Após a “extirpação”, a Tribuna renasceu, mas ainda falta retomar nossos arquivos

Como combater notícias falsas na internet sem implantar a | Geral

Ilustração reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

Conforme já informamos, desde o dia 27 de maio foi iniciado contra a Tribuna da Internet.um ataque exterminador — ou “extirpador”, como prefere o atual grande líder da nacionalidade. De onde vêm essas investidas não nos interessa. Para nós, o importante é manter um espaço livre e democrático na internet, que defenda os interesses nacionais sem maiores vinculações políticas, partidárias ou ideológicas.

É claro que essa meta é uma utopia e sempre há alguma tendência nos assuntos tratados, pois o ser humano é essencialmente político, em especial quando estão em disputa o interesse coletivo, a injustiça social e a defesa dos menos favorecidos.

SEM ARQUIVOS – Em ataque anterior, os hackers praticamente destruíram nossos arquivos, todos os textos ficaram de difícil leitura, sem as palavras que tenham acento, til e cedilha. Além disso, a imensa maioria dos artigos ficou sem título, é impossível achá-los através de busca. E agora, no último ataque, ficamos também sem os comentários, que já passavam de 637 mil.

Nessas crises, quando a excelente Equipe Técnica do Servidor UOL não tem como nos socorrer, porque os hackers atuam também em espaços inacessíveis ao UOL, como a plataforma WordPress, na qual o blog é editado, sempre recorremos ao jornalista Marcelo Copelli, companheiro dos tempos da Tribuna da Imprensa, especialista em informática.

Desta vez, ele teve de recriar o blog, mas tomou a precaução de preservar o que ainda existia, para que depois, como calma, possamos restabelecer o que sobrou dos arquivos.

ARTICULISTAS – No caso dos articulistas, eles foram simplesmente “extirpados”, como diz Lula da Silva. Para que seus nomes constem novamente da lista na primeira página, precisam enviar um artigo novo. Assim que é publicado, o nome do autor então entra automaticamente na relação de articulistas.

Tudo isso significa que a completa normalização da Tribuna da Internet será um serviço intrincado, que vai demorar a ser feito. E demonstra que, ao contrário do que deveria ocorrer, operar sob o signo da liberdade não é nada fácil, sobretudo em tempos de polarização.

Mesmo assim, vamos em frente, sempre juntos, na defesa da moralização da vida pública e do respeito aos interesses coletivos, duas metas hoje praticamente inviáveis, mas que serão atingidas no futuro, com a evolução da vida em sociedade.     

Causa da briga não é bolsonarismo e a família Mantovani pode até processar Lula

O advogado Ralph Tórtima Filho, que defende o casal, deu detalhes sobre o depoimento de Mantovani na PF nesta terça, 18

O advogado Ralph Tórtima Filho relata os depoimentos

Carlos Newton

A repórter Isabella Alonso Panho fez uma reportagem bastante reveladora no Estadão, ao relatar o teor dos depoimentos que o empresário Roberto Mantovani Filho, sua mulher Andréia e seu filho Giovani, de 20 anos, deram à Polícia Federal.

Até então, ninguém sabia que o começo da briga nada tinha a ver com aversão aos ministros do Supremo, polarização, bolsonarismo ou baixaria política. O motivo era bem diferente.

BARRADOS NA SALA VIP– Segundo a família Mantovani, tudo começou por causa de uma disputa por espaço numa das salas VIP do aeroporto de Roma, onde Roberto, a mulher e o filho foram barrados, a pretexto de que existiriam lugares disponíveis. Quando já estavam saindo, ficaram incomodados ao ver o ministro Alexandre de Moraes chegando e sendo acolhido com a família nos três  lugares que foram negados aos Mantovani.

“Para político tem lugar, para gente com criança, com idoso não tem”, teria dito Andreia, segundo o advogado Ralf Tórtima Filho.

A repórter Isabella Alonso Panho conta que, no depoimento, Mantovani negou tivesse empurrado o ministro, mas admitiu ter “afastado” uma pessoa que teria ofendido sua esposa Andréia, que também é acusada no inquérito.

AQUELA PESSOA – “Ele (Mantovani) disse que, em razão de ofensas proferidas contra a sua esposa (Andreia), ele afastou essa pessoa, que nem sequer sabia quem era, mas tratava-se de uma pessoa que fazia ofensas bastante pesadas, muito desrespeitosas à sua mulher”, relatou o advogado.

Questionado sobre a identidade dessa pessoa que teve de ser afastada, Tórtima Filho disse que eles (Mantovani e Andréia) não sabiam quem era, mas depois lhes teria sido dito tratar-se do filho do ministro.

Durante o depoimento, que durou duas horas e meia, Mantovani disse à Polícia Federal que não teve contato direto com o ministro Alexandre de Moraes e que aquela mesma pessoa teria lhe abordado novamente quando entrava em uma segunda sala VIP do aeroporto de Roma.

VAI DAR EM NADA – Bem, tudo isso vai ser elucidado pelas imagens. Mas o caso não vai dar em nada. Se o incidente começou com a família Moraes passando para trás a família Mantovani, que chegara antes à sala VIP, cai por terra o motivo alegado pelo ministro para abrir inquérito direto no Supremo, que sequer dispõe de poderes para julgar a família Mantovani, que tem foro na primeira instância.

Além disso, trata-se de um episódio banal, uma discussão sem mortos nem feridos, em que sequer houve exame de corpo de delito, ou seja, sem lesão.

De toda forma, o ministro Alexandre de Moraes, virou o inquérito da cabeça para baixo (ponta-cabeça, como dizem os paulistas), e até esta sexta-feira  as supostas vítimas (ele, a mulher e o filho) ainda nem tinham sido convocados pela Polícia Federal,  embora a prática judicial recomende que deveriam ser os primeiros a prestar depoimento.

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P.S.
Além de tudo isso, a família Mantovani, caso as imagens provem a veracidade de seus depoimentos, poderá mover processo contra o presidente Lula da Silva, que resolveu dar pitaco e chamou pai, mãe e filho de “animais” e “extremistas”, dizendo que são pessoas que precisam ser “extirpadas”. Como se sabe, extirpadas significa exterminadas, destruídas, extintas. Aliás, Lula é como o adversário de Noel Roda no samba “Palpite Infeliz”, porque nunca sabe o que diz. (C.N.)

Não mais que de repente, voltamos ao ar, para desespero dos roedores que corroem este país

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Rice (Arquivo Google)

Carlos Newton

Desde que iniciamos nossas atividades, em 2009, ainda contando com a participação dos mestres Helio Fernandes e Carlos Chagas, a Tribuna da Internet tem incomodado muito as elites que exploram este país, não importa a ideologia que aleguem representar, até porque no Brasil os partidos não costumam defender teses ou ideais políticos.

O que as classes dirigentes têm em comum, neste país, é a expropriação dos recursos públicos em benefício próprio. Com raras e honrosas exceções, os representantes do povo preferem defender seus interesses pessoais, como é público e notório, não faz surpresa a ninguém.

LIBERDADE, SEMPRE – Por atuarmos sob o signo da liberdade, sem ligações a nenhuma corrente político-ideológica, ficamos expostos a agressões de todos os lados. Assim, nestes 13 anos de luta, a Tribuna da Internet já sofreu os mais diversos tipos de ataques de hackers, nossos comentaristas e seguidores até se acostumaram.

Realmente houve muitas investidas, algumas de tamanha intensidade que chegávamos a ficar alguns dias fora do ar. Em uma delas, conseguiram praticamente destruir nosso arquivo, que ficou totalmente prejudicado, num desrespeito à memória de Helio Fernandes e Carlos Chagas.

Mesmo assim, seguimos em frente até o dia 27 de maio, quando os ataques de hackers recrudesceram de forma implacável. Com apoio da excelente Equipe Técnica do servidor UOL, conseguíamos voltar, para logo em seguida sofrer nova paralisação. E isso continuou até este domingo, quando tivemos de tirar a Tribuna do ar, para reconfigurá-la.

SEM ARGUMENTOS – Para nós, isso é motivo de orgulho. Sem argumentos que possam nos contrapor, os adversários da liberdade apelam para a ignorância, tentam nos vencer pela força, o que é apenas uma ilusão passageira.

A história da Humanidade mostra que atos de violência não derrotam a força das palavras, no final tudo se acerta sob a égide da razoabilidade, da sensatez e do discernimento.

Por fim, esses ataques acabam tendo algum resultado positivo, porque chamam atenção para o acerto das teses que defendemos, pois todas elas visam ao interesse público e ao aperfeiçoamento das instituições republicanas, que estão claramente prejudicadas e também precisam de uma urgente reconfiguração.

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P.S.
Agradecemos aqui à Equipe Técnica do UOL e ao jornalista Marcelo Copelli, companheiro de todas as horas e que nos apoia sempre que sofremos esses ataques de hackers. Acreditamos que em mais dois dias estará tudo normalizado, por aqui. E vamos em frente, sempre juntos. (C.N.)

O Globo acompanha a Tribuna da Internet e também pede que STF liberte Mauro Cid

CPMI do 8 de janeiro e Exército vão investigar visitas a Mauro Cid na prisão  - Metro 1

Mauro Cid errou, mas tem direito a responder em liberdade

Carlos Newton

Na selva da política nacional, a Tribuna da Internet é um minúsculo elefante que incomoda muita gente. Operando sob o signo da liberdade, o Blog se comporta como o menino no célebre conto do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, ao dizer que o rei está nu quando muitos ainda pensam (?) que ele está de roupa nova.

A TI tem sofrido insistentes ataques de hackers, porque não se curva aos supostos poderosos e aponta desrespeitos às leis democráticas. Agora, com enorme satisfação, vemos que o Globo também passa a defender a libertação do tenente-coronel Mauro Cid, que é um direito que as leis democráticas lhe garantem.

É sempre bom saber que ainda há vida inteligente nos escombros da imprensa, como dizia Helio Fernandes. E vamos em frente, enquanto deixarem.

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É HORA DE DEFESA DA NORMALIDADE INSTITUCIONAL
Deu em O Globo

Após quase sete meses de governo Lula, pode-se afirmar sem medo que a democracia brasileira não corre mais risco. As descobertas sobre tramas golpistas em Brasília, envolvendo até mesmo autoridades públicas, são estarrecedoras. Contudo, as instituições democráticas do país cumpriram seu papel constitucional, garantindo a realização das eleições em clima de total normalidade, com a proclamação da vitória do candidato que obteve maior votação, como manda a lei.

O eleito tomou posse e governa o país, também na mais absoluta normalidade. Nesse processo, coube ao Supremo Tribunal Federal e ao Tribunal Superior Eleitoral grande protagonismo na defesa da legalidade.

RIGOR JURÍDICO – Quando demandados, os tribunais agiram com energia contra extremistas que apoiavam o presidente derrotado, acampados em frente a quartéis, obstruindo vias públicas ou simplesmente disseminando teorias conspiratórias nas redes sociais e em aplicativos de mensagens. Essa resposta firme em defesa da democracia era mesmo o que se esperava das instituições. E elas não decepcionaram.

Passada a tempestade institucional, o Brasil tem de voltar sua atenção para os graves problemas sociais que nos separam das nações mais desenvolvidas. Ao Congresso cabe se dedicar às importantes reformas de que o país precisa para voltar a crescer; também é essencial regular as plataformas digitais, que tanto contribuíram para a instabilidade democrática no governo que findou.

O Executivo precisa dar resposta aos desafios monumentais da nossa sociedade, como o aprimoramento do nosso ensino público, a instalação de saneamento básico nos milhões de residências brasileiras que ainda convivem com esgoto a céu aberto e a defesa da Floresta Amazônica.

NA FORMA DA LEI – Do Poder Judiciário espera-se que cumpra a Constituição, com independência e coragem, mas também com discrição e autocontenção. Já não existe motivo nem demanda social por medidas voluntaristas: inquéritos com objetos vagos, que nunca se encerram, e prisões sem firme base legal não fazem bem à nossa democracia.

Os envolvidos em tramas golpistas devem ser investigados e punidos, se ficar assentada sua culpa, mas tudo dentro dos preceitos legais, com amplo direito à defesa e aos recursos a ela inerentes. Qualquer outro caminho, além de desnecessário, engrossa o coro dos que continuam trabalhando contra a democracia.

É exemplar o caso do tenente-coronel Mauro Cid, preso há mais de dois meses. As evidências apontam para o envolvimento do militar em atividades ilícitas, como a falsificação do certificado de vacina de Jair Bolsonaro e tramas golpistas. Se de fato for assim, ele deve ser julgado e condenado.

PRISÃO DESNECESSÁRIA – A extensa privação da liberdade, sem que tenha havido sequer o oferecimento de denúncia contra ele, pode dar margem à suspeita de perseguição. Prisões preventivas precisam seguir requisitos legais bem definidos — e eles devem estar explicitados de forma convincente, o que não ocorreu nesse caso. Sem isso, o estranhamento se instala com toda sorte de ruídos.

A Constituição de 1988 foi produzida nos estertores do período ditatorial. Talvez por isso prestigie de forma tão exacerbada a democracia e o Estado de Direito. Vivemos recentemente anos soturnos, durante os quais a democracia foi constantemente ameaçada por um governo obscurantista.

A Constituição deve ser o guia das instituições nessa transição para tempos de luz. O momento é de defesa da normalidade institucional. O golpismo foi derrotado. É hora de viver plenamente a democracia.

Para processar Moro e Dallagnol, presidente do TCU pede ao STF diálogos ‘hackeados’

Bruno Dantas já vai condenando Moro antes do julgamento…

Carlos Newton

Reportagem de Henrique Lessa no Correio Braziliense mostra que o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, está engrossando o rol de inimigos da Lava Jato que tentam destruir o que ainda resta da operação e cassar o senador Sérgio Moro (União-PR). Neste domingo, o repórter revela que o presidente do TCU pedirá ao Supremo cópias dos diálogos em que Deltan Dallagnol, como procurador federal, combinava organizar ataques contra ele.

A articulação teria acontecido há cinco anos, quando Bruno Dantas reclamou, em uma entrevista, que o então juiz da Lava-Jato, o hoje senador Sérgio Moro, estaria restringindo o acesso do TCU às provas de delatores que fecharam acordo com a operação.

INCESTO NA LAVA JATO – “Pedirei ao STF cópia de todos os diálogos para avaliar providências legais. Se forem verdadeiros, comprovam o incesto havido na Lava-Jato e revelam um bando de pistoleiros de aluguel recebendo uma encomenda de assassinato de reputação”, disse Dantas.

As mensagens da Operação Spoofing, divulgadas sábado (8/7) pelo jornalista Luis Nassif em seu site, mostram o acerto entre uma pessoa de nome “Paulo” e o ex-chefe da força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, para fazer declarações criticando Dantas duramente.

Em uma das mensagens, “Paulo” diz para Dallagnol: “Bata no Bruno Dantas, mas lembre que tem ministros que concordam conosco”. O ex-procurador responde: “Essa é a ideia”.

DANTAS É SUSPEITO – Sinceramente, o presidente do TCU não deveria condenar Dallagnol antecipadamente e com tamanha disposição. Aliás. Bruno Dantas não deveria sequer se meter nesse assunto, porque sua suspeição é mais do que clara.

O ódio que o ministro devota à Laja Jato tem motivos pessoais. Junto com Vital do Rêgo e Raimundo Carreiro, outros dois ministros do Tribunal de Contas da União, o atual presidente Bruno Dantas foi citado por Sérgio Cabral em uma delação premiada homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo.

Os três são acusados pelo ex-governador na Lava Jato de receberem R$ 100 mil mensais durante um ano através de contrato simulado entre a Fecomércio-RJ e um escritório de advocacia.

ACUSAÇÕES A MINISTROS – Detalhe curioso: Dantas, Vital do Rêgo e Carreiro entraram no TCU com as bênçãos do senador Renan Calheiros (MDB-AL), ex-presidente do Senado Federal, também investigado na Lava Jato, por integrar o chamado “Quadrilhão” do MDB.

Essas interligações mostram a suspeição do próprio TCU, que teve outros três ministros investigados na Lava Jato: Augusto Nardes, Antonio Anastasia e Aroldo Cedraz, todos citados em delações premiadas.

No caso de Bruno Dantas, há outros episódios. Em 2016, com o ministro Vital do Rego e esposa, passou  um fim de semana numa ilha paradisíaca à custa da JBS — a empresa que eles investigavam. Além disso, usou o jatinho do grupo J&F em uma viagem entre o Recife e Brasília, quando o empresário Joesley Batista já era alvo da Lava Jato.

NOMEAÇÃO DO IRMÃO – Em 2018, dias antes de julgar o polêmico decreto do programa de portos do então presidente Michel Temer, seu irmão Hugo Dantas, que trabalha na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), virou adido  em Buenos Aires.

Na ocasião, o assunto tornou-se notícia porque o tempo de carreira do irmão de Dantas não era, em comparação com outros casos, suficiente para justificar a indicação.

Nesse clima, não causa surpresa o fato de Dallagnol e o procurador-geral Rodrigo Janot terem sido condenados no TCU no chamado caso das diárias, um processo em que a própria auditoria do tribunal não encontrou irregularidades e pediu arquivamento. Mesmo assim, o TCU foi em frente e condenou os dois procuradores.

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P.S. – Bem, uma coisa é fazer Justiça; outra coisa, bem diferente, é se vingar. Por isso, nenhum juiz deve se considerar apto a julgar seus desafetos. Antigamente era assim; agora, sabemos que não. (C.N.)

Piada do Ano! Novo juiz da Lava Jato acha que Tacla Duran incriminará Moro e Dallagnol

Juiz consulta Lewandowski sobre abertura de inquérito contra Moro e Deltan | VEJA

Juiz Appio pensa (?) que Tacla Duran é testemunha confiável

Carlos Newton

A magistratura, infelizmente, não é uma profissão imune a desvios e distorções, muito pelo contrário. Para ser juiz, basta estudar as leis e passar no concurso público. Assim, os magistrados são como marceneiros, bancários, jornalistas, pedreiros, padres, advogados, pedreiros, pastores etc., porque há juízes de todos os tipos e qualificações.

Nesse início de 2023 o grande destaque do noticiário é o novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, que se assumiu como petista juramentado e durante a campanha eleitoral firmava seus despachos e decisões com a assinatura “LUL22”, vejam a que ponto chegamos.

Essa volúpia político-partidária petista já seria suficiente para recomendar que Eduardo Appio não fosse nomeado para a 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, na qual dois juízes anteriores (Sérgio Moro e Gabriela Hardt) condenaram à prisão o ídolo dele. Mesmo assim, Appio foi nomeado para a função, num ato administrativo que agora mostra ter sido uma tremenda imprudência do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

SEM LIMITES – A verdade é que o juiz Appio está ultrapassando todos os limites, no afã de perseguir e incriminar o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que colocaram Lula da Silva atrás das grades, em sentenças confirmadas por unanimidade em outras duas instâncias — no próprio TRF-4 e depois no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Realmente, é inacreditável o comportamento do juiz Eduardo Appio. Ao invés de ler os vários processos contra Tacla Duran, ele preferiu se basear no noticiário da ala petista da imprensa, que apresenta o doleiro como “advogado da Odebrecht”, perseguido pela Lava Jato e vítima de extorsão por Moro e Dallagnol.

Se tivesse se dado ao trabalho de conhecer qualquer um dos processos contra o doleiro, o juiz saberia que Duran prestou depoimento perante a Justiça espanhola e confessou ter criado duas empresas de fachada para lavar dinheiro sujo de empreiteiras, como a Odebrecht e a UTC, tendo declarado também que emitia notas frias para movimentar os recursos e depositar dólares e euros nas contas das empreiteiras em paraísos fiscais.

SEM INTERESSE – Nos autos dos quatro  processos a que Duran responde, está incluído esse depoimento prestado na Espanha, que o incrimina como “réu confesso”. Mas o juiz não teve o menor interesse em folhear os processos e tratou de colher novo depoimento de Duran, à distância, por videoconferência.

O doleiro então disse possuir provas materiais de extorsão, exibiu as fotos de mensagens que teria gravado no celular em diálogo com um advogado amigo de Moro e Dallagnol, e mostrou uma perícia espanhola que comprovaria a veracidade dessas provas.

E o que fez o ilustre magistrado que se assinava LUL-22? Bem, ao invés de pedir o envio das provas para serem periciadas, determinou de imediato a abertura “urgente” de inquérito contra Moro e Dallagnol, transformou o réu confesso em “testemunha protegida”, autorizou sua volta ao Brasil e determinou que a Polícia Federal lhe dê proteção quando o doleiro chegar a São Paulo na próxima sexta-feira, sob a justificativa dos supostos riscos que estaria correndo por denunciar Moro e Dallagnol, vejam só que piada.

IMATURIDADE – Assim, o juiz Appio tem demonstrado uma imaturidade constrangedora. Não leva em consideração o fato de que a Lava Jato teve mais de 1.000 investigados, cerca de 600 foram denunciados e se tornaram réus, perto de 200 foram condenados, mas apenas um, justamente Tacla Duran, teria sofrido extorsão…

Ora, essa incongruência seria percebida por qualquer estudante de Direito, mas o novo magistrado petista da Lava Jato está passando por cima de tudo, na tentativa de incriminar Moro e Dallagnol.

As principais provas materiais são as fotos das mensagens de celular, e o apressado juiz Appio ficará surpreso quando a perícia da Polícia Federal constatar as grosseiras falsificações, que são detectáveis à primeira vista por qualquer pessoa que entenda de informática, conforme já exibimos aqui na Tribuna.

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P.S. –
 Tacla Duran é um trapalhão, que confia no apodrecimento da Justiça brasileira. Está acreditando na impunidade, porque o ministro Lewandowski já suspendeu os processos contra ele.

P.S. 2 – O doleiro diz ser advogado, porém é apenas mais um imbecil com carteira da OAB. Não percebe que, ao acusar fraudulentamente Moro e Dallagnol, abre a guarda para ser novamente processado, desta vez por “denunciação caluniosa” e por “falsidade ideológica”, e Lewandowski não estará mais no Supremo para socorrê-lo. O pior é que nenhuma empreiteira voltará a fazer “negócios” com Duran. Quanto ao juiz Appio, o máximo que poderá lhe acontecer é ganhar uma aposentadoria precoce, com salário integral e uma boa vida pela frente, com dinheiro à vontade para doar ao PT. Ah, Brasil…  (C.N.)

Pesquisa mostra que a polarização está em viés de baixa e a terceira via pode ser viável

Nani Humor: POLARIZAÇÃO

Charge do Nani (nanihumor.com)

Carlos Newton

É da maior importância a pesquisa Datafolha divulgada nesta quarta-feira, sobre a polarização que surgiu na eleição de 2018 e continua a dividir os brasileiros neste início do terceiro mandato do presidente Lula da Silva. Os resultados confirmam a tese que a Tribuna da Internet e muitos de seus comentaristas vêm defendendo desde sempre –Lula e o PT dispõem do apoio de um terço do eleitorado, no máximo, e não passam disso.

Assim, nas quatro eleições presidenciais em que os candidatos petistas venceram, Lula e Dilma precisaram ser apoiados por eleitores que em outras condições jamais votariam neles.

27% CONTRA POLARIZAÇÃO – De acordo com a pesquisa, 30% se declaram petistas, enquanto 22% são bolsonaristas. O mais importante é que outros 22% afirmam serem neutros e outros 5% também não optaram por Lula nem por Bolsonaro, indicando um total expressivo de 27% que não aceitam a polarização, em nenhuma hipótese.

Além disso, dos 21% restantes, 10% se consideram mais próximos do petismo, enquanto 9% se consideram mais próximos do bolsonarismo e 2% não souberam responder.

Tudo isso pode significar que a polarização está em viés de baixa, em relação aos dados coletados na última pesquisa de mesmo tema, feita em dezembro de 2022. À época, logo após a eleição de Lula, 32% afirmaram ser petistas, enquanto 25% se declararam bolsonaristas. Agora, são 30% e 22%, respectivamente.

DIVISÃO PELO BRASIL – A pesquisa desta quarta-feira indicou ainda que a maior parte dos petistas são do Nordeste, com menor grau de instrução e menos renda. Já a maior parte dos apoiadores de Bolsonaro são do Sul, estão na faixa de quem ganha de 5 a 10 salários mínimos e na maioria são evangélicos.

Este levantamento é da maior importância, bem mais confiável do que uma pesquisa eleitoral comum, sempre motivada pela campanha em curso.

Em tradução simultânea, o resultado mostra como é danosa a polarização, porque reduz a opção democrática a apenas dois personagens – no caso, Lula e Bolsonaro, e nenhum dos dois jamais terá apoio da maioria absoluta dos cidadãos-contribuintes-eleitores, como dizia o genial Helio Fernandes.

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P.S.
 – Por fim, é possível até esperar que a polarização continue em viés de baixa. Seria ótimo se isso acontecesse. Afinal, a polarização já se mostrou altamente negativa para o país, que merece ser presidido por políticos de maior nível intelectual e moral, por óbvio. E o resto é folclore, como diz nosso amigo Sebastião Nery. (C.N.)

E quando Lula descobrir que esse arcabouço fiscal é também um teto de gastos?

Charge Clayton | Charges | OPOVO+

Charge do Clayton (O Povo)

Carlos Newton

Na semana passada, quando os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) apresentaram o projeto do arcabouço fiscal, comentamos aqui na Tribuna da Internet que se trata de um trabalho “brilhante”. E nesta quarta-feira, dia 5, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, manifestou-se no mesmo sentido, ao declarar que sua avaliação da proposta é “superpositiva”.

Na opinião de Campos Neto, a maior qualidade do arcabouço fiscal é que elimina o risco de que a dívida pública possa seguir uma trajetória mais explosiva.

TRÊS OBJETIVOS – Em tradução simultânea, o Banco Central trabalha com três objetivos básicos: 1) conter a inflação; 2) evitar desequilíbrio da dívida pública; e 3) garantir o crescimento da economia. O mais importante é evitar o descontrole da inflação, porque isso causa aumento da dívida e prejudica o crescimento do PIB.

Campos Neto explicou que o BC opera preventivamente para diminuir a inflação de uma maneira suave, sem causar danos à economia. Em sua visão, se a taxa de juros não tivesse sido elevada em 2022, no ano eleitoral, a inflação acumulada estaria acima de 12%, como em alguns países vizinhos, e não nos atuais 5,6%. E quando a inflação dispara, torna-se necessário mergulhar o país numa recessão para travar alta dos preços.

“Nenhum banco central quer ter juros altos. É óbvio que preferimos trabalhar com juros baixos, mas deve-se olhar o que é sustentável para a frente”, afirmou.

ELOGIO AO ARCABOUÇO – Ao dizer que sua avaliação sobre o arcabouço é “superpositiva”, Campos Neto comentou que dados de março mostram a atividade econômica um pouco melhor e o cenário ainda é de desaceleração da economia, mas não uma “desaceleração dramática”.

Realmente, a economia vem se recuperando, a indústria automobilística vive novo sucesso de vendas e está desovando os estoques. Assim, tudo indica que o BC possa começar a reduzir os juros na próxima reunião do Copom, sem chiliques nem faniquitos do Planalto.

Por fim, deve-se destacar que a sorte de Haddad e Tebet é que Lula nada entende de economia. Como se sabe, o presidente ordenou que acabassem com o texto de gastos. Mas os ministros se recusaram a obedecer a essa ordem descabida e simplesmente criaram um teto de gastos inteligente, que não engessa o governo de forma absoluta. Realmente, genial. Resta saber o que Lula fará quando descobrir que o arcabouço também pode ser chamado de teto de gastos?

BALANÇO DE MARÇO – Como sempre fazemos, vamos apresentar o balanço das contribuições recebidas em março, que nos possibilitam trabalhar essa utopia de manter um espaço verdadeiramente livre na internet, 365 dias ao ano.

De início, os depósitos na conta da Caixa Econômica Federal:

DIA  REGISTRO   OPERAÇÃO          VALOR

02    021149        DP DIN LOT……….230,00
03    031128        DP DIN LOT…………60,00
07    070840        CRED PIX…………..100,00
21    211236        DEP DIN LOT……..230,00
21    300001        DOC ELET……………35,00
24    241146        DP DIN LOT……….100,00
29    291539        DP DIN LOT…………60,00

Agora, as contribuições no banco Itaú/Unibanco:

01 PIX   TRANSF JOSEFR………………100,00
01 PIX   TRANSF PAULORO…………..100,00
07 TED 001.3097HENRIQUEAC…….150,00
15 TED 001.4416MARIOACRO……..250,00
17 PIX TRANSF ANTONIO…………….100,00
24 PIX TRANSF AUGUSTO……………..74,47
28 TED 001.5977 JOSEAPJ……………300,28
31 PIX TRANSF PAULORO…………….100,00
31 TED 033.3591.ROBERTOSN……..200,00

Por fim, um depósito no Bradesco:

20 TRANSF LCBRANCOPAIM…………300,00

Agradecendo muitíssimo a todos os que participam dessa utopia de manter um polo de debates sob o signo da liberdade, sem estar submetido a ideologias ou partidarismos. E vamos em frente, sempre juntos (C.N.)

Bolsonaro deixa claro à PF que o almirante Bento Albuquerque quis “roubar” as joias

Bolsonaro presta depoimento à PF sobre caso das joias sauditas; veja perguntas que serão feitas pela polícia – Money Times

Bolsonaro “entregou” o almirante Albuquerque aos federais

Carlos Newton

Ao afirmar em depoimento à Polícia Federal que somente ficou sabendo da existência das joias sauditas milionárias em dezembro de 2022, mais de um ano após elas terem chegado ao país, o presidente Jair Bolsonaro indicou aos investigadores que o então ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque teria tentado roubar as joias e os outros presentes recebidos da Arábia Saudita.

Segundo sua defesa, Bolsonaro até disse que não se lembra de quem o avisou da apreensão das joias pela Receita Federal, o que é bastante estranho, pois teria ocorrido recentemente, em dezembro.

O QUE SE SABE – Faltam detalhes importantes, há muitos indícios a serem considerados. Porém, com toda a certeza, sabe-se que o almirante tem culpa no cartório. Foi ele quem recebeu as caixas de presentes – dois estojos de joias, um masculino e outro feminino, além da estatueta equestre de ouro.

Na viagem de volta, ficou com o estojo masculino e entregou ao assessor Marcos Soeiro o outro estojo de joias femininas e a estatueta de ouro, além de uma série de presentes de menor valor, o que até obrigou o assessor a pagar excesso de bagagem.

É evidente que foi o então ministro que mandou o assessor quebrar a base da estatueta de ouro para que a peça pudesse caber na mochila. Nenhum assessor de ministro quebraria uma valiosa estatueta de ouro sem ordem expressa do chefe. Mas como o almirante poderia mandar quebrar uma estatueta de ouro que nem lhe pertencia? Ele só podia estar à deriva e prestes a naufragar.

GUERRA DE EXTERMÍNIO – Na verdade, o único envolvido que se pode dizer que não está mentindo é justamente o assessor Marcos Soeiro, um militar que apenas cumpria ordens diretas do almirante e poderá contar aos federais, detalhadamente, tudo o que aconteceu nas Arábias.

Ou seja, está se travando uma guerra de extermínio entre o capitão Bolsonaro e o almirante Albuquerque, que terá de depor novamente para tentar desmentir o ex-presidente e ex-amigo Bolsonaro.

O militar, que hoje é do Conselho de Itaipu e ganha cerca de R$ 30 mil sem trabalhar, precisa provar que Bolsonaro sabia das joias desde sempre e agora mentiu à Polícia Federal ao dizer que só tomou conhecimento da existência delas em dezembro de 2022. E isso será até fácil.

BOLSONARO MENTIU – O Estadão descobriu que foram feitas oito tentativas de tirar as joias da Receita, a primeira delas logo após a apreensão, ainda em outubro de 2021, quando o gabinete de Bolsonaro enviou um ofício ao Ministério de Minas e Energia sobre a necessidade de destinação das joias para a presidência.

Houve três tentativas do Planalto em 2021 e até o Itamaraty foi acionado para tentar liberar as joias naquele ano. Ou seja, Bolsonaro sabia da existência das joias logo que foram apreendidas.

Mas ao depor ele disse que não sabia. Portanto, acusou indiretamente o almirante Bento Albuquerque de ocultar o recebimento das joias, para se apossar delas, em benefício próprio.

O ALMIRANTE, TAMBÉM – Em seu primeiro depoimento à PF, o almirante também mentiu abertamente, ao dizer que desconhecia o conteúdo dos pacotes e que os presentes seriam para a União.

Essa versão contrasta com a declaração que o próprio almirante deu aos fiscais da Receita, em 26 de outubro de 2021, quando afirmou que as joias eram para Michelle Bolsonaro.

Além disso, ao contrário do que disse ao depor, ele também sabia o que os pacotes continham, porque entregou pessoalmente as joias femininas  e a estatueta para o assessor Marcos Soeiro levar  na mochila.

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P.S. 1 – Bolsonaro não terá como provar que nada sabia sobre as joias até dezembro de 2022. Aliás, é estranho também que não se lembre de quem o avisou sobre a apreensão das joias, em passado tão recente… E conforme já dissemos aqui na Tribuna, com toda certeza é um desesperado festival e logo saberemos quem está mentindo mais, para lhe entregar o troféu Piada do Ano, como premiação antecipada. (C.N.)

Lobby da corrupção para anular as multas da Lava Jato é comandado pela JBS (Friboi)

Joesley e Wesley Batista, do JBS irão compor comitiva de Lula em viagem à China - Hojemais de Andradina SP

Wesley e Joesley Batista, do JBS, lideram o lobby da corrupção

Carlos Newton

Não por mera coincidência, a ação para pedir a suspensão dos acordos de leniência da Operação Lava Jato foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal pelo advogado Walfrido Warde, que já representou o grupo JBS (Friboi, dos irmãos Wesley e Joesley Batista) em diversas questões na Justiça.

Para não dar na vista, pois a empresa será uma das principais beneficiadas por uma eventual suspensão, o advogado desta vez entrou em nome dos partidos Psol, Solidariedade e PCdoB, que integram a base aliada do presidente, que faz o possível e o impossível para ajudar as principais empreiteiras envolvidas em corrupção no Brasil e em outros países sul-americanos.

SEM DISFARÇAR – Ao contrário do advogado Walfrido Warde, que desde 2018 já escreveu três livros sobre delação premiada, nos quais aponta falhas legais, procedimentais e estruturais na forma como muitos dos acordos de leniência foram pactuados, Lula nem tenta disfarçar sua firme intenção de proteger os empreiteiros aos quais se ligou quando exercia o poder, a ponto de ser identificado como “Amigo”, na lista das propinas da Odebrecht.

Lula tem se comprometido por inteiro, ao proclamar que não houve corrupção e as empreiteiras foram vítimas de um plano urdido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Logo após assumir, propôs que o BNDES volte a financiar os empreiteiros que estiveram na cadeia. Depois, passou a defender que as dívidas que têm com a Petrobras e a União sejam pagam em obras, que certamente também serão superfaturadas, para abreviar a quitação das multas acertadas nos acordos de leniência…

NO AEROLULA – A manobra é tão despudorada que Lula até convidou para acompanhá-lo na viagem à China os empresários Wesley e Joesley Batista, que comandam o lobby da corrupção. Há tempos, a JBS vem tentando reduzir o valor que se comprometeu a pagar em 2017, de R$ 10,3 bilhões. Até hoje, a empresa quitou cerca de R$ 600 milhões.

O total das multas é expressivo. Nos últimos sete anos, foram homologados acordos de leniência, delação premiada e repatriação para devolução de 25 bilhões de reais desviados dos cofres públicos nos governos do PT.

A maior parte são recursos que estão sendo devolvidos à Petrobras e à União. Além disso, houve repasses de recursos da Odebrecht para o Departamento de Justiça dos EUA e para a Procuradoria-Geral da Suíça, que participaram das investigações no exterior. E o FBI oferece 5 milhões de dólares a quem der informações que ajudem a desvendar outros esquemas de suborno na Petrobras.

DADOS OFICIAIS – Segundo o Ministério Público Federal (MPF), a Petrobras é a maior beneficiária da devolução de recursos. A estatal já recebeu em seu caixa R$ 6,67 bilhões, a partir de acordos da Lava-Jato firmados com donos de empresas e diretores que participaram do esquema de corrupção na estatal. Somente no ano passado, a Petrobras recuperou 1,2 bilhão de reais.

Levantamento do MPF mostra que até abril de 2022 foram fechados 43 acordos de leniência com empresas envolvidas. Significam recuperação de 24,5 bilhões de reais, em valores não corrigidos. O acordo de leniência é uma espécie de delação premiada da empresa, que assume os crimes dos quais é acusada e aceita devolver dinheiro.

Além disso, houve 156 acordos de colaboração premiada, nos quais os réus assumem os crimes, colaboram com a Justiça para desvendar os esquemas de corrupção e muitas vezes devolvem dinheiro.

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P.S.
 – A atuação de Lula, o lobby da corrupção liderado por Wesley Batista, a iniciativa de Psol, Solidariedade do PCdoB, que apoiam entusiasticamente os envolvidos em corrupção, a participação do advogado da JBS, tudo pode ser uma imensa “coincidência”? Bem, é isso que vão dizer os fanáticos que defendem Lula incondicionalmente, em seus atos certos ou errados, e os robôs que são remunerados pelo PT para desviar nossa atenção aqui na Tribuna da Internet. Mas perdem seu tempo, porque sou brasileiro e não desisto nunca, slogan criado para Lula em 2004, feito “de graça” por uma agência de publicidade que trabalhava para o governo petista. Lembram? (C.N.)

Já morreu aquela necessidade de apoiar Lula e evitar o golpe, mas falta fazer o enterro

Quatro anos sem Millor - Dante FilhoCarlos Newton

Como se dizia nos antigos anúncios fúnebres em  jornais, cumprimos o doloroso dever de comunicar que, desde a posse do presidente Lula da Silva, no dia 1º de janeiro, acabou aquela conversa fiada de que era necessário apoiá-lo incondicionalmente, porque representava a única esperança de manter a democracia no país, ameaçada pelo golpe estilo Viúva Porcina, aquela que foi sem ter sido, na genial definição de Dias Gomes.

A necessidade que muitos brasileiros viam e que consolidava uma polarização nefasta, embora existissem outros candidatos que poderiam evitar o golpe que não se concretizou, tudo isso morreu quando houve a posse do novo governo, mas falta providenciar o féretro, com chamávamos os enterros de antigamente.

MILLÔR E CHAGAS – Quem definiu esplendidamente a questão foi Millôr Fernandes (2023+2012): ”Jornalismo é oposição; o resto é armazém de secos e molhados”. Naquela época os armazéns ainda não tinham sido trocados pelos supermercados, mas de lá para cá no jornalismo nada mudou.

Cada vez mais, são os jornalistas que funcionam como “clínicos-gerais” da sociedade. Cabe a eles exercer o espírito crítico e fiscalizar o poder, não importa a facção que o esteja exercendo no momento. Jornalismo de apoio incondicional ao governo é sinônimo de bajulação. Nossa função é muito mais nobre e necessária, como ensinou nosso grande amigo Carlos Chagas aos futuros jornalistas que formava na Universidade de Brasília.

Aqui na Tribuna da Internet estamos sob o signo da liberdade e procuramos exercitar o verdadeiro jornalismo. Isso significa, entre outras coisas, apoiar todos os atos acertados do governo e apontar os que estiverem errados, e isso vale para qualquer governante.

Millôr Fernandes | Quotes, Words, PhraseNÃO INSISTAM – Portanto, não adianta insistir em criticar a Tribuna da Internet por não apoiar Lula incondicionalmente, a pretexto de que (1) Bolsonaro era pior, (2) Lula é democrata, (3) o novo governo está apenas começando (4) é preciso dar um voto de confiança etc. e tal.

Nada disso interessa agora. Lula (ou qualquer governante) tem de fazer a coisa certa, como reduzir os gastos num governo que já deve mais do que recebe. O Orçamento de 2023 é de R$ 5,34 trilhões, mas a dívida pública federal já ultrapassa, com R$ 5,77 trilhões, e prevê-se que chegue a R$ 6,8 trilhões no final do ano, vejam bem que o problema se agrava irresponsavelmente.

Quem vai pagar essa conta é o cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia Helio Fernandes. Por isso é bom lembrar o slogan de Tancredo Neves (“É proibido gastar”), que ele não conseguiu colocar em ação em 1985. É claro que se trata de um lema simbólico, porque também é preciso sempre investir, para haver crescimento etc. e tal.

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P.S. 
– Como dizia Nelson Rodrigues, às vezes é preciso procurar o óbvio ululante. A dívida pública, que jamais foi auditada, não para de aumentar. Cada governo que assume acha (?) que responsabilidade de pagar é da gestão seguinte. Assim, a irresponsabilidade reina e todo mundo acha que isso é o novo normal. E como dizia William Shakespeare, palavras não pagam dívidas. (C.N.)

“Provas” de Duran contra Moro são fraudes grosseiras que nem necessitam de perícia

Quem é Tacla Duran, ex-advogado de empreiteiras alvo da Lava Jato e que acusa Moro de extorsão e Deltan de perseguição | Paraná | G1

O doleiro Duran exibiu provas forjadas e o juiz acreditou…

Carlos Newton

O doleiro brasileiro/espanhol Rodrigo Tacla Duran, que fez lavagem de dinheiro para a Odebrecht de 2011 a 2016 e serviu a outras empreiteiras, como a UTC, conseguiu fugir para a Espanha quando a Lava Jato se consolidou, mas agora está de volta, sob a proteção ostensiva do novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio.

O magistrado não somente revogou a prisão do doleiro, como também o colocou no Programa Federal de Proteção a Testemunhas, como se não fosse réu-confesso de lavagem de dinheiro e emissão de notas frias.

DEPOIMENTO NA ESPANHA – Tacla Duran é considerado “réu condesso”, por ter relatado  à Justiça espanhola que fazia lavagem de dinheiro em paraísos fiscais e usava notas fiscais falsas de duas empresas financeiras que abrira (uma na Espanha e a outra em Cingapura).

Mas de repente Duran virou testemunha especial, a ponto de necessitar de proteção policial contra o ex-juiz Sérgio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, que o estariam ameaçando de morte, vejam só que estória mais maluca.

Detalhe importantíssimo: o juiz Eduardo Appio nem quis saber dos antecedentes do criminoso. Logo na primeira audiência o magistrado fez Taclan Duran evoluir de “réu confesso” para “testemunha sob proteção federal”.

INQUÉRITO URGENTE – E o surpreendente juiz foi além, porque também pediu abertura “urgente” de inquérito contra Moro e Dallagnol, que imediatamente arguiram a suspeição do magistrado, por ser declaradamente petista e até ter assinado suas decisões judiciais com o codinome “LUL-22”, na campanha eleitoral passada.

Isso tudo até parece Piada do Ano, mas é a dura verdade da fase “novo normal” que estamos vivendo.

O fato concreto é que o novo juiz da Lava Jato ficou encantado com as “provas” que o ínclito Tacla Duran reapresentou pela enésima vez, especialmente as fotos de mensagens de celular que teria recebido do advogado Carlos Zucolotto, amigo de Moro e Dallagnol, através do Wickr, aplicativo que deleta correspondência automaticamente depois de um espaço de tempo.

PROVAS FAJUTAS – Foi com essas “provas” pré-fabricadas na Espanha que o doleiro reforçou as acusações de que Zucolotto, o amigo de Moro e Dallagnol, teria intermediado negociações escusas  deles.

Aliás, entre centenas de investigados e condenados pela Lava Jato, estranhamente Tacla Duran teria sido o “primo inter pares”, o único a ter sofrido extorsão, mas o desatento juiz nem levou isso em conta.

O que mais impressionou o célere magistrado foi a “perícia” espanhola, que atestou a “veracidade” das provas. Em nenhum momento o juiz Eduardo Appio percebeu que Duran é um criminoso audacioso e as diversas acusações que faz a Moro e Dallagnol são Piadas do Ano e não comprovam nada, muito pelo contrário, como veremos a seguir.

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VEJAM COMO  AS IMAGENS FORAM FRAUDADAS

Imagens de mensagens que Tacla Duran afirma ter trocado com Zucolotto

Primeira, terceira e quarta mensagens de Duran não têm horário e todas estão fora do alinhamento

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JOGO DOS SETE ERROS

 O aplicativo Wickr deleta a correspondência automaticamente, após decorrido um considerável espaço de tempo. Portanto, Duran não precisava fotografar as mensagens, bastava gravá-las na própria memória do celular. Como fraudou as mensagens, ele precisou fazer fotos.

 De repente, Duran surgiu com essas fotos, depois de tê-las submetido na Espanha a um exame pericial que tem a mesma qualidade da perícia encomendada em Campinas pelo advogado de Michel Temer, quando tentou desmentir o que o então vice-presidente disse ao ser gravado por Joesley Batista, como todos lembram: “Tem de manter isso, viu?”.

3  Não é necessário ser “perito” em Madri ou Campinas para identificar a fraude urdida pelo doleiro Tacla Duran. Houve uma inacreditável falta de cuidado ao “montar as mensagens”, e o falsário esqueceu de obedecer estritamente ao padrão adotado pelo aplicativo. 

4  Como ocorre com todos os demais aplicativos de mensagens, o Wickr tem padrão rigoroso, que registra importantes dados, como o horário de transmissão. Mas o falsário esqueceu esse detalhe e não registrou horário em várias mensagens de Duran, redigidas em péssimo português, apesar de ser brasileiro nato e se dizer advogado.

5  A primeira mensagem de Duran foi sem horário (“Fora o que querem contar em cima um monte de coisa nada haver que não tenho responsabilidade”). A terceira mensagem, também sem horário (“Certo. E o que da para melhorar?”). E a quarta mensagem continuou sem horário (“Para quanto?”).

6  Além de esquecer de inserir horário em três mensagens (nas outras, houve o registro), o descuidado falsário não percebeu também que o aplicativo Wickr obedece a um rigoroso padrão de diagramação, com as mensagens submetidas a  alinhamentos. No caso das mensagens inseridas por Duran, todas elas estão desalinhadas entre si, exibindo a fraude às escâncaras, como se dizia antigamente.

7  A suposta conversa não tem a menor verossimilhança. Duran alega que teria de pagar uma multa de US$ 15 milhões, mas isso não existe. No Brasil não há multa em dólares. Além disso, a multa só é fixada ao final da sentença, e o processo do doleiro ainda estava e está em tramitação. Além disso, quem aceitaria pagar a um advogado US$ 5 milhões por ter reduzido uma multa de US$ 15 milhões para US$ 5 milhões? Quem pode acreditar numa infantilidade dessas? Ora, apenas o sagaz juiz Eduardo Appio.  

APRODRECIMENTO –  É triste constatar esse apodrecimento das instituições, ao ver uma armação desse nível ser acolhida pela Justiça e pela imprensa, para caluniar Moro, Dallagnol e o advogado Carlos Zucolotto, que representou o escritório de Duran apenas em ações trabalhistas, antes da Lava Jato, e que afirma jamais ter trocado mensagens com Duran, até mesmo porque nunca baixou em seu telefone o aplicativo Wickr.

Mas nada disso foi nem será apurado, porque “as autoridades” e a mídia preferem acreditar em testemunhas como Tacla Duran, que a imprensa insiste em chamar de advogado, embora só tenha defendido causas escusas.

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P.S. – Fica claro que já estamos no fundo do poço, com um presidente ex-presidiário retirado ilegalmente da cadeia, e que hoje disputa a polarização com um ex-presidente filiado a um partido dirigido por um outro ex-presidiário. E praticamente todo mundo acha isso normal. (C.N.)

Costa Neto planeja recepção a Bolsonaro e ato público, sem avaliar as consequências

Arquivos valdemar costa neto - Rede Brasil Atual

Costa Neto delira e nem percebe que a campanha já acabou

Carlos Newton

A cúpula do PL, comandada por Valdemar Costa Neto, está delirando e programa uma recepção apoteótica ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que volta a Brasília nesta quinta-feira, dia 30, após três meses nos Estados Unidos. O retorno está confirmado, e a previsão do PL é de que o voo chegue em Brasília às 7h10m da manhã diretamente da Flórida, e a recepção seria por volta das 7h30m.

Segundo o Estadão, o ex-presidente informou a aliados que gostaria de desfilar em carro aberto do aeroporto até Brasília, mas não houve confirmação.

HAVERÁ MOTOCIATA? – O fato concreto é que parlamentares e ativistas estão convidando os militantes a prestigiarem a chegado de Bolsonaro e sua comitiva.

Uma das ideias é organizar uma gigantesca motociata/carriata que saia do aeroporto e conduza o ex-presidente e sua comitiva até algum ponto de Brasília onde possa ser instalado um carro de som para que ele faça um discurso.

Em seguida, Bolsonaro iria repousar na mansão que o PL alugou para ele no condomínio Solar de Brasília, por R$ 12 mil mensais, com 400 metros de área construída, mas a programação ainda não está decidida, porque há muitas dúvidas a serem dirimidas.

ANIVERSÁRIO DO GOLPE – Na sexta-feira, dia 31, completa-se mais um aniversário do golpe militar de 1964, que Bolsonaro pretende comemorar em grande estilo. Por isso, na cúpula do PL há até quem defenda que a motociata seja transferida para sexta-feira.

No entanto,  a ideia não foi bem recebida, porque não se sabe como reagiria o Comando das Forças Armadas a uma provocação deste tipo.

Como não haverá sinal verde do Exército, o mais provável é que haja a motociata/carriata logo na recepção ao presidente, na manhã de quinta-feira, com trajeto até algum ponto da cidade onde possa ser concentrada a multidão sem causar graves problemas ao cotidiano da capital, algo que não é nada fácil de se organizar.

REFORÇO POLICIAL – Nesta segunda-feira, dia 27, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, enviou ofícios à Polícia Federal, ao governo de Brasília e ao Ministério da Justiça, pedindo reforço policial para a chegada de Bolsonaro.

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal realizou uma reunião nesta terça-feira (dia 28), com os órgãos competentes pela segurança na capital da República, para tentar discutir um plano de atuação.

Mas as autoridades não sabem como proceder, porque o partido ainda não informou exatamente qual é a programação, que precisa ser decidida logo, para que sejam tomadas as providências acautelatórias.

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P.S. –
 A questão que se coloca é preocupante. Como reunir uma multidão de bolsonaristas sem desencadear um fanatismo que se torne inconsequente? Aliás, é de uma cretinice nauseante essa ideia de fazer um ato público em Brasília, para comemorar o aniversário do golpe de 64. Convém abandonar essas “genialidades” e cair na real. Não é possível que se tente implantar no país um clima de permanente campanha presidencial. Como diz o famoso artigo 142, que Bolsonaro tanto citava, ninguém tem direito de tumultuar a ordem pública. (C.N.)

Banco Central confirma avaliação da Tribuna e exige arcabouço fiscal “sólido e crível”

Banco Central recebe quase 11 milhões de consultas sobre dinheiro esquecido | Exame

Ata do Copom refere-se à baixa credibilidade do governo

Carlos Newton

O Banco Central divulgou nesta terça-feira (28) a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, em que manteve em 13,75% a taxa básica de juros, a Selic. Conforme a Tribuna da Internet anunciou, com absoluta exclusividade, a justificativa para não diminuir os juros é a falta de credibilidade do governo.

No documento sobre a decisão do Copom, o Banco Central assinalou que uma nova regra fiscal “sólida e crível” pode facilitar a queda da inflação no país.

ARCABOUÇO FISCAL – O comunicado do BC se referiu diretamente ao chamado “arcabouço fiscal” que está sendo elaborado pela equipe econômica para substituir o atual “teto de gastos”, que o presidente Lula da Silva não aceita. Assim, caso seja aprovado pelo Congresso, o arcabouço serviria como uma nova regra para limitar os gastos públicos federais.

A proposta ainda não foi divulgada, mas o ministro da Fazenda, Fernando, já entregou a Lula uma minuta, preparada com participação direta da ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Segundo o BC, caso seja “sólida e crível”, essa nova regra para o gasto público pode levar a um processo “mais benigno” de combate à inflação porque ajudaria a melhorar a situação de três fatores: a expectativa de inflação; a incerteza sobre a economia, com aumento da dívida pública; o “prêmio de risco” dos ativos, ou seja, garantia ao investidor estrangeiro interessando em investir no Brasil.

P.S. – Onde se lê credibilidade do governo, por favor, leia-se credibilidade de Lula, porque é o próprio presidente que se dedica a boicotar a imagem da administração pública, inclusive debochando dos especialistas e dizendo que os livros de economia “estão superados”. Como se vê, Lula voltou ao poder sem o menor senso de limite e também sem o menor sendo de ridículo(C.N.)

Ao julgar a “graça presidencial” concedida a Silveira, STF estará julgando a democracia à brasileira

TRIBUNA DA INTERNET

Charge do Duke (O Tempo)

Carlos Newton

A democracia à brasileira já tem data para ir a julgamento. Reportagem de Márcio Falcão e Fernanda Vivas, da TV Globo Brasília, revela que a presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber, marcou para o dia 13 de abril o julgamento que vai discutir a legalidade da graça individual concedido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro a um de seus aliados, o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-DF).

Como se sabe, em abril do ano passado o político bolsonarista foi condenado pelo Supremo a oito anos e nove meses de prisão, por estímulo a atos antidemocráticos e ataques aos ministros do tribunal e instituições, como o próprio STF.

INDULTO INDIVIDUAL – Silveira também foi condenado à perda do mandato, à suspensão dos direitos políticos e ao pagamento de multa de R$ 212 mil, que aumenta R$ 15 mil por dia e já está superando em muito o espantoso valor das joias que Michelle Bolsonaro pensou que ia ganhar.

No dia seguinte ao julgamento de Silveira, Bolsonaro publicou decreto concedendo-lhe a chamada graça presidencial, para impedir a aplicação das penas e o pagamento de multa.

Embora aqui na filial Brazil o chefe do governo tenha o direito constitucional de conceder a graça, exatamente como ocorre na matriz U.S.A, o relator Alexandre de Moraes simplesmente desconheceu os efeitos do decreto presidencial, sob argumento de que a medida só poderia entrar em vigor caso o Supremo concordasse.

INVERSÃO CONSTITUCIONAL – Com essa decisão autoritária e descabida, Moraes jogou no lixo o dispositivo constitucional, pois todo decreto de presidente entra em vigor na data de sua publicação e só pode sofrer anulação após ser declarado ilegal pelo Supremo.

Além disso, argumentou outra sandice, determinando que os efeitos secundários da condenação permaneceriam: a inelegibilidade e a perda do mandato. Ora, quando os efeitos primários são anulados, os secundários também são extintos, qualquer estudante de Direito sabe essa regra.

Por isso, a Câmara Federal  não levou em conta a despropositada decisão do relator e o próprio Tribunal Superior Eleitoral (presidido por Moraes) não conseguiu cassar a candidatura de Silveira, que concorreu sub judice e chegou em terceiro lugar na eleição vencida pelo senador Romário, do PL.

HORA DA VERDADE – Enfim, chegou a hora da verdade e a ministra Rosa Weber é relatora das seis ações que contestam a graça presidencial, apresentadas por Rede Sustentabilidade, PDT, Cidadania, PSOL, senador Renan Calheiros (MDB-AL) e ex-deputado Alexandre Frota (PSDB-SP).

As ações argumentam que o então presidente Bolsonaro agiu para “derrubar o tabuleiro do jogo democrático e republicano” e, insatisfeito com o resultado do julgamento, “resolveu portar-se como uma instância revisora de decisões judiciais”.

Em tradução simultânea, porém, a graça presidencial significa exatamente isso, pois funciona com última instância de decisões judiciais na matriz U.S.A., onde costuma ser decretada. Aqui na filial Brazil a medida ainda era inédita, o único ato similar ocorreu em 1945, quando o presidente José Linhares concedeu indulto a soldados e oficiais da Força Expedicionária Brasileira, que eram acusados de diversos tipos de crimes e ainda não tinham sido julgados.

PRESO EM FEVEREIRO – Quando terminou o mandato de deputado federal, em fevereiro, Daniel Silveira voltou a ser preso por ordem de Moraes, a pretexto de ter descumprido medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de usar redes sociais, apesar de a graça presidencial haver lhe livrado de todas as penas e multas, vejam bem a esculhambação jurídica e política que este país enfrenta.

As contas bancárias dele estão bloqueadas e as de sua esposa, também, o que é inconstitucional, pois sua mulher nem responde a processo. Além disso, uma operação de busca e apreensão na residência do ex-deputado apreendeu RS$ 270 mil em dinheiro vivo, e ninguém nem sabe como a mulher dele tem sobrevivido.

Agora, teremos a decisão, mas Silveira não deve alimentar esperanças. Desde que Bolsonaro lhe concedeu a graça individual, ele jamais poderia ser preso novamente no transcorrer do mesmo processo nem cobradas as multas com bloqueio de contas e busca e apreensão. Mas o ministro Moraes passou um trator em cima da legalidade e ficou tudo por isso mesmo, como se dizia antigamente.

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P.S. 1
 – Assim, quem vai a julgamento não é apenas Silveira, mas a própria democracia à brasileira, que Sobral Ponto dizia não existir, pois democracia não pode ser adjetivada. O que existia, para o jurista, era o peru à brasileira… Porém, no decorrer do processo de Silveira. o STF já decidiu que na democracia à brasileira a liberdade de expressão tem limites e a imunidade parlamentar é uma falácia.

P.S. 2 – No julgamento do dia 13, o Supremo vai avançar mais uma quadra no tabuleiro do poder, ao julgar que a graça presidencial não tem o menor valor aqui na filial Brazil, embora possa ser exercida normalmente na matriz U.S.A., onde o então presidente Trump e muitos antecessores utilizaram esse instrumento jurídico, sem a menor contestação da Suprema Corte americana. (C.N.)

Zanin abriu um processo em que Lula sai perdedor de todo jeito, mesmo se vencer

Zanin fala em ligação de Bretas com Bolsonaro e tentativa de intimidação - 09/09/2020 - UOL Notícias

Cristiano Zanin mostrou que é um péssimo advogado

Carlos Newton

Não há a menor dúvida de que o advogado Cristiano Zanin cometeu um desclassificante erro jurídico ao mover em 2017 um processo contra a União, em nome de Luiz Inácio Lula da Silva, para reaver as mais valiosas das joias e peças de arte que o então ex-presidente havia usurpado ao deixar o governo, em 2011, naquela caravana de onze caminhões da Granero, contratada pelo Planalto.

Quando tomou essa temerária iniciativa, o então desconhecido Cristiano Zanin trabalhava na banca de advocacia de seu sogro Roberto Teixeira, amigo e comparsa de Lula, que foi réu junto a ele no caso do Sítio de Atibaia, usava um telefone do Instituto Lula em seu escritório e por isso acabou sendo grampeado por engano na Lava Jato, causando faniquitos em seus colegas da OAB.

ESTRANHO PROCESSO – Na época, o inexperiente Zanin não aceitou a decisão do Tribunal de Contas da União, que condenara o réu Lula a devolver as valiosas peças que surripiara, assim como condenou também Dilma Rousseff. Juntos, a dupla petista havia afanado 472 peças, e os dois foram obrigados pelo TCU a devolvê-las.

O processo de Zanin é o mais estranho da Justiça brasileira. Pela primeira vez, a União é ré em uma ação movida por um ex-presidente que agora está de novo no exercício do cargo. Portanto, nesta ação Lula terá o desprazer de ser contestado pela AGU, que tem a missão de atuar em qualquer processo contra a União.

Ou seja, a tresloucada pretensão de Lula será combatida pelo petista Jorge Messias, que a então presidente Dilma chamava de “Bessias” e em 2016  o encarregou de levar a Lula um falso termo de posse na Casa Civil, para lhe garantir foro especial e livrá-lo da prisão na Lava Jato. Hoje Messias comanda a AGU e tem o dever funcional de enfrentar Zanin no julgamento.

LULA SAI PERDEDOR – Cristiano Zanin, hoje exaltado como o gênio que “inocentou” Lula e até cotado para uma cadeira no Supremo, na verdade fez uma tremenda burrada ao abrir esse processo, porque em qualquer hipótese Lula sairá perdedor.

O fato concreto é que, ao abrir esta ação em 2017, o advogado Zanin estava levando Lula a assumir  automaticamente o cometimento de crimes de descaminho, peculato e apropriação indébita, além de outras infrações como, por absurdo, a utilização do aparato judicial como litigante de má-fé.

É como se Lula tivesse assumido ser réu confesso, uma situação a que somente poderia ser levado por um advogado inexperiente e trapalhão, que agora é candidato a uma cadeira no Supremo, vejam a que ponto chegamos.

LULA SILENCIA – Lula pode ser ignorante, mas não é idiota. Por isso, até agora não deu uma só palavra sobre o escândalo das joias que atinge seu rival Bolsonaro. Mas os petistas não têm esse cuidado e estão dando sucessivas entrevistas esculhambando Bolsonaro, como se Lula fosse diferente dele.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, declarou que ninguém recebe um presente de caráter personalíssimo com essas características, porque não se trata de uma garrafa de uísque, uma caixa de charutos ou uma peça relacionada diretamente à cultura do país visitado. Disse que joias não são presentes incomuns, mas não com valor de milhões de reais.

Enrolado com os problemas da economia nacional, Haddad nem percebeu que Lula está na mesma situação de Bolsonaro, que apenas repetiu o comportamento criminoso adotado por Lula e Dilma ao deixarem o poder. A diferença é que os serviçais de Bolsonaro foram apanhados em flagrante pela Receita, enquanto Lula e Dilma não tiveram este constrangimento, mas os três devem ser considerados iguais, em matéria de ganância e desprezo pelo interesse público.

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P.S. –
 Estava pensando em concluir este assunto hoje, mas nossos governantes são tão apodrecidos que sempre fica faltando dizer alguma coisa. Aliás, com presidentes tipo Lula, Dilma ou Bolsonaro, o Brasil está mesmo condenado a permanecer no Terceiro Mundo. E como perguntou Marco Tulio Cícero, nas suas famosas Catilinárias, há quase 1.100 anos: “Ubinam gentium sumus?”. Ou seja: Em que mundo estamos? (C.N.)

EXCLUSIVO: Dizer que Lula nada deve à Justiça é um grave erro de informação

Globo veta vídeo de Lula com William Bonner como garoto-propaganda - Portal Você Online

Na reta final da campanha, Bonner decidiu “absolver” Lula

Carlos Newton

Após a Tribuna da Internet ter denunciado, com absoluta exclusividade, que a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região já demorava mais de três anos para julgar o caso das joias e peças de arte surripiadas por Lula da Silva ao deixar o governo em 2011, rapidamente a questão entrou em pauta.

O julgamento será realizado dia 25 de abril e decidirá se o ex-presidente pode recuperar a posse de presentes não personalíssimos de alto valor, recebidos de autoridades de outros países, especialmente árabes.

LULA RECORREU – O pedido de Lula foi considerado improcedente pela Justiça Federal de primeira instância, mas o advogado Cristiano Zanin recorreu.

A notícia da marcação do julgamento é péssima  para o presidente, que vive dias difíceis desde que assumiu o governo pela terceira vez, e também não é boa para Cristiano Zanin, mentor dessa iniciativa arriscada e absolutamente fora de propósito.

Como se sabe, nem tudo que um cliente almeja deve ser levado adiante por seu advogado, sobretudo porque Lula na época já estava preso em Curitiba e vivia atormentado por sucessivas condenações criminais, posteriormente tornadas sem efeito por conta de uma inimaginável e tardia declaração de incompetência da 13ª Vara Criminal de Curitiba, a pretexto de que Lula deveria ter sido julgado em Brasília, onde morava à época dos gravíssimos crimes por ele cometidos.

DECISÃO POLÍTICA – Devemos recordar que a chamada “descondenação” de Lula, em 2021, não foi um julgamento meramente jurídico, porque resultou numa claríssima “decisão política” do Supremo, através de equivocadas “reinterpretações” de leis, e tudo sob medida para possibilitar a candidatura de Lula, por ser considerado o único político capaz de derrotar Bolsonaro e evitar o golpe militar, que já estava sendo esboçado.

Assim, as condenações do ex-presidente foram estrategicamente anuladas, sem que a Justiça reconhecesse sua inocência. Portanto, embora o apresentador William Bonner tenha afirmado a Lula que “o senhor nada deve à Justiça”, isso não é verdade, porque o político petista está destinado a ter dívidas não saldadas com a Justiça enquanto estiver vivo.

Recorde-se que há alguns anos Bonner revelou que produz telejornais “para espectadores tipo Homer Simpson”. E agora ficou claro que continua a fazê-lo.

acervo presidencial | Enio Meneghetti

Escultura árabe em ouro maciço que Lula afirma lhe pertencer

EM MÁ HORA – O julgamento desse processo de Lula ocorre, coincidentemente, quando o Brasil acompanha estarrecido, dia e noite, noticiários detalhando como as joias da Arábia Saudita acabaram aterrissando no Brasil em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro e de sua esposa Michelle, enroscando na ilegalidade ex-ministros, assessores e militares subordinados.

É uma vergonha, um “despudoramento” que faz corar qualquer presidiário batedor de carteira ou ladrão de celular. Assim, Bolsonaro está repetindo os mesmos erros de Lula e Dilma, que tiveram de devolver ao Patrimônio da Presidência 472 peças que haviam usurpado, vejam a que ponto chega a ganância desses políticos.

Todavia, não se surpreenda, não se iluda. Esta informação sobre o próximo julgamento de Lula você não leu em nenhum jornal nem viu nas telas de nossos canais de televisão, porque a grande mídia está cooptada, aguardando as gordas verbas publicitárias que o candidato petista prometeu, em nome da liberdade de imprensa.

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P.S. 1 – Como se sabe, deixar de  informar sobre um fato importante é uma forma de contribuir para a desinformação. Mas quem se interessa?

P.S. 2 – Como o tema é da maior relevância e a grande imprensa está blindando o processo de Lula, vamos voltar ao assunto amanhã, sempre com informações absolutamente exclusivas. E o resto é folclore, como diz nosso amigo Sebastião Nery. (C.N.)

EXCLUSIVO: Dizer que Lula nada deve à Justiça é um grave erro de avaliação

GrandeSantaRosaNotícias.com

Charge do Schmck (Arquivo Google)

Carlos Newton

Apesar de estar usufruindo a glória de voltar a exercer a Presidência da República, o inferno astral de Lula da Silva ainda não terminou. Nesta segunda-feira, dia 20, este assunto será o tema principal da Tribuna da Internet, com importantes informações sobre Lula, em absoluta exclusividade.

É nitroglicerina pura, mas não deverá atrapalhar a agenda de Lula fora do Brasil, embora com certeza  venha de novo a manchar a biografia do atual presidente brasileiro, que nos últimos anos tem sido inutilmente lavada, enxaguada e alvejada por alguns destacados membros dos três Poderes e pela isenta e nada monetarista grande imprensa.

VIAGEM AO EXTERIOR – Aliás, o presidente brasileiro se prepara para viajar à China e já foi convidado oficialmente para fazer uma escala nos Emirados Árabes, cujos sheiks adoram agradar aos governantes estrangeiros. Portanto, Lula precisa ter cuidado com os presentes dos árabes, para não repetir os erros de Bolsonaro.

Bem, prepare-se, pois as informações que daremos aqui na Tribuna não serão divulgadas em nenhum jornal ou canal da TV aberta, como de costume.  Mas este Blog foge à regra, porque é mesmo  independente, a serviço de quem não se esconde para fugir à realidade.

Assim como o próprio país, a imprensa está vivendo uma fase altamente negativa

ReproduçãoCarlos Newton    /   Ilustração: Alexandre Beck

Conversando com um grande amigo, ele fez reflexões que me incomodaram intensamente. Reclamou que o planeta Terra corre sérios riscos de não só implodir ecologicamente, mas até mesmo explodir, em virtude da guerra-invasão da Rússia contra a Ucrânia, das instabilidades diplomáticas entre China e Estados Unidos, do crescente descrédito do sistema bancário-financeiro internacional, com reflexos em outros países.

Disse também que o capitalismo brasileiro está desmoralizado, com os empresários mais ricos do país (Lemann, Sicupira e Telles) dando golpe na praça nas inexplicáveis inconsistências contábeis de cerca de R$ 50 bilhões não auditadas nos balanços das Lojas Americanas.

MAIS PROBLEMAS – Referiu-Se à tragédia que destruiu parte do Litoral Norte, em São Paulo, com mais de 50 mortos e prejuízos bilionários, sem recomposição e previsão de reconstrução urbana, a curto prazo. E citou também o quase extermínio sofrido por indígenas ianomâmis, a profusão de ministérios para negociações.

Tudo isso para reclamar que o assunto mais divulgado na imprensa é a ilegalidade do apossamento de joias e presentes recebidos por Jair Bolsonaro, na condição de presidente da República, em valores próximos a R$ 20 milhões.

Disse que há telejornais que repetem a matéria o dia inteiro, transformando o espectador em um idiota. E pior, será que Michelle sairá candidata à presidência da República em 2026? “Menos, por favor…”, pediu o amigo, como se eu fosse responsável por esse comportamento dos jornalistas.

NADA DE NOVO – Respondi que a imprensa é assim mesmo. Lembrei a célebre obra do economista John Kenneth Galbraith, “A Era da Incerteza”, na qual ele dedica um capítulo inteiro a analisar as distorções da imprensa, cujo principal objetivo é simplesmente causar impacto.

Além disso, há os interesses financeiros. Com a volta de Lula, que distribui generosas verbas de publicidade, a corrupção saiu do radar das principais publicações, que hoje são absolutamente contra a Lava Jato e aceitam passivamente a libertação de Sérgio Cabral, vejam a que ponto chegamos.

Não há tempo e espaço para manter acesa a crítica à imoral transferência de bilhões para emendas parlamentares. Em busca de faturamento com a publicidade estatal, a imprensa inteira apoia a possível nomeação do advogado e particular amigo de Lula, Cristiano Zanin, para ocupar uma vaga na Suprema Corte.

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P.S.
 – As notícias que meu grande amigo comentou são todas deprimentes e me senti arrasado. Ao se despedir, ele citou mais uma, dizendo que a imprensa faz pouca carga contra as nomeações de esposas de ministros do governo Lula para o exercício do cargo de conselheiras de Tribunais de Contas estaduais, sinecuras vitalícias, com mais de R$ 40 mil por mês. E arrematou, dizendo que o fato de o jornalista William Bonner ter afirmado a Lula, em nome da TV Globo, “que o senhor nada deve à justiça”, não pode ser interpretado como um habeas corpus permanente para o cometimento de abusos por ação ou omissão no exercício do mandato presidencial, como a intenção de nomear o próprio advogado para o Supremo, com apoio da imprensa. “Realmente, é demais”, respondi. (C.N.)

Lula e Haddad nada entendem sobre o capitalismo sem risco dos bancos no Brasil

Arquivo para Charges - Página 55 de 135 - Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região

Charge do Bier (Arquivo Google)

Carlos Newton

Os pensadores Karl Marx e Friedrich Engels, com impressionante precisão, há cerca de 150 anos previram que o capitalismo chegaria à fase do “rentismo”, expressão criada por eles, quando o capital passaria a gerar lucro apenas financeiramente, sem nada produzir, sem gerar empregos, sem distribuir renda. Seria um capitalismo sem risco, com desvirtuamento absoluto das magistrais teorias do mestre Adam Smith.

Marx e Engels eram pensadores absurdamente geniais, porém é necessário filtrar seus pensamentos, para adaptá-los às transformações sofridas pela humanidade com a criação dos direitos trabalhistas e sociais, que começaram a humanizar o chamado capitalismo selvagem.

BEM-ESTAR SOCIAL – Marx e Engels achavam que o rentismo seria a fase derradeira do capitalismo, mas não é exatamente isso que está acontece. A resposta aos males do capitalismo foi o desenvolvimento do socialismo democrático, cuja grande meta é o ansiado Estado do Bem-Estar Social.

Em alguns países, houve avanços extraordinários neste sentido, mas o sonho ainda não foi concretizado em nenhuma nação, porque essa meta humanitária somente será conseguida quando o atendimento à educação e à saúde forem totalmente universalizados, sem privilégios de escolas particulares e planos de saúde, para garantia de direitos e oportunidades iguais para todos, na democrática concepção da meritocracia.

Bem ou mal, pode-se dizer que a humanidade caminha para conseguir harmonizar capitalismo e socialismo, mas isso ainda vai demorar muito e nenhum de nós estará aqui para presenciar.

ADAM SMITH TINHA RAZÃO – Não pode existir capitalismo sem risco. Esta máxima de Adam Smith sobrevive a tudo, porém Marx e Engels acreditavam que não iria resistir ao rentismo, devido às pressões sociais que seriam desencadeadas.

O rentismo, porém, não se concretizou na forma idealizada pelos criadores de “O Capital”, porque também inclui riscos em praticamente todos os países desenvolvidos. Mas o Brasil resolveu ser uma das exceções e transformou o rentismo num grande negócio, por estar sendo mantida, por décadas, uma política oficial de prática de juros básicos sempre acima da inflação.

Interessante notar que este longo ciclo somente foi quebrado em agosto de 2020, quando o Banco Central passou a praticar juros negativos, abaixo da inflação, durante seis meses seguidos. É claro que essa política ortodoxa revoltou os rentistas, que passaram a cobrar a cabeça do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. E até hoje o fazem.

CAPITALISMO SEM RISCO – O pior é que essa discussão sobre os juros positivos ou negativos da taxa básica Selic é estéril e histérica. O que se precisa debater são as “operações compromissadas”, que depois da crise do Proer, no governo FHC, conseguiram no Brasil a eternização de um sistema de overnight (juros diários), que não é praticado em nenhum país que mereça respeito. Nos Estados Unidos, por exemplo, não se faz mais esse tipo de “operações compromissadas”.

São essas operações financeiras que garantem aos bancos um rentismo próprio, que os demais investidores não podem praticar.

É por isso que no Brasil os bancos são completamente imunes a crises e todo ano estão sempre entre os mais lucrativos do mundo.

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P.S. 1
 – Essa distorção do capitalismo de Adam Smith provoca perguntas que ninguém responde: Por que os bancos brasileiros devem operar sem risco? Por que estão imunes a crises e não foram afetados nem mesmo pela recente pandemia? Por que não se discute essa aberração?

P.S. 2 – É claro que se trata de uma situação insustentável a longo prazo, porque a lucratividade exagerada e garantida dos bancos tem base no aumento da dívida pública, que é paga pelo cidadão-contribuinte-eleitor, como dizia Helio Fernandes. O pior é que o presidente Lula da Silva e o ministro Fernando Haddad, que poderiam fazer algo a respeito, não têm a menor noção do que sejam as “operações compromissadas”, neste overnight tropical. Na verdade, Lula e Haddad são dois inocentes úteis, como se dizia antigamente, e os banqueiros os manipulam com a maior facilidade. Mas quem se interessa? (C.N.)