Viver não dói, o que dói é a vida que não se consegue viver

Emilio Moura e Drummond, grandes amigos

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, professor e poeta mineiro Emílio Guimarães Moura (1902-1971) no poema “Canção” afirma que viver não dói, exceto aquilo que não foi vivido.

CANÇÃO
Emílio Moura

Viver não dói. O que dói
é a vida que se não vive.
Tanto mais bela sonhada,
quanto mais triste perdida.

Viver não dói. O que dói
é o tempo, essa força onírica
em que se criam os mitos
que o próprio tempo devora.

Viver não dói. O que dói
é essa estranha lucidez,
misto de fome e de sede
com que tudo devoramos.

Viver não dói. O que dói,
ferindo fundo, ferindo,
é a distância infinita
entre a vida que se pensa
e o pensamento vivido.

Que tudo o mais é perdido

Bolsonaro nem precisa da ajuda de Trump para se tornar elegível

Pintou um clima': Juiz nega pedido de indenização contra Bolsonaro

Jair Bolsonaro muita chance de recuperar a elegibilidade

Carlos Newton

Sonhar ainda não é proibido nem paga imposto. Justamente por isso, pode-se cultivar qualquer tipo de sonho, como se vê agora na euforia da família Bolsonaro com o péssimo desempenho do PT na eleição brasileira e com o passeio que Donald Trump deu na eleição americana.

Os resultados das urnas na matriz USA e na filial Brazil, segundo as análises combinatórias que se procedem em toda a imprensa, incluindo também as redes sociais, têm dado margem às mais variadas especulações e alucinações políticas. Portanto, necessitam de tradução simultânea.

NADA DE NOVO – Fica parecendo que tudo mudou, já estaríamos em outra situação, mas na verdade não há nada de novo na frente ocidental que possa despertar tanto entusiasmo.

Vejamos a situação de Jair Bolsonaro, por exemplo. O mais importante para ele continua imutável – está inelegível até 2030 e isso só pode sofrer mudança quando o Supremo julgar seu recurso, cujo relator é Luiz Fux, um ministro que costuma votar contra a maioria silenciosa e submissa.

Se o recurso ao STF for rejeitado, só restará a Bolsonaro a Lei da Anistia, que está tramitando para beneficiar os 1,2 mil pés de chinelo que invadiram a Praça dos Três Poderes e foram condenados como “terroristas”.

MUITAS CHANCES – O recurso ao Supremo tem pouca chance de prosperar, mas a nova Lei da Anistia tem caminho aberto para Bolsonaro, porque basta incluir um item, dizendo o seguinte:

“Estão incluídos na Anistia os crimes cometidos na divulgação de supostas fraudes no sistema eletrônico”.

Assim, Bolsonaro poderá concorrer em 2026, para a felicidade de Lula da Silva, que sabe não ter chances contra nenhum candidato que possa atrair votos do centro e da direita, tipo Tarcísio de Freitas, vamos deixar de hipocrisia. Para Lula, é enfrentar Bolsonaro ou aposentadoria aos 81 anos. Se dona Janja da Silva deixar, é claro.

Desde Platão, o problema é o nível dos candidatos nas eleições democráticas

amo Direito - ⚖️😔🙏 Frase super atual de Platão. Vale compartilhar. 👍  Curta: fb.com/amoDireito | FacebookHélio Schwartsman
Folha

Donald Trump é o vencedor inconteste de eleições livres e limpas. Daí não se segue que os americanos tenham feito uma escolha sábia. Acho até que daria para construir um argumento de que ela é objetivamente errada, a exemplo do brexit, equívoco cujo tamanho pode ser calculado numericamente. Mas não precisamos ir tão longe.

O que me interessa investigar é se más escolhas eleitorais funcionam como argumento contra a democracia. Platão achava que sim. Para ele, a democracia padece de tantas falhas estruturais que acaba levando ao poder demagogos, ditadores potenciais e outras lideranças às quais faltam competência e qualidades morais.

O QUE FAZER? – Até esse ponto, é fácil concordar com o grego. Sua conclusão é quase uma descrição de Trump. O problema é que o filósofo propõe como regime ideal um sistema em que o poder seja exercido por uma elite de sábios especialmente treinados para comandar.

Isso talvez fizesse sentido no papel no século 4º a.C. Hoje, porém, abundam evidências empíricas de que conceder poder irrestrito a grupos restritos é um caminho até mais rápido para a tirania.

Curiosamente, as democracias contemporâneas incorporam algo das ideias de Platão. Certos cargos públicos são preenchidos por concursos nos quais se avalia o conhecimento do candidato. Temos também as agências, nas quais quadros de especialistas regulam setores que não resistiriam a muitas trapalhadas técnicas.

APESAR DELAS – As democracias de hoje funcionam, se não maravilhosamente bem, melhor do que sistemas concorrentes. E isso não por causa das escolhas do eleitorado, mas apesar delas.

A virtude do regime não está na seleção de lideranças capacitadas, como imaginava Platão, mas no fato de ele institucionalizar a disputa pelo poder, canalizando-a para formas não violentas. O segredo não é garantir que entrem governantes bons, mas assegurar que os que vão embora o façam de forma pacífica.

É exatamente o que Trump não fez em 2021. Se houvesse algo parecido com uma justiça platônica, isso teria bastado para afastá-lo do jogo democrático. Como não há, ele está de volta.

Lula faz um desafio inócuo e erra ao transformar mercado em vilão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em evento no Palácio do Planalto

Lula resolveu “inventar” suas próprias leis econômicas

Merval Pereira
O Globo

O presidente Lula desafiar “o mercado” para uma luta em campo aberto justamente quando se discute o corte de gastos para equilibrar as finanças do país não é apenas demonstrar desconhecimento do que seja esse tal de mercado, mas informar que não está disposto a ceder às exigências de cortes porque entende que ele tem “gana especulativa” e age com “uma certa hipocrisia”.

O presidente pode até ter razão ao criticar a ganância de alguns investidores, mas erra ao transformar o mercado em vilão, quando deveria entender que ele é, essencialmente, um instrumento democrático ao difundir informações e exprimir uma tendência da opinião pública.

ANÁLISE DE RISCOS – O economista austríaco liberal Friedrich Hayek defendia o mercado como transmissor de informação e estimulador da criatividade, levando à análise dos riscos econômicos e sociais do aumento do papel do Estado.

A crítica de Lula “ao mercado” é fruto de uma visão ideológica do capitalismo, mas se trata também de retrocesso num mundo em que os avanços tecnológicos só levarão a um mundo financeiro mais globalizado em velocidade cada vez maior.

Um vacilo como esse neste momento já está precificado pelo tal mercado, e não adianta se irritar com isso. Evidentemente, há pessoas e empresas que usam o mercado para ganhar dinheiro sem ética, mas essa não é a prática predominante nos mercados financeiros internacionais.

CONTROLE MAIOR – Cada vez que uma crise financeira surge, as regulações dos mercados sofrem alterações para que o controle de fraudes, como aconteceu em 2008, seja maior.

Quando Lula se debate internamente com seus pares e não consegue anunciar um pacote de corte de gastos necessário para o crescimento econômico, o “mercado” entende o que acontece e joga contra o governo.

O presidente parece extremamente irritado com a falta de apoio dos outros Poderes, Legislativo e Judiciário, e tem toda a razão. Como o Executivo só pode fazer cortes em seus domínios, ele cobra que o Judiciário corte os privilégios de seus integrantes.

OFENSA AO PAÍS – Lula não citou, mas o fato de magistrados terem o direito a mais 120 dias de férias, além dos 60 tradicionais, com a decisão do CNJ de igualar as regalias dos magistrados às do Ministério Público, é uma ofensa àqueles cujos benefícios serão cortados na Previdência e na Saúde.

Também os parlamentares são chamados por Lula a dar seu quinhão, abrindo mão pelo menos de parte dos bilhões das emendas a que têm direito.

A economia de mercado, na definição do economista Gustavo Franco, um dos “pais” do Plano Real, feita numa palestra ao lado de outro “pai” do Real, André Lara Resende anos atrás, “é subversiva numa sociedade do privilégio, pois propugna a competição, a impessoalidade e a meritocracia; e dispensa, tanto quanto possível, a interveniência de um Estado cheio de vícios”.

ALMA DO CAÍTALISMO – Meritocracia e competição “são as mães da destruição criadora, a alma do capitalismo”, definição do economista Joseph Schumpeter.

Um dos pontos básicos continua sendo o equilíbrio fiscal, justamente o que se busca com o plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “Quando a sociedade condena o Estado ao desequilíbrio, as políticas públicas serão predatórias: tributarão os pobres pela inflação ou penhorarão o futuro com dívidas impagáveis”, diz Gustavo Franco, para lembrar que “não existe gasto público sem imposto, ontem, hoje ou amanhã”.

Para ele, as burocracias dificilmente trabalham melhor que os mercados, “que também não são perfeitos, mas certamente são mais baratos para o contribuinte. Leveza e eficiência é o que se exige do prestador de serviço, público ou privado, pouco importa”.

O Trump inventado por analistas de esquerda simplesmente não existe

Trump é banido em definitivo do Twitter por incitar a violência - Hora do  Povo

Donald Trump mais parece um idoso jogando paciência…

‘J.R. Guzzo
Estadão

Encerrada a eleição presidencial nos Estados Unidos, com a vitória de Donald Trump, uma das perguntas fundamentais a ser feita é: como foi possível os americanos escolherem, em eleições livres, um candidato maciçamente descrito como fascista, ou nazista, um psicopata terminal que vai impor uma ditadura e declarar a Terceira Guerra Mundial?

Resposta: nada disso, nunca, fez o menor nexo. O Trump que a esquerda, as classes civilizadas e os cientistas políticos inventaram simplesmente não existe.

AMPLA MAIORIA – O que existe é uma óbvia maioria que não quer o que essa gente quer, não tem mais paciência com as suas posturas irracionais e não acredita em nada do que dizem. O problema, no mundo das realidades, não é Trump. São eles.

Estão vivendo, e não só nos Estados Unidos, dentro de um sistema de pensamento e de ação que trocou o raciocínio lógico pelo fanatismo das crenças. É uma espécie de Islã mental. Você tem de acreditar em vez de pensar – ou acredita, ou é um inimigo da “democracia”.

No caso de Trump era rigorosamente obrigatório acreditar, desde logo, no paradoxo pelo qual um ditador-monstro iria criar a sua ditadura disputando eleições democráticas. Ninguém, em lugar nenhum, quer viver numa tirania.

SUPERDITADOR – Se Trump fosse mesmo um tirano enlouquecido, por que raios o eleitor iria votar nele? Era indispensável pensar, também, que Trump não teria dificuldade nenhuma em fechar o Congresso, eliminar o mais poderoso sistema judicial que o mundo já viu e transformar as Forças Armadas numa milícia pessoal como é na Venezuela.

Foi daí para baixo. Trump vai fazer “deportações em massa”. Vai mandar o Exército americano “matar oponentes”. Vai fazer guerra aos “latinos”, aos negros e às “minorias”, tudo ao mesmo tempo. Não passou um dia, nos últimos meses, sem você ouvir essas coisas.

DEU ERRADO – O resultado foi uma derrota histórica desta lavagem cerebral – uma das mais incompetentes, bisonhas e estúpidas jamais tentadas na vida política de uma nação. Tentou-se vencer os fatos com a mentira em massa. Deu errado.

A derrota não foi de uma candidata patentemente inepta e, muitas vezes, absurda em sua campanha. Foi, mais do que isso, o colapso de uma miragem em modo extremo de arrogância: o eleitor vai nos obedecer cegamente e votar em qualquer poste que a gente escolher.

Sabe-se bem quem é “a gente”. É a esquerda que trocou o povo pelo controle da máquina estatal. São os intelectuais, a maioria da mídia e os bilionários modernos. É o mundo das “ideias”, contra o mundo da produção. TSua convicção suprema, e oculta, é que a maior ameaça do mundo atual é a vontade da maioria. O perigo não é Trump. São as eleições limpas.

E aí? Seria acertado proibir Bolsonaro de se expressar pelos jornais?

BOLSONARO PELO BRASILFabiano Lana
Estadão

O ex-presidente Jair Bolsonaro publicou um artigo na Folha de S.Paulo com o zombeteiro título “Aceitem a democracia”. Ele queria dizer que pela escolha dos eleitores os ventos da direita passaram pela Argentina de Milei, pelos EUA de Trump, e podem chegar novamente ao Brasil. Até aí são fatos e possibilidades.

Também afirmou que o resultado das últimas eleições municipais no Brasil são um avanço da direita e não do “centro”, o que é uma afirmação no mínimo objeto de controvérsia – até porque quando o centro disputou diretamente com a direita venceu nas capitais: tome-se os casos do Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém, Curitiba e Manaus. Assim como triunfou quando disputou diretamente com a esquerda, casos de São Paulo e de Porto Alegre.

IGUAL A LULA – É difícil dizer que Bolsonaro realmente seja um democrata. Nunca negou que defendeu o golpe militar de 1964 (assim como o presidente Lula, ainda como metalúrgico). Mas ao contrário do atual mandatário, jamais mudou de ideia e, muito menos, esteve presente nos movimentos pela volta da democracia brasileira.

Já falou em fuzilar um presidente da República, no caso, Fernando Henrique Cardoso, e a violência faz parte de seu vocabulário contumaz. Agora, pesa contra Bolsonaro a suspeita de ter tentado planejar um golpe de estado em 2022, o que pode até levá-lo à cadeia.

Porém, Bolsonaro, talvez intencionalmente, colocou alguns de seus críticos numa armadilha moral. A partir do momento em que se deseja que o ex-presidente – mesmo suspeito de ter conspirado contra a República – não tenha voz nos meios institucionais, na prática há a defesa de mecanismos antidemocráticos para calar um adversário político.

ELE TEM RAZÃO – Nesse sentido, paradoxalmente, Bolsonaro passa a ter razão no argumento. Como se ele nos dissesse: “vocês falam de mim como golpista, mas quem pede proibições, a base dos regimes autoritários, são vocês”. Ele coloca todos nós no pântano de exigir a tutela da tirania.

Outros fatos estão aí. Cerca da metade dos brasileiros votaram em Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. A margem foi tão curta que quando se faz uma divisão entre os estratos de renda da população é possível constatar que o ex-capitão venceu a partir da faixa dois salários mínimos.

A nossa classe média, mesmo a baixa, os nossos ricos, em geral, preferiram ter Bolsonaro como líder. E pode ser que estejam à procura de um substituto. Vão tentar calá-lo também?

PROIBIR BOLSONARO – O que fazer com essa informação da força da chamada extrema direita no Brasil e no mundo? Esconder Bolsonaro? Proibi-lo de se expressar nos jornais? Além do problema ético de tal atitude, não adianta do ponto de vista pragmático.

Os líderes da direita brasileira e ao redor do mundo, fortíssimos nas redes sociais, dispensam a interlocução tradicional. Bolsonaro não precisa da Folha, da Rede Globo, ou mesmo do Estadão para falar com seus interlocutores.

O mesmo podemos dizer de outros expoentes dessa nova direita, como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), entre tantos outros (e regular as redes não vai mudar muita coisa dessas circunstâncias, talvez nada, ao contrário do desejo da presidente do PT, Gleisi Hoffmann).

TRAZER AO DEBATE – A estratégia de “vamos colocar a cabeça por debaixo da terra” e fingir que nada disso ocorre não vai funcionar. O melhor a fazer, para o bem da democracia, é trazer esses direitistas inconvenientes para o debate público. Muitas vezes a força desse pessoal é negar e questionar abertamente a imprensa, não ir para o campo dos argumentos e contra-argumentos.

Bolsonaro em um jornal tradicional significa que em certos momentos ele quer operar na “normalidade” – o que não significa normalizá-lo. O ex-presidente misturou fatos e informações erradas no seu artigo e cabe a uma sociedade madura (e não histérica) respondê-lo, mostrar onde está o erro, que as conclusões apresentadas não se seguem das premissas.

E lembrar que democracia não é exatamente a praia dele, claro. No argumento, e não pela proibição, eles, os direitistas radicais, podem perder – por inconsistência.

Problema de Trump: “Pobre de direita” nos EUA fala inglês e come em dólar…

Pobreza cresce nos Estados Unidos e alcança 12,4% dos habitantes – Em Cima  da Notícia

Aumento da pobreza é uma realidade que se vê nas ruas

Bruno Boghossian
Folha

Pela primeira vez em décadas, americanos de baixa renda deram preferência a um republicano nas eleições presidenciais. Pesquisas mostraram que, na camada mais pobre do eleitorado, 50% votaram em Donald Trump, e 47% escolheram Kamala Harris. Há 16 anos, 64% dessa fatia havia votado em Barack Obama.

A mudança começou em 2016. Naquele ano, Hillary Clinton inscreveu na história a caricatura hostil de meio eleitorado de Trump como um “cesto de deploráveis” (“racistas, sexistas, homofóbicos, xenofóbicos”, segundo ela, “irrecuperáveis”). Depois, fez um complemento, raramente lembrado, que explica muito sobre os apuros dos democratas.

DISSE HILLARY – Havia um “outro cesto” de apoiadores de Trump, disse Hillary. “Pessoas que sentem que o governo as decepcionou, que a economia as decepcionou, que ninguém se importa com elas”, descreveu. “E elas estão desesperadas por mudança. Na verdade, nem importa de onde venha.”

Os democratas não quiseram perceber que os apelos de Trump seduziam os dois cestos de maneira parecida. Alienaram os “irrecuperáveis” e acabaram perdendo americanos frustrados que ouviam o magnata dizer que políticos progressistas se esforçavam para proteger minorias, mas não tinham um plano para eles.

O governo Joe Biden buscou suas correções de rota. Pôs em campo um plano de redução da inflação e deu um empurrão no mercado de trabalho. Os resultados foram considerados insuficientes por aqueles que se sentiam penalizados pelo passado recente.

“POBRE DE DIREITA” – A versão americana do “pobre de direita” existe, mesmo que muitos democratas tenham chegado até aqui sem entendê-la. Esse eleitor pode comprar o pacote completo de Trump, incluindo suas promessas divisionistas, ou só a ideia de dar poder a alguém que manifesta um espírito caótico compatível com sua raiva.

A política dos EUA passa por um momento muito mais complexo do que o retrato simplificado de que os democratas se tornaram representantes da elite.

O partido tem uma votação consistente entre americanos miseráveis e de classe média, além do apoio de mais de 80% dos eleitores negros —”deixados para trás” há um punhado de séculos.

Bolsonaristas apostam em ‘vingança’ de Trump contra Moraes e STF

Eduardo Bolsonaro diz que não se vê sendo indicado pelo pai para presidente  em 2026 - SBT News

Bolsonaro cuida de manter Trump informado sobre o Brasil

Guilherme Caetano
Estadão

Com a volta de Donald Trump ao comando dos Estados Unidos a partir de janeiro, aparece na direita bolsonarista a aposta de que ações tomadas pelas autoridades brasileiras sejam vingadas pelo novo presidente. Lideranças como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vêm se mostrando dispostas a atuar como observadores da Casa Branca no Brasil.

Dois episódios têm sido levantados pelos bolsonaristas como alerta para uma eventual revanche do Partido Republicano americano. Tanto Jason Miller, ex-porta-voz de Trump, quanto Filipe Martins, ex-assessor para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro (PL), já foram alvos de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) – e agora ambos os casos têm servido de combustível para os pedidos de reveses contra a Corte.

NO AEROPORTO – Em setembro de 2021, Miller foi abordado pela Polícia Federal no aeroporto de Brasília, no âmbito do inquérito no STF que apurava a atuação das chamadas “milícias digitais”.

O americano é fundador da rede social Gettr, que passou a acolher extremistas após bloqueios e suspensão de contas por parte de plataformas como Facebook e Twitter.

Já em fevereiro de 2024, Martins foi preso na Operação Tempus Veritatis, que apurava suposta tentativa de golpe de Estado gestada no governo Bolsonaro. Um dos argumentos para sua custódia foi o fato de seu nome constar na lista de passageiros do voo presidencial que decolou do Brasil com destino a Orlando (EUA) em 30 de dezembro de 2022. Desde a prisão, a defesa sustentava que, apesar de constar na lista de passageiros do voo, Martins não realizou a viagem e permaneceu no Brasil.

DIZ EDUARDO – O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) recolocou o caso Martins no radar na última semana. Ele publicou um vídeo dizendo que o novo Congresso dos Estados Unidos, tomado pelos republicanos pró-Trump, seria capaz de convocar servidores para solucionar o que ele chama de “falsificação da entrada de Martins” em solo americano.

“Filipe Martins não foi aos Estados Unidos da maneira como a PF do Alexandre de Moraes estava acusando ele. Foi inserida uma entrada falsa do Martins no território americano por burocratas da imigração norte-americana. Agora que passaram as eleições, isso virá à tona através do Congresso dos Estados Unidos, porque um deputado e senador americanos têm poder de requisitar para prestar depoimento diversos burocratas. Requerendo as informações corretas, a gente provavelmente chegará às autoridades brasileiras que provocaram os americanos para fazer essa inserção falsa”, acusou o deputado, sugerindo sem provas um complô entre as administrações dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Joe Biden.

CASO MUSK – A atenção também recai sobre o bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), Tesla e SpaceX, que se tornou o maior desafeto internacional de Moraes após pedidos do STF para que contas suspeitas fossem bloqueadas na rede social.

Bolsonaristas têm feito circular um vídeo em que o vice de Trump, J. D. Vance, diz que haverá retaliação a tentativas de censura na internet, após ser questionado por um entrevistador que cita o caso do Brasil.

“Sobre o tema da censura, nós sabemos o que está acontecendo no Brasil. Eles bloquearam o X, e agora tomaram posse da Starlink, no meu entendimento. A gente vai ver algum revide se você e o presidente Trump assumirem o governo?”, pergunta o apresentador Shawn Ryan, do canal homônimo no Youtube, numa entrevista feita em 11 de setembro deste ano.

CARTA AMEAÇADORA – “Você falou do Brasil. O líder… Eu me esqueci exatamente qual é o cargo dele na União Europeia, mas enviar ao Elon (Musk) essa carta ameaçadora que basicamente diz que ele pode ser preso se você apoiar Donald Trump (…) O que os Estados Unidos deveriam dizer é: Se a Otan (aliança militar do Atlântico Norte) quer que a gente continue apoiando eles, por que eles não respeitam os valores americanos?”, respondeu Vance.

Em seguida, ele se refere ao Brasil de forma pejorativa: “Eu não vou dizer para esses países de fundo de quintal como eles têm que viver, mas países europeus deveriam teoricamente compartilhar dos valores americanos especialmente sobre coisas básicas como liberdade de expressão”.

GRANDE ALIADO – Homem mais rico do mundo, Musk se tornou um dos aliados mais poderosos de Trump após entrar de cabeça em sua campanha, e a partir de janeiro deve ter papel de destaque no segundo governo do republicano.

No início do ano, ele deu início a uma campanha difamatória contra Moraes após o ministro seguir com investigações que requisitavam à rede social de Musk informações pessoais de perfis de bolsonaristas investigados. O episódio ganhou repercussão internacional.

Enquanto isso, Eduardo deu mostras de que pode atuar como observador da Casa Branca no Brasil, contra o governo de seu próprio País.

ENTREGANDO LULA – Ele acompanhou a apuração dos votos da eleição americana em Mar-a-Lago, casa de Trump na Flórida, acompanhado do ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado, e o vereador Gilson Machado Filho, recém-eleito em Recife — os únicos brasileiros da concorrida área VIP do bilionário.

Durante a viagem, o trio mostrou a auxiliares de Trump uma notícia no celular relatando que Lula comparou o líder republicano ao nazismo. O deputado federal tem dito que “tudo o que Lula faz chegará ao presidente eleito dos Estados Unidos”.

“Nós mostramos as declarações de Lula para os assessores mais próximos de Trump. Eduardo vai trabalhar com os republicanos de alguma maneira para trazer a elegibilidade do presidente Bolsonaro”, diz Machado Filho, sugerindo pressão externa sobre autoridades brasileiras.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGO problema já existe e está sendo reativado com a reeleição do senador e dos quatro deputados americanos que já estavam apurando a ilegalidade de determinadas decisões de Alexandre de Moraes, e eles podem mesmo tentar proibi-lo de entrar nos EUA. (C.N.)

Lula joga Haddad na frigideira do petismo e de movimentos sociais

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Lula trabalha contra Fernando Haddad, seu melhor ministro

Josias de Souza
do UOL

Ao retardar o anúncio do pacote de cortes orçamentários de Fernando Haddad, Lula transformou numa dúvida seu compromisso com a agenda do ministro da Fazenda. De resto, a hesitação de Lula contribuiu para converter em certeza negativa o comprometimento do PT e dos movimentos sociais com a pauta da equipe econômica do governo.

Num instante em que Haddad rala para dar à luz o seu ajuste fiscal, Lula sustentou numa entrevista exibida no domingo pela Rede TV! que “não tem problema” se o governo se endividar para “construir um ativo novo”. Que ativo? Não esclareceu. Lula declarou, de resto, que não se deve acreditar num mercado que fala “bobagem todo dia”. Afirmou que vai “vencer” o mercado “outra vez”.

CONTRA OS CORTES – No mesmo dia em que a entrevista de Lula foi ao ar, entidades como MST e CUT, partidos como PSOL e PDT, e o próprio PT divulgaram um manifesto contra os cortes pretendidos por Haddad. No texto, acusam a mídia e o mercado de fazer “pressões inaceitáveis” para “constranger o governo” a cortar verbas destinadas à saúde, educação, trabalhadores, aposentados, idosos e obras de infraestrutura.

Amigo de Lula, o deputado estadual Emídio de Souza, quadro tradicional do PT, estranhou o fato de Gleisi Hoffmann, presidente da legenda, ter endossado o manifesto anticortes sem submeter a decisão às instâncias partidárias.

Emídio acertou no olho da mosca ao afirmar que “o PT não pode fazer de conta que não é governo e nem desconhecer os claros limites do orçamento público” e das normas que “regem a receita e a despesa do governo”.

GLEISI IRONIZA – Editoriais uníssonos do Globo, Folha e Estadão refletem a frustração e até o espanto dos donos da mídia com a não divulgação, até agora, dos chamados ajustes fiscais que eles tanto exigem. Eles esperam impor ao governo e ao país o sacrifício dos aposentados, dos trabalhadores, escreveu Gleisi Hoffmann.

O descompromisso do PT e dos pseudoaliados com a pauta econômica não tem importância diante da precariedade das contas nacionais e do esforço necessário para recolocá-las nos trilhos. O essencial é constatar que um presidente da República que reclama do mercado age mais ou menos como piloto de avião que se queixa da existência do céu.

Ao transformar o debate sobre cortes que Haddad considera vitais para salvar regras fiscais que o próprio governo criou, o presidente como que empurra seu ministro da Fazenda para a frigideira do PT e dos movimentos sociais. Lula faria um bem a si mesmo se prestasse atenção a um ensinamento de Tancredo Neves. Presidente não pode ficar embaralhando o tempo todo, dizia Tancredo. Em algum momento, Lula precisa cortar o baralho e distribuir as cartas.

Divirta-se com Trump! Elegê-lo foi a melhor solução possível

Donald Trump é o político que melhor representa seu país

Janio de Freitas
Poder 360

Votar em Trump não é para qualquer um. Só foram capazes de fazê-lo os mais afins com a formação histórica das características norte-americanas. Digamos, a americanidade. Uma violência compulsiva, que extravasa tanto nos atentados diários, desde as escolas, como na naturalidade dada às guerras sucessivas.

A arrogância da autoconfiança, a determinação, a sedução incontrolável da posse e do dinheiro são algumas das partes fundadoras e vivas da americanidade. Se, em separado, são compartilhadas por outros povos, juntas em tão alto grau parecem próprias da maioria norte-americana.

MODELO MUNDIAL – O país criado em Hollywood, matéria básica da educação imposta ao mundo já por mais de um século, é democrático, com população legalista e humanista. Mas não foi esta que invadiu e depredou o Congresso norte-americano, engrossando a tentativa de golpe trumpista.

Ali, estava uma pequena amostra da mentalidade coletiva e autêntica do eleitorado de Trump. Em nada contrária, muito ao contrário, da americanidade. Kamala Harris teve, sem dúvida, muitos votos de recusa a Trump. Não é crível que Trump recebesse votos de rejeição a Kamala.

O voto da ira, de ressentimento social, foi também afirmação da autenticidade do eleitorado trumpista. Ainda que irracional.

AJUDA FINANCEIRA – Ao assumir, Biden conseguiu logo a aprovação de substancial ajuda financeira popular, para suprir emergências deixadas pela omissão social de Trump.

Tudo indica, porém, que não foram para Kamala os milhões de votos originários, por exemplo, dos quase 20% de famílias com crianças que não têm com o que comprar a quantidade necessária de alimentos.

Nem de outros norte-americanos carentes, citados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

EIXO DA CRISE – A vitória de Trump força visões mais realistas do que são os Estados Unidos no mundo em transformações tão velozes. Kamala Harris traria um otimismo provavelmente enganoso, porque os Estados Unidos são o eixo da crise no chamado Ocidente.

E, prova-o a eleição de Trump, grande vitorioso com tudo o que fez contra o próprio país. Kamala teria dificuldades de mudar a política belicista de Biden, se o desejasse como esperado.

Mesmo no seu partido, cujos congressistas estão comprometidos com a aprovação da ajuda bancada por Biden para ampliação da guerra na Ucrânia e para o massacre palestino por Israel.

UMA ESPERANÇA – Caso cumpra o compromisso de levar ao fim as duas guerras, Trump contará com a maioria na Câmara e no Senado, conquistada agora pelos republicanos. Afinal, para o mundo, uma esperança razoável.

O eleitorado detentor de representatividade mais autêntica deu os votos da vitória de Trump, mas a contribuição do Judiciário não foi menos decisiva.

Sempre louvada pela presteza, a Justiça norte-americana foi incapaz de dar celeridade, ou não quis fazê-lo, aos processos e julgamentos de um então provável candidato à Presidência.  Trump é réu em 19 processos, ao menos os mais importantes ou mais adiantados deveriam ser concluídos, para evitar a impunidade e para não estar na Presidência da maior potência mundial um réu de tantos processos também criminais. Lá estará. Divirta-se com Trump, é a nossa melhor solução.

Em rota de colisão com Senado, o ministro da Energia recorre a Lula

Seremos cuidadosos na concessão de novos subsídios, diz ministro de Energia  à CNN em Davos | CNN Brasil

Matéria “sobre o ministro” é do tipo morde e assopra

Deu na Folha

À frente do cargo desde o começo do governo, o ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) fez movimentos recentes para expandir sua influência na administração pública que não ganharam respaldo de antigos aliados no Senado Federal. Ao mesmo tempo, aproximou-se de Lula (PT) a ponto de confiar ao presidente até mesmo a definição sobre seu futuro político.

Ainda é incerto se Silveira vai disputar eleições em Minas ou seguir um caminho alternativo, como se dedicar a uma eventual campanha à reeleição de Lula.

PSD FORTALECIDO – O PSD de Silveira, ao mesmo tempo em que faz parte do governo Lula, é presidido por Gilberto Kassab, secretário e aliado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicados), também cotado ao Planalto em 2026. O partido saiu fortalecido nas eleições deste ano ao liderar o número de prefeituras conquistadas pelo país (887).

As discordâncias entre Silveira (PSD) e parlamentares já haviam sido observadas na época da demissão, em maio, do então presidente da Petrobras, o petista Jean Paul Prates, mas receberam novos contornos diante da disputa pelas agências reguladoras.

DIVERGÊNCIA – O plano de Silveira de colocar nomes de sua confiança nas autarquias gerou divergência até mesmo com um de seus principais aliados políticos, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

O presidente do Senado se vê em outra posição, a de costurar nomes que sejam de fato aprovados pela Casa —que é quem, legalmente, aprova os indicados após sabatina.

O clima levou ao surgimento de boatos sobre a permanência de Silveira à frente do ministério —o que é encarado com descrença por integrantes do governo, devido à proximidade que ele garantiu com o presidente.

INDICAÇÕES – Pessoas próximas a Silveira minimizam o distanciamento do Senado e afirmam que ele virou alvo por ter tentado devolver o controle das indicações das agências ao governo, após a gestão de Jair Bolsonaro (PL) ter dado mais poder aos parlamentares no processo.

De qualquer forma, Silveira vem aumentando a presença e a influência junto ao presidente da República nos últimos meses, integrando comitivas oficiais, sendo constantemente chamado para reuniões e mantendo canal de diálogo direto com o mandatário.

Aliados do ministro dizem que ele tem gostado tanto de trabalhar para Lula a ponto de ficar satisfeito com a possibilidade de ocupar qualquer cargo escolhido pelo presidente, caso seja necessária uma movimentação no governo –embora afirmem que o tema nunca foi discutido. De acordo com essa visão, até mesmo o papel a ser desempenhado por Silveira em 2026 seria definido pelo presidente.

JEITO COMBATIVO – Interlocutores no governo apontam que Lula gosta do jeito combativo de Silveira —e o ministro estaria explorando essa característica. Inicialmente, por exemplo, fazia questão de fazer chegar ao presidente as notícias sobre seus ataques ao governador de Minas, Romeu Zema (Novo), seu desafeto político.

Na sequência, demonstrou o mesmo ímpeto nas críticas a Prates, de quem o presidente não gostava. E, mais recentemente, ganhou pontos com os petistas e, em particular com Lula, ao entrar no bate-boca público com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), por causa dos problemas de energia na capital paulista.

Também lembrado por sempre levar a carne aos churrascos promovidos por Lula no Alvorada ou na Granja do Torto, dividindo a responsabilidade com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), Silveira teria aderido a um dos polos de força dentro do governo, em uma parceria com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). Mais desenvolvimentista, essa parceria contraria a visão da equipe econômica em determinados momentos. Além disso, os dois estão lado a lado na defesa da prospecção de petróleo na margem equatorial, em uma disputa direta com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Uma matéria esquisita, sem assinatura. Parece um daqueles textos que o Planalto costuma “vazar” de propósito, quando quer prejudicar alguém. Por isso, é importante que toda reportagem seja assinada pelo autor. Essas manipulações são deploráveis. (C.N.)

Lula acorda e quer ampliar políticas para a classe média

Lula quer estreitar laços através de investimentos em educação

Pedro do Coutto

O presidente Lula da Silva, provavelmente de olho na sucessão presidencial, recomendou aos ministros que se empenhem para atender às reivindicações da classe média. Em reuniões internas no Palácio do Planalto, Lula demonstrou preocupação com a predominância de programas sociais voltados ao público de baixa renda, de acordo reportagem de O Globo.

O presidente teria afirmado que muitos dos esforços do governo estão concentrados nos beneficiários do Cadastro Único, composto por 43 milhões de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.   Lula deseja ampliar o alcance das políticas sociais para também contemplar a classe média, com o objetivo de atender um público mais diversificado e heterogêneo em relação aos mandatos anteriores.

CENÁRIOS – Segundo O Globo, o Ministério da Educação tem estudado cenários para expandir o programa “Pé-de-Meia” a todos os estudantes do ensino médio de escolas públicas, o que incluiria cerca de dois milhões de novos beneficiários. A ampliação, no entanto, enfrenta desafios fiscais em um contexto de cortes de gastos. Ainda assim, o programa é bem avaliado no governo e é visto como uma das principais inovações do terceiro mandato de Lula, com o ministro da Educação, Camilo Santana, promovendo o projeto em várias regiões do país.

Essa expansão estaria alinhada ao desejo de Lula de estreitar laços com a classe média por meio de investimentos em educação. O presidente já expressou publicamente sua intenção de construir um “país com padrão de consumo, educação e transporte de classe média”, frase dita em um discurso no início do ano. A estratégia busca aproximar o governo de um público que hoje valoriza estabilidade econômica e melhores oportunidades de crescimento.

PESQUISA – As políticas voltadas para a classe média são fáceis de serem equacionadas, bastando uma pesquisa ou um conjunto de levantamentos que identifiquem as suas vontades e as suas decepções. Basta ver os pontos sensíveis e abordá-los de forma concreta.

O avanço eleitoral da direita resulta, em parte, em virtude da falta de atendimento às reivindicações, inclusive colocadas nas eleições de 2022. É preciso fazer um levantamento dos compromissos e atendê-los. O que não pode é prometer e depois não cumprir, pois o eleitor se sente ultrapassado e iludido.

SALÁRIO MÍNIMO – O problema do salário mínimo, por exemplo, é um fato concreto. Lula prometeu um reajuste acima da inflação. Vem cumprindo, mas setores do governo querem mudar essa situação, o que é um absurdo. Querer mudar a regra não faz sentido, e é preciso tomar por base a inflação e o ganho real.

É uma questão de avanço positivo que fará com que a classe média se sinta atendida, acompanhada pela informação pública. Os preços não param de subir, e os salários precisam acompanhar tal cenário. O governo precisa enfrentar esses problemas com atenção, cumprindo as promessas da campanha eleitoral.

Conheça a mais terrível de todas as armas, segundo Fagundes Varella

Fagundes Varela: biografia, obras, poemas - Mundo Educação

O poeta Fagundes Varela

Paulo Peres
Poemas & Canções

O poeta Luís Nicolau Fagundes Varella (1841-1875), nascido em Rio Claro (RJ),  afirmava que a língua humana é a mais terrível da todas as “armas”.

ARMAS
Fagundes Varela

– Qual a mais forte das armas,
a mais firme, a mais certeira?
A lança, a espada, a clavina,
ou a funda aventureira?
A pistola? O bacamarte?
A espingarda, ou a flecha?
O canhão que em praça forte
faz em dez minutos brecha?
– Qual a mais firme das armas?
– O terçado, a fisga, o chuço,
o dardo, a maça, o virote?
A faca, o florete, o laço,
o punhal, ou o chifarote?
A mais trenda das armas,
pior que a durindana,
atendei, meus bons amigos:
se apelida: – a língua humana.

Quando tenta “desmentir” a Tribuna, o Planalto sempre faz papel ridículo

Emenda cria censura na internet para quem falar mal de político em redes sociais - Flávio Chaves

Charge do Rice (Arquivo Google)

Carlos Newton

De início, um pedido de desculpas, porque nas últimas semanas escrevi raros artigos e poucos comentários. A tal influenza B invadiu minha área e veio muito forte, tipo Trump nesse final de campanha. Tive – e ainda estou tendo dificuldades para editar o Blog e somente agora estou me recuperando e o médico até suspendeu o antibiótico.

Ainda com muitas dores no abdômen, por causa da tosse, faço como o velho marinheiro do Paulinho da Viola e durante o nevoeiro levo o barco devagar…

ERA TRUMP – Minha ausência coincidiu com o início da nova e última Era de Trump, que tanto surpreendeu aos analistas e mais ainda vai surpreender, porque são os últimos anos desse grande ator que nasceu para interpretar o papel de homem mais importante do mundo e conseguiu chegar lá duas vezes.

Não foi, não é e nunca será um grande político, mas atingiu o máximo a que se pode chegar como ator, ao interpretar o próprio papel na Casa Branca, e a maioria do público verdadeiramente o adora.

Aos 78 anos, Trump chega ao final do prazo de validade justamente quando a América se mostra um deserto de homens e ideias, como dizia Oswaldo Aranha, um político de verdade.

DIRCEU E LULA – Um dos artigos que publiquei foi sobre José Dirceu e Lula da Silva, que estão rompidos desde 2015, quando Lula lhe pediu que cuidasse da defesa de Rosemary Noronha. Dirceu atendeu ao pedido, e na fase inicial chegou a recorrer a três grandes escritórios de advocacia, Rose acabou absolvida por passagem de tempo (prescrição).

Mas Dirceu caiu na Lava Jato e Lula desistiu dele. Não atendia mais seus telefonemas, Dirceu foi preso novamente, nunca mais se viram ou falaram. Agora, também aos 78 anos, todo plastificado, o ex-ministro voltou à política e pretende retomar seu espaço no PT.

Ou seja, queira ou não queira, em breve Lula terá de reatar com o ex-primeiro amigo, num festival de cinismo que vocês podem imaginar.

PLANALTO DESMENTE – No dia seguinte, o Planalto tentou desmentir a Tribuna da Internet e “vazou” a informação de que Lula e Dirceu tinham se reunido em segredo, no Alvorada, “antes do 1º turno das eleições de 2024”.

Foi a primeira conversa tête-à-tête de Lula e Dirceu após o presidente tomar posse, em 2023. Os dois já tinham se encontrado em eventos do PT, mas nunca haviam tido um papo reservado”.

Como o desmentido não funcionou, porque no PT todo mundo sabe que não houve esse “papo reservado”, no dia seguinte o Metropóles procurou Dirceu, que não teve coragem ou desfaçatez de confirmar a reunião que não houve. “Somente nosso PR (presidente da República) fala sobre suas agendas”, respondeu secamente, por escrito.

BALANÇO DE OUTUBRO – Agora, vamos aproveitar para publicar o balanço de outubro, com as contribuições feitas ao blog no banco Itaú. Não conseguimos imprimir o extrato da Caixa Econômica Federal, porque o cartão venceu, igual à validade do Joe Biden. E o Bradesco também está de mal conosco.

DIA REGISTRO/OPERAÇÃO          VALOR
01    PIX TRANSF PAULORO……………….100,00

02    PIX TRANSF JOSE FR………………….150,00
02    TED 001.5977.JOSE APJ…………….302,10
15    TED 001.4416.MARIO ACR…………300,00
31    TED 033.3591.ROBERTO SNA…….200,00     

Agradecendo muitíssimo aos amigos e amigas que nos possibilitam manter essa utopia de exercitar um jornalismo independente, vamos em frente, sempre juntos.        

Morte de delator do PCC obriga Lula e Tarcísio a trabalhar juntos

MP diz que empresário morto em aeroporto era arquivo vivo contra PCC

Vinicius Gritzbach, delator do PCC, virou arquivo morto

Josias de Souza
do UOL

Governos existem não pelo que dizem, mas pelo que fazem. Há 12 dias, Lula reuniu os governadores no Planalto para expor uma PEC anticrime organizado. Tarcísio de Freitas disse que a iniciativa é “bem-vinda” como “primeiro passo” para “uma grande construção coletiva”. Algo que permita enviar ao Congresso “não só uma PEC, mas um grande pacote”.

O assassinato do empresário Vinicius Gritzbach, delator do PCC, como que intimou Lula e Tarcísio a transformar discurso em prática. A Polícia Federal e a Polícia Civil de São Paulo entraram na investigação divididas, em inquéritos paralelos. As circunstâncias convidam os chefes das duas corporações a ordenar o trabalho conjunto.

UMA CASQUINHA – Coordenador da PEC anticrime, o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) tirou uma casquinha do governador fluminense Claudio Castro na reunião de dias atrás no Planalto. Disse que “a valorosa e combativa Polícia Federal” desvendou com “sete homens” o caso Marielle Franco, que a polícia do Rio não conseguiu elucidar em cinco anos.

A execução de Vinicius Gritzbach ocorreu no aeroporto de Guarulhos, um pedaço do mapa de São Paulo sob jurisdição federal.

Podendo sugerir a Lula a federalização do caso, o ministro da Justiça preferiu colocar a “valorosa” PF num inquérito paralelo. Havendo colaboração com a polícia paulista, pode-se apressar uma investigação dura de roer. Sem conversa, o caso pode virar um novo flerte com o fiasco.

Mulheres desprezaram Kamala e apoiaram o machista Trump

Ministras de Lula comemoram candidatura de Kamala Harris - Política -  Ansa.it

Mulheres brancas preferiram votar em Trump, o misógino

Wálter Maierovitch
Do UOL

São muitos os temas para comentários depois da surpreendente lavada eleitoral sofrida pelos democratas, um partido dividido internamente entre radicais e centristas, com pouco espaço para os progressistas.

Mais ainda, o Partido Democrata cedeu à vontade de Joe Biden, num acordo em que constou a desistência em concorrer, em troca da indicação de Kamala Harris. Uma espécie de prêmio de consolação ao abrir mão de disputas primárias.

VOTO FEMININO -O ponto que me chama a atenção —e aterroriza quando estão em jogo a sensibilidade humana e a igualdade de todos— diz respeito à escolha feita pelas mulheres americanas.

Todas essas mulheres eram capazes de perceber que Trump é um estridente misógino e machista. Em outras palavras, ele desvaloriza as mulheres e acha os homens mais capazes.

Um de tantos exemplos está no episódio da sua condenação criminal, com sentença a ser publicada neste mês. Trump mostrou a alma e a cara, ao não assumir a responsabilidade e mentir. Processualmente, considerou e expôs negativamente a empresária contratada para serviços sexuais. Sua equipe de campanha a rotulou de “porn star”. Trump desacatou e desafiou até o juiz presidente das audiências.

ENTRE AS BRANCAS – As mulheres brancas representam 37% do total do eleitorado —é o maior grupo de eleitores dos EUA. Desse grupo, calcula-se, 47% votaram em Kamala Harris. Donald Trump foi bem mais votado, com 52%.

Entre mulheres e homens hispânicos, Trump recolheu 54% dos votos, conforme cálculo da NBC News. Neste caso, é preciso lembrar da bola fora de Trump em comício da Pensilvânia, quando humilhou e ofendeu a honra dos porto-riquenhos. As mulheres afro-americanas também abandonaram Kamala. Idem em relação aos homens afro-americanos.

Tanto as hispânicas, quanto as afro-americanas, a incluir os seus parceiros, foram egoístas, pois votaram com base no discurso contra a imigração de Trump. Esqueceram o passado e sufragaram o presidente eleito.

HEROICA KAMALA – De nada adiantou a origem de Kamala e a sua incansável e heroica luta em defesa da liberdade das mulheres.

Kamala, na sua agenda eleitoral, colocou o aborto como uma das prioridades. Nas eleições do meio do mandato presidencial (“midterm”), Kamala empenhou-se pela manutenção da decisão da Corte Suprema, no chamado “case” Roe X Wade. Idem quando era senadora pela Califórnia, onde, aliás, venceu Trump.

A respeito do “case”, a Corte Suprema entendeu, em 1973, que a Constituição protege a liberdade individual das mulheres e lhes garante a opção de fazer aborto, sem que haja nenhuma restrição por parte dos governos.

ELA E HILLARY – As mulheres americanas, pela segunda vez, deixaram passar a oportunidade de ter uma representante na presidência dos EUA.

Anteriormente, em 2016, já vacilaram com Hillary Clinton. Naquela ocasião, Hillary conquistou apenas 11% de vantagem no eleitorado feminino.

Volto a frisar: desde a eleição de 2016, as mulheres representam 30% do total de eleitores. Hillary teve 45% dos votos das mulheres, e Trump saiu com 47%, na ocasião.

Será que vingou o discurso de Trump quando afirmou que “Deus poupou a sua vida para salvar a América”? Essa frase, no X de Elon Musk, teve 2 bilhões de visualizações.

PANO RÁPIDO – James Madison, o pai da Constituição americana promulgada em 1787, escreveu o capítulo dos Direitos e Deveres. Tinha em mente a liberdade, a igualdade e o Estado laico. As mulheres, na sua maioria, trocaram os ideais de Madison pelo engodo de Trump, que o interesseiro Musk elogiou: “You are the media now (“você é a mídia agora”).

Na obra intitulada “A Constituição Americana e o seu Criador”, publicada com tradução brasileira em 1963, as duas autoras, Katharine Wilkie e Elizabeth Moseley, concluíram: “Na sua juventude, [Madison] sonhou com uma nação unificada, cujo povo fosse livre. Na maturidade, elaborou a Constituição. Nela, estavam contidos os ideais da sua juventude. Todos os anos da sua vida foram dedicados a esses ideais e ao país que amou e tão bem soube servir. Sem a menor dúvida, foi um homem que conseguiu realizar os seus sonhos”.

As mulheres americanas preferiram Trump, um misógino e hedonista, a Kamala. Ofenderam a memória de Madison.

Vitórias têm donos, mas derrotas são órfãs, jogadas na pilha de roupas sujas

Eleições nos EUA 2024: 3 fatores que explicam derrota de Kamala Harris -  BBC News Brasil

O pior foram os erros cometidos pelos institutos de pesquisas

Dora Kramer
Folha

Vitórias quase sempre têm filiação disputada, mães e pais em quantidade que lhes reivindicam a guarda. Já as derrotas costumam ser filhas de ninguém, jogadas na pilha de roupas sujas a serem bem ou mal lavadas, a depender da maior ou menor disposição dos derrotados à autocrítica.

Estamos vendo isso desde que o PT teve desempenho ruim nas eleições municipais; vemos o mesmo agora no partido Democrata americano diante da votação expressiva que leva de volta Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.

CULPA DE QUEM? – De celebrada por encarnar esperança e renovação, Kamala Harris passou a culpada pela estagnação do discurso em tempo já ultrapassado pelas demandas do eleitorado. Lá como cá certamente há mais carne por baixo desse angu, cuja receita não voltará ao ponto mediante a mera troca de acusações.

Nesse improdutivo jogo de empurra é que se engalfinha hoje a esquerda brasileira, olhando para o resultado das urnas de 2024 como se o problema tivesse nascido com elas. O ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha (PT),

foi quem mais se aproximou do marco temporal ao localizar em 2016 o momento em que o partido entrou para a “zona do rebaixamento”.

SE RECOLHEU… – Levou pancada de todo lado e se recolheu. Percebeu que por aí, pela via da luz do sol, o debate estava interditado. Como, aliás, esteve para alguns poucos petistas que mesmo antes da crise do impeachment de Dilma Rousseff (PT) já haviam ensaiado, sem sucesso, apontar a necessidade de correção de rumos.

Vozes foram canceladas quando ainda não se usava o termo para condenar os dissonantes dos quais, nesse caso. Não nos lembramos direito dos nomes. Alguns saíram do partido, outros cansaram e calaram.

Em 2018, em comício da campanha de Fernando Haddad (PT) à Presidência, o rapper Mano Brown deu a letra. Apontou o afastamento do partido da “multidão que precisa ser conquistada” e levou uma tremenda vaia.

NO ABISMO… – “Vamos cair no abismo”, apontou o artista ligado na realidade ante uma plateia desconectada da “multidão” e conectada ao respectivo umbigo. De certo porque aos ouvidos daquele pessoal não possuísse suficiente “letramento” político para entender a situação. O abismo estava logo ali, mas o autoengano prevaleceu e cresceu quatro anos depois com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Planalto.

Pois com poder central e tudo, eis que o partido teve performance abaixo da crítica na eleição e, à exceção de um ou outro terraplanista eleitoral, no geral admitiu que foi mal. Isso embora ainda esteja atordoado sem entender direito de onde veio e qual o impacto da pancada.

O PT não tem prática no exercício da autocrítica. Sempre evitou transitar na seara do reconhecimento de equívocos, baseado na premissa de que isso equivaleria a baixar a guarda e abrir passagem para os adversários.

VOLTA POR CIMA – Claro que os oponentes se aproveitam dos espaços, mas na revisão, quando bem-feita, sempre se sai mais forte para enfrentá-los. Retificar condutas não significa capitular. Ao contrário. É, no dizer do samba de Paulo Vanzolini, reconhecer a queda, não desanimar, sacudir a poeira e preparar a volta por cima.

Isso, no entanto, requer muito mais. Por exemplo, o abandono das gotas de arrogância na reação às críticas. Quem sabe não ajuda deixar de considerar burro o “pobre de direita”? Ou reformular a busca às pressas do evangélico depois de tê-lo desqualificado como refém dos vendilhões do ópio do povo?

Ineficaz também é insistir em chamar quem discorda de fascista. Encomendar de modo artificial um figurino de centro tampouco parece ser boa solução. Fecho com exemplo de olho no retrovisor de autoria do deputado Ivan Valente, ex-petista atualmente no PSOL. Irritado com ponderações sobre os erros da esquerda, pontificou: “Isso é conversa de intelectual que nunca foi para porta de fábrica entregar panfleto”.

O conceito de “porta de fábrica” não existe mais e o panfleto agora é digital.

Trump mostra que vai apoiar Israel na guerra, sem qualquer restrição

Republicans Poised to Control Congress as Trump Fills Key Roles

Stefanik, pró-Israel, será embaixadora dos EUA na ONU

Jamil Chade
do UOL

Donald Trump anunciou que sua nova embaixadora na ONU será a deputada republicana Elise Stefanik. Ela foi uma das principais críticas ao posicionamento de Joe Biden na guerra em Gaza, insistindo que os americanos precisam garantir um apoio irrestrito ao governo de Israel.

Foi ela também que liderou uma pressão contra reitores de universidades americanas que tenham aberto espaço para grupos que denunciam o genocídio de palestinos.

DURA E FORTE – “Elise é uma lutadora incrivelmente forte, dura e inteligente do America First”, disse Trump em uma declaração anunciando sua nomeação. Aos 40 anos, ela é a presidente da Conferência Republicana da Câmara dos Deputados e, após anos questionando o presidente eleito, passou a assumir um papel central na defesa de suas ideias. Ela chegou a ser cotada para vice-presidente.

Na Câmara, ela liderou a contraofensiva em relação aos projetos que pediam o impeachment de Trump.

Em discurso no começo do ano diante do Parlamento de Israel, ela defendeu uma ajuda militar total para apoiar a guerra contra o Hamas em Gaza. Segundo ela, os EUA devem fornecer “ao Estado de Israel o que ele precisa, quando precisa, sem condições de alcançar a vitória total diante do mal”.

MAL-ESTAR – Ainda que tenha sido duramente criticado por governos de todo o mundo, Biden chegou a suspender um envio de armas, o que abriu um mal-estar entre ele e Benjamin Netanyahu. Esse posicionamento foi abandonado meses depois, com uma ajuda de US$ 1 bilhão em armas para o aliado no Oriente Médio.

Em seu discurso, e deputada criticou a ideia de que houvesse alguma restrição na ofensiva contra o Hamas. “A vitória total começa, mas só começa com a eliminação dos responsáveis pelo 7 de outubro da face da Terra”, disse Stefanik.

Ela também foi uma das vozes mais enfáticas na denúncia do antissemitismo nos campos universitários nos EUA. Foi a partir da pressão principalmente de republicanos que reitores passaram a usar força para dispersar os protestos pró-palestinos. A deputada foi amplamente elogiada por Trump por suas críticas aos reitores, que acabaram tendo de renunciar.

APOIO IRRESTRITO – Durante seu discurso em Tel Aviv, Stefanik acusou os ativistas pró-palestinos de “conclamar a intifada e o genocídio” contra os judeus.

“Esses pontos de vista, embora tenham sido divulgados por alguns membros democratas radicais do Congresso, não refletem os pontos de vista do povo americano”, disse a deputada.

Numa brilhante carreira, Stefanik cursou a Universidade Harvard e trabalhou na Casa Branca sob a gestão de George W. Bush. Com apenas 30 anos, ela foi a mulher mais jovem já eleita para o Congresso.

Biden vem para o G-20 e vai fazer uma visita especial à Amazônia

Biden vem para a reunião do G-20

Sem ter o que fazer, Biden pretende visitar a Amazônia

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Presidente americano Joe Biden anunciou que virá ao Brasil para a reunião do G-20 e esticará a viagem passando por Manaus, numa visita simbólica à Amazônia. Grande ideia para um presidente que nada terá a fazer até janeiro, quando passará o cargo a Donald Trump.

Em quatro anos, Biden não conseguiu avançar um só projeto original nas suas relações com o Brasil, muito menos com a Amazônia. No ocaso, virá ao Rio e passará por Manaus, com direito a fotografias na floresta e na companhia de lideranças indígenas.

ANTES, THEODORE – Será o segundo presidente americano a se sentir atraído pela Amazônia depois de perder uma eleição. Derrotado em 1912, quando tentou retornar à Casa Branca, Theodore Roosevelt decidiu explorar a floresta e quase morreu durante a expedição. À diferença de Biden, Roosevelt tinha gosto pela natureza e por aventuras.

Como vice-presidente de Barack Obama, Biden esteve no Brasil há dez anos, com uma agenda vazia, típica do cargo que ocupava.

O grande momento de sua passagem por Brasília foi a entrega de 43 documentos do governo americano relativos ao período da ditadura. Deles, 25 eram do domínio público. Os demais documentavam muito mais as lorotas dos porões que a embaixada transmitia do que as relações de Washington com os generais da ocasião. 

Quem garante que a vitória de Trump se reflita aqui, em 2026?

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Vitória de Trump anima Bolsonaro, mas tudo tem limites

Dora Kramer
Folha

Bolsonaristas têm todo o direito de achar que a vitória de Donald Trump significa que está aberto o caminho para a volta de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência em 2026. Assim como é compreensível que lulistas abracem a ideia, vislumbrando a possibilidade de disputar o poder nos moldes de 2022.

Quem enxerga o panorama distante do entusiasmo militante, no entanto, tem o dever de duvidar, e muito, de que estejamos fadados a viver um efeito Orloff às avessas. Os Estados Unidos não são o Brasil amanhã.

MENOS CONFIÁVEL – O olhar espelhado desconsidera as diferenças entre os dois países e, sobretudo, a passagem do tempo. Se uma eleição aqui, dentro de nossas regras e circunstâncias específicas, não serve para projetar com precisão o futuro de dois anos adiante, muito menos confiável é o reflexo presumido nos resultados eleitorais de um país para o outro.

De início cumpre lembrar que Bolsonaro não ganhou em 2018 devido à ascensão de Trump ao poder em 2016. Venceu por uma conjugação de fatores, todos internos.

Lembro alguns: Luiz Inácio da Silva (PT), preso, interditou a construção de candidaturas, o centro entrou tarde em cena depois de vários ensaios infrutíferos, a direita esperou para ver onde seria melhor amarrar sua canoa. Bolsonaro transitou no “contra tudo o que está aí”, num espaço vazio de proposições, pronto para ser preenchido com quaisquer respostas. O atentado em Juiz de Fora completou o serviço.

MAU HUMOR – O que nos aproxima dos EUA é o mau humor do eleitorado que a direita sabe bem capturar e a esquerda ainda não faz ideia de como reconquistar.

Tudo o mais nos distancia: sistema eleitoral, organização pluripartidária, trauma do passado de golpes e governos autoritários, existência de Justiça Eleitoral, barreiras legais a candidaturas fichas-sujas, Suprema Corte em alerta e aqui chegamos à inelegibilidade do ex-presidente.

Esta é a diferença crucial, além de obstáculo cuja remoção não é da alçada do governo americano nem faz parte das prioridades de presidentes ocupados em comandar a ordem mundial, com pouquíssima atenção ao que se passa aqui e na América do Sul.