Alívio, ofensa e crítica ao Itamaraty — veja as mensagens trocadas no entorno de Bolsonaro

Fábio Wajngarten diz que Bolsonaro "jamais acessou ConecteSUS"

Mensagens demonstram o envolvimento de Fábio Wajngarten

Mariana Muniz
O Globo

Mensagens trocadas entre o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, e outras pessoas do entorno do ex-presidente, como o ex-assessor Marcelo Câmara e Fabio Wajngarten, trazem expressões de alívio, ofensas e até críticas ao funcionamento do Ministério das Relações Exteriores.

As comunicações foram reveladas em investigação da Polícia Federal (PF) sobre um esquema de venda de bens dados a Bolsonaro durante viagens oficiais.

CITADAS POR MORAES– Na decisão que determinou as medidas, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cita diversas destas mensagens que foram obtidas a partir das apurações da PF.

Em um dado momento das trocas de mensagens, Cid fala com Osmar Crivelatti, segundo-tenente que também é assessor pessoal de Bolsonaro, a respeito do envio do chamado “conjunto rosê”, que reúne relógios e joias da joalheria suíça Chopard.

Em diálogo ocorrido na data de 4 de março de 2023, Crivelatti confirma a entrega do “kit”, manda fotos dos artigos de luxo, e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro desabafa: “ufa”.

CONJUNTO DE JOIAS – O alívio de Cid, segundo a PF, tem a ver com o traslado do conjunto de joias em ouro rosê, recebido pelo ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, de Nova Iorque para Orlando, nos Estados Unidos. O envio, ainda segundo a investigação, ocorreu no dia seguinte à divulgação pelo jornal O Estado de São Paulo revelando a existência dos kits de joias entregues a Bolsonaro por autoridades estrangeiras.

A expressão “ufa” é usada por Cid ainda em outro momento das mensagens coletadas pela PF, no escopo de conversas envolvendo tratativas para vender um relógio Rolex.

Nesta etapa da “operação” de vendas dos itens de luxo, Cid e Crivelatti se comunicam para falar de uma possível recuperação do item de luxo.

AS MENSAGENS – “Às 13:44, do dia 13/03/2023, MAURO CID encaminha uma mensagem com o pedido: ‘Passa o telefone do Dias’. Mais tarde, às 19:45, MAURO CID pergunta para CRIVELATTI:‘Nada ainda?’. Em seguida, OSMAR CRIVELATTI diz: ‘Já ligo. Disse que vai’. Em tom de alívio, MAURO CID respondeu: ‘Ufa’ e, em seguida afirma: ‘Se eu tiver que intervir avisa’. CRIVELATTI responde: ‘Vai falar com o Sr’.

Já no dia 14/03/2023, MAURO CID novamente pergunta: ‘E ai?’. Em seguida, há o registro de uma chamada, seguida de uma nova mensagem enviada por MAURO CID que foi apagada. Em resposta, OSMAR CRIVELATTI diz: ‘EXCELENTE’”, narram os investigadores.

Durante o diálogo Mauro Cid lamenta ter de recuar de uma venda das joias nos EUA. “Só dá pena pq estamos falando de 120 mil dólares / Hahaaahaahah”.

ASSESSOR ALERTA – Marcelo Câmara responde ao comentário do comparsa dizendo dar pena mesmo, entretanto, alerta: “O problema é depois justificar e para onde foi. De eu informar para a comissão da verdade. Rapidamente vai vazar”.

No dia 22 de fevereiro de 2023, Câmara questiona Mauro Cid sobre ‘material do acervo’, se referindo a devolução do kit rose de ouro, da marca Chopard, que foi encaminhado para leilão. Mauro Cid responde: “vou chicotear”.

Em diálogo de 30 de dezembro de 2022, logo após a chegada de Bolsonaro aos Estados Unidos, Mauro Cid tentou mandar para a casa do pai dele uma mala contendo objetos recebidos pelo ex-presidente pelo governo do Bahrein, uma palmeira e um barco dourados. Ele tenta fazer o deslocamento da cidade de Orlando para Miami por meio de Marcela Magalhães, que teria sido auxiliar da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e indicada para ocupar cargo no consulado do Brasil em Orlando.

Na conversa, Mauro Cid diz: “Marcela, eu vou te pedir um favor. Tem uma mala que eu preciso que vá para Miami. […] Você conseguiria descer com essa mala para mim?”. Diante da negativa de Marcela, o tenente-coronel afirma: “Vocês não têm um motorista para fazer isso…Putz, pessoal do Itamaraty é enroladinho, hein?”

BURRO DEMAIS – Outra mensagem encontrada no telefone de Mauro Cid mostra Wajngarten dizendo que Frederick Wassef, advogado pessoal de Bolsonaro, é “burro demais, contaminado” durante uma conversa sobre a tentativa de reaver joias dadas ao mandatário em viagens oficias e revendidas a uma loja no exterior.

Na conversa, Mauro Cid diz: “Parece que vão cassar a decisão do Augusto Nardi (sic)” e Fabio Wajngarten responde: “Vão mesmo. Por isso era muito melhor a gente se antecipar”. Em seguida, demonstrando contrariedade, diz: “Mas o gênio do câmara + fred contaminam tudo”, se referindo, possivelmente, ao assessores Marcelo Câmara e o advogado Frederick Wassef.

Cid então diz: “tb acho… me disseram que vc iria…”. Já Wajngarten responde: “Era de longe o mais acertado”. O ex-ajudante de ordens então, apesar de saber que Wassef já estava nos Estados Unidos para trazer as joias, disse: “mas Crivelatti falou que vc iria. Liga para o Pr”, se referindo a Bolsonaro.

Wajngarten escreve: “Burro demais. Contaminado” e Cid insiste: Fala direto com o Pr”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A troca de mensagens confirma que Fábio Wajngarten, ex-Secom, também está envolvido no acobertamento da venda das joias, o que seria crime de favorecimento. É muita baixaria, mesmo. (C.N.)  

Cobrado por senadores, enfim Pacheco critica a “invasão de competência” pelo Supremo

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, durante sessão

Pacheco demorou a se posicionar e agora é tarde demais

Lauriberto Pompeu
O Globo

Próximo a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ensaia um movimento sutil de distanciamento do Poder Judiciário. A ação, motivada pela visão de que há uma “invasão de competências”, é calculada de forma a atender senadores que cobram uma postura mais firme, mas sem romper as pontes com a Corte.

O exemplo que mais chamou a atenção ocorreu há duas semanas, quando ele disse em plenário que os posicionamentos do STF sobre porte de drogas e piso da enfermagem são “equívocos graves” e representam intromissões na seara do Legislativo. Há um mês, o parlamentar também não poupou críticas ao ministro Luís Roberto Barroso por discurso sobre derrota do bolsonarismo.

PAUTAS EM FOCO – No Senado, há diversas pautas de interesse do Supremo que estão sem definição, como um projeto que barra supersalários da classe, aprovado pela Câmara e engavetado na Casa vizinha por pressão do Judiciário, e o do quinquênio, que vai na direção contrária e amplia a remuneração da categoria.

Há também uma cobrança da oposição para limitar as competências do STF. Pacheco já disse no começo do ano que pode discutir mandatos para ministros, limitação para pedidos de vistas e decisões monocráticas, mas essas pautas não têm andado.

Aliados do parlamentar avaliam que os discursos dele visam promover um “freio de arrumação” no STF, mas ponderam que as falas não significam uma disposição ao confronto. De acordo com o entorno do presidente do Senado, ele não fazia declarações nesse sentido antes porque considera que a fronteira da “invasão de competência” ainda não havia sido rompida, cenário que, para ele, mudou agora.

REUNIÕES COM MINISTROS – Integrantes do Senado e do STF pontuam, no entanto, que Pacheco foi homenageado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em março e tem reuniões particulares de periodicidade mensal com os ministros Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, das quais o senador Davi Alcolumbre (União-AP) também participa.

O comportamento de Pacheco é visto como uma maneira de responder à pressão de senadores, principalmente da oposição, e impedir qualquer interpretação que o Senado não tem autonomia frente ao STF. Uma parcela do Congresso também vê na atitude uma maneira de Pacheco buscar protagonismo e atrair os holofotes para si.

O nome dele chegou a ser citado como opção para a vaga que será aberta no STF em outubro, mas como não está entre os favoritos para uma cadeira na Corte, há uma movimentação para renovar o mandato de senador em 2026 ou concorrer ao governo de Minas Gerais.

CLIMA DE INSATISFAÇÃO – O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), avalia que a mudança no comportamento do presidente da Casa se dá em um contexto de insatisfação dentro da Casa:

— Ele vem sendo muito cobrado pela submissão do Parlamento e a volta da normalidade democrática e do equilíbrio e harmonia entre os Poderes, no que tem fracassado. Há um sentimento de que o Senado precisa recuperar o seu tamanho.

Na mesma linha, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) considera que os movimentos do parlamentar ocorrem em resposta a demandas que se intensificaram: “Julgo que ele está respondendo à pressão interna e também externa. Pacheco é um homem cordial, mas fica difícil não se posicionar o tempo todo”.

FIRMAR POSIÇÃO – Fora do bolsonarismo, a atuação também teve repercussão interna positiva. O senador Flávio Arns (PSB-PR) disse em plenário que “independentemente de posição partidária e política”, é necessária uma convergência do Senado para dizer que “quem legisla é o Congresso Nacional”.

Cobranças à parte, aliados dizem que Pacheco seguirá na toada de marcar posição, mas preservando a relação com Judiciário. A expectativa é que o presidente do Senado e ministros do STF conversem nos próximos dias e exponham seus argumentos em torno dos assuntos que foram motivos de controvérsia entre os dois Poderes.

No caso do julgamento das drogas, que deverá ser retomado na quinta-feira, quatro ministros já votaram. O posicionamento mais recente foi de Moraes, que defende que a quantidade de até 60 gramas de maconha ou de seis plantas fêmeas deve ser caracterizada como de uso pessoal. Sobre o piso da enfermagem, a Corte limitou o alcance da aplicação da lei.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Pacheco está muito atrasado em sua obrigação de defender as prerrogativas do Congresso. Permitiu que o Supremo abrisse suas asas e agora está difícil evitar o protagonismo do Judiciário em relação a Legislativo e Executivo. Com diz o velho ditado, quem cala consente. E Pacheco ficou tempo demais calado. (C.N.)

Bolsonaro, encurralado, desiste de convocar manifestações de apoio no 7 de Setembro

Pesquisa: Bolsonaro perde para Lula em honestidade e competência

Bolsonaro acha mais prudente não incentivar os apoiadores

Mônica Bergamo
Folha

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discutiu com aliados a possibilidade de convocar manifestações em seu apoio para o 7 de Setembro, quando se comemora a Independência do Brasil.

A ideia foi debatida e diversos prós e contras surgiram. Os que a defendiam disseram acreditar que Bolsonaro sofre uma perseguição política no âmbito da Justiça e também na CPMI do 8 de janeiro. A resposta, portanto, deveria ser política também.

GRANDE MOBILIZAÇÃO -Eles acreditam que Bolsonaro ainda conseguiria colocar milhões de pessoas nas ruas, como fazia quando ocupava a Presidência da República, convocando grandes manifestações justamente nesta data.

A imagem dos apoiadores defendendo o ex-presidente, por essa análise, inibiria as ações contra ele. Nem todos, porém, acreditam que milhões ainda sairiam às ruas por Bolsonaro, ainda mais depois do quebra-quebra e das prisões do 8/1 em Brasília.

Os que se manifestaram contrariamente alertavam para o risco de a convocação parecer uma provocação à Justiça. Além disso, haveria o temor de que radicais, chamados de “malucos”, fizessem quebra-quebras ou atos parecidos com os do 8/1, quando as sedes dos poderes foram invadidas em Brasília.

PALAVRA FINAL – Bolsonaro então deu a palavra final: não quer manifestações nas ruas no dia 7 de Setembro.

De acordo com um interlocutor do presidente, ainda que fossem exitosas, elas não teriam o efeito desejado, de frear as investigações contra ele.

A investigação sobre a venda no exterior de joias dadas de presente a ele deixou o presidente, pela primeira vez em muitos meses, baqueado, na avaliação de mais de um de seus interlocutores.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGBolsonaro tomou uma decisão acertada. Não é hora de agitar as massas. Muito pelo contrário. (C.N.)

Assassinato de crianças no Rio de Janeiro é algo hediondo e enigmático

Eloah foi atingida por uma bala quando estava sobre a cama

Pedro do Coutto

Na edição desta segunda-feira de O Globo, reportagem de Carmélio Dias, Giulia Ventura, Karoline Bandeira e Luísa Ernesto Magalhães, destaca amplamente uma tragédia que atinge principalmente a Zona Norte do Rio de Janeiro, através das chamadas “balas perdidas”, que de perdidas só têm o nome.

Elas transportam consigo a tragédia da morte tendo como alvo crianças e adolescentes que nada têm a ver com o duelo de facções criminosas e com confrontos mortais entre a Polícia Militar e os bandidos, tanto do tráfico de drogas quanto das milícias, e que dominam os cenários carioca e fluminense.

PERPLEXIDADE – As ocorrências se repetem em série interminável e agora atingiram a menina Eloah de cinco anos de idade, cortando a sua vida e o seu futuro, deixando mais uma vez a sociedade perplexa, atingida por um sentimento de impotência. Que balas perdidas são essas? Levam consigo um roteiro repetidamente assassino. As crianças são os alvos comuns dos disparos, aumentado, sem dúvida, à luz da lógica, a impressão de que as armas que as dispararam seguiam o caminho de áreas que se transformaram em roteiros da violência pelos mais diversos motivos.

O ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos, convocou uma reunião de emergência das polícias para investigar e focalizar o assunto. A menina Eloah e Wendel Eduardo, de 17, morreram durante uma ação da Polícia Militar no último sábado na Ilha do Governador.

Não é possível, penso, que balas perdidas só atinjam inocentes, o que transmite a hipótese da tragédia ser ainda maior porque tais episódios sinistros conduzem a uma intimidação e a uma inevitável submissão social em que bandidos impõem a obrigação de que casas sirvam também de esconderijos, e da parte policial para que as populações não acolham os criminosos no duelo de morte do fogo cruzado.

CONTRADIÇÕES – Os bastidores do crime e do castigo são complexos. Ninguém pense – disse outro dia o meu amigo Ruy Castro – que possam ser facilmente desvendados. São relacionamentos obscuros, plenos de contradições, de interligações, de comprometimentos parciais nos quais os verdadeiros chefões de organizações criminosas não têm problema de que agentes seus sejam mortos. Eles os substituem.  

O comprometimento vai até o limite em que os que ocupam um lado contrário possam facilitar o tráfico e ações milicianas se isso puder ser feito. Se não puder, podem matar os inimigos que os chefes os trocam sem maiores problemas. No Correio da Manhã, onde trabalhei praticamente 20 anos, também atuavam os delegados Rescala Bitar e Oswaldo Carvalho.

Esses trabalhavam na Redação. Havia também repórteres que eram policiais. Um dos temores era o de que fossem atingidos de surpresa nas movimentações constantes que a atividade exige. Ocorreu, por exemplo, com o policial Perpétuo de Freitas no cerco ao bandido Mineirinho na Mangueira. P

CONEXÕES – Perpétuo frequentava a Redação do Correio da Manhã e contava histórias surpreendentes. Todos esses casos revelam como são complexas as teias da criminalidade, e as conexões nos lances em que se perdem vidas humanas.

O governador do Rio, Claudio Castro, pensa em construir um muro para proteger a Linha Vermelha. Proteger de quê? Dos disparos criminosos. Portanto, neste caso, as balas têm endereço certo e as vítimas perdem a vida no abismo da calamidade.

ELETROBRAS – Em matéria na Folha de S. Paulo, Marcos de Vasconcellos publicou artigo revelando que enquanto as ações da Copel, Companhia Paranaense de Energia, subiram após a sua privatização na última semana, as da Eletrobras, agora, exatamente um ano depois de ter sido desestatizada, recuaram 20%.

As ações, seis meses antes da privatização, haviam subido 35%. Portanto, os investidores passaram a temer as perspectivas, inclusive porque o próprio presidente Lula da Silva classificou a privatização de uma “bandidagem”. O preço da venda do controle acionário foi ridículo, R$ 33,7 bilhões.

Só Furnas sozinha vale mais do que isso. Além de sua produção, é responsável pela transmissão da energia proveniente de Itaipu. A Companhia Hidrelétrica do São Francisco vale mais também do que R$ 33 bilhões. A privatização foi um desastre para o país e um sucesso para os compradores.  Marcos de Vasconcellos assinala ainda que analistas do BTG Pactual e da XP continuam a recomendar a compra de ações da Eletrobras.

Petistas da CPI querem investigar caso das joias e pretendem convocar Wassef e Lourena Cid

Com Delgatti na lista, confira os novos convocados pela CPMI do 8 de Janeiro  – Política – CartaCapital

CPMI do 8 de Janeiro voltará a se reunir nesta terça-feira

Lauriberto Pompeu
O Globo

A base do governo na CPI dos Atos Golpistas articula uma série de convocações para aprofundar as investigações sobre o suposto esquema, alvo de inquérito da Polícia Federal, de venda de joias e outros itens dados a Jair Bolsonaro na condição de presidente da República. Além dos requerimentos para ouvir o depoimento de personagens que estão na mira da PF, há também pedidos de recolhimento dos passaportes do ex-chefe do Executivo e de sua mulher, Michelle Bolsonaro.

Parlamentares querem ver na comissão o general Mauro César Lourena Cid, o tenente Osmar Crivelatti e o advogado Frederick Wassef. Os três foram alvos de mandados de busca e apreensão na sexta-feira, e a PF investiga o papel de cada um no suposto esquema.

OUTRAS PROPOSTAS – Bolsonaro e Michelle também são alvos de requerimentos para que prestem depoimentos, mas, mesmo na base, há uma avaliação que o assunto não deve ser tratado de forma açodada e que, caso haja acordo para chamá-los, seria algo a ser feito apenas quando a CPI entrar na reta final. Governistas também querem a quebra de sigilo fiscal de Bolsonaro e sua mulher, o que também foi pedido pela PF.

O presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União-BA), resiste a apurar o esquema e considera que entrar no assunto seria fazer da comissão um “palco de discussões estranhas” ao 8 de janeiro.

Há depoimentos marcados para esta terça e quinta-feira, mas ainda não existe previsão de votação de requerimentos. Por outro lado, o governo tem maioria no colegiado e faz questão de entrar no assunto.

CONVOCAR WASSEF – O deputado Rubens Júnior (PT-MA) disse que a base do governo vai ter que “construir essas convocações” para superar a discordância de Maia. No requerimento em que pede a convocação de Wassef, o parlamentar afirma que um dos objetivos da CPI é apurar os “instigadores” e a cadeia de acontecimentos que resultou no 8 de janeiro, o que inclui a arrecadação de recursos via negociações de itens de luxo.

No domingo, Wassef afirmou que “nunca vendeu, ofereceu ou teve posse de nenhuma joia, tampouco auxiliou vendas, de forma direta ou indireta”. A PF cita a atuação do advogado na recompra de um Rolex — a existência do item foi revelada, e o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou a devolução.

Lourena Cid é pai do tenente-coronel Mauro Cid, que foi chefe da ajudância de ordens da Presidência na gestão de Bolsonaro e já esteve na CPI, mas optou por ficar em silêncio. Depois de o Globo revelar que o ex-assessor tentou vender um Rolex recebido por Bolsonaro, a base do governo começou a pressionar para que ele seja reconvocado, junto com Maria Farani, ex-assessora que auxiliou Cid.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na sexta-feira, o Exército afirmou que “não compactua com eventuais desvios de conduta de seus integrantes”. Em tradução simultânea, significa “fim de jogo”. (C.N.)

“Quanto esforço da manhã, para riscar tão alto um corisco de esperança”, dizia Guimarães Rosa

João Guimarães Rosa | O que é filosofia, Pensamentos, PalavrasPaulo Peres
Poemas & Canções

O médico, diplomata, romancista, contista e poeta João Guimarães Rosa (1908-1967), nascido em Cordisburgo (MG), é um dos mais importantes escritores brasileiros de todos os tempos, sendo o romance “Grande Sertão: Veredas”, que ele qualifica como uma “autobiografia irracional”, a sua obra mais conhecida. Entretanto, Guimarães Rosa também enveredou pelos veios poéticos, tanto que registrou em versos a “Tentativa” da manhã em busca de um corisco de esperança.

TENTATIVA
Guimarães Rosa

Manhã básica, alcalina,
neutralizando a gota ácida do sol.
O tornassol do céu, no fundo
do grande tubo de ensaio,
vai se espessando, cada vez mais azul.

Dos poços da marna alagada,
cheios, como frascos chatos sem gargalos,
sobem vapores alvacentos.
A pressão calca cinco atmosferas,
e o calor cresce,
nas alavancas de pirômetros negros,
dilatando as sombras.

Rápida,
uma revoada triangular de periquitos
estraleja e crepita,
flambada em alça enorme de platina,
como o fio de chama, fugidio e verde,
de um sal de boro…

Quanto esforço da manhã,
para riscar tão alto,
um corisco de esperança… 

Não se provou a culpa de 1.156 presos no 8 de janeiro, e vão pedir que eles “confessem”

Recém-eleitos podem ser cassados por suposto incentivo ao vandalismo?

A maioria dos presos não participou dos atos de vandalismo

Carlos Newton

Já houve tempo em que o Brasil era considerado um país evoluído em termos jurídicos, a Justiça funcionava em melhores situações. Ocorriam poucos erros judiciais. Quando eram descobertos, ficavam famosos, como o crime dos irmãos Naves e o julgamento de Doca Street, que 43 anos depois o Supremo agora decidiu rever, por linhas indiretas.

De uns tempos para cá, a decadência do Judiciário passou a ser um fato palpável, devido à “reinterpretação” de leis que fizeram o Brasil se tornar o único dos 193 países da ONU que não prende réus após condenação colegiada em segunda instância e que admite incompetência territorial absoluta em questões não-imobiliárias, dois retrocessos jurídicos que não se justificavam desde tempos medievais.

POR CAUSA DE LULA – Essas reinterpretações de leis ocorreram única e exclusivamente para soltar Lula da Silva e permitir que fosse candidato à Presidência, a pretexto de evitar a transformação do país numa ditadura.

Foi uma causa nobre, alega-se, embora o cemitério esteja repleto de boas intenções e de insubstituíveis, diz o velho ditado. Mas o fato é que esses contorcionismos jurídicos passaram a ser regra, ao invés de exceções, e a todo momento somos surpreendidos com inovações legais, como ocorreu no cancelamento do registro da candidatura de Deltan Dallagnol, uma decisão totalmente ilegal do Tribunal Superior Eleitoral, que desprezou a jurisprudência que adotara seis meses antes.

Agora, mais uma surpresa. O subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, levanta uma tese que mais parece uma Piada do Ano em versão jurídica. Ele quer fazer acordo com 1.156 denunciados pela invasão e vandalismo na Praça dos Três Poderes, desde que confessem.

CONFESSAR A CULPA – Para suspender os processos, o subprocurador pretende que os 1.156 réus simplesmente assinem uma confissão de culpa. Mas como podem se confessar culpados, se o próprio Carlos Frederico Santos revelou que “não ficou comprovado que esses denunciados participaram de forma pessoal e direta dos atentados às sedes dos Três Poderes da República e ao Estado Democrático de Direito”.

Como diria Ataulfo Alves, a desfaçatez dessa gente é uma arte. Se o inquérito e o processo não conseguiram comprovar que essas 1.156 pessoas participaram no atentado, todas elas têm de ser imediatamente inocentadas, livres de tornozeleiras e quaisquer restrições.

Em tradução simultânea, além de não conseguir provar a culpa desses 1.156 cidadãos, a Procuradoria-Geral da República agora arma um ardil para que “confessem”, embora não exista a menor possibilidade de declará-los culpados em juízo.

TUDO NORMAL – Uma notícia dessa extrema gravidade sai no jornal (Estadão, repórter Pepita Ortega) e não acontece nada, é o novo normal judiciário. Quer dizer que pretendem aplicar um golpe asqueroso nesses 1.156 brasileiros e brasileiras que estavam na Praça dos Três Poderes, mas não quebraram nada, não aparecem em nenhuma foto ou filmagem de vandalismo, e ninguém diz nada…

No Brasil existem 1.240 cursos superiores para a formação de advogados; enquanto no resto do planeta a soma chega a apenas 1.100 universidades. Mesmo assim, nosso país consegue praticar o pior Direito do mundo.

Cadê a Ordem dos Advogados do Brasil? Cadê o Conselho Nacional de Justiça? Cadê o Conselho Superior do Ministério Público?

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P.S. –
Será que esses 1.156 brasileiros terão de seguir o exemplo de Sobral Pinto e apelar para a Sociedade Protetora do Animais? É uma situação deprimente e desesperadora. (C.N.)

Candidatos do PL a prefeitos de capitais estão orientados a manter distância de Bolsonaro

Charge do Kleber Sales (Correio Braziliense)

Denise Rothenburg
Correio Braziliense

Enquanto o caso das joias não for esclarecido, a ordem nos pré-candidatos a prefeito de capitais do PL e aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro é evitar um desfile com o capitão a tiracolo. Até porque qualquer ação ou agenda positiva ficará opaca diante do escândalo. Com o principal cabo eleitoral queimado, a ideia em São Paulo, por exemplo, onde o prefeito Ricardo Nunes é candidato à reeleição, é focar nas ações da prefeitura e nos assuntos que interessam ao dia a dia da população, deixando as questões nacionais na gaveta.

Em tempo: no PL, há ainda a ideia de evitar candidaturas que sejam identificadas demais com o ex-presidente. E se Bolsonaro for preso, o que não está descartado, os filhos devem ficar longe das campanhas municipais.

MITO DESABANDO – O ex-presidente, até aqui, divulgou nota reiterando que nunca desviou presentes recebidos de autoridades estrangeiras e colocando sua movimentação bancária à disposição dos investigadores. Porém, tem muita gente no PL com a certeza de que o estrago político foi feito.

Aliados de Jair Bolsonaro passaram o fim de semana pensando em que discurso fazer depois da sexta-feira de notícias estarrecedoras a respeito da venda ilegal de joias presenteadas ao governo brasileiro. Embora alguns pensassem em defender o capitão, está difícil montar uma narrativa.

Enquanto estava no governo, Bolsonaro sempre queria saber de tudo o que ocorria sob sua gestão. Há quem diga que, do jeito que Bolsonaro era centralizador em relação a tudo o que envolvia sua família e o Planalto, o ajudante de ordens Mauro Cid jamais venderia as joias sem o conhecimento do presidente. As investigações mostrarão se essa impressão está correta.

LULA ANTECIPA DISPUTA – Ao se referir ao deputado Arthur Lira como adversário eleitoral, Lula praticamente tomou lado na eleição de Alagoas. Lulistas estão preocupados. O presidente da República anunciou posição muito cedo, no discurso e no palco errado, durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Lira ainda tem um ano e meio como presidente da Câmara.

Agosto já vai pelo meio e, até aqui, nada de ministérios para o Republicanos e para o PP. O prazo final, avisam os deputados, é esta semana.

Até porque, depois da ajuda que o presidente da Câmara, Arthur Lira, deu ao cancelar a ida do ministro da Casa Civil, Rui Costa, à CPI do MST, não tem mais o que esperar para promover a reforma ministerial.

STF vai aprovar ‘lei da maconha fêmea’ e definir o que é ‘uma pequena quantidade’

Charges: 05/29/15

Charge do Genildo (Arquivo Google)

J.R. Guzzo
Folha

O Supremo Tribunal Federal se prepara para aprovar mais uma lei. Não pode fazer isso, porque a Constituição proíbe – é função exclusiva do Congresso, eleito pelo voto universal dos cidadãos. Mas no Brasil de 2023 há duas Constituições em vigor – a que você conhece ou, se não conhece, pode comprar na internet por até R$ 35. Essa não vale a despesa, porque no fim das contas acaba não servindo para nada.

 A outra, a única que realmente funciona no mundo das realidades, não está à disposição do público em geral. É a Constituição dos onze ministros do STF, que não são eleitos por ninguém mas deram a si próprios o direito de escrever as leis que gostam e apagar as leis que não gostam.

MACONHA LIVRE – Sua criação mais recente é a nova lei que libera a maconha no território nacional – “em pequenas quantidades”, segundo dizem. O placar já está em 4 a 0 a favor.

Não é uma coisinha qualquer, nem a soltura de mais um Sérgio Cabral, ou algo parecido. É uma questão crítica para o País inteiro, com posições que se opõem umas às outras e dividem os brasileiros; não existe a mais remota indicação de que a maioria queira a mesma coisa que os ministros estão querendo.

A única maneira de resolver isso com lógica, justiça e respeito à democracia é deixar a decisão a cargo dos cidadãos deste País, através dos seus representantes eleitos; não há outros que podem decidir por eles.

DIZ O SUPREMO – Onde está escrito que a Suprema Corte de Justiça do Brasil tem de se meter num assunto desses? A justificativa do STF é um assombro. Alegam que há injustiça na prisão de “jovens” que são pegos com um pouquinho de droga. Não se sabe se isso é um problema urgente, diante da pavorosa lista de deformações que o Brasil tem hoje – ou sequer se é um problema.

Mas os ministros acham que há um “vazio legal” no assunto, e por “omissão” do Congresso. É falso. Há uma lei, desde 2006, determinando que quem é pego com doses para uso pessoal não pode ser preso. Não há omissão alguma.

E se houvesse? O Congresso Nacional não tem a obrigação de fazer as leis que o STF quer; se não faz é porque sente que a população não quer que se faça.

UM DELÍRIO TOTAL – É óbvio, também, que a ideia de “combater o tráfico” com a legalização é um delírio. E onde os consumidores vão comprar a droga? Nas Lojas Americanas?

 Vão comprar dos traficantes, e isso só vai aumentar o tráfico – que continua sendo crime hediondo, como diz a lei 11.343.

A Praça da Apoteose, nesta história, é a definição de “pequena quantidade” – até 60 gramas, ou “seis pés de maconha fêmea”. Sério? E como o sujeito vai saber se o fuminho que está puxando é fêmeo ou macho? Se for macho fica ilegal? Insensatez dá nisso.

Wassef mentiu e Polícia Federal exibe um recibo da recompra do Rolex no nome dele

entregue ao TCU

Nome de Wassef aparece em recibo de recompra de Rolex

Valdo Cruz
g1 Brasília

O nome do advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, aparece no recibo da recompra de um relógio Rolex nos Estados Unidos. O item teria sido um presente recebido em viagem oficial no governo Bolsonaro, e vendido ilegalmente no exterior. A Polícia Federal acredita que o recibo é uma “prova contundente” contra o advogado do ex-presidente.

Após a divulgação de novas informações sobre a investigação da venda de joias recebidas em viagens oficiais, Wassef divulgou nota dizendo que está sendo julgado injustamente e garante que não participou de nenhuma operação do tipo, pois tudo seria uma “total armação”.

WASSEF MENTIU – O advogado da família Bolsonaro mentiu ao dar essa declaração, pois não há armação alguma. No caso, ele está sendo investigado pela recompra, e não pela venda do Rolex de Bolsonaro. E as provas contra ele são abundantes.

A PF vai chamar Wassef para depor e vai investigar quem deu o dinheiro para que ele recomprasse o presente dado ao ex-presidente. Além disso, quer saber como ele recebeu os valores, se foi em espécie ou transferência bancária.

Nesta investigação, a PF vai ter a colaboração das autoridades dos Estados Unidos, o que vai facilitar levantar de quanto foi a venda e a recompra, em valor maior, além da forma de pagamento.

IDA AOS EUA – Na verdade, o advogado da família Bolsonaro foi escalado para ir aos Estados Unidos recomprar o Rolex, depois que o Tribunal de Contas da União determinou que o presente fosse devolvido para a União, porque ele não era um bem de natureza personalíssima.

Oficialmente, a equipe de Bolsonaro afirmava que o relógio estava no Brasil e seria devolvido para a União.

Só que os assessores de Bolsonaro ganhavam tempo até que o relógio fosse encontrado e recomprado. No dia em que a operação foi realizada, a equipe do ex-presidente da República comemorou como missão cumprida.

DIZEM WASSEF E BOLSONARO – Confira o que a defesa de Bolsonaro disse após a operação da PF, nesta sexta-feira (11):

“Sobre os fatos ventilados na data de hoje nos veículos de imprensa nacional, a defesa do Presidente Jair Bolsonaro voluntariamente e sem que houvesse sido instada, peticionou junto ao TCU — ainda em meados de março, p.p. —, requerendo o depósito dos itens naquela Corte, até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito.

O Presidente Bolsonaro reitera que jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos, colocando à disposição do Poder Judiciário sua movimentação bancária.”

Agora, a manifestação de Frederick Wassef sobre o caso, no domingo (13): “Como advogado de Jair Messias Bolsonaro, venho informar que, mais uma vez, estou sofrendo uma campanha de fake news e mentiras de todos os tipos, além de informações contraditórias e fora de contexto. Fui acusado falsamente de ter um papel central em um suposto esquema de vendas de joias. Isso é calúnia que venho sofrendo e pura mentira. Total armação.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGAssim, com seu nome no recibo, Frederick Wassef perde completamente a presunção de inocência e vai ser indiciado, processado e julgado. Mas só pegará cadeia se o processo correr no Supremo. Aqui na filial Brazil, depois da soltura de Lula, a impunidade passou a ser regra para os criminosos da elite, uma vergonha mundial para os brasileiros. Deveríamos adotar o sistema da matriz U.S.A., que pode prender o meliante na hora e sem direito a pagar fiança. (C.N.)

Polícia Federal já teria elementos para indiciar Michelle no inquérito das joias

Marca das joias dadas a Michelle Bolsonaro se envolveu em escândalo na  Europa envolvendo 'mulas' - Folha PE

Jornalistas do g1 garantem que esta notícia é verdadeira

Andréia Sadi e Isabela Camargo
g1 Brasília  

A Polícia Federal já tem elementos suficientes para indiciar Michelle Bolsonaro no caso das joias. Segundo investigadores ouvidos pelo blog, ela será ouvida, mas não há pressa para convocá-la para depor justamente por já ser possível dar andamento ao indiciamento com os elementos existentes.

“Com toda certeza vai ser indiciada. Sem dúvida alguma”, diz um policial federal, sem apontar por quais crimes. A investigação apura ilegalidades como peculato (que é o desvio de recursos públicos) e lavagem de dinheiro.

OPERAÇÃO DAS JOIAS – Na sexta-feira (11), a PF deflagrou uma operação para investigar a suposto desvio de presentes oficiais recebidos pelo governo Bolsonaro. A suspeita é que pessoas ligadas ao ex-presidente da República tenham vendido ilegalmente esses itens, que pertencem à União.

Entre os investigadores, a apuração tem sido comparada a comer mingau quente – pelas beiradas. Na primeira fase da operação, foram alvos: 1) o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel do Exército Mauro Cid; 2) o pai dele, general da reserva do Exército, Mauro Cesar Lorena Cid; 3) o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e tenente do Exército Osmar Crivelatti; e 4) o advogado Frederick Wassef, que já defendeu Bolsonaro e familiares em diversos processos na Justiça. A recompra de Rolex tem recibo com nome de Wassef.

QUEBRA DOS SIGILOS – A PF pediu a quebra dos sigilos bancários de Michelle e do ex-presidente. Os dados podem corroborar a suspeita de que ela seja uma das beneficiárias dos eventuais desvios.

Os investigadores aguardam, também, o resultado de diligências que estão sendo feitas pelo FBI, nos Estados Unidos, sobre as vendas dos bens.

O caso tem mexido com o humor do entorno de Bolsonaro. No fim de semana, circulou um mostra Michele e seu maquiador num restaurante reagindo a uma pessoa que questionou a ex-primeira-dama sobre as joias. Provocada, Michelle reage e maquiador joga o conteúdo de um copo com gelo na mulher que tentara constrangê-los.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para Michelle Bolsonaro ser incriminada, é preciso que esteja recebendo dinheiro proveniente da venda das joias. É a única possibilidade de haver indiciamento. Se isso realmente aconteceu, o crime mais grave é de burrice. (C.N.)

A perseguição a Romeu Zema pela mídia amestrada e o papel dos governadores

ÁUDIO: Zema, governador de MG, dá versão absurda para atos terroristas do  DF | Revista Fórum

Zema apontou um grave erro na representação política

Deu na Gazeta do Povo

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, se viu no centro de um enorme imbróglio nos últimos dias, graças a interpretações no mínimo equivocadas, e no máximo mal-intencionadas, de algumas de suas declarações ao jornal O Estado de S.Paulo, publicadas há 15 dias. Zema se referiu à formalização de um consórcio dos estados das regiões Sul e Sudeste, o Cosud.

“Além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político”, afirmou o mineiro, acrescentando que é preciso “que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos – que é necessário, mas tem um limite – de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada”.

REAÇÃO PETISTA – Como Zema é apontado como um potencial presidenciável da centro-direita para 2026, o petismo e seus aliados no mundo político e na opinião pública trataram de criar a narrativa de um Zema xenófobo (ou até mesmo separatista), adversário dos estados de outras regiões, especialmente o Nordeste.

Flávio Dino (PSB), ministro da Justiça e ex-governador do Maranhão, acusou a “extrema-direita” – já que, no maniqueísmo esquerdista, tudo que não for “esquerda” só pode ser “extrema-direita” – de “fomentar divisões regionais” e chegou a chamar o mineiro de “traidor da pátria”.

João Azevêdo (PSB), governador da Paraíba, adotou a mesma linha e acusou Zema de incentivar “uma guerra entre regiões”, mas, em enorme ironia, a manifestação de Azevêdo foi feita na qualidade de presidente do Consórcio Nordeste, ou seja, de um grupo que funciona exatamente nos mesmos moldes do Cosud.

COOPERAÇÃO NATURAL – Nada mais natural para estados que compartilham de proximidade geográfica e características comuns que busquem cooperação para fortalecer sua economia e incrementar seu peso político

Uma leitura atenta e honesta da entrevista do governador mineiro não permite ver ali o menor traço de xenofobia ou de estímulo à rivalidade entre regiões brasileiras.

 Zema afirmou uma série de fatos: que os políticos de Norte e Nordeste são muito mais propensos a colocar diferenças políticas de lado quando se trata de lutar pelos interesses de suas regiões; que a pobreza, embora seja muito maior em outras regiões brasileiras, também existe no Sul e no Sudeste; que estados com tamanho peso econômico não podem ser relegados ao banco do carona em discussões como a da reforma tributária; e que a distribuição de renda com critérios regionais, importante para o pacto federativo e classificada por Zema como “necessária”, não pode ser usada para esgarçar a Federação. Tudo isso é verdade,

DISTORÇÃO POLÍTICA – Parte do problema apontado por Zema tem origem na distorção em termos de representação política na Câmara dos Deputados. Se o Senado é a “Casa da Federação”, com representação idêntica para cada estado e o Distrito Federal, a Câmara, sendo a “Casa do Povo”, deveria ter seus assentos distribuídos de forma proporcional conforme a população de cada estado, mas não é o que ocorre.

Enquanto os Estados Unidos redistribuem cadeiras na Câmara dos Representantes a cada censo, com estados ganhando ou perdendo deputados, no Brasil a rigidez constitucional, que impede estados de terem menos de oito ou mais de 70 deputados, garante que os estados maiores fiquem subrepresentados, enquanto estados menores são super-representados.

Das cinco unidades da Federação mais populosas do Brasil, quatro ficam nas regiões Sul e Sudeste, as mais prejudicadas por esta distorção.

ISSO NÃO MUDARÁ – É impossível, no entanto, que tenhamos qualquer tipo de redistribuição de assentos parlamentares em um futuro próximo, e esta nem parece ser uma preocupação de Zema. O objetivo do Cosud é principalmente o de garantir que os estados do Sul e do Sudeste sejam tratados, quando se sentam à mesa com os demais, de forma compatível com a sua relevância socioeconômica, sem serem obrigados a perder todas as brigas por estarem em menor número.

O caso da reforma tributária, usado pelo governador mineiro na entrevista, é emblemático, com a pressão para que o Conselho Federativo leve em conta o tamanho de cada estado.

Da mesma forma, Zema reconhece a necessidade de que haja transferência de recursos das regiões mais ricas para as mais pobres, mas alerta para que este processo “não pode ser intensificado, ano a ano, década a década”, pois isso seria um sinal inequívoco de que as políticas para o desenvolvimento das áreas mais pobres estariam fracassando e seria necessário revê-las, em vez de se retirar ainda mais recursos dos estados mais fortes economicamente.

CONSÓRCIOS NATURAIS – Nada mais natural para um governador de estado que se mobilizar pelos interesses daqueles que governa. E nada mais natural para estados que compartilham de proximidade geográfica e características comuns que busquem cooperação para fortalecer sua economia e incrementar seu peso político.

Consórcios estaduais, seja no Nordeste, seja no Sul-Sudeste, têm esse objetivo, e não o de fomentar rixas regionais. “Nunca achamos que os estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo”, disse o governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), em defesa de Zema.

Demonizar o Sul-Sudeste quando trata de fazer o mesmo que estados de outras regiões, unicamente por razões político-ideológicas: isso, sim, é fomentar rivalidades e impedir o Brasil de caminhar unido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Excelente editorial enviado por Mário Assis Causanilhas. Mostra que a filial Brazil precisa se ligar nos exemplos de acertos da matriz U.S.A. Quando a filial resolve (?) ser criativa, acontecem essas distorções, que fizeram com que o Centrão se tornasse dono da política nacional. Pense nisso. (C.N.)  

De almirante a general, a operação sobre joias amplia lista de militares envolvidos

Charge do Aroeira (Portal 247)

Deu em O Globo

A operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta sexta-feira em investigação sobre suposto esquema de venda de presentes dados ao Estado brasileiro engrossou a lista de militares que ocuparam cargos no governo Jair Bolsonaro e hoje são investigados, totalizando 18. Alvos da ação, o general do Exército Mauro César Lourena Cid, pai do ex -ajudante de ordens Mauro Cid, e o tenente do Exército Osmar Crivelatti, também ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, se juntam a uma lista de 16 acusados, que já incluía o próprio Mauro Cid.

Os crimes apurados vão desde epidemia com resultado de morte à prevaricação (quando um servidor público se omite de tomar providências inerentes ao seu cargo).

TEMPO DE PANDEMIA – Na lista de militares, nove são investigados pela atuação do governo durante a pandemia e tiveram pedidos de indiciamento feitos pela CPI da Covid. Outros sete estão envolvidos no inquérito das milícias digitais, por ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF), e no caso das joias. Até o momento, ninguém foi condenado. Já Mauro César e Osmar Crivelatti são suspeitos dos crimes de peculato (desvio) e lavagem de dinheiro.

Presente na relação de integrantes da caserna investigados, o ex-ministro de Minas e Energia e Almirante de Esquadra da Marinha Bento Albuquerque é um dos personagens do caso das joias trazidas de forma irregular para o Brasil. Ele tentou entrar no país sem informar à Receita Federal que trazia as peças.

Em depoimento, Albuquerque mudou sua versão inicial do caso e disse que as joias seriam destinadas à União. Ao ser abordado por fiscais na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, porém, o ex-ministro havia dito que eram presentes para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

TENENTE SOEIRO – Ex-assessor de Albuquerque, o tenente da Marinha Marcos Soeiro também depôs. Era ele quem carregava o conjunto de colar, anel, brincos e relógio de diamantes, avaliado em R$ 16,5 milhões.

A PF investiga possível crime de descaminho e peculato. Isso ocorre quando bens entram ou saem do país sem respeitar os trâmites burocráticos e tributários, no primeiro caso. E quando um funcionário público se apropria ou desvia, em favor próprio, de dinheiro ou bem que se encontra em sua posse em razão do cargo, na segunda hipótese.

Já o ex-ajudante de ordens Mauro Cid solicitou voo da FAB para tentar retirar as joias que estavam retidas. Ele é investigado, no entanto, por outros casos, como, por exemplo, no inquérito das milícias digitais, sob relatoria do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

FAKE NEWS – Em dezembro do ano passado, a PF concluiu que Cid, junto a Bolsonaro, cometeu crime por divulgar informações falsas sobre Covid-19. A Polícia Federal também chegou a indiciá-lo pela participação no vazamento do inquérito sigiloso sobre o ataque hacker ao TSE. Ele ainda é investigado pela organização da live do dia 29 de julho de 2021, quando Bolsonaro atacou sem provas a segurança das urnas eletrônicas.

Essa live contou com a participação do coronel da reserva Eduardo Gomes da Silva, ex-assessor especial. A difusão de desinformação sobre o sistema eleitoral fez com que ele também passasse a figurar nas investigações de Moraes.

MAIS UM – Outro que está no radar do inquérito das milícias digitais é o sargento da ativa e ex-membro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Ronaldo Ribeiro Travasso. O militar participou de atos golpistas e usou grupos de mensagens para convocar outros militares.

Mas é o Ministério da Saúde a principal fonte de possíveis irregularidades cometidas por membros das Forças Armadas que assumiram cargos no governo. A pasta foi militarizada na gestão do então general da ativa e hoje o deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ). No relatório da CPI da Covid entregue ao Supremo, nove tiveram pedido de indiciamento.

Eduardo Pazuello foi acusado de crimes como de epidemia com resultado morte; emprego irregular de verbas públicas; prevaricação; comunicação falsa de crime; e crimes contra a humanidade. No ano passado, o militar foi eleito como o segundo deputado federal mais votado do estado do Rio.

No início do primeiro semestre, o ministro Dias Toffoli, do STF, atendeu a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) e determinou a extinção de algumas investigações. Em um movimento articulado pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), a advocacia do Senado recorreu da decisão. O ministro Gilmar Mendes manteve Pazuello como investigado.

Jair Bolsonaro pedia: “Vai, me chama de corrupto!”, e a Polícia Federal chamou…

Altamiro Borges: Joias de Bolsonaro e bofetada na democracia

Charge do Spacca (Arquivo Google)

Celso Rocha de Barros
Folha

Segundo a Polícia Federal, Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, vendia clandestinamente joias doadas ao Brasil e entregava o dinheiro para o ex-presidente. Nessa movimentação de muamba, Cid teria sido ajudado por seu pai, um general do Exército brasileiro.

Em uma mensagem obtida pela PF, Cid diz que seu pai estava com US$ 25 mil, originários da venda das joias, prontos para serem entregues a Bolsonaro. Cid acrescenta que seria melhor fazer a entrega em mãos, sem passar pelo sistema bancário.

FAZIA PROVOCAÇÕES – Bolsonaro gostava de provocar pedindo: “Vai, me chama de corrupto!”. A Polícia Federal chamou. Se isso tudo for verdade, Jair Bolsonaro é ladrão. Ele vê um negócio que não é dele, pega pra ele, sai correndo.

Ainda segundo a Polícia Federal, Jair colocou toda a estrutura da Presidência para trabalhar para seu esquema. Por exemplo, o pai de Cid, general Mauro Lourena Cid, estava nos Estados Unidos na qualidade de chefe do escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Miami. Um dos kits de joias roubados teria sido levado por Mauro Cid aos Estados Unidos no avião presidencial, quando Bolsonaro foi à Cúpula das Américas em junho de 2022.

Ou seja: segundo a PF, o presidente da República do Brasil aproveitou que estava indo se encontrar com Joe Biden para contrabandear joias roubadas que seriam entregues a um general brasileiro, para que ele as vendesse em Miami.

REPÚBLICA DE BANANAS – Sinceramente, a menos que o Brasil colonize Marte, não sei se tem como a gente perder a reputação de “república de bananas” depois dessa.

A responsabilidade jurídica me obriga a reconhecer que sempre é possível que Jair não seja ladrão. Talvez os bolsonaristas tenham descoberto uma conspiração comunista e combinado que, sempre que quisessem se referir ao complô sem despertar suspeitas, diriam “Roubamos joia vamo vendê tudo kkk”.

Talvez o general Lourena Cid tenha entendido errado o que queria dizer “promoção de exportações”: Paulo Guedes pode tê-lo tornado um adepto tão fanático do livre-comércio que o general concluiu que o muambeiro é só a vanguarda do neoliberalismo.

SEM SIGILO – E Bolsonaro, que nega tudo, já declarou que disponibilizará seus dados bancários para provar sua inocência nesse caso em que seus supostos cúmplices disseram que o dinheiro seria entregue em mãos.

Na verdade, ser ladrão nem seria o pior defeito de Jair Bolsonaro. Seu golpismo e sua tendência a promover assassinatos em massa durante a pandemia foram incomparavelmente mais nocivos ao Brasil. No fundo, o fato de Jair ter envolvido oficiais das Forças Armadas brasileiras – incluindo um general – em roubo de joias é até pior do que a mutreta em si.

Mesmo assim, a revelação de que Jair é ladrão ajudaria a quebrar o transe em que esteve parte do público brasileiro nos últimos anos.

NÃO ERA CORRUPTO – Quando você mostrava aos bolsonaristas os cálculos de especialistas deixando claro que pelo menos 100 mil pessoas morreram durante a pandemia porque Bolsonaro se recusou a comprar vacinas, ouvia que “pelo menos ele não é corrupto”.

Muita gente tolerou seu golpismo porque achava que os movimentos das instituições para se defenderem de Jair eram jogadas “do sistema” contra um presidente que não roubava.

Talvez agora esse transe acabe.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Não acredito que esse transe acabe. A meu ver, poucos bolsonaristas desistirão dele, porque partem do princípio que Lula e os petistas (Dirceu, Palocci, Vaccari, Delubio, Mantega etc.) são muito piores. Acredito que seja o antipetismo que ainda realimente o bolsonarismo. (C.N.)

Perplexidade e desolação no Exército e a certeza de que vem muito mais por aí

Bastidor: Exército está em choque e vai abandonar Cid, diz general - Estadão

PF agora está periciando o celular do general Lorena Cid

Eliane Cantanhêde
Estadão

O clima no Exército é de perplexidade e desolação diante da avalanche de denúncias contra o tenente-coronel da ativa Mauro Cid e, agora, da confirmação de que o pai dele, general da reserva Mauro Lourena Cid, era parte do esquema de venda de joias no exterior. E vem mais: as revelações do celular do Cid pai, apreendido pela Polícia Federal, e a possível delação do hacker Walter Delgatti Netto, contratado pela deputada Carla Zambelli.

O general Cid foi do Alto Comando do Exército, antes de ir para a reserva e para a Apex em Miami, responsável, vejam só, por importações e exportações.

VIVIA NO QG… – Quando o filho caiu em desgraça, pelos escândalos na condição de ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, ele voltou para Brasília, vivia no QG do Exército e ganhou apoio dos velhos companheiros. Imagine-se o que não há no celular dele!

Se o filho Cid lhe enviava US$ 25 mil para entregar em mãos a Bolsonaro na Flórida, o celular do general deve ter valores, locais, descrição de peças, intermediários… E ele é bem descuidado.

A foto de um estojo de joias, refletindo o próprio rosto no vidro, é de rir e de chorar, uma prova contra ele e uma prova do lado pastelão do esquema – como a palmeira de latão e tudo o que envolve Bolsonaro.

PROVAS NO CELULAR – Há, porém, um outro lado no celular de Lourena Cid. Do que tratava com generais? De Alexandre de Moraes, STF, PF, Lula? E de golpe?

As Forças Armadas abandonam o general e o coronel Cid, mas o general e o coronel não abandonam as Forças Armadas, que pagam caríssimo, não por joias e diamantes, mas pelo deletério efeito Bolsonaro. E vão continuar pagando.

Defesa e Exército dizem que não têm nada a ver com o vigarista Walter Delgatti, contratado pela bolsonarista Carla Zambelli para hackear as urnas eletrônicas. Os de hoje, não. Mas e os de ontem? O que fazia esse hacker com a comissão militar criada por Bolsonaro e instalada na Defesa para desmoralizar as eleições?

TUDO ERRADO – Bolsonaro subjugou e embolou os militares com Delgatti, Zambelli, Wasseff, Aylton Braga, Do Val, Daniel Silveira, falsificadores de atestados, vendedores de vacinas inexistentes, negociantes e advogados sem escrúpulos e golpistas de várias estirpes. Quem, aliás, trouxe o colar de diamantes foi o almirante Bento Albuquerque.

Lula destinou mais verbas do novo PAC para Defesa (R$ 52 bilhões) do que para Educação e Saúde e autorizou a ampliação do acordo nuclear da Marinha com a França.

Ele acertou com José Múcio na Defesa e o general Tomás Paiva no Exército, brigadeiro Marcelo Damasceno na FAB e almirante Marcos Olsen na Marinha. Mas o desafio é gigantesco. A herança de Bolsonaro é, definitivamente, maldita.

Família Bolsonaro completa 72 horas de silêncio nas redes sociais sobre venda das joias

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) em evento em São Paulo

Pai e filhos preferiam se unir num silêncio constrangedor

Matheus Tupina
Folha

Após 72 horas da operação da Polícia Federal contra aliados no caso das joias, Jair Bolsonaro (PL) manteve silêncio em redes sociais sobre o caso das vendas de relógioe e joias, que pela primeira vez expõe digitais do ex-presidente na suspeita de desvio de bens públicos para enriquecimento pessoal.

A postura de discrição, destoante da adotada por ele e seus filhos em assuntos de antes, durante e depois da passagem pelo Palácio do Planalto, se dá depois da Polícia Federal pedir a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro na investigação do caso.

BOM SÁBADO… – O ex-mandatário utilizou as redes sociais no sábado (dia 12) para publicar um vídeo abraçando uma criança, e desejou “bom sábado a todos”, ignorando as diligências de busca e apreensão cumpridas contra seus aliados na sexta-feira (dia 11).

Somente a defesa dele lançou nota, afirmando disponibilizar às autoridades a movimentação bancária de Bolsonaro e ressaltando que ele “jamais apropriou-se ou desviou quaisquer bens públicos”.

Na nota, a defesa argumenta ainda que Bolsonaro “voluntariamente” pediu ao TCU (Tribunal de Contas da União) em março deste ano a entrega de joias recebidas “até final decisão sobre seu tratamento, o que de fato foi feito”.

FELIZ DIA DOS PAIS – Na manhã deste domingo, Bolsonaro voltou a fazer uma publicação em redes sociais, mas ignorando o assunto das joias. Ele postou um vídeo com imagens de familiares e uma saudação de Dia Dos Pais. “Um Domingo repleto de momentos inesquecíveis a todos!”, escreveu.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) republicou a nota de defesa do pai, e no sábado, utilizou as redes para criticar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), relançado pelo presidente Lula (PT) no dia em que a operação, chamada de Lucas 12:2, foi deflagrada.

Já o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usaram no sábado as plataformas sociais para criticar o governo petista.  Neste domingo, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do ex-presidente, fez uma publicação referente ao tema das joias com a reprodução de um post de uma apoiadora, sem maiores detalhes.

RECOMENDAÇÕES DO TCU – Ainda no domingo, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) continuou sem abordar a venda das joias. Mas publicou um tuíte alegando que seu pai cumpriu “todas as recomendações” do Tribunal de Contas da União .

Na postagem, a primeira da família Bolsonaro sobre o tema após a operação da PF, Carlos não toca no assunto da venda dos relógios e joias. Apenas alega que o entendimento sobre o que é item de “natureza personalíssima ou de consumo direto do presidente” mudou e que, a partir disso, Bolsonaro devolveu os presentes recebidos.

A devolução das joias, no entanto, só se deu após a revelação de que representantes do governo tentaram trazer os presentes de forma ilegal para o Brasil. Em março, depois da repercussão, o plenário do TCU determinou por unanimidade que o ex-titular do Planalto devolvesse os itens.


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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como cantava Lupicinio Rodrigues, “um soluço cortou sua voz, não lhe deixou falar…”. (C.N.)

Millôr Fernandes, personagem de Dumas, sempre confrontando o poder, completaria 100 anos

Millôr transmitia informações através de uma visão inteligente

Pedro do Coutto

Millôr Fernandes, jornalista, autor teatral, tradutor de peças, humorista e cartunista, foi um homem múltiplo que esta semana completaria 100 anos. Foi um personagem de Alexandre Dumas, um Dartagnan dos Três Mosqueteiros, sempre disposto a enfrentar o peso e a influência do poder sobre os episódios da vida que se desenrolam todos os dias.

A sua página no antigo O Cruzeiro, revista de maior projeção na época, tinha o título de Pif-Paf e fez história no jornalismo brasileiro. Teve uma presença firme na cultura nacional e a luta pela liberdade de existir para ele foi tão essencial quanto o ar que respirava.

CAMINHADAS – Fui seu amigo e companhia certa nos finais de semana nas caminhadas pela Vieira Souto, da esquina da Aníbal de Mendonça ao Arpoador, ida e volta. Vínhamos com ele, Gravatar, Carlos Nasser e eu, aos domingos, com uma parada em seu apartamento com vista para o mar, quando oferecia um café da manhã fraterno e sempre agradável.

Era um polemista em muitos casos, mas sempre transmitindo uma informação nova, uma visão inteligente, um ângulo inusitado e uma forma de discutir e desvendar o pensamento. Foi uma grande figura e merecedor do artigo que ontem Ruy Castro escreveu na Folha de S. Paulo e também no Caderno Especial Folha Ilustrada que a FSP lançou sobre ele, dando-lhe o destaque merecido após a sua trajetória iluminada.

MARCA – Deixou a sua marca no tempo e se tornou um produtor de cultura imediata através de visões urgentes na trajetória que passa com a rapidez que identificamos após atravessarmos várias décadas de atividades. Millôr Fernandes fazia rir com a mesma facilidade com a qual traduzia peças de Shakespeare, e com o mesmo vigor com o qual combateu a opressão, a ditadura militar e a censura.

A sua obra está exposta, penso, na internet. Vale a pena ingressar em seu universo de esplêndidas surpresas e de traduções simples, de emaranhados difíceis em meio às sombras. Ele as atravessava com a luz da sua inteligência e com a sua arte múltipla que projetou para sempre caminhos descobertos pela força e pela sinalização de suas palavras.

DIGITAIS –  Em reportagem publicada neste domingo na Folha de S. Paulo, Fábio Serapião afirma que nas transações com as joias recebidas de presente que deveriam ser entregues ao patrimônio da União, as digitais do ex-presidente Jair Bolsonaro aparecem no avião que as transportou para os Estados Unidos, na aeronave que trouxe o relógio de volta, e em outros estojos que não se sabe ao certo qual destino tomaram.

A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal a quebra do sigilo bancário de Bolsonaro. Não deve haver problema, pois ele próprio comunicou no sábado abrir mão deste sigilo. Mas a questão se complica porque no momento em que ele abre mão do sigilo, sinaliza estar disposto a negar sua participação, transferindo-a para o tenente-coronel Mauro Cid, para o general Mauro Cesar Cid, pai do ex-ajudante de ordens, e para o advogado Frederico Wassef. Bolsonaro ameaça recorrer ao silêncio. O general Mauro Cesar Cid e seu filho assumirão toda  culpa ?

Generais que pensavam (?) poder controlar o ex-capitão acabaram controlados por ele

General Villas Bôas revela atuação política do Exército que culminou na  eleição de Bolsonaro

Criador e criatura  de um projeto que desonra os militares

Merval Pereira
O Globo

A campanha presidencial de Bolsonaro em 2018, que a princípio parecia um exotismo sem maiores consequências, fazia parte de uma estratégia de militares da ativa e da reserva para a retomada do poder pelo voto. Bolsonaro convenceu esse grupo, que tinha no general Villas Boas, então comandante do Exército, o articulador principal.

O núcleo militar reunia-se em um escritório em Brasília, e dava apoio técnico e estratégico à campanha, sob a articulação do general Augusto Heleno. Esse núcleo militar considerava que Bolsonaro era o único capaz de derrotar o PT, aproveitando que o então ex-presidente Lula estava na prisão.

O MITO VIRALIZOU – Os encontros de Bolsonaro com seus seguidores, em todos os aeroportos em que chegava nas viagens de campanha, viralizaram pouco a pouco na internet, e ações orquestradas com o recrutamento de militares de escalões inferiores transformaram-se em eventos espontâneos. Na aparência a estratégia deu certo, pois Bolsonaro foi eleito, e colocou militares em postos-chave.

Ao agradecer de público ao general Villas Boas, dizendo, com a sutileza que o caracteriza, que jamais revelaria o que conversaram, Bolsonaro deixou explícita a ajuda que recebera do militar, um ícone entre os seus.

“Ele é incontrolável”, disse-me certa vez o próprio general Villas Boas, entre risos, justificando certos comportamentos de Bolsonaro ainda na campanha.

CONTROLE TOTAL – Mas os setores militares que pensavam em controlar o presidente, um capitão de passado questionável, acabaram controlados por ele. Os que não aceitaram esse cabresto do baixo clero, foram sendo demitidos ao longo do tempo.

O vice, general Hamilton Mourão, foi perdendo tração durante o governo, mas tinha mandato pelo voto e acabou tornando-se senador.

Outros militares permaneceram ao lado do presidente: o ministro da Defesa Paulo Sergio Nogueira, o ministro da Secretaria-geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, General Augusto Heleno, e ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa à reeleição de Bolsonaro.

PERDENDO ALIADOS – Outros importantes apoiadores civis e militares foram sendo desligados desse núcleo duro do governo, por discordarem de decisões do presidente: o ministro Gustavo Bebiano, o general Santos Cruz, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, o ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, o general Joaquim da Silva Luna, presidente da Petrobras, o general Rego Barros, assessor de Comunicação, entre outros.

Episódios como esse das joias de Bolsonaro, no qual está envolvido até um general de Exército na reserva, pai do tenente-coronel Mauro Cid, vão piorando a imagem das Forças Armadas, e até o momento as reações oficiais são tíbias, equilibram-se entre o corporativismo e a cautela necessária.

NO GOVERNO ANTERIOR – Quando se noticiou que o hacker estelionatário Walter Delgatti participou da comissão militar do ministério da Defesa que teoricamente auxiliava o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a mando de Bolsonaro, uma nota alegou que os fatos passaram-se “no governo anterior” e estavam sendo analisados.

É terrível imaginar que um presidente da República estivesse metido em esquemas vulgares de venda de presentes oficiais que recebeu. E nem sabemos o que ainda pode ser descoberto.

Políticos ligados a ele também não conseguem tomar uma posição. Uma coisa é ter ideologia, ser de direita, ter ideias conservadoras. Outra, muito diferente, é ser um reles trambiqueiro.

IGUAL A LULA – É o mesmo que aconteceu com as acusações contra Lula durante seus dois primeiros governos. O PT até hoje tenta dizer que mensalão e petrolão não aconteceram, foi tudo invenção e injustiça. Não se trata de ideologia, e sim de comportamento, de ética e de entender a liturgia do cargo que ocupa.

É inacreditável que se possa continuar apoiando um político quando fica provado que esteve envolvido em vários trambiques, sejam de milhões ou de milhares de reais, dólares, euros.

No caso atual, trata-se de salvar a honra das Forças Armadas.

“Quando o sonho do poeta desaparece e já não alcança a porta da alma…”

Vicente Limongi Netto - YouTube

Vicente Limongi, poeta e jornalista

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista e poeta amazonense Vicente Limongi Netto, radicado há anos em Brasília, poetizou as consequências que seus “Sonhos Maltratados” acarretam.

SONHOS MALTRATADOS
Vicente Limongi Netto

Meus sonhos desapareceram
sem despedidas tardias
nem vozes aflitas
nem marasmos furtivos
ou lágrimas magoadas

Meus sonhos não alcançam
mais a porta da alma
não acenam mais para o sol rebuçado

O sumiço castiga
minha sombria agonia
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A grande dúvida agora é saber se Bolsonaro será preso. Por favor, façam suas apostas

Bolsonaro preso" chega aos assuntos mais comentados do Twitter

Este é o assunto mais badalado nas redes sociais

Carlos Newton

Na revista Veja, excelente artigo do cientista político Thomas Trautmann assinala que, ao longo dos últimos meses, a possibilidade de Jair Bolsonaro ser preso sempre vinha acompanhada de uma ameaça, alertando que uma condenação do ex-presidente poderia “incendiar o país”, na avaliação dos presidentes do PL, Valdemar Costa Neto, e do PP, Ciro Nogueira, que seguem apoiando Bolsonaro, não importa o que se descubra que ele tenha feito no governo ou fora dele.

“Por essa chantagem pouco sutil, a intentona do 8 de janeiro seria uma amostra do que os bolsonaristas seriam capazes de fazer. A ameaça, agora, vai virar a principal arma para evitar a prisão”, prevê Trautmann.

HAVIA UMA CRENÇA – O cientista político destaca que, até a sexta-feira, antes desse desclassificante e até estúpido escândalo das joias, o Brasil viveu sob a crença de que o ex-presidente Jair Bolsonaro seria impedido de disputar as próximas eleições, mas não seria preso.

Agora, a possibilidade de prisão aumentou muito, isso significa que haverá alguma mudança no quadro político, e Trautmann tem toda razão nesse raciocínio, porque na vida tudo tem limites.

A meu ver, porém, acho que ninguém irá incendiar o país. Acho mais provável que a prisão de Bolsonaro seja aceita por seus fanáticos adoradores, como aconteceu no caso de Lula. Na época, o PT apenas armou um acampamento diante da Polícia Federal em Curitiba, para gritar todo dia, às sete da manhã, “Bom dia, Lula”, enchendo o saco do líder petista, que preferia acordar mais tarde.

SEM PROBLEMAS – Posso estar errado, mas acredito que a prisão de Bolsonaro não colocará o Brasil de cabeça para baixo. Será como aconteceu na prisão de Lula, quando anunciaram um “Apocalypse now” e não houve rigorosamente nada.

A meu ver, a principal consequência será a aceleração das negociações para a candidatura a seu apoiada pelos partidos de centro, que se reaproximaram de Lula apenas para satisfazer os eleitores dos grotões, mas não têm a menor lealdade ao petista e querem chegar ao poder sem intermediários.

A grande dúvida é saber se Bolsonaro será preso. Eu acredito que sim, porque as digitais dele estão por toda parte e o ministro Alexandre de Moraes vai se desmoralizar se prender os cúmplices e esquecer o chefe da quadrilha. Mas posso estar enganado, é claro.

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P.S. – Quanto ao apoio massivo de grande parte da população a Bolsonaro, não acredito que esse transe acabe. A meu ver, poucos bolsonaristas desistirão dele, porque partem do princípio que Lula e os petistas (Dirceu, Palocci, Vaccari, Delubio, Mantega etc.) são muito piores. Na minha opinião, é o antipetismo que ainda realimenta o bolsonarismo. E isso só vai mudar quando o PT sair do poder. (C.N.)