar para o mundo — tem 4,8 milhões de seguidores no Instagram, e seus despachos mantêm o frescor e o horror dos primeiros dias. “É uma vitória para a Humanidade” — celebra a Al Jazeera Plus não sem razão.

No mesmo espaço de tempo, mais de 130 colegas jornalistas de Bisan foram mortos pelo avanço israelense em Gaza. Todos palestinos. Foi com indignação que a Creative Community for Peace — uma ONG pró-Israel de Los Angeles com forte influência sobre Hollywood — recebeu a atribuição do Emmy para Bisan Owda.

“Em vez de premiar um dos respeitáveis trabalhos apresentados sobre a guerra em Gaza, [os jurados] optaram por aplaudir uma ativista política filiada à Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP)” — acusou a entidade.

UM TRISTE DIA – A nota também criticava “esse dia triste do jornalismo, de presságio sombrio para o futuro da indústria”. A resposta do braço documental do Emmy, que há quase 50 anos premia excelência no jornalismo televisivo, fincou pé. “Damos visibilidade a vozes que alguns espectadores podem considerar condenáveis, ou mesmo odiosas” — esclareceu o presidente da News & Documentary Emmy Awards.

Um ano já. E Israel ainda não permitiu a entrada em Gaza de um só jornalista ou fotógrafo profissional independente. Blecaute total, exceto para raras visitas de algumas horas em área designada e sob vigilância de escolta militar. Nem uma única equipe de televisão, rádio ou mídia eletrônica ocidental até hoje terá testemunhado o primeiro ano de desterro e aniquilamento de vida no enclave de 365 quilômetros quadrados.

Situação particularmente inédita para esta era da comunicação instantânea e global. É um manto de sigilo e segredo insustentável no longo prazo. Quando Gaza, algum dia, vier a ser liberada para o grande jornalismo independente, tudo já terá sido dito por palestinos de celular na mão como Bisan Owda.

UM MASSACRE – Segundo dados divulgados pela agência Anadolu, da Turquia, “902 famílias palestinas de Gaza tiveram seus registros civis obliterados por morte de todos os seus membros”. Tem mais: 1.364 famílias foram dizimadas restando um único membro. De 3.472 outras famílias sobraram apenas dois indivíduos. Foi para dar conta do orfanato a céu aberto em Gaza que organizações humanitárias criaram o acrônimo inglês WCNSF, para “criança ferida, sem familiares vivos”.

Em contrapartida, no Líbano agora também regado a bombas e atropelado por tanques israelenses em caça ao Hezbollah, a destruição é transmitida ao vivo e em cores, em todas as línguas, por jornalistas do mundo inteiro. Daí a correria maior em busca de um cessar-fogo imediato — se possível, antes de o Irã ser tragado na centrífuga de guerras que Israel pretende vencer simultaneamente.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu parece não ter pressa: faltam poucos dias para a eleição presidencial americana. Aumentar o círculo de fogo no Oriente Médio prejudica bastante a difícil campanha de Kamala Harris à Casa Branca. E um cessar-fogo de bandeja para um Donald Trump eventualmente vitorioso teria sabor de desforra adicional. Como deter essa tempestade?

Na era da impaciência e da vingança, recomenda-se a volta do misticismo

Para aliados, Alexandre de Moraes não apressará decisão sobre o X | Blogs | CNN Brasil

Moraes precisa se livrar desse sentimento de vingança

Vinicius Mota
Folha

Drogas sintéticas, apostas online, pornografia, guloseimas ultraprocessadas, influenciadores hedonistas, memes, mensagens, fofocas. A oferta de elementos que perturbam a atenção e dificultam o autocontrole nunca foi tão copiosa. Na arena política, para lidar com os efeitos colaterais dessa hiperdisponibilidade, debate-se regular as bets, proibir celulares em escolas, disciplinar o acesso a certos medicamentos e alimentos, bem como a sua propaganda. Nações avançadas discutem até onde deveria ir a liberalização das drogas.

No terreno da conduta pessoal, a pandemia de distratores estimula, como resposta, ideias e práticas que remontam ao misticismo claustral. Afinal, o sacolejo do smartphone abala o equilíbrio de muita gente, mas não o de um monge.

PAPA GREGÓRIO – As circunstâncias eram outras quando, de 590 a 604, pontificou Gregório, o primeiro papa oriundo do monasticismo. Os desafios à igreja e à população romanas estavam mais para a privação e o risco de aniquilação do que para a abundância.

Talvez por isso a paciência, tema de uma das suas homilias, traduz-se como a arte de tolerar desaforos e os mais ásperos reveses da vida e, ainda por cima, amar os autores das pancadas. Quem remói desejos de desforra, mesmo que não a pratique, destrói a verdadeira paciência, a que reside no coração e conduz ao aprendizado, segundo esse doutor da igreja.

“Pela vossa paciência ganhareis posse das vossas vidas”, diz Jesus aos apóstolos logo após adverti-los das desgraças por vir. Esse trecho do evangelho de Lucas, abordado na pregação de Gregório, dá uma pista para entender a revalorização do ascetismo nos dias de hoje, seja em vertentes religiosas, seja em apropriações agnósticas.

NÃO SE VINGAR – A paciência gregoriana não se confunde com um estado de espera. É um mergulho consciente e concentrado em atividades mentais e físicas de formação e preparo interior. A recomendação de não se vingar dos algozes e de perdoá-los ensina que existe uma resposta mais apropriada para as ofensas.

Os cristãos, como Gregório, almejam a salvação da alma após a morte. Mas a ideia por trás de uma resposta apropriada a um agravo pode muito bem ser a da Justiça, que repele a lei de Talião em nome de formas civilizadas de aferir as culpas e distribuir as penas. No plano individual, a ascese promete interpor um mediador sagaz entre nossos impulsos primitivos e a nossa reação final.

Tomar as rédeas da própria vida em meio à chuva de meteoros que nos distrai ou nos machuca requer um disciplinamento para, muitas vezes, recusar o caminho mais prazeroso e suportar dissabores em nome de uma recompensa futura e incerta —que pode ser a graça divina, para o crente, ou uma aposentadoria confortável e saudável, para o materialista previdente.

VIDA E MORTE – O domínio das emoções pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Experimentos da pesquisadora e oficial da reserva da PM paulista Tânia Pinc sugerem que técnicas de modulação da frequência cardíaca através do controle da respiração — o que lembra exercícios de monges — melhoram o desempenho de policiais em abordagens de suspeitos armados.

No best-seller “A Geração Ansiosa”, que impulsiona a discussão sobre restringir o acesso de crianças e adolescentes às redes sociais, o psicólogo norte-americano Jonathan Haidt, ateu, dedica um capítulo a elogiar práticas herdadas de tradições religiosas, como a meditação silenciosa, a sacralização do tempo e do espaço, os movimentos sincrônicos e coletivos dos cultos e o incentivo ao perdão. Haidt as considera antídotos contra aspectos deletérios das novas tecnologias.

A conectar todos esses pontos, aparece a ideia de que o indivíduo alcança mais felicidade, conforto e instrução se relativizar a sua importância no mundo, harmonizar-se com a ordem cósmica, aceitar o inevitável, ignorar as ilusões do pensamento e concentrar a atenção no que é importante e pode ser modificado pela sua ação diligente e tempestiva.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É um artigo ideal para ser lido por Alexandre de Moraes. Ao descobrir as virtudes da paciência, talvez ele perceba que está dominado pela sede de vingança e não adianta nada ficar se descabelando por causa de pessoas sem a menor importância, como Elon Musk e Daniel Silveira, por exemplo. (C.N.)

Malafaia recebe agradecimentos de Tarcísio e de Nunes após a derrota de Pablo Marçal

Malafaia faz graves acusações a Marçal: "Sinais de psicopatia" | Brasil |  Pleno.News

Malafaia faz acusações a Marçal: “Sinais de psicopatia”

Bela Megale
O Globo

O pastor Silas Malafaia detalhou sua atuação na eleição de São Paulo em um discurso para seus fiéis, no domingo, após a derrota de Pablo Marçal. O pastor classificou o candidato do PRTB como “maior farsa que já apareceu” e falou dos agradecimentos que recebeu por confrontá-lo.

— Recebi telefonema do governador (Tarcísio de Freitas) e do prefeito de São Paulo (Ricardo Nunes) dizendo: “Pastor, se não é o senhor, isso já tinha acabado há muito tempo — afirmou Malafaia, referindo-se a uma possível vitória de Marçal.

MUDANÇA DE RUMO – O pastor afirmou que há cerca de 12 anos não entrava diretamente na disputa pela prefeitura de São Paulo, mas diz que decidiu mudar de postura após o 7 de setembro. Na ocasião, Marçal chegou atrasado na manifestação convocada na Avenida Paulista e quis falar no carro de som, mas foi vetado por Malafaia, o que desencadeou uma briga entre ambos.

— Nunca fiz isso. 30 vídeos. Fui esculhambado por pastor, por crente, pela direita. O cara tem uma milícia digital — disse Malafaia. — Fiz tantos vídeos porque a rede dele era tão grande que, se eu me calasse um dia, me desmoralizavam.

O pastor disse que Marçal “comanda o maior exército de ‘desigrejados’ da nossa história”, citando que, na estrutura religiosa que atribui ao ex-coach, não há pastores ou pagamento de dízimo. A defesa do fim do dízimo por Marçal é um dos principais motivos de embate entre ele e lideranças evangélicas e o influencer.

BOLSONARO ALIVIADO – O es-presidente Jair Bolsonaro evitou entrar em confronto com Pablo Marçal, mas não escondeu de aliados o alívio que sentiu ao saber que o candidato do PRTB não foi para o segundo turno em São Paulo.

A portas fechadas, o ex-presidente celebrou a derrota do ex-coach, quando soube que ele estava fora da disputa. No momento, Bolsonaro estava em sua casa no Rio de Janeiro, acompanhando a apuração das eleições com diversos aliados, como o candidato derrotado no Rio Alexandre Ramagem e seu filho, Carlos Bolsonaro, vereador reeleito.

No domingo de manhã, o capitão reformado tinha sinalizado que, em um eventual segundo turno entre Guilherme Boulos (PSOL) e Marçal, apoiaria o candidato do PRTB. Nos bastidores, Bolsonaro não poupou críticas e xingamentos a Marçal nos últimos meses. O medo de ser retaliado nas redes pela sua base, entretanto, fez com que o ex-presidente adotasse sempre um tom comedido para se referir ao influencer.

Na coletiva de imprensa que concedeu após a eleição municipal, Bolsonaro comparou Marçal a um hacker “que, em vez de usar a inteligência para trabalhar em um banco, fica fazendo besteira”. Também afirmou que o laudo falso contra Boulos “vai marcar a vida” do ex-coach e disse que Marçal perdeu a chance de se consolidar.

Mulheres batem recorde, mas elegem no primeiro turno só 15% do total

Resultado eleições Campo Grande: Adriana Lopes e Rose Modesto vão ao 2º  turno - JOTA

Adriane Lopes ou Rose Modesto, em Campo Grande (MS)

Bruno Alfano
O Globo

O número de mulheres eleitas para Prefeituras cresceu levemente em 2024, mas bateu recorde. Dos 5.454 vencedores neste domingo, apenas 15,4% são do sexo feminino. Em 2020, foram 12%. Nas capitais, sete foram para o segundo turno, uma a mais do que há quatro anos.

Assim como aconteceu em 2020, nenhuma capital elegeu uma mulher no primeiro turno. No entanto, já há uma prefeitura garantira que será comandada por uma prefeita: em Campo Grande (MS), Adriane Lopes (PP) disputará a reeleição contra Rose Modesto (União). Atualmente, só a capital sul-mato-grossense e Palmas são governadas por mulheres.

EM RORAIMA – O estado de Roraima foi o que, proporcionalmente, teve mais mulheres eleitas: 26% dos municípios do estado terão prefeitas. Ele é seguido por Rio Grande do Norte (25%), que também é governador por uma mulher, e Paraíba, com 24%. Já o Espírito Santo tem apenas duas eleitas em 76 municípios, o que representa apenas 2% do estado, a menor proporção do país.

No Rio, 13 mulheres venceram as eleições. Isso corresponde 15% do estado. E, em São Paulo, foram 67 vitosiosas, o que significa apenas 10,9% dos municípios.

As candidatas nas capitais que passaram para o segundo turno em 2024: Emilia Corrêa (PL) – Aracaju; Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União) – Campo Grande; Cristina Graeml (PMB) – Curitiba; Natália Bonavides (PT) – Natal; Janad Valcari (PL) – Palmas; e Maria do Rosário (PT) – Porto Alegre.

FORAM RECORDE – As eleições municipais de 2024 concentram o maior número proporcional de candidaturas femininas, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bateram o recorde do ano passado.

As mulheres representam 34,7% de candidaturas registradas no TSE. Ao todo, foram 156.519 candidatas.

O levantamento feito pelo GLOBO considera a série histórica desde 2000, quando os dados por gênero começaram a ser compilados pela Justiça Eleitoral.